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Crônicas e Artigos

Ano 8 - N° 358 - 13 de Abril de 2014

DIAMANTINO LOURENÇO RODRIGUES DE BÁRTOLO
bartolo.profuniv@mail.pt
Venade - Caminha
,
 Viana do Castelo (Portugal)

 
 
 

O Homem: Existência e Mistério


A existência humana num planeta que se integra num universo ilimitado, na sua componente espiritual, continua sendo uma incógnita, quer enquanto vida vivida num espaço finito e num tempo determinado, quer depois da morte biológica e consequente desaparecimento do corpo.

O homem, aqui na sua abrangência relativa à humanidade, comportando igualmente e ao mesmo nível a mulher, continua sendo um mistério para si próprio, porque não tem ainda a capacidade de prever, controlar e resolver certas situações, designadamente no que se refere à sua constituição imaterial, inefável, quantitativa e qualitativamente indeterminada, embora tenha profundos conhecimentos no que respeita à sua própria constituição física.

A indefinição, um certo vazio científico, para alguns; para outros, um verdadeiro mistério, quando se tenta analisar a origem, existência, fim e destino do Espírito, ou da alma, ou da própria consciência, ou ainda de qualquer outra designação que se possa atribuir.

Quando o homem se interroga, desde há milhares de anos, “Quem sou? De onde venho? E para onde vou?, a frustração e a noção de incapacidade para responder àquelas e a outras questões conduzem a uma certa angústia e, quanto mais procura investigar, aprofundar e tentar extrair conclusões, ele percebe quanto, nesta dimensão humana, é insignificante, na medida em que verifica a sua impotência para se esclarecer, sabendo, embora, que é um ser existencial.

Não será necessário, neste aspecto, enveredar por uma metodologia cartesiana, da dúvida metódica, consubstanciada na máxima – Penso, logo existo (?)”. É nesta existência, porém, que o homem progride, que livre e relativamente se determina, para o bem e para o mal, no limite, determina-se pela indeterminação. Com efeito: «Existencialmente o homem faz-se ao determinar-se livremente, escolhendo na sua determinação individual a forma da sua própria essência; (…). Somos aquilo que escolhemos ser. Mesmo quando nos revoltamos contra a existência, escolhemos o ser revoltado. É a existência livremente assumida, o ser pleno» (MARTINS, 1961:70).

Numa certa perspectiva, cada pessoa consciente poderá ser aquilo que escolher, enquanto depende apenas da sua vontade, das suas capacidades e dos recursos que estiverem ao seu dispor, contudo, muito dificilmente atingirá resultados absolutos, principalmente no domínio da essência e da imaterialidade de certas dimensões e situações. Não se vislumbra qual a forma, o processo, os meios para se atingir a máxima felicidade, ou para se alcançar, de forma consciente, o que está para além da morte física do corpo.

Escolher ser fisicamente imortal, mesmo através das mais modernas técnicas de embalsamamento e conservação do corpo, poderá não resultar objetivamente. Escolher ser espiritualmente imortal, desde logo ao nível da própria identidade, será, eventualmente, melhor conseguido, todavia, a imortalidade não é estabelecida pelo próprio ser que se pretende imortalizar, mas terão de ser todas as gerações que se lhe seguirem, que mantenham atualizada e viva tal situação, pela recordação permanente daquela identidade e dos seus feitos, bons ou maus.

Mas o que verdadeiramente se torna angustiante é esta ignorância total sobre o destino do espírito humano, porque, independentemente de quaisquer crenças, religiões e conhecimentos, poucas pessoas acreditam na constituição humana como sendo só matéria ou só espírito.

A posição, aparentemente dominante, aponta para esta dualidade: corpo (substância material); alma/espírito (substância imaterial). Negar esta possível evidência até poderá ser uma atitude cômoda. Afinal, para que servem as preocupações metafísicas se elas não resolvem os problemas concretos da humanidade terrena? – poderão argumentar os defensores do materialismo científico. A interrogação contrária, igualmente, se pode formular, ou seja, para que serve, neste mundo terreno, aceitar e defender a materialidade do corpo, quando o mais importante é o destino do Espírito?

Algumas certezas que não precisam ser comprovadas cientificamente podem aceitar-se como tais, nomeadamente a que se prende com a existência e que, ao escolher-se um percurso de vida que ao longo do mesmo não teve arrependimento de nenhum ato, atitude ou comportamento, então a vida revelou-se com sentido, o qual é experimentado com prazer, pelo próprio indivíduo.

É essencial identificar um sentido para a vida, objetivos pelos quais se possa continuar a evoluir, mesmo tendo a consciência de que jamais se alcançará a sabedoria absoluta, porque na verdade «O mundo é o palco da odisseia humana! Cada um de nós representa o seu papel e, por humilde que seja, cada existência tem o seu significado. Estamos sempre crescendo e, certamente, nos serão confiados novos papéis, até nos tornarmos puros e sábios. (…) Durante o processo evolutivo da consciência, superamos os instintos, conquistamos o livre-arbítrio e assumimos um grande desafio: alcançar a Espiritualidade Racional» (PIRES, 1999:132).

Conduzir a vida por objetivos materiais e imateriais poderá ser uma estratégia adequada à condição humana e que satisfará, por outro lado, as exigências que a constituição dual do homem coloca ao longo da vida. Objetivos materiais no campo da aquisição e fruição de bens e serviços, que possibilitam uma existência compatível com a dignidade da pessoa humana, nomeadamente: o conforto físico, o bem-estar habitacional, o trabalho bem remunerado, uma boa ocupação dos tempos livres e de lazer, através da fruição e gozo do que mais se gosta, enfim, qualidade de vida. Outros objetivos, nitidamente materiais, se poderiam convocar para um projeto de vida, cabendo, porém, a cada um, lutar pelos que considera serem os melhores.

Também no quadro dos objetivos imateriais, a seleção poderá ser difícil, porquanto neles pode interferir todo um conjunto de valores, princípios e normas sociais que conduzem, no limite, a um objetivo final, por exemplo, a felicidade, entendida como a satisfação pelo caminho percorrido, ou uma certa paz interior, ou, ainda, a sensação permanente de deveres ético-morais e cívicos cumpridos.

Então, o objetivo último será de natureza espiritual, assente numa felicidade construída ao longo de uma vida e, nesse sentido, «Como estamos sempre interpretando os nossos prazeres e avaliando as nossas próprias condutas, a verdadeira felicidade está centrada nos prazeres morais, na satisfação de poder olhar para trás e dizer: foi muito difícil, exigiu grande sacrifício, deu muito trabalho, mas eu faria tudo da mesma maneira, porque fiz com muito amor» (Ibid.: 136).  

Poderia parecer vulgar afirmar-se que uma outra certeza é a morte. Não é assim tão banal quanto parece, na medida em que a maior parte das pessoas muito raramente pensa neste fenômeno inevitável, aliás, algumas há que imaginam que jamais se extinguirão, que não vão morrer, considerando um certo tipo de conduta que vão manifestando ao longo da vida.

A morte, aqui referida, é a morte física do corpo humano, do seu desaparecimento concreto da face da Terra, enquanto animado de vida, movimento e comunicação, ainda que fosse possível conservar-se tal corpo intacto, visível aos olhos de toda a gente, pelos processos de embalsamamento. Portanto a morte física é uma realidade, que a todos acontece e aqui, independentemente de quaisquer estatutos: social, profissional, econômico, político, religioso, etário, étnico ou outro. Se se pensasse na morte todos os dias, possivelmente, o mundo estaria, hoje, bem melhor. Talvez houvesse mais solidariedade e paz.

A morte coloca um ponto final na vida: do rico e do pobre, do poderoso e do fraco, do crente, do agnóstico e do ateu. Ninguém escapa da morte física, de resto, «A certeza intuitiva da morte vem da experiência mesma da vida, por mais paradoxal que isto pareça à primeira vista. Vem da experiência de qualquer vida, em qualquer das suas fases, porque é um elemento constitutivo da sua mesma estrutura. (…) Angústia, remorso, desejo, temor, inquietação, nada importa para a vivência do acercamento da morte. (…) Independentemente de todo o juízo de realidade ou de valor, impõe-se esta vivência do diminuir da vida por viver, ou do acercamento da morte, como uma realidade imediatamente perceptível» (MARTINS, 1961:162).

A vida humana joga-se, portanto, entre o nascer e o morrer, período de duração indeterminada, durante o qual decorre toda uma existência, com episódios diversos: uns, previsíveis, outros não, mas que todos vão contribuir para um balanço final que a própria pessoa fará se tiver oportunidade para isso, e de que resultará a sua satisfação, maior ou menor, que permitirá um juízo ético-moral relativamente a tudo quanto de bom ou de mal tenha feito, mas que, em muitas circunstâncias, não vai permitir qualquer reparação por danos causados, seja a ela própria, seja a terceiros, o que, em situações graves, pode proporcionar profundo arrependimento e, eventualmente, algum desespero. O corolário lógico será, então, resolver em vida o que há para resolver, e pelas vias pacíficas.

Indiscutivelmente que todo o ser humano tem o seu fim bem determinado, mas que não é do seu conhecimento (talvez se possam excluir aqui aquelas situações de suicídio consciente, eutanásia, condenação à morte, em que o fim é fixado pelo próprio ser ou por um juiz, respectivamente), admitindo-se que, enquanto ele vive, possa ainda ter tempo para alterar muitos dos seus comportamentos anteriores, reparar, na medida do possível, o que fez de errado.

Nesse sentido, o homem deve viver com fé, quer ao nível espiritual, quer no âmbito da sua intervenção no mundo, acreditando e demonstrando que tudo o que faz tem uma finalidade boa, um sentido concreto, um objetivo real e até altruísta, revelando-se, também, fiel aos valores e princípios. É necessário estar dotado de uma grande fé, quer para o êxito dos projetos espirituais, quer na realização dos projetos materiais.

Esta fé não é quantificável, medida rigorosamente com um qualquer instrumento de medida. Ela vai ser avaliada pela satisfação que causa nele próprio e por todos aqueles que se beneficiaram com as boas ações, boas práticas, bons projetos. Nesta perspectiva: «Fé, fidelidade, confiança são manifestações de um mesmo fundo comum. A fé não é uma atitude que se manifesta apenas perante o divino. Esta é propriamente a fé religiosa. Há também a fé como atitude existencial básica. Em ambos os casos, há uma fidelidade a princípios reitores que orientam e sustentam a vida da pessoa e há a plena confiança na verdade destes princípios» (ROMERO, 1998:310).

 

Bibliografia:

 MARTINS, Diamantino, S. J., (1961). Mistério do Homem; Ser, Personalidade, Imortalidade, Braga: Livraria Cruz.

PIRES, Wanderley Ribeiro, (1999). Dos Reflexos à Reflexão. A Grande Transformação no Relacionamento Humano, Campinas: Editora Komedi.

ROMERO, Emílio, (1998). As Dimensões da Vida Humana: Existência e Experiência, São José dos Campos: Novos Horizontes Editora.

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