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Clássicos do Espiritismo
Ano 8 - N° 374 - 3 de Agosto de 2014
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

No Invisível

Léon Denis

(Parte 49)

Continuamos o estudo metódico e sequencial do clássico "No Invisível", de Léon Denis, cujo título no original francês é Dans l'Invisible.

Questões preliminares   

A. É verdade que Kant, o célebre autor da Crítica da razão pura, também atestou as faculdades mediúnicas de Emmanuel Swedenborg?

 

Sim. Numa carta enviada à Srta. De Knobich, Kant disse que a Sra. Harteville, viúva do embaixador alemão em Estocolmo, obteve por intermédio de Swedenborg uma comunicação de seu defunto marido, relativa a um documento precioso que não fora possível encontrar, apesar de repetidas buscas. O documento estava guardado numa gaveta secreta, cuja existência foi revelada à mulher pelo falecido, e que só ele conhecia. (No Invisível, 3ª Parte. XXVI - A mediunidade gloriosa.)

 

B. Balzac foi médium?

 

Sim. Em “Ursule Mirouet”, “Séraphita”, “Louis Lambert”, “La Peau de Chagrin”, Balzac tocou em todos os problemas da vida invisível, do ocultismo e do magnetismo. Todas essas questões lhe eram familiares e ele as tratava com a competência de verdadeiro mestre, numa época em que ainda eram pouquíssimo conhecidas. Era ele não somente um profundo observador, mas também um vidente na mais elevada acepção do termo. (Obra citada, 3ª Parte. XXVI - A mediunidade gloriosa.)

 

C. Os mortos são invisíveis, mas não são ausentes. Quem disse tais palavras?

 

Foi o poeta e escritor francês Victor Hugo, que, como se sabe, acreditava na comunhão com os mortos. São conhecidas suas sessões de Espiritismo em Jersey, com a Sra. De Girardin e Augusto Vacquerie, descritas por este em suas “Miettes de l'Histoire”, como são conhecidos os versos por ele dirigidos ao Espírito Molière e os terrivelmente irônicos que a “Sombra do Sepulcro” lhe ditava com o auxílio dos pés de urna mesinha. Foi ao pé do túmulo de Emília Putron que ele proferiu estas palavras que se tornaram célebres: “Os mortos são os invisíveis, mas não são os ausentes.” (Obra citada, 3ª Parte. XXVI - A mediunidade gloriosa.)

 

Texto para leitura

 

1256. Jerônimo Cardan, em “De Rerum Varietate” (VIII, 3), felicitava-se por ter os “dons” que permitem cair em êxtase à vontade, ver objetos estranhos com os olhos do espírito e ser informado do futuro.


1257. Schiller declarou que seus mais belos pensamentos não eram de sua própria criação; ocorriam-lhe tão rapidamente e com tal energia que ele tinha dificuldade em apreendê-los com suficiente presteza para os transcrever.


1258. As faculdades mediúnicas de Emmanuel Swedenborg, o filósofo sueco, são atestadas pela célebre carta de Kant à Srta. De Knobich. Nessa missiva, o autor da “Crítica da razão pura” refere que a Sra. Harteville, viúva do embaixador alemão em Estocolmo, obteve por intermédio do Barão de Swedenborg uma comunicação de seu defunto marido, relativa a um documento precioso que não fora possível encontrar, apesar de repetidas buscas; estava guardado numa gaveta secreta, cuja existência foi revelada pelo falecido, e que só ele conhecia.


1259. O incêndio de Estocolmo, visto e descrito por Swedenborg a trezentas milhas de distância, é também uma prova da pujança de suas faculdades. Pode-se, portanto, admitir que as teorias por ele formuladas acerca da vida invisível não são produto de sua imaginação, mas lhe foram inspiradas por visões e revelações. Quanto à forma sob a qual ele as descreveu, não se lhe deve ligar mais que uma importância relativa. Todos os videntes cedem à necessidade, em que se encontram, de traduzir a percepção que têm do invisível com o auxílio das formas, das imagens, das expressões impostas por sua educação e familiares ao meio em que vivem. É assim que, conforme o tempo e as latitudes, darão aos habitantes do outro mundo os nomes de deuses, anjos, demônios, gênios ou espíritos.


1260. Vejamos agora os grandes escritores do século XIX. Chateaubriand e sua irmã Lucília têm igual direito a ser considerados inspirados:


“A primeira inspiração do poeta, sua primeira musa – assegura-se – foi sua irmã Lucília. Não há a mínima dúvida de terem os anos passados ao pé dessa criatura sonhadora e mística deixado um sulco no coração do moço, comovido, como o recorda ele (Memórias de Além-Túmulo), pelos súbitos desalentos dessa natureza consternada e extática. Essa criatura misteriosa, meio sonâmbula, quase dotada da dupla vista, como uma habitante das ilhas Hébridas, atravessou a infância de Chateaubriand como a figura da dor. Transmitiu sua poética enfermidade moral a esse irmão já tão mortificado; é assim que ela entra por metade em todas as concepções do poeta. Nesse coro de brancas visões... por toda parte a encontraremos. Suas estranhas predições não lhe teriam feito entrever o tipo de uma Veleda?”


1261. Balzac, em “Ursule Mirouet”, “Séraphita”, “Louis Lambert”, “La Peau de Chagrin” etc., tocou em todos os problemas da vida invisível, do ocultismo e do magnetismo. Todas essas questões lhe eram familiares. Tratava-as com a competência do verdadeiro mestre, numa época em que ainda eram pouquíssimo conhecidas. Era não somente um profundo observador, mas também um vidente na mais elevada acepção do termo.


1262. Edgard Quinet teve as mesmas intuições geniais, se acreditarmos no Sr. Ledrain, crítico literário extremamente céptico, que assim se exprimia num artigo do “L'Éclair”, por ocasião do seu centenário, em 1903:


“Ao mesmo tempo em que o mundo visível o extasiava, tinha ele os olhos fixos no mundo invisível. Foi um fervoroso espiritualista, como todos os de sua geração, como Lamartine, Victor Hugo, Michelet. Acreditava na ‘cidade imortal das almas’, na pátria de onde se não pode ser banido por homem algum. O sopro de não-sei-quê país supraterrestre em certo momentos o envolve e transporta como suspenso em asas, aos espaços infinitos. Lede seu discurso ao pé do túmulo de sua mãe, de seu genro Georges Mourouzi; que inflexões do Alto! É um nabi (profeta), a elevar-se acima de todos os sacerdócios e a falar em nome do Eterno, como investido de uma missão direta.”


1263. Lamartine, em “Jocelin” e na “Chute d'un Ange”, e Jean Reynaud, em “Terre et Ciel”, podem também ser considerados inspirados. Lamartine escrevia a Arlès Dufour, para se defender de uma censura de Infantin:


“Eu tenho meu objetivo; não o suspeita ele; ninguém sabe qual seja, exceto eu. Elevo-me em sua direção, na medida que o comporta o tempo e não mais depressa. Esse objetivo é impessoal e puramente divino. Mas tarde será desvendado. Enquanto espero, como quer ele que eu fale a homens de carne e osso a pura linguagem dos Espíritos?” 


1264. Michelet, em certas ocasiões, parece estar sob o império de algum poder desconhecido. Escutai-o falando de sua “Histoire de la Révolution”:

“Nunca, desde a minha Donzela de Orléans, havia eu sentido semelhante lampejo do Alto, uma tão luminosa projeção do Céu... Inolvidáveis dias; quem sou eu para os haver descrito? Ainda não sei, nem saberei jamais, como os pude reproduzir. A inacreditável felicidade de encontrar de novo isso tão vivo, tão intenso, depois de sessenta anos, tinha-me intumescido o peito de uma alegria heroica.”


1265. Inspirado, pregoeiro do invisível, não é menos Victor Hugo: “Deus se manifesta através do pensamento do homem – disse ele –; o poeta é sacerdote”. Ele acreditava na comunhão com os mortos. São conhecidas suas sessões de Espiritismo em Jersey, com a Sra. De Girardin e Augusto Vacquerie, descritas por este em suas “Miettes de l'Histoire”, como são conhecidos os versos por ele dirigidos ao Espírito Molière e os terrivelmente irônicos que a “Sombra do Sepulcro” lhe ditava com o auxílio dos pés de urna mesinha.


