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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 370 - 6 de Julho de 2014

MATHEUS TUNES
matheus.tunes@gmail.com
São Paulo, SP (Brasil)

 
 
 

Sobre a natureza física
do Espírito


Este é um assunto muito interessante. A doutrina espírita é revolucionária. Não por postular e sedimentar o conhecimento sobre a comunicabilidade dos Espíritos com o universo físico, uma vez que isto tem sido observado e reportado na mais tenra idade da raça humana sobre o planeta Terra. A revolução iniciada pelos alicerces do Espiritismo deve-se ao fato de seu mentor principal, Allan Kardec, desenvolver um mecanismo sistêmico de abordagem do assunto – a ação dos Espíritos sobre a matéria ponderável – sob um aspecto circular. Ciência, filosofia e religião são analisadas por ele sob um ponto de vista integrador de modo a permitir que o conhecimento pudesse ser solidificado e estudado com todo rigor exigido pela academia da época. Nos moldes acadêmicos, o Espiritismo foi a primeira doutrina que contou com um periódico científico difundido na academia parisiense, a Revista Espírita, que reportava os resultados de pesquisas e artigos dos mais diversos cientistas e estudiosos que, em sua época, planejavam entender o que acontecia.

Essa atitude científica de Kardec de integralizar conhecimentos, investigar fenômenos aparentemente inteligíveis pela ciência, está praticamente ausente em todas as nossas Universidades ao redor do mundo neste século XXI, onde o materialismo e a visão separatista e fragmentadora das ciências são elencados como os baluartes da produção do conhecimento humano.

Mas, podemos nos perguntar a nós mesmos: O que é o Espírito? Qual a sua natureza? No Livro dos Médiuns [1], o codificador enfatiza que “a natureza íntima do Espírito propriamente dito, isto é, do ser pensante, desconhecemo-la por completo”.  Mais a frente é dito que “o Espírito precisa, pois, de matéria para atuar sobre a matéria. Tem por instrumento direto de sua ação o perispírito”.  Ainda mais interessante é a questão de número 82 de O Livro dos Espíritos [2]. O codificador indaga: “Será certo dizer que os Espíritos são imateriais?”. Respondem os Espíritos: Imaterial não é bem o termo; incorpóreo seria mais exato, pois deves compreender que, sendo uma criação, o Espírito há de ser alguma coisa. É a matéria quintessenciada, mas sem analogia para vós outros, e tão etérea que escapa inteiramente ao alcance dos vossos sentidos”.

Pois bem, cabe a nós cientistas a tarefa de evoluir buscando entender algo sobre a natureza do Espírito. Observamos que os estudos preliminares de Kardec apontam para uma espécie de associação, novamente sistêmica, entre espírito, perispírito e corpo físico. Esta relação não hierárquica indica que o Espírito não domina o corpo físico, interagindo com este de modo indireto, contemplando também as interações corpo físico com o Espírito, realizando trocas de natureza diversa, através do perispírito.

Necessitando de matéria para agir sobre a matéria, o Espírito não deve possuir uma natureza muito diferente da própria matéria como conhecemos. Imaginemos por exemplo que o Espírito seja constituído de algo muito próximo daquilo que conhecemos como a luz. Na Física contemporânea, entendemos que a luz tem uma natureza dual: ela se comporta como onda eletromagnética com dois campos – o Elétrico e o Magnético – oscilando transversalmente, mas também pode se comportar como partícula, os fótons de luz (concepção de Wien-Einstein).

Em 1934, G. Breit e John A. Wheeler [3] propuseram um mecanismo teórico onde é possível produzir matéria utilizando luz: o resultado da colisão de dois fótons de luz em determinadas condições seria capaz de “criar” matéria na forma de um par elétron-pósitron.

Nas últimas semanas [4], cientistas da Alemanha e do Imperial College divulgaram na imprensa científica que os experimentos para produção de matéria a partir da luz serão viáveis e passíveis de execução dentro de 12 meses. Caso confirmado, este experimento irá demonstrar, em grau mais singelo, que luz, matéria e energia são faces de uma mesma moeda. Quem poderia imaginar que luz poderia ser capaz de produzir matéria? Ou: Quem poderia imaginar que um Espírito (que não vemos, não sentimos diretamente, não somos capazes de tocar, tal como a luz), dotado de uma específica e delicada natureza, possa agir sobre a matéria? Criar matéria a partir de luz é mais do que estudar a interação da luz com a matéria: o agente que interage não cria, dizem. Mas a experiência pode provar o contrário, mostrando que matéria e energia, partículas e luz que antes acreditamos não estarem conectadas, são na verdade algo parecido, ou a mesma coisa.

Este assunto deve servir de práxis para uma elucidação necessária: embora não se conheça a natureza de determinado objeto, corpo ou manifestação, a atitude humana sob a égide científica deve sempre estar acompanhada de dúvida e curiosidade, que, juntas, deverão ser revertidas ao processo de investigação. O Espiritismo precisa voltar para o seio das Universidades e dos Centros de Pesquisa. Para que isso aconteça, tanto cientistas quanto médiuns devem se preparar para algo novo, que surge com o avanço da ciência. Devemos retomar a prática espírita antiga de questionamentos nas sessões de psicografia, de medidas físicas nas sessões de efeitos físicos etc. As lacunas outrora deixadas nos trabalhos da doutrina em tempos anteriores agora podem ser respondidas, ou ao menos redirecionadas a uma nova elucidação. Precisamos ir atrás desse novo objetivo.


Referências:

[1] Kardec, A. O Livro dos Médiuns. Segunda Parte, Cap. I – Da ação dos Espíritos sobre a Matéria, parágrafo 58, Editora FEB (1944). Tradução: Guillon Ribeiro.

[2] Kardec, A. O Livro dos Espíritos. Cap. I – Dos Espíritos. Editora FEB (1944). Tradução: Guillon Ribeiro.

[3] Breit, G. e Wheeler, JA. Collision of Two Light Quanta. Physical Review, v. 46, pp. 1087-1091 (1934).

[4] The Guardian. Matter will be created from light within a year, claim scientists. Acessado em 26 de Maio de 2014, às 22h48. <http://www.theguardian.com/science/2014/may/18/matter-light-photons-electrons-positrons>
 

Matheus Tunes é físico nuclear da Marinha do Brasil e pesquisador bolsista no Centro de Estudos Avançados em Materiais Nucleares da Escola Politécnica.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita