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Clássicos do Espiritismo
Ano 8 - N° 362 - 11 de Maio de 2014
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

No Invisível

Léon Denis

(Parte 37)

Continuamos o estudo metódico e sequencial do clássico "No Invisível", de Léon Denis, cujo título no original francês é Dans l'Invisible.

Questões preliminares  

A. Os Espíritos podem produzir as roupas e os acessórios com que se apresentam nas aparições?

Sim. Eles podem produzir, pela ação da vontade, as formas que revestiu e os trajos que usou na Terra e que lhe permitem fazer-se reconhecer. Aliás, esse é, com efeito, o objetivo essencial de tais manifestações. Daí as roupagens, vestes, armas e acessórios com que se apresentam as aparições. Quase sempre esses acessórios não têm consistência nem duração. Pode, entretanto, acontecer que o Espírito concentre bastante força para condensar objetos, a ponto de os tornar tangíveis e duradouros. (No Invisível - O Espiritismo experimental: Os fatos - XX - Aparições e materializações de Espíritos.)

B. Léon Denis diz que os fenômenos de materialização podem ser classificados em três ordens. Quais são elas?

A primeira ordem inclui os casos em que o duplo do médium exteriorizado é utilizado e modificado pelo Espírito, a ponto de reproduzir o aspecto que tinha este na Terra e mesmo os traços de sua fisionomia. O Espírito, por efeito da vontade, se reflete, se fotografa na forma fluídica do médium; é uma transfiguração mais ou menos completa, conforme o poder do manifestante. Mas, em certas experiências, a aparição terá alguma semelhança com o médium.

Em outros casos, o Espírito, com o auxílio dos fluidos ambientes, cria formas temporárias que anima e dirige de fora, sem se incorporar, como o observou Aksakof.

Há, finalmente, casos - bem mais numerosos - em que o Espírito condensa e materializa seu próprio envoltório fluídico, de forma a aparecer tal como era em sua precedente existência terrestre. A materialização seria assim uma espécie de reencarnação efêmera.

O papel dos médiuns difere essencialmente conforme os casos. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os fatos - XX - Aparições e materializações de Espíritos.)

C. As condições do ambiente podem favorecer ou prejudicar os fenômenos dessa natureza?

Sim. O estudo das forças em ação nesses fenômenos demonstra que eficazes auxiliares podem ser a música e os cantos. Suas vibrações harmônicas facilitam a combinação dos fluidos. Em sentido oposto, temos verificado a desfavorável influência da luz; esta produz um efeito dissolvente sobre os fluidos em elaboração e exige um emprego mais considerável de força psíquica. Daí a necessidade das sessões obscuras, pelo menos nas tentativas iniciais. (Obra citada - O Espiritismo experimental: Os fatos - XX - Aparições e materializações de Espíritos.)

Texto para leitura

985. Às materializações de Espíritos se vêm algumas vezes acrescentar criações espontâneas de plantas, transportes de flores e frutos. No dia 28 de junho de 1890, sob as vistas de Aksakof e do professor Boutlerov, em casa da Sra. d`Espérance, em Gotenburgo, um lírio dourado, de seis pés de altura, foi produzido pelo Espírito Iolanda. Auxiliado pelos assistentes, esse Espírito depositou areia, terra e água num vaso, que em seguida cobriu com o véu. Este se elevou lentamente, impelido de modo contínuo por um objeto invisível; e quando Iolanda retirou o véu viu-se aparecer uma linda planta coberta de flores, que exalavam penetrante aroma. Esse lírio dourado se conservou durante uma semana inteira, depois do que desapareceu misteriosamente como tinha vindo.

986. Acabamos de ver os Espíritos em ação, criando objetos e flores. Do mesmo modo operam eles na formação das vestes, costumes e adornos que aparecem. Esse fato, de se mostrarem vestidos os Espíritos, tem provocado numerosas objeções, a que cumpre responder. Recordemos antes de tudo, como princípio, que a vontade e o pensamento são criadores. Nas aparições, já vimos como a matéria sutil obedece aos seus menores influxos. Um Espírito pode agir sobre os fluidos e emprestar-lhes formas e propriedades adequadas ao fim que tenha em vista.

987. No domínio terrestre, essa ação já se revela nas práticas do Magnetismo. O homem dotado do poder de curar transmite, pela vontade, aos eflúvios que dele emanam e, por extensão, à água e a certos objetos materiais, como panos, metais, etc., propriedades curativas. Os fenômenos do Hipnotismo e da sugestão nos mostram, sob outras formas, a aplicação dessa mesma lei. Mediante a sugestão provocam-se, no organismo de sensitivos adormecidos, profundas modificações; pode-se fazer aparecerem ou cicatrizarem chagas, estigmas, queimaduras, regular certas funções como a circulação, as secreções, etc., que no estado normal escapam à ação da vontade.

988. Casos há em que um experimentador, sugerindo a sensitivos que um selo postal, uma obreira, são vesicatórios(1), transmite pelo pensamento a esses inofensivos objetos uma força que faz empolar a pele e produzir serosidades. Outros têm provocado, por simples ordem, hemorragias cutâneas.

989. Pela sugestão, que é principalmente um ato da vontade, tem-se conseguido não somente impressionar sensitivos, mas também causar-lhes verdadeiras perturbações, pela ingestão de líquidos anódinos(2) a que se emprestam propriedades nocivas. É assim que se provoca a embriaguez com água pura. Coisa mais grave: fizeram absorver a um sensitivo um veneno imaginário e esse veneno, apesar de uma sugestão contrária quase imediata, produziu desordens fisiológicas que por muito tempo lhe arruinaram a saúde. O memorial dessa experiência existe no Salpetrière.

990. A esses exemplos cumpre acrescentar as impressões experimentadas por senhoras grávidas e que se traduzem, no corpo do filho em gestação, por taras, manchas, deformações. A influência dessas emoções às vezes é vivíssima. O Doutor Goudard, numa comunicação à Sociedade de Estudos Psíquicos de Marselha, refere os seguintes fatos:

“Um homem culto, saído de uma de nossas grandes faculdades, foi operado, em sua infância, de um duplo polegar de cada lado, que simulava uma pata de crustáceo, e era atribuído ao fato de ter sido sua mãe, durante a gravidez, trincada fortemente na mão por uma lagosta. Uma outra mãe, vivamente impressionada à vista de uma carranca de fonte, deu à luz um feto cuja cabeça tinha uma estranha semelhança de feições com essa carranca.”

991. Caso notável é o seguinte, publicado pelo “Matin”, de 1º de junho de 1906:

“Uma jovem de 19 anos, Luísa Mirbel, tinha vivido muito tempo com um rapaz chamado Pedro Chauvin, de 27 anos de idade, que tinha por alcunha ‘o Tatuado’. Esse indivíduo era célebre numa zona especial de Montparnasse pela magnífica série de tatuagens que lhe ornava o corpo. Beberrão e violento, ele batia na amante, que não ousava abandoná-lo com receio de suas represálias. Há uns quinze meses Pedro Chauvin foi preso em consequência de um roubo e condenado a alguns meses de prisão. Luísa Mirbel aproveitou a ocasião para fugir. Definitivamente resolvida a abandonar a existência vergonhosa que tinha levado, veio morar no bairro Picpus, onde travou conhecimento com um honrado trabalhador, João Barrau, que a desposou. Um dia sentiu ela que não tardaria a ser mãe. Um receio, entretanto, a assaltava:

– Olha – repetiu várias vezes ao marido –, eu tenho medo de que aquele indivíduo, que abusou da inexperiência da minha mocidade, me venha um dia procurar. Temo por ti e por mim, porque o ‘Tatuado’ é terrível em suas vinganças.

J. Barrau esforçava-se por tranquilizá-la, mas em vão. À noite, a pobre rapariga via em sonho o antigo amante e acordava trêmula. Uma manhã disse ao marido:

– Tive esta noite um sonho horrível: parecia-me que o ‘Tatuado’ estava ali. Eu acabava de dar à luz o nosso filho; ele o apertava nos braços e lhe desenhava no corpo todas as tatuagens que em si próprio traz.

– Tu estás louca, minha pobre amiga – respondeu João Barrau –. Esquece esse homem. Eu te asseguro que ele jamais te tornará a achar.

