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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 349 - 9 de Fevereiro de 2014

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniapickina@gmail.com
Campinas, SP (Brasil)

 
 
 

Família espírita: cenário do amor e da ética

“Dá-me amor, me sorri e me ajuda a ser bom.” Pablo Neruda*


Não seria adequado, no início de outro milênio, gravitar em torno de um conceito único de família. Por isso talvez seja mais honesto se ater a um sentimento de família, cujo imaginário nos impulsiona a um espaço de amor, unidade, solidariedade entre pessoas com vínculos espirituais e/ou laços consanguíneos. 

Cada família tem uma organização própria, mas podemos supô-la ainda como fruto do Iluminismo (família ocidental moderna) e, portanto, imersa (ou atolada) por enquanto na cultura do individualismo e do narcisismo. 

Além disso, pensar a família pode de imediato agregar interesse sobre a criança e, por sua vez, pressupor os lugares de pai e mãe, e vice-versa. Assim é a família – família, adultos, criança, educação – e educá-la é um projeto sublime por excelência destinado aos pais, responsáveis pela transmissão do afeto e da ética, da cultura e dos valores.  

Mas afinal para que educamos nossas crianças? 

Se entendermos a infância como uma construção (1) dos últimos dois séculos, ela é compreendida como um tempo apartado da vida adulta, compondo o prelúdio da existência, quando o amor parental protege, cuida e encaminha para um tempo futuro.  

E como caminhamos ligados a uma família que ainda prossegue herdeira do individualismo, a esperança dos pais tende, no geral, a se orientar de duas maneiras: a) garantir à criança a felicidade e a evitação da dor; ou b) educar a criança para que ela possa realizar-se em um projeto de vida próprio. 

Infelizmente o que mais observamos são pais reféns da aprovação infantil (cuja demanda nunca é suficiente) e que por isso renunciam tacitamente ao seu lugar na cadeia geracional.  

Em consequência, e não sem motivo, M. Khel (2001) (2) afirma que o abandono das crianças mimadas e de família (a autora não se refere aqui a crianças de rua ou órfãs) é um abandono moral, e seus pais não sustentam, por medos ou comodismo, o ato necessário para fazer de seu filho um ser da cultura.  

Em consequência, aquele que ocupa provisoriamente a posição de “educando” não assimila o cuidado com a dignidade de si mesmo, pondo em risco a edificação de si mesmo para cair na cilada da indiferença, pois pouco sensível à vida de relação e na maioria das vezes confuso acerca dos compromissos que lhe cabem na sociedade.  

O lamento às crianças que hoje não mais se vestem de crianças (3), mas sim de adultos em miniatura, cujos pais, que desejam sem cotas de sacrifício ser apenas pares e iguais, e talvez por isso não consigam mais estabelecer nenhum tipo de regra, porque seguem eles às cegas uma pedagogia de puro prazer...

Mas e um educar a criança segundo os princípios espíritas? O que exigiria dos pais? 

Se pensarmos, antes de mais nada, que o educando é sempre um Espírito eterno e, ainda, que o propósito essencial da tarefa educativa deve incidir sobre a consciência espiritual, não podemos esquecer que toda criança tem tanto uma enorme dose de confiança e ingenuidade como é extremamente permeável (4), ou seja, apta a captar todas as vibrações ao seu redor em razão de seu natural desarmamento psíquico – por isso todo cuidado é pouco para que elas sejam alegres e positivas, esforçando-se os pais para serem o melhor exemplo no propósito de empurrá-las para rumos mais altos, conjugando oportunidades de elevação e impulsos de autodesenvolvimento. 

Apenas ser mãe e pai, ocupar de maneira autêntica e consciente os lugares indicados no cenário da família. Entender a educação como projeto que se inicia precocemente (antes mesmo da reencarnação) e num clima não hierárquico, mas de cultivo permanente de amor e respeito mútuo; recordar que a família, antes de mais nada, pressupõe o primeiro espaço para o exercício das virtudes essenciais, como altruísmo, paciência, amor ao próximo, o que nos remete à ideia de posturas compartilhadas, lembrando que somente aquilo que é vivido, de forma reiterada, tem influência efetiva no processo de formação.   

Por fim, cabe aos pais espíritas nutrir o espírito da criança com a certeza da imortalidade, da grandeza do universo, pois assim o futuro ser educado se engajará em prol do bem e da verdade. Ora, educado, logo amado, estará ele menos permeável às ilusões do caminho que podem obscurecer um fecundo destino, porque, no prelúdio da sua existência, sob o cuidado atento e amoroso dos pais, foram-lhe concedidos, sobretudo pelos exemplos, os melhores recursos para a ditosa luta contra o egoísmo, a indiferença e a serviço da causa do Cristo.   

Algumas notas e referências:

*No original: Ámame, tú, sonríeme,/ ayúdame a ser bueno (El pozo).

(1) Ariès, P. História social da criança e da família. 2. ed. RJ: LTC, 1981.

(2) Khel, M. R. Lugares do feminino e do masculino na família. In: Comparato, M. C. M.; Monteiro, D. S. F. (orgs.). A criança na contemporaneidade e a psicanálise. SP: Ed. Casa do Psicólogo, pp. 29-38, 2001.

(3) O que esperar do futuro do planeta se os adultos de amanhã forem consumistas desde o berço? É preciso que os pais prestem atenção no bombardeio publicitário e mesmo nos produtos destinados à criança, sendo ela mesma transformada pela mídia no modelo ideal de consumidor. Assim, mais e mais propagandas surgem na intenção de seduzir o público infantil (e com a anuência dos pais, seduzidos também pelo vício do consumo) para a compra de roupas, brinquedos, calçados, jogos etc., sem ignorar a erotização dos corpos infantis, veiculada nas propagandas e outdoors. Cf. Linn, Susan. Criança do consumo: a infância roubada. SP: Instituto Alana, 2006.

(4) Até os sete anos o perispírito não se encontra inteiramente encaixado no corpo físico e dessa forma a criança está como que exteriorizada e assim permeável em razão do estado de adormecimento da sua personalidade integral, próprio à infância, ou seja, naturalmente mais apta a captar todas as vibrações ao seu redor. É certo que o corpo espiritual, durante a vida na Terra, jamais fica completamente aprisionado no corpo, e é justamente por isso que se faz possível a assimilação das vibrações que nos chegam de encarnados e desencarnados, através da mediunidade. Mas na criança, repetimos, e principalmente até aos sete anos, essa permeabilidade/exteriorização é ainda maior. Além disso, o desenvolvimento das neurociências nos últimos anos revela que existe uma base neural para essa permeabilidade, e por isso uma natural suscetibilidade à absorção e imitação: trata-se dos “neurônios-espelhos”, presentes não só na infância, mas também na vida adulta.
 


 

 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita