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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 360 - 27 de Abril de 2014

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 
 
 

A fugaz transitoriedade
do  engodo

Desconsiderar os atributos de Deus, tal é o grave erro do tradicionalismo religioso

“Conhecereis a verdade, e a verdade vos libertará.” -   Jesus.  (Jo, 8:32.)

 
Os tempos assinalados para o banimento da ignorância na Terra já chegaram; portanto, as doutrinas e religiões que não tiverem o duplo respaldo da razão e do coração não terão futuro...

O engodo é fugaz e transitório, embora até certo ponto tenha lá a sua utilidade como antiofuscante da luz intensa da verdade, até que as criaturas se coloquem em condições de assimilar esta última em toda a sua pujança e magnitude. Tal aconteceu com a fábula das “Penas Eternas” até hoje acoroçoada por vetustas religiões. E podemos até mesmo arriscar, sem receio de erro que – por paradoxal que pareça – tais doutrinas e religiões andam de mãos dadas com o materialismo e o fanatismo, pois minimizam a dimensão espiritual, ou seja, reduzem ao ridículo a verdadeira e ilimitada dimensão da vida. 

Assim, entendemos com Kardec[1] que tais doutrinas “(...) têm contra si não só o antagonismo em que se acham com as aspirações da universalidade dos homens e suas consequências morais, que farão sejam elas repelidas como dissolventes da sociedade, mas também a necessidade que o homem experimenta de se inteirar de tudo o que resulta do progresso. O desenvolvimento intelectual conduz o homem à pesquisa das causas. Ora, por pouco que ele reflita, não tardará a reconhecer a impotência do materialismo para tudo explicar. Como é possível que doutrinas que não satisfazem ao coração, nem à razão, nem à inteligência, que deixam problemáticas as mais vitais questões, venham a prevalecer?! O progresso das ideias matará o materialismo, como matou o fanatismo”, e poderemos ainda acrescentar que o mesmo destino terão as religiões que agridem a razão com seus dogmas ancilosados e capengas, pois, não levar em conta os atributos de Deus, tal é o grave e fatal erro do tradicionalismo religioso. O Espiritismo, pelo contrário, se rende ao Pai Celestial logo na primeira pergunta de “O Livro dos Espíritos”, realçando-Lhe os atributos logo a seguir, na questão número treze.

Analisando o tema com seu habitual tirocínio, Allan Kardec ensina[2]:

“(...) A crença na eternidade das penas prevaleceu enquanto os homens não tiveram ao seu alcance a compreensão do poder moral... Hoje em dia o homem não é mais passivo instrumento vergado à força material, nem o ente crédulo d’outrora que tudo aceitava cegamente. A crença é um ato de entendimento que não pode ser imposta.

Se, durante certo período da Humanidade, o dogma da eternidade das penas se manteve inofensivo e benéfico mesmo, chegou o momento de tornar-se perigoso. Imposto como verdade absoluta, quando a razão o repele, ou o homem quer acreditar e procura uma crença mais racional, afastando-se dos que o professam, ou, então, descrê absolutamente de tudo. Atualmente verifica-se que o dogma da eternidade das penas tem feito mais ateus e materialistas do que todos os filósofos.

As ideias seguem um curso incessante e progressivo, e absurdo é querer governar os homens desviando-os desse curso; pretender contê-los, retroceder ou simplesmente parar enquanto ele avança, é condenar-se, é perder-se... Seguir ou deixar de seguir essa evolução é uma questão de vida ou de morte para as religiões como para os governos.

Este fatalismo é um bem ou um mal? Para os que vivem do passado, vendo-o aniquilar-se, será um mal; mas para os que vivem pelo futuro é uma lei do progresso, de Deus em suma. E contra uma lei de Deus é inútil toda revolta, impossível a luta. Para que, pois, sustentar a todo o transe uma crença que se dissolve em desuso fazendo mais danos que benefícios à religião? Ah!... Contrista dizê-lo, mas uma questão material domina aqui a questão religiosa: Esta crença tem sido grandemente explorada pela ideia de que com dinheiro se abrem as portas do Céu, livrando das do inferno.  As quantias por estes meios arrecadadas, outrora e ainda hoje, são incalculáveis. É verdadeiramente fabuloso o imposto prévio pago ao temor da Eternidade. E sendo facultativo tal imposto, a renda é sempre proporcional à crença; extinta esta, improdutivo será aquele.

De bom grado cede a criança o bolo a quem lhe promete afugentar o lobisomem, mas se a criança já não acreditar em lobisomens, guardará o bolo.

Oferecendo noções mais sensatas da vida futura ao mostrar que podemos promover a felicidade pelas próprias obras[3], o Espiritismo deve encontrar tremenda oposição, tanto mais viva por estancar uma das mais rendosas fontes de receita. E assim tem sido, sempre que uma nova descoberta ou invento abala costumes inveterados e preestabelecidos. Quem vive de velhos e custosos processos jamais deixa de preconizar-lhes a superioridade e excelência e de desacreditar os novos, mais econômicos.

Aos olhos dos incrédulos, o dogma da eternidade das penas afigura-se futilidade da qual se riem; para o filósofo esse dogma tem uma gravidade social pelos abusos que acoroçoa, ao passo que o homem verdadeiramente religioso tem a dignidade da religião interessada na destruição dos abusos que tal dogma origina, e da sua causa, enfim”.

No Velho Testamento Ezequiel já plantava a semente da compreensão do futuro e o consequente expurgo das penas eternas ao traduzir o Senhor: “(...) não quero a morte do ímpio, mas que o ímpio se converta, que abandone o mau caminho e que viva”. E mais tarde viria Jesus derramar a definitiva “pá-de-cal” nas penas eternas ao ensinar-nos a pedir perdão a Deus, na Oração Dominical.  Não é, portanto, sem motivo que Kardec afirmou[4]: “o ‘Pai Nosso’ é um protesto cotidiano contra a vingança de Deus”.

Por todas estas razões assinaladas e infinitas outras, como também pela sua característica de verdadeiro Consolador de que se reveste o Espiritismo, é que um dia um espírita convicto confidenciou[5] ao ínclito Codificador: “(...) Encontro no Espiritismo uma tão suave esperança, dele retiro tão doces e tão grandes consolações, que todo pensamento contrário me tornaria bem infeliz, e sinto que meu melhor amigo se me tornaria odioso se tentasse me arrancar dessa crença”.   


 

[1] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. cap. III (in fine).

[2] - KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51. ed. Rio: FEB, 2003, 1ª parte, cap. VI, itens 22 a 24.

[3] - Mateus, 16:27.

[4] - KARDEC, Allan. O Céu e o Inferno. 51. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, VI, item 6 (in fine).

[5] - KARDEC, Allan. Revue Spirite. Setembro de 1858. 2. ed. Araras: IDE, 1993, pg. 240, § 2º.

 


 

 


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