1266. Sem dúvida, a propósito dos homens de gênio, ele repele esse “erro de todos os tempos, de pretender-se dar ao cérebro humano auxiliares exteriores”. Semelhante opinião – Antrum adjuvat vatem – melindra o seu orgulho. Mas a si próprio se contradirá ele em muitos casos. Leiam-se, por exemplo, estes seus versos:

“Les morts sont des vivants mêlés à nos combats.

Et nous sentons passer leurs flèches invisibles.” 


1267. Ao pé do túmulo de Emília Putron, proferia estas palavras que se tornaram célebres: “Os mortos são os invisíveis, mas não são os ausentes.” Na poltrona dos antepassados, que se via na sala de jantar de Hauteville-house, inscrevera estas palavras expressivas: Absentes adsunt. Não representa isso uma constante evocação dos que ele amara? Em todas as suas obras se encontram magníficas invocações às “vozes da sombra”, às “vozes do abismo”, às “vozes do espaço”.


1268. Certamente não pretendemos que Victor Hugo fosse médium no sentido restrito do vocábulo, como grande número de pessoas, aptas a obter fenômenos de mínimo valor. Esse pujante espírito não podia ser restringido ao papel secundário de intérprete dos pensamentos de outrem. Queremos dizer que o Além projetava sobre ele suas radiações e harmonias, as quais fecundavam o seu gênio e dilatavam-lhe até ao infinito o horizonte do pensamento.


1269. Em Henri Heine essa colaboração do invisível se traduz de modo sensível. Eis o que ele dizia no prefácio de sua tragédia “W. Radcliff”:


“Escrevi William Radcliff em Berlim, sob tílias, nos derradeiros dias de 1821, enquanto o Sol com seus enlanguescidos raios iluminava os tetos cobertos de neve e as árvores despojadas de suas folhas. Escrevia sem interrupção e sem fazer emendas. E, à medida que escrevia, parecia-me ouvir por cima da cabeça um como que ruflar de asas. Quando referi esse fato aos meus amigos, jovens poetas berlinenses, eles se entreolharam de um modo singular e me declararam unanimemente que, escrevendo, nada de semelhante a isso haviam jamais observado.”


1270. O que há de mais notável é que essa tragédia é inteiramente espírita; o desenvolvimento da ação e seu desenlace patenteiam a recíproca influência do mundo terrestre e do mundo dos Espíritos.


1271. Muitos autores célebres foram médiuns sem o saber. Outros tiveram disso consciência. Paul Adam, um dos mais fecundos escritores contemporâneos, francamente o confessou:


“Fui um poderoso médium escrevente. A Força que me inspirava tinha tal intensidade física, que obrigava o lápis a subir sozinho pelo declive do papel, que eu inclinava com a mão contrariamente às leis do peso. Essa Força não somente via no passado, que eu ignorava, como possuía a presciência do futuro. Suas predições eram de surpreendente realização, visto como, nada, absolutamente nada, me podia fazer prevê-las.”


1272. Nem todos têm essa franqueza, e preferem deixar crer em seus méritos pessoais, mas em geral os grandes gênios reconhecem de bom grado que são dirigidos por Inteligências superiores. Encontra-se em grande número de escritores contemporâneos essa espécie de obsessão do invisível. Hoffmann, Bullwer-Lytton, Barbey d'Aurevilly, Guy de Maupassant etc. a conheceram e exprimiram em algumas de suas obras. Participaram, em graus diversos, dessa comunhão das almas, de que surge desvendado o imenso mistério da vida e do espaço.


1273. Como se vê, em todos os domínios da arte e do pensamento os Céus vivificam a Terra. Os grandes músicos, os príncipes da harmonia, parece terem estado mais diretamente ainda sob a influência da mediunidade. Não somente a precocidade de alguns, como, por exemplo, de Mozart, atesta o princípio das reencarnações, mas também há, na vida dos compositores célebres, fenômenos absolutamente mediúnicos, que seria demasiado longo referir aqui. Sua história é de todos conhecida.


1274. Vimos atrás (no cap. XIV) que Mozart e Beethoven deram testemunho das influências ultraterrenas que lhes inspiravam o gênio. Outro tanto se poderia dizer de Haydn, Haendel, Gluck etc. Chopin tinha visões que, às vezes, o aterravam. Suas mais belas composições – sua “Marcha Fúnebre”, seus “Noturnos” – foram escritos em completa obscuridade. Toda a obra de Wagner repousa sobre um fundo de espiritualidade. E isso tanto é expresso nas palavras de “Lohengrin”, do “Tannhauser” e de “Parsifal”, como em toda a própria música.


1275. Os homens ilustres têm sido, em sua maior parte, médiuns auditivos. Foi ao despertar que, na maioria das vezes, compuseram suas obras. Dante denominava a manhã “a hora divina”, por ser aquela em que se exprimem as inspirações da noite. Belíssimas coisas haveria que dizer acerca das revelações noturnas feitas ao gênio. Os antigos conheciam o mistério dessa iniciação. Diziam eles: “O dia é dos homens; a noite pertence aos deuses.”


1276. Durante o sono as almas superiores remontam às esferas sublimes; mergulham nas irradiações do pensamento divino, em um oceano de sonoridade, de harmoniosas vibrações; aí descobrem os princípios e as causas da sinfonia eterna. Francisco de Assis e Nicolau de Tolentino sentiram-se imersos no êxtase, por terem escutado um eco longínquo, algumas notas esparsas dos concertos celestes, isto é, da orquestra infinita das esferas.


1277. O “Requiem” de Mozart não tem outra origem. Algumas horas apenas antes de seu desprendimento corporal, o mestre, com a mão já invadida pelo gelo da morte, traçou esse hino fúnebre, que foi a derradeira manifestação do seu gênio. Convinha que o ilustre médium, que durante toda a vida percebera as vozes melodiosas do Espaço, expirasse numa última harmonia e que sua alma se exalasse num lamento sobre-humano, de inefáveis inflexões, de que só são capazes os grandes inspirados, ao assomarem o limiar dos mundos gloriosos.


1278. Rafael Sanzio dizia que suas mais belas obras lhe haviam sido inspiradas e apresentadas numa espécie de visão. Dannecker, escultor alemão, afirmava que a ideia do seu Cristo, uma obra-prima, lhe tinha sido comunicada por inspiração, num sonho, depois de a ter inutilmente procurado em suas horas de estudo.


1279. Alberto Durer velava, uma noite, e meditava. Queria pintar os quatro evangelistas e, tendo retocado esboços, que não exprimiam a seu gosto o ideal que imaginava, atirou os pincéis, abriu a janela e pôs-se a contemplar as estrelas. A inspiração lhe veio nesse momento de tristeza; invocou os seus modelos espirituais. A Lua projetava sua claridade nos monumentos e nas agulhas das catedrais de Nuremberg. E disse ele: “Permitistes a homens transformar aí lascas de pedra em construções harmônicas, de majestosas linhas. Consenti-me transportar para a tela esses santos enviados que trago na alma.”


1280. Ele viu então a igreja de São Sebald avermelhar-se em fogo, e nuvens azuis formarem um fundo em que se desenhavam as imponentes figuras dos quatro evangelistas, e exclamou: “Eis aí os rostos que tenho inutilmente procurado fixar!” Não é esse um caso de mediunidade, e não vemos atualmente o mesmo fato reproduzir-se com Helena Smith, a médium de Genebra? 


1281. Muito havia que escrever sobre a intervenção das inspirações superiores no domínio da arte. Não haveria também a influência do Alto nesse poder da oratória que subleva e arrebata as multidões, como o vento subleva as ondas do oceano? Ela parece manifestar-se principalmente nos oradores de arrojados surtos que, em certos momentos, são como que suspensos da Terra e transportados em possantes asas, ou ainda nesses improvisadores, de frases sugestivas e sonora linguagem, cuja palavra flui em acelerados jorros, e que Cícero denominava “a torrente do discurso”.
(Continua no próximo número.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita