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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 368 - 22 de Junho de 2014

CLÁUDIO BUENO DA SILVA
Klardec1857@yahoo.com.br
Osasco, SP (Brasil)

 
 
 

Somos uma grande nação


Há muitos anos – em 1982 – escrevi um artigo cujo título era "Chorando de barriga cheia". Nele discorria sobre o comportamento social e moral dos que, mesmo tendo como e com o que viver em períodos de crise, reclamam de tudo e de todos, achando sempre que os direitos são seus e os deveres são dos outros. Mais ou menos como aquele que vê uma casca de banana no meio da calçada e não se importa nem um pouco, pois não foi ele quem a jogou ali.

Vivíamos os estertores do chamado regime de exceção no Brasil e, por consequência, à beira da retomada do processo de redemocratização do nosso país, que se deu em 1985. Havia uma crise brava e a desorganização predominava em muitos setores da economia e da política. No entanto, o sofrido povo brasileiro demonstrou vontade de mudar e, a duras penas, mas sem violência, se organizou e colaborou na busca da normalização democrática, que vem se desenvolvendo a pouco e pouco desde lá.

Embora a forte crise afetasse a vida de todos os brasileiros, principalmente a dos mais pobres que sempre foram a grande maioria, houve muita gente que se aproveitou da comoção social e, até podemos dizer, a fomentou para tirar vantagens da situação caótica.

Apesar do aperto financeiro que rondava as famílias brasileiras, em linhas gerais não faltava o mínimo necessário para viver com dignidade àqueles que levavam a vida a sério, trabalhando, se esforçando e lutando para contornar as dificuldades. Posso afirmar isso com convicção, pois fazia parte daquela maioria e convivia socialmente com muitas famílias do mesmo padrão simples. É preciso considerar, no entanto, as muitas exceções espalhadas por várias regiões do Brasil de então, regiões aonde o progresso não chegara e que raramente eram atendidas pelas autoridades públicas e que também por isso viviam uma realidade bem mais difícil.

Nestes últimos trinta anos o Brasil melhorou em muitos aspectos. Avaliando-se o conjunto se percebe esse avanço. Analisando-se as partes, vê-se o quanto há ainda por fazer e alcançar. Mas isso é natural num país em desenvolvimento. O progresso não se dá homogeneamente, considerando-se a heterogeneidade de caracteres de um povo como o brasileiro, espalhado em grandes regiões territoriais, cada uma com suas características e peculiaridades próprias referentes a geografia, clima, costumes, tradições etc.

O fato é que sempre houve insatisfeitos e no meio deles os “eternamente insatisfeitos”, que fazem grande barulho. O ruim é quando estes últimos são formadores de opinião, com influência em grandes ou pequenos círculos. É compreensível que pessoas e grupos se organizem legitimamente para encontrar soluções que lhes atendam. Mas a liberdade de reivindicar não dispensa o dever de respeitar os parâmetros do direito comum. A violência, não só física como também moral, nos afasta do direito, nos tira a razão.

Muitos não se contentam nunca com nada, de onde se percebe que a insatisfação teimosa anda junto com o egoísmo. O insatisfeito sistemático quer sempre mais para si, não para o outro, ainda mais se este for de outra condição social, de outra raça, de outra região. Nesse estágio se chega ao preconceito, que só agrava as coisas.

Há muito que melhorar, sim, em nosso Brasil de hoje, pois não podemos continuar vivendo “de costas” para a ética e os valores construtivos. Não podemos ser coniventes com injustiças flagrantes. Não podemos calar ante aqueles que se julgam imunes às leis e que não são só os políticos. Na realidade, os problemas brasileiros (quem sou eu para avaliá-los?) não derivam apenas da política ostensiva, mas principalmente (em essência) do comportamento antiético individual quase generalizado, o que caracteriza a imperfeição de comandantes e comandados. E a reflexão sobre isso, que passa também pela reforma do modelo de Educação que temos, compete a cada um de nós, brasileiros comuns. A revolta e o pessimismo sistêmicos que se estão instalando no Brasil são altamente prejudiciais a todos e não atenderão às nossas necessidades.

Tem aumentado muito a pauta de reivindicações sociais ao mesmo tempo em que cresce desafiadoramente o empuxo egoísta das exigências de toda ordem (nem todas válidas), mascaradas na forma de direitos. Há um dito popular que diz: “Quanto mais se tem, mais se quer”. Será errado associar essa insatisfação ao auge das tendências consumistas orientadas pelo materialismo e pela incredulidade que tanto mal fazem ao Espírito? Não estará aí a causa que faz emergir no cotidiano social o que realmente ainda somos como pessoas?

Lembro aqui o excelente texto “Credo espírita”¹, de Allan Kardec, o coordenador do Espiritismo, um homem profundamente verdadeiro e humilde, além de grande humanista, onde ele diz: ...“A bondade das leis está em relação com a bondade dos homens” ... “A lei civil não modifica senão a superfície; a lei moral é que penetra no foro íntimo da consciência e o reforma” ... “Por melhor que seja uma instituição social, se os homens forem maus, hão de falsificá-la e desnaturá-la para que a explorem em seu particular proveito”. Afirma ainda “que é rico quem se satisfaz com o necessário”.

“Mas isso seria a inércia, a passividade!”, dirão. De forma alguma. Viver em sociedade não é só ver atendidas as expectativas materiais, individuais ou de grupos. Mesmo que todas elas fossem realizadas, a insatisfação continuaria. Examinemos o exemplo de países ultradesenvolvidos onde aparentemente “não falta nada”. Seus habitantes não fazem guerras, não têm conflitos, não se suicidam, não espionam, não corrompem, não se prostituem?

“Deus fez o homem para viver em sociedade” (...) “E devem todos concorrer para o progresso, ajudando-se mutuamente”². Ninguém avança para a paz, “para o melhoramento do estado social”, destruindo, agredindo, difamando, instigando revolta e insubordinação. Esse comportamento retarda as verdadeiras conquistas.

Se compreendermos a vida como o caminho para a transcendência, para a evolução do Espírito (o que é a pura verdade) precisaremos exercitar o desprendimento, o desapego, a abnegação, ou seja, seguir a direção contrária daquela em que muitos pensam encontrar a satisfação plena. Evoluir espiritualmente é exigir mais de nós e menos dos outros.

Portanto, otimismo e esperança são mais que necessários no momento atual. As crises costumam oferecer oportunidades de crescimento e amadurecimento para os homens e as instituições. Somos uma grande nação, basta enxergar. Temos muito que aprender trabalhando. Nosso povo precisa sair da infância e realizar os sonhos próprios da juventude forte e saudável. A maturidade virá com o tempo. O progresso não para e a consciência serena e pacificada nos levará à construção do país feliz que tanto almejamos e que será reconhecido em toda parte como pátria do Evangelho, se assim tiver que ser. 


Referências: 

¹ Obras Póstumas, Allan Kardec, 2ª parte, LAKE.

² O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, Livro terceiro, “As leis morais”, LAKE.

 

 


 


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