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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 348 - 2 de Fevereiro de 2014

JORGE LEITE DE OLIVEIRA
jojorgeleite@gmail.com
Brasília, DF (Brasil)

 

 

O Livro dos Espíritos:
uma obra ímpar


Existiu na França, no século XIX, um professor, filósofo, cientista, escritor e poliglota (tradutor, com domínio do alemão, inglês, italiano e espanhol), profundo conhecedor do magnetismo, ciência que estudou por cerca de 35 anos. Sua personalidade era tida como grave e compenetrada, mas também possuía alma boníssima. Era filho de um juiz de direito que, durante a infância e adolescência do futuro professor, o encaminhou para Yverdun, na Suíça, onde ele se submeteu à pedagogia de um dos maiores pedagogos da época, cujos métodos de ensino ainda hoje influenciam escolas do mundo inteiro, Johann Heinrich Pestalozzi. O futuro filósofo aprendeu, com Pestalozzi, desde jovem, a nada aceitar cegamente, a tudo submeter ao crivo da razão. Seu nome civil foi Hippolyte-Léon Denizard Rivail, o qual, dotado de imenso amor à educação, durante muitos anos foi professor de gramática francesa, aritmética, física, química, astronomia e outras disciplinas, além de ter escrito algumas obras de destacado relevo relacionadas à educação, uma delas premiada.

Como demonstração da mente racionalista de Rivail, e também como constatação do seu imenso bom senso, recolhemos, na obra de Torchi[1], a frase escrita pelo futuro codificador do Espiritismo quando, aos 24 anos, seu espírito fundamentalmente positivista, na juventude, escreveu em obra sobre Educação Pública: “Aquele que houver estudado as ciências rirá, então, da credulidade supersticiosa dos ignorantes. Não mais crerá em espectros e fantasmas. Não mais aceitará fogos-fátuos por Espíritos”[2].

Pois foi esse mesmo Rivail que, cerca de três décadas mais tarde, entrando na madureza de seu espírito, foi chamado a observar “estranhos fenômenos”. E, após certo tempo de hesitação e dúvidas, resolveu investigar in loco as chamadas manifestações das mesas girantes, muito em voga na Europa, em especial na França, ali pelos anos cinquenta do século XIX. E viu. E ouviu. E percebeu, naqueles fenômenos, que serviam como entretenimento às almas vulgares e de estudo e reflexão às almas elevadas, que neles poderia estar contida a maior das revelações de uma nova ciência. Adotou, então, o pseudônimo de Allan Kardec.

Assim viria a lume a obra intitulada O Livro dos Espíritos, inicialmente com 501 questões e já na segunda edição com 1019 perguntas, cujas respostas foram obtidas com a ajuda de médiuns, em especial mulheres, algumas delas ainda adolescentes. As informações obtidas por Kardec e sua equipe eram surpreendentes. Anunciavam a proximidade do surgimento breve de uma nova Era para a Humanidade e deram origem ao desdobramento dessa obra em quatro outras, que completaram seu trabalho gigantesco de codificação da Doutrina Espírita: O Livro dos Médiuns, O Evangelho segundo o Espiritismo, O Céu e o Inferno e A Gênese. Estava assim completo o denominado Pentateuco kardequiano, embora, em sua modéstia, este jamais tenha se atribuído a autoria do extraordinário conteúdo dessa obra. Considerava-se um mero compilador dos ensinos dos Espíritos.

Mas Allan Kardec viria a ser reconhecido posteriormente como o Codificador da Doutrina Espírita, pois seu trabalho foi muito além de simplesmente organizar e dispor as questões que deram origem a todo o edifício do Espiritismo. Comparava as respostas, rejeitava o que não estava de acordo com o “consenso universal”, por orientação das entidades superiores que o inspiravam e sob a direção suprema do Espírito de Verdade. Refletia sobre as respostas, analisava-as, elaborava comentários de grande sabedoria e deduzia as consequências morais e a renovação para a Humanidade advindas do conhecimento e prática dessa Revelação.

O Livro dos Espíritos, base de todas as demais obras da Codificação, foi desmembrado por Allan Kardec, sempre sob a supervisão e orientação do Espírito de Verdade, em quatro livros: o primeiro, com quatro capítulos, trata sobre “As Causas Primeiras”; o segundo, com 11 capítulos, aborda o “Mundo Espiritual ou dos Espíritos”; o terceiro, em doze capítulos, expõe-nos “As Leis Morais”; e o quarto, as “Esperanças e Consolações” em dois capítulos.

Na introdução de O Livro dos Espíritos, somos esclarecidos sobre a ciência espírita, que se baseia nas relações do mundo material com o dos Espíritos, os seres inteligentes do mundo espiritual. Com base na moral de Jesus, a obra aborda os seguintes capítulos: Existência de Deus; Imortalidade da Alma; Reencarnação; Pluralidade dos Mundos Habitados e Comunicabilidade dos Espíritos.

Prolegômenos é o nome do capítulo seguinte. Nele, lemos o anúncio dos Espíritos de que “são chegados os tempos marcados pela Providência para uma manifestação universal”. Os Espíritos superiores são os ministros de Deus e os agentes de sua vontade. Sua missão é instruir e esclarecer os homens, abrindo-se “uma nova era para a regeneração da Humanidade”. Com humildade, Kardec sempre se exime da autoria da obra, a qual atribui aos Espíritos superiores que lhe transmitem seus ensinamentos elevados.

A primeira pergunta do primeiro livro é: O que é Deus. Como resposta, esclarecem-nos os Mensageiros do Cristo que “Deus é a inteligência suprema, causa primeira de todas as coisas”. Em seguida, somos informados sobre os atributos da Divindade: Eterno, Imutável, Imaterial, Único, Onipotente, Soberanamente Justo e Bom. Os “elementos gerais do Universo” são Deus, o Espírito e a Matéria, que simbolizam a “trindade universal”. O princípio vital é a causa da animalização da matéria, e o perispírito é o invólucro semimaterial de que se reveste o Espírito, retirado dos elementos naturais do mundo da sua encarnação. Todas essas informações, e outras mais detalhadas, sobre as “causas primeiras”, com 75 questões respondidas, estão contidas no primeiro livro de O Livro dos Espíritos. Essas questões darão origem, anos mais tarde, à última obra do chamado “Pentateuco kardequiano”: A Gênese.

No segundo livro, estão impressas as informações sobre o Mundo Espiritual ou dos Espíritos. Essa parte vai da questão 76 a 613. Nela, encontramos informações sobre os três elementos do ser humano: alma, perispírito e corpo. A alma é, pois, “um Espírito encarnado”. O Espírito jamais fica inativo; mesmo durante o sono, nossa alma está em atividade. Temos, nesse livro, esclarecimentos sobre a “Escala Espírita”, com a divisão por ordens básicas, conforme o grau de perfeição alcançado por cada Espírito: a dos Espíritos puros, a dos Espíritos bons e a dos Espíritos imperfeitos e sobre a reencarnação.  Daí surgirá O Livro dos Médiuns.

O terceiro livro que compõe a obra O Livro dos Espíritos trata sobre as “Leis Morais”. Possui doze capítulos, que originam O Evangelho segundo o Espiritismo, que nos informa sobre a lei de Deus estar escrita em nossa consciência e de que Jesus é o tipo mais perfeito que Deus já nos ofereceu para nos guiar e servir de modelo. Também temos aqui a informação de que o meio prático mais eficaz de nos melhorar nesta vida e de resistirmos ao arrastamento do mal é o do autoconhecimento e de que a moral, regra de bem proceder, funda-se na observância da lei de Deus.

Por fim, deparamo-nos, no livro quarto, com as “Esperanças e Consolações”, em apenas dois capítulos, que nos fazem refletir sobre temas como o de que somos obreiros de nossa própria infelicidade, mas também seremos felizes, na Terra, quando, com nossa melhoria e trabalho, colaborarmos para a transformação da Humanidade. Cabe-nos, para isso, combater a grande praga dos nossos tempos: o materialismo, fonte de imensas desgraças, pela degradação moral que proporciona a quem nele crê. Esse livro dá origem a uma síntese da obra nº 4, intitulada O Céu e o Inferno ou A Justiça Divina segundo o Espiritismo.

A grandeza de Allan Kardec está refletida nestas suas palavras, em 12 de junho de 1856, ao receber as monumentais respostas que deram origem à não menos grandiosa obra que é O Livro dos Espíritos e a incumbência, do Espírito de Verdade, em tornar-se o missionário da Codificação Espírita, que anuncia uma nova era para a Humanidade: 

Senhor! Já que te dignaste lançar os olhos sobre mim para cumprimento dos teus desígnios, faça-se a tua vontade! A minha vida está nas tuas mãos; dispõe do teu servo. Reconheço a minha fraqueza diante de tão grande tarefa; a minha boa vontade não desfalecerá, mas talvez as forças me traiam. Supre a minha deficiência; dá-me as forças físicas e morais que me forem necessárias. Ampara-me nos momentos difíceis e, com o teu auxílio e dos teus celestes mensageiros, tudo envidarei para corresponder aos teus desígnios.[3]

Cerca de dez meses depois, a 18 de abril de 1857, era publicada a primeira edição de O Livro dos Espíritos e um Novo Tempo inaugurava-se para a Humanidade! Cabe a nós, espíritas, estudar, refletir, comparar com as demais obras da Codificação de Kardec e com os acontecimentos atuais o conteúdo deste livro sempre atual e de incomparável grandeza.

Cabe-nos trabalhar o sentimento e as ações na prática incessante do Bem e na divulgação desta obra imortal, proveniente das mais altas regiões espirituais, de onde dirige os destinos da Terra o Cristo de Deus, que no-la enviou, pelas mãos de seus emissários encarnados e desencarnados. Compete-nos, como espíritas, deixar as dissensões de lado e nos unir, como um feixe de varas conduzido por Jesus, a fim de colaborarmos, humildemente, com sua obra de transformação da Terra num mundo destinado aos justos e onde a miséria, material e moral, não mais prolifere.

Amemo-nos e instruamo-nos, começando pela leitura e estudo de O Livro dos Espíritos!

 

[1] TORCHI, Christiano. Espiritismo passo a passo com Kardec. 2. ed. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2008, p. 61.

[2] WANTUIL, Zeus; THIESEN, Francisco. Allan Kardec. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2004, v. I, parte segunda, cap. I, item 4. Apud. TORCHI, op. cit. na nota n. 1 acima.

[3] KARDEC, Allan. Obras póstumas. Tradução de Evandro Noleto Bezerra. Rio de Janeiro: Federação Espírita Brasileira, 2009, p. 369.

 

 

 


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