Ora, ontem de manhã, Luísa Mirbel deu à luz um filho. Imagine-se o espanto dos que a assistiam, vendo no corpo do menino largas manchas azuladas em que facilmente se reconheciam os traços de letras e desenhos. No peito notava-se distintamente um coração atravessado por um punhal.”

992. Em seu livro “La Zone Frontière” (pág. 131) o Senhor Sage refere dois outros fatos:

“Na Itália, um morcego penetrou, esvoaçando, numa sala de baile e as senhoras investiram, procurando enxotá-lo com os lenços; o mísero animalejo deixou-se cair no ombro nu de uma das senhoras, que teve um desmaio. Pouco tempo depois essa senhora deu à luz uma filha, que trazia no ombro a imagem perfeita de um morcego com as asas estendidas. Nada faltava: os pelos cinzentos, as garras, o focinho. A menina, depois de moça, nunca se pôde decotar.

As impressões fracas, desde que perdurem, produzem o mesmo resultado que as súbitas e violentas. Liébault refere que um vinhateiro se assemelhava de modo surpreendente à estátua do santo padroeiro da sua aldeia, que existia na igreja. Durante a gravidez sua mãe havia tido a ideia fixa de que o filho se pareceria com o santo.”

993. No ser humano, como se vê, o pensamento e a vontade influem profundamente sobre o organismo e suas funções. Em outros casos o nosso pensamento pode adquirir bastante intensidade para criar formas e imagens suscetíveis de impressionarem placas fotográficas. São numerosos os exemplos.

994. Aksakof diz que no curso de experiências fotográficas feitas em companhia de Mumler e do Doutor Child, em 1862, foi obtida numa placa a imagem de uma senhora que desejava ardentemente aparecer com uma guitarra nos braços. A forma desejada apareceu. Desde então se têm multiplicado esses casos. Nas experiências de sugestão, têm-se muitas vezes criado pelo pensamento objetos que para os sensitivos possuíam uma existência real e estavam submetidos às leis da óptica.

995. Não é mesmo necessário que a ação seja volitiva. Muitas vezes, como nos casos de gravidez que indicamos, o pensamento é inconsciente e nem por isso deixa de produzir efeitos muitíssimo sensíveis sobre a matéria. O mesmo se dá com os vivos exteriorizados que aparecem a distância. Basta que seu pensamento se tenha fixado numa pessoa ausente para que sua forma surja diante dela, a ponto de ser facilmente reconhecida.

996. Se o homem pode mentalmente operar tais efeitos, que resultado não obterá o Espírito, desembaraçado de todo obstáculo carnal, ele cujo pensamento vibra com intensidade superior? Ora, não somente o Espírito domina os elementos sutis da matéria, de modo a impressionar a placa sensível e os órgãos dos videntes, mas nas aparições visíveis para todos pode ainda produzir, pela ação da vontade, as formas que revestiu e os trajos que usou na Terra e que lhe permitem fazer-se reconhecer.

997. Esse é, com efeito, o objetivo essencial de tais manifestações. Daí as roupagens, vestes, armas e acessórios com que se apresentam as aparições. Quase sempre esses acessórios não têm consistência nem duração. Pode, entretanto, acontecer que o Espírito concentre bastante força para condensar objetos, a ponto de os tornar tangíveis e duradouros.

998. Certos Espíritos podem modificar seu aspecto, com facilidade prodigiosa, aos olhos mesmo dos assistentes. Aqui está um caso que parece dar razão à hipótese de Aksakof, há pouco mencionada. Refere o Sr. Brakett que numa sessão de materialização foi visto aparecer o Espírito de um moço alto, dizendo-se irmão de uma senhora que ele acompanhava. Esta observou que o não podia reconhecer, porque só o vira menino. Pouco a pouco a figura foi diminuindo de estatura, até atingir a do menino que a senhora conhecera.

999. Recordemos também o caso de Emma Hardinge, assinalado pelo Sr. Colville: apareceu ela com o vestido de rainha das fadas, que trouxera muito tempo antes, em sua mocidade. Nesse caso, como em alguns outros, a aparição parece não ser mais que simples imagem mental exteriorizada pelo Espírito, que adquire bastante consistência material para ser percebida pelos sentidos.

1000. Às vezes os Espíritos imprimem às formas que revestem o mais encantador aspecto. Robert Dale Owen, ministro dos Estados Unidos na Corte de Nápoles, em sua obra “Região em Litígio”, descreve a aparição de uma forma feminina: “Seu brilho era comparável ao da neve recente iluminada por um raio de Sol, fazendo lembrar o que foi escrito sobre vestes de luz do Cristo, na transfiguração, ou ainda o brilho do mármore de Paros, o mais puro e o mais recentemente talhado, sob o jato de viva luz.”

1001. Em resumo, pode-se dizer que os modos de ação do Espírito variam conforme os recursos facultados pelo meio em que ele opera. Os fenômenos de materialização devem ser classificados em três ordens:

a) Primeiramente, os casos em que o duplo do médium exteriorizado é utilizado e modificado pelo Espírito, a ponto de reproduzir o aspecto que tinha este na Terra e mesmo os traços de sua fisionomia. O Espírito, por efeito da vontade, se reflete, se fotografa na forma fluídica do médium; é uma transfiguração mais ou menos completa, conforme o poder do manifestante. Por isso, em certas experiências, a aparição terá alguma semelhança com o médium.

b) Noutros casos o Espírito, com o auxílio dos fluidos ambientes, cria formas temporárias que anima e dirige de fora, sem se incorporar, como o observou Aksakof.

c) Há, finalmente, casos, mais numerosos, em que o Espírito condensa e materializa seu próprio envoltório fluídico, de forma a reaparecer tal como era em sua precedente existência terrestre. A materialização seria assim uma espécie de reencarnação efêmera.

1002. O papel dos médiuns difere essencialmente conforme os casos. Eles passam por todos os graus do transe, de acordo com as absorções que lhes devem ser feitas. Às vezes mesmo, como nas Sras. d'Espérance e Compton, a absorção é total. Noutras circunstâncias os Espíritos trazem consigo quase todos os elementos da materialização e o médium conserva-se acordado.

1003. O estudo das forças em ação nesses fenômenos demonstra que eficazes auxiliares podem ser a música e os cantos. Suas vibrações harmônicas facilitam a combinação dos fluidos. Em sentido oposto, temos verificado a desfavorável influência da luz; esta produz um efeito dissolvente sobre os fluidos em elaboração e exige um emprego mais considerável de força psíquica. Daí a necessidade das sessões obscuras, pelo menos nas tentativas iniciais.

1004. Todos quantos têm observado a Natureza sabem que as ondas luminosas perturbam a formação do ser em seu período de gestação. Todo gérmen, todo corpo, seja vegetal, animal ou humano, deve constituir-se nas trevas, antes de aparecer à luz do dia. A fotografia é obrigada a operar em condições análogas. A reprodução das imagens requer a obscuridade. O mesmo acontece com as formações temporárias de Espíritos. É por isso que se adotam gabinetes escuros nas salas de experiências, para facilitar as materializações. Às vezes, contudo, quando a força é suficiente, vê-se o fenômeno produzir-se no meio dos assistentes.

1005. Todas estas observações são cientificamente confirmadas pelas experiências da telegrafia sem fio. Segundo uma comunicação do Sr. Marconi à Sociedade Real de Londres, está verificado que as ondas hertzianas se transmitem melhor à noite que de dia; o nascer do Sol produz grande perturbação nas transmissões.

1006. É assim que o Espiritismo, depois de nos ter franqueado o vasto império das forças e dos elementos invisíveis da Natureza, nos inicia nas leis que regem as suas profundas harmonias. É pelo estudo de seus fenômenos que a matéria, em seu mais rarefeito estado, se nos apresenta como um mundo sutil em que se imprimem os pensamentos e os atos. Ao mesmo tempo ela constitui imenso reservatório de energias que, vindo acrescentar-se às energias psíquicas, engendram a força por excelência, o poder criador de que emana o Universo em suas eternas e variáveis manifestações. (Continua no próximo número.)


(1)
Vesicatório – Vesicante. (Patol.) Que ou aquilo que produz vesícula(s). Vesícula (Derm.): Pequena bolha cutânea que contém líquido seroso; empola. Pequena bexiga ou cavidade.

(2) Anódino – Que mitiga as dores (medicamento); acesódino, antalgésico, antálgico. Paliativo. Insignificante, medíocre. Que é pouco importante; secundário.
 

 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita