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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 360 - 27 de Abril de 2014

CHRISTINA NUNES
meridius@superig.com.br
Rio de Janeiro, RJ (Brasil)

 
 
 

Da psicografia à
psicodigitação

 


Faz tempo venho percebendo algumas modificações. Com o hábito constante da digitação ao longo dos anos, minha letra, hoje, sai de má vontade, mais feia, menos fluente, se porventura tento trabalhar em artigos e livros lançando mão do método antigo, por intermédio do manuscrito - coisa que, diga-se, se bem me recordo, me deliciava fazer, nos tempos em que esta ferramenta literária mais antiga era viável!


Os primeiros livros que publiquei, no decorrer da última década, foram todos recebidos pelo ditado dos autores espirituais através de manuscrito. Lembro que era uma trabalheira! Cadernos e mais cadernos, o pulso doía, eram necessárias pausas para descanso mais frequentes; os erros, mais chatos de corrigir depois; os textos frequentemente ficavam rabiscados na revisão, ou modificados pela marquinha feia do corretivo. Levava um período enorme para terminar, ainda maior do que o que se exige hoje. 


Passado este tempo, muitas coisas mudaram nas rotinas do nosso dia a dia, e a informática dominou o mundo. Para tudo. Hoje, se falhasse a informática em proporção mais drástica, haveria um caos global. Parariam Bancos, Indústrias e empresas. Sinais de trânsito, malha metroviária! Para não falar de nosso cotidiano, já escravizado aos avanços da tecnologia - que, tudo bem, admitamos, facilitam maravilhosamente nossas vidas, mas, de outro lado, sob esta ótica, nos enrascam! 


Neste contexto, então, e como não poderia deixar de ser, modificou-se também o modo de trabalho em parceria com nossos autores das dimensões espirituais, que, na certa, antes mesmo que nos adequássemos aos progressos da modernidade, já deveriam conhecer, de há muito, nos lugares mais avançados das esferas invisíveis, recursos provavelmente ainda mais aperfeiçoados. De modo que, quando aos poucos, sem sentir, e certamente sob a sua inspiração, médiuns se dispuseram a transportar com naturalidade a sua ferramenta de intermediação mediúnica para os editores de texto dos computadores e notebooks atuais, não houve qualquer discrepância de entrosamento! 


Já relatei anteriormente este episódio impressionante, havido logo no recebimento da primeira obra, a que apresentou a vida na antiguidade romana do autor dos meus livros, o Espírito Caio Fábio Quinto. Era por volta do ano de 2003, e, entusiasmada, resolvera empreender o trabalho literário no Movimento Espírita de modo oficial, depois de ser induzida pelo mentor dedicado a enfim deixar de lado a inibição para procurar editoras, e exibir as obras já prontas em manuscrito, em busca de opinião a conhecidos e parentes que já trabalhavam com a mediunidade em Centros Espíritas do Rio de Janeiro - no caso, O Pretoriano, e Sob o Poder da Águia. 


No caso do Pretoriano, quando atingia exatamente a metade do trabalho de transcrição e revisão do texto para a digitação no editor do Word, de súbito, para meu pânico, o computador empacava! Não avançava de jeito nenhum! Digitava, batia nas teclas, desligava a máquina, nada! Aparentemente, o editor se recusava, adotando vontade própria, a prosseguir adiante! E foi neste ponto que apelei para um técnico de informática muito competente que, além de competente, sendo honesto, ligou-me para o trabalho no decorrer de uma tarde, com a minha máquina na sua oficina, para fazer um comentário muito estranho, em se considerando que partia de um técnico. 


Confessou-se aturdido. Disse que o que acontecia com o meu editor, do ponto de vista da informática, não tinha a menor lógica, de sorte que já consultara inclusive seus colegas, ouvindo deles a mesma opinião! Havia, de fato, reinstalado mais de uma vez os programas necessários. Tudo que tentara não surtiu resultado! E, depois de explicar, para minha surpresa, comentou ter notado tratar-se de uma psicografia, sugerindo, com gentileza, e denotando grande clareza de espírito, que eu deveria consultar alguém do meio para pedir opinião sobre o que acontecia. 


No fim da conversa, de acréscimo, ofereceu a alternativa que - hoje sei! - foi inspirada certamente pelos próprios mentores que me assistiam no trabalho: que eu tentasse também modificar o texto, pois percebeu que, do trecho do congelamento para cima, tudo funcionava perfeitamente. Opinou que talvez algo da transcrição mediúnica não estivesse sendo aceito pelo autor da história. 


Lembro que voltei para casa naquele dia metida num estado de confusa estupefação. Mal podia esperar a devolução da máquina para tentar a sugestão que o técnico me dera. Releria o texto até o período problemático, conferindo se havia alguma rata crítica, algo discrepante no conteúdo, que não saíra como devido durante o ditado do autor espiritual. E, uma vez com o computador na mão, para meu encanto, tão logo reli o capítulo, deparei com o absurdo contextual - algo assim como se o autor pretendesse dizer que não se deve praticar um homicídio, por causa das graves implicações espirituais, mas que a construção malfeita do período fez significar exatamente o contrário! 


Encanto maior, porém, e a partir disso, foi o efeito mágico na máquina, quando afinal reformulei o texto para uma construção correta, em acordo com o conteúdo pretendido pelo mentor! 


Destravou tudo! E prossegui na transcrição do manuscrito, aliviada e feliz com a mostra oferecida pela Espiritualidade assistente do alcance que detinham de interferência naquela nova modalidade de trabalho, quando algo saía falho na transmissão mediúnica! Podem, portanto, emperrar editores! Modificar, interromper mecanismos, apagar, digitar espontaneamente - aprendi, a partir de então e ao longo dos anos, diante de renovados episódios igualmente fascinantes que, contudo, não mais me espantavam tanto, como me aconteceu naquele primeiro caso!


Ainda há pouco tempo, outro fato, algo hilário, me colheu, denotando uma dessas interferências, esta divertida, do autor de nossas obras. Digitava agilmente um trecho de artigo, quando de súbito a máquina dá uma travada e me aparece um quadrinho, censurando: "Você está digitando rápido demais!!" E, diante do incidente insólito, parei, estatelada, ainda que se me insinuasse à mente aturdida um pensamento um pouco contrariado: Que negócio é esse? - Pensei - Uma máquina me advertindo? Ninguém merece, digito na velocidade que quiser! "Digita nada!" - Meu mentor deveria estar me dizendo, rindo muito da minha perplexidade - "Pois quando digita nesta correria, tem grande chance de errar ou transcrever mal algo que lhe dito! Pare com isso, não deve tentar acompanhar, na parceria mediúnica, a velocidade do pensamento, que é a nossa linguagem nesta modalidade específica de trabalho, pois não vai conseguir, e ainda vai errar! Tente fazer com mais calma!".


Para tranquilidade de consciência, ainda consultei o mesmo técnico exímio mencionado acima a respeito do ocorrido, em busca da possibilidade de uma razão técnica. Talvez algum dispositivo moderno do próprio editor, que, embora de modo estranho, ficasse fiscalizando nossa velocidade ao digitar, mas a resposta dele a meu e-mail veio rápida, objetiva e curta: "Nunca ouvi falar disso antes! Não existe em informática, e menos ainda no seu editor!"


Eis, portanto, amigos leitores, narrado sucintamente neste artigo, o modo como, no intervalo de algumas décadas até aos dias de hoje, a Espiritualidade atuante na transmissão dos livros, mensagens, artigos, para o esclarecimento do leitor reencarnado, age, acompanhando a evolução dos recursos técnicos que vieram para beneficiar também esta área de atividades em benefício daqueles que estagiam no aprendizado material!

 


 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita