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Estudando as obras de Manoel Philomeno de Miranda
Ano 8 - N° 372 - 20 de Julho de 2014
THIAGO BERNARDES
thiago_imortal@yahoo.com.br
 
Curitiba, Paraná (Brasil)  
 

 

Loucura e Obsessão

Manoel Philomeno de Miranda

(Parte 19)

Continuamos nesta edição o estudo metódico e sequencial do livro Loucura Obsessão, sexta obra de Manoel Philomeno de Miranda, psicografada por Divaldo P. Franco e publicada em 1988.

Questões preliminares

A. Quem era o Espírito que obsidiava Carlos? E por que assim agia?

Era uma ex-escrava da propriedade rural que então pertencia a Carlos. Ela fazia parte de um grupo de escravos recém-chegados da África. Jovem, mas já casada e mãe de um bebê, a escrava despertou no fazendeiro a cobiça e a luxúria. Depois de separá-la do marido, ele desejou impor-se como senhor e usuário. Sem entender o idioma do dominador e dilacerada por mil dores, a jovem negou-se a ceder e lutou bravamente, sem medo. Esbordoada, então, pelo alucinado, foi tomada de fúria indômita e reagiu, sendo vencida a golpes de rebenque, que a prostraram, sendo depois levada ao suplício impiedoso até que a morte lhe adveio. A ex-escrava agia assim movida pelo desejo de vingança. (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 161 a 163.)

B. A consciência culpada jamais esquece o mal que fez aos outros?

Sim. A consciência culpada jamais esquece. Era por isso que Carlos trazia tormentos e incapacidade sexuais que contribuíram para a sua alienação, pois necessitava resgatar todos os seus torpes comportamentos. A ex-escrava fora apenas uma de suas inúmeras vítimas. (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 163 a 165.)

C. A forma perispiritual de uma pessoa encarnada pode transformar-se a ponto de parecer um bebê?

Pode. Foi o que aconteceu com o irmão Empédocles. Mergulhando no oceano do tempo, ele passou por uma extraordinária transformação, ante os olhos espantados dos presentes e a atenção dos litigantes, assumindo a forma de um menino negro de poucos meses de idade. Trazido por uma ex-escrava, a Mentora o depôs sobre a toalha, enquanto a recém-chegada se acercou da antiga mãe do bebê e lhe disse: “Fui eu quem cuidou dele em nome de Nosso Pai Zâmbi. Aqui está o teu filhinho, conforme o recebi... As Divinas Leis, em nome do amor, trouxeram-no de volta ao mundo, para ajudar quem tanta infelicidade produzira, mas que o amparara no seu desvalimento”. (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 165 e 166.)

Texto para leitura

73. A terra sofrida pelo arado não pode recusar as sementes que a fecundarão –  Logo que Emerenciana terminou a prece, uma tênue claridade invadiu o recinto, como resposta do Mundo Maior, que supervisionava o trabalho de amor. Ato contínuo, dois auxiliares trouxeram a jovem ex-Bombojira, que recebera o tratamento de desimantação, em profundo sono, que não lhe atenuava os estertores. Foram-lhe aplicadas forças restauradoras para seu despertamento e, logo tal se deu, foi encaminhada à incorporação, na mesma moça que lhe fora médium, horas antes. A infeliz desencarnada olhou em derredor e, quando pôde, expressou-se com sarcasmo: “Vou ser julgada, por acaso? Como se não bastasse o que me foi feito com impiedade, o que mais se deseja de mim?” – “Auxiliar-te, minha filha”, respondeu Dr. Bezerra, numa voz suave e doce, sem vulgaridade e portadora de uma vibração penetrante, que provocava relaxamento da tensão e dava paz. A comunicante expressava-se em português muito claro, diferindo do que sucedera no intercâmbio anterior. Felinto esclareceu: “Nas psicofonias em nosso plano é mais fácil a transmissão do pensamento sem as fixações do Espírito. Ideia-a-ideia, a verbalização ocorre pelo automatismo da mediunidade, no idioma do intermediário”. O Espírito quase nunca se dá conta disso, especialmente nos casos de perturbação forte. “O seu pensamento – explicou Felinto – se exterioriza, como dissemos, no idioma da médium, e ele ouve inversamente, traduzido na sua língua ancestral.” No diálogo com a Entidade, Dr. Bezerra explicou-lhe que desejava dela apenas a sua paz e renovação, o que concorreria para retirá-la do sofrimento em que se encontrava. Esse era o motivo por que estava sendo ajudada.  “E se me recuso a isso?”, indagou a infeliz.  “Tal não pode acontecer – respondeu o Mentor –, porque a terra sofrida pelo arado não se pode recusar às sementes que a abençoarão com o reverdecimento e a fartura.” Ela replicou dizendo que seu plano era simplesmente vingança, e disso não desistiria, ainda que nele se aniquilasse. Dr. Bezerra observou: “Não é este um plano de vingança, mas de loucura, que te fará mais desventurada, cada dia em pior situação, sem jamais aniquilar-te, pois que o Amor não cria para destruir”. E acrescentou: “Ouve agora, antes que se te faça irreversível a decisão... Neste momento, podes, por tua escolha, programar o futuro, enquanto que a rebeldia te levará a ele, sem outra alternativa, em situação mais lamentável”. “Ninguém foge ao progresso, e ora chega o momento da tua renovação.” (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 159 a 161.)

74. A obsessora fora, no passado, escrava de Carlos – O diálogo entre a ex-Bombojira e Dr. Bezerra prosseguia. Um fato muito importante acontecia, porém, durante aquela palestra. É que, enquanto o Mentor exortava a Entidade à meditação e ao raciocínio, a modulação da voz que a envolvia em vibrações de reequilíbrio era acompanhada de igual exteriorização que se lhe irradiava do plexo cardíaco, vestindo o Espírito sofrido com energia salutar. Ela prorrompeu, então, em pranto de desespero, ao qual se misturava a revolta, enquanto o Mentor despertava Carlos, que lentamente recobrou a razão, dando-se conta de estar em uma reunião, embora lhe ignorasse a finalidade. “Carlos – pediu-lhe Dr. Bezerra –, desperta para a verdade, meu filho.” O jovem logo viu a sofredora incorporada, que podia identificar, e pôs-se a tremer, intentando fugir. Detido, perguntou, apavorado: “Que faz o monstro aqui? Tenho que fugir...” – “Ninguém foge da consciência culpada, meu filho”, disse-lhe o Mentor. “Tu a vês, porque ela está insculpida igualmente em tua memória.” Carlos explicou então que aquela pessoa o perseguia e desejava matá-lo, e por isso ele lhe tinha horror. Dr. Bezerra replicou: “Sabemos disso. No entanto, ela é o que lhe fizeste. Tua irmã, converteste-a num monstro, pelo que lhe infligiste. Nem sempre foi assim a sua forma ou a sua maneira de ver. Recorda-te conosco. Recua no tempo e a encontrarás...” Aplicando-lhe passes de despertamento da memória, o Médico Espiritual fê-lo recuar, no mergulho interior, a fim de encontrar a razão da desdita, por ele mesmo provocada. Enquanto isso se dava, ocorria uma metamorfose na sua face, transfiguração que lhe repetia a estrutura anterior quando, no passado, recebeu um grupo de escravos recém-chegados da África. Uma jovem, casada e mãe, despertou-lhe a cobiça, a luxúria chã. Era a sua atual adversária. Miranda informa que era possível vê-la na sua tela mental. Depois de separá-la do marido, em uma semana apenas, desejou impor-se como senhor e usuário. Sem entender o idioma do dominador e dilacerada por mil dores, a jovem negou-se a ceder e lutou bravamente, sem medo, ela que havia sido roubada em tudo: liberdade, família,  posses... Esbordoada, então, pelo alucinado, foi tomada de fúria indômita e reagiu, sendo vencida a golpes de rebenque, que a prostraram, e depois levada ao suplício impiedoso até que a morte lhe adveio. Vendo a cena, Carlos gritou, justificando a conduta hedionda: “É minha escrava. E, como tal, é um animal que eu concedo a honra de tratar como gente. Matá-la, para que os outros me respeitem, é o mínimo que posso fazer. Tenho esse direito, ainda mais porque a desejei, e isto é, para ela, um destaque, por haver sido eleita pelo seu senhor”.  (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 161 a 163.)

75. A consciência culpada jamais esquece – Sentindo-se diretamente evocada por seu antigo algoz, a atormentada deteve o pranto, ergueu a médium e, apontando-o com o dedo em riste, bradou: “Eis aí o miserável! Estrangulá-lo é o meu direito, e irei fazê-lo. Roubou-me o marido e afastou-me do filhinho. Por fim, queria abusar de mim como se eu nada fosse. Em minha tribo se preservam os direitos e a honra das mulheres. Aquelas que se entregam ao vício tornam-se serviçais das outras, quando não são expulsas do clã. Hei de vingar-me, porque é o ódio que me tem permitido viver para esperar este momento”. Carlos não se intimidou e gritou: “Fui e sou o teu senhor. Comprei-te, e pensava estivesses morta. Já que sobrevives, exijo a tua submissão...” A ex-escrava, totalmente tresvariada, pôs-se a gargalhar e Dr. Bezerra, dirigindo-se ao rapaz, disse: “Desperta, filho. Passaram-se mais de 150 anos, desde aqueles dias... Volveste ao corpo, mas ela não. Escapou-te à sanha peçonhenta, continuando a viver, além da carne, qual ocorre com todos nós. O teu poder mentiroso também passou. Mudou-se o quadro: agora é ela quem se utiliza de meios que desconheces, para perseguir-te, submetendo-te”. O Mentor lembrou-lhe, então, em ligeiras palavras os abusos que ele, Carlos, cometera naquela existência terrestre, quando escravas jovens e suas filhas na adolescência foram-lhe vítimas de sevícias sexuais, após o que ele as entregava aos feitores ou amigos, para depois lhes impingir os companheiros. “As que engravidavam de ti – recordou Dr. Bezerra – abortavam sob a chibata, pelo crime de haverem concebido... A consciência culpada não esquece. Assim, trazes tormentos e incapacidade sexuais que contribuíram para a tua alienação, pois necessitas de resgatar todos os teus torpes comportamentos...” Tendo ouvido o que o Mentor dizia, a infeliz interrompeu-o para dizer que o miserável mandava matar os escravos que ficavam impossibilitados de trabalhar, como ela mesma vira, depois de morta. Carlos, que continuava insensível à dor que causara à pobre mulher e às suas vítimas, contou que também matara o esposo dela, no mesmo lugar onde lhe castigara a rebeldia: “Negro nasceu para ser animal de carga e não gente...” “Enganas-te, meu filho” – advertiu o Médico dos infortunados. “A epiderme é veste transitória sob a qual o ser eterno se oculta, durante uma experiência evolutiva. Serás feliz, quando o entendas. Por enquanto, observa e aprende com a Divina Sabedoria.” Ato contínuo, voltando-se para a sofredora, esclareceu: “O teu filhinho foi entregue à encarregada do lar, a pedido da senhora, que não tinha filhos, o que mais atormentava o desditoso senhor, cujo patrimônio não passaria a um descendente direto. Por isso, temia que um mestiço viesse a perturbar-lhe mais a consciência criminosa e insensível”. “A princípio ele negou-lhe o pedido, terminando por aquiescer. A criança cresceu junto ao assassino dos seus pais, no entanto, não o odiou. O carinho da senhora dulcificou-lhe a ardência do sofrimento, e o barbarismo sociomoral que submetia os fracos, à época, contribuiu para que ele aceitasse o consumado.” (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 163 a 165.)

76. O filho da escrava aparece e causa comoção em todos os presentes – Dr. Bezerra disse, então, que o menino tornou-se, com o passar dos anos, encarregado de alguns dos negócios domésticos, ganhando desse modo a confiança do senhor. Nesse ínterim, a senhora teve um filho e isso auxiliou o esposo a sair da miséria da revolta, embora sua impiedade e sua ganância não diminuíssem. A ex-escrava perguntou ao Mentor por que ela nunca percebera a presença do filho no lar de seu algoz, se tanto o procurara. Dr. Bezerra respondeu: “O ódio, que cega, também alucina. Na tua desmedida revolta, vias apenas o mal e, nos paroxismos do autossupliciamento, perdias o contato com o mundo onde deixaste o corpo...” “Só o amor dá vida, e, portanto, responde à vida. Reflexiona, agora, e observa como se mudaram os quadros: o teu algoz é hoje vítima de si mesmo, afligido pela tua ira insana. Quererás que logo mais voltes à Terra, conforme se dará, e ele, do nosso lado, prossiga revidando, em nome do que lhe fazes? Até quando? Esqueces de que Deus é amor, mas é também Justiça, que não abona o crime nem o olvida?” A infeliz ouviu-o com atenção, mas, saudosa do filho que nunca mais tinha visto, perguntou onde ele se encontrava. Nesse ponto, Emerenciana acercou-se do irmão Empédocles e falou-lhe com doçura: “É a sua vez. Recorde-se. Mergulhe no oceano do tempo e reviva”. O pai de Carlos passou por uma extraordinária transformação, ante os olhos espantados dos presentes e a atenção dos litigantes. Em seguida, viu-se entrar o Espírito de uma ex-escrava com uma toalha de rendas, alvinitente, no momento em que o irmão Empédocles se transformara em criança negra de poucos meses. A Mentora o depôs sobre a toalha, enquanto a recém-chegada se acercou da antiga mãe e lhe disse: “Fui eu quem cuidou dele em nome de Nosso Pai Zâmbi. Aqui está o teu filhinho, conforme o recebi... As Divinas Leis, em nome do amor, trouxeram-no de volta ao mundo, para ajudar quem tanta infelicidade produzira, mas que o amparara no seu desvalimento”. “Meu filhinho!”, exclamou, transida de alegria e dor, a infeliz perseguidora. “Papai!”, bradou, ajoelhando-se, o desventurado Carlos, que aditou: “Deus meu!” A cena, pelo inusitado, colheu a todos os presentes de surpresa e grande emoção. (Até Miranda não pôde dominar as lágrimas, que lhe surgiram espontâneas.) É que o infinito amor de Deus modificava a trama do ódio, alterando os padrões vigentes, de forma imprevisível, surpreendente. A visão divina, abrangendo todos os ângulos dos acontecimentos, estabelece as diretrizes que facultam o equilíbrio em toda parte.  (Loucura e Obsessão, cap. 13, pp. 165 e 166.) (Continua no próximo número.)


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita