De onde surgiu o
livro Comece
pelo Comecinho?
Nos cursos que
ministro desde o
início dos anos
2000. Era comum
o público
presente sugerir
a elaboração de
um livro em que
pudesse
aprofundar os
pontos
apresentados nos
encontros. Com o
passar do tempo
achei que seria
uma forma de
ampliar o
alcance da
mensagem,
chamando a
atenção para o
trabalho de
Educação
Espírita
Infantojuvenil.
Quais as
repercussões da
publicação?
Superaram
totalmente as
minhas
expectativas, a
ponto da obra
estar sendo
considerada como
uma espécie de
manual para
implantação da
atividade de
Educação
Espírita da
criança e do
jovem. Recebo
e-mails de
trabalhadores
que dizem ter
encontrado no
livro uma
direção para o
trabalho, bem
como relatando
resultados
positivos
obtidos com
aplicação das
dicas nele
contidas. Tenho
notícias de
muitas Casas
Espíritas que
adotaram a obra
para estudo na
casa, pelos
educadores e até
mesmo outros
setores. É muito
mais do que
poderia imaginar
ou querer,
afinal, meu
único objetivo
ao escrever o
Comece pelo
Comecinho
foi dividir a
experiência que
adquiri nos anos
de trabalho
nessa área,
colaborando com
os tarefeiros do
setor.
Você está também
com uma coluna
na Revista
Internacional de
Espiritismo.
Comente esse
fato.
Essa foi outra
grande surpresa
em virtude da
boa repercussão
gerada. Procuro
usar o espaço
para colocar em
pauta temas
relacionados com
a tarefa de
levar a doutrina
espírita aos
mais jovens, na
tentativa de
auxiliar os que
militam nessa
área. Os
leitores têm
gostado da
coluna e é comum
eu receber
contato de
pessoas pedindo
permissão para
usar os textos
em palestras e
estudos nas
instituições
espíritas (com
citação da
fonte,
claro). Eu acho
fantástico que
isso ocorra
porque é um
sinal de que
estamos
conseguindo
atender às
expectativas do
público.
O que mais a
sensibiliza no
trabalho com a
criança? Por
quê?
São muitos os
aspectos. Entre
eles:
- a capacidade
de entendimento
da base
doutrinária por
parte dos mais
jovens (muitos,
erroneamente,
acreditam que as
crianças só
entendem a parte
moral do
Espiritismo) e a
forma como
colocam em
prática o que é
discutido nas
reuniões de
estudo.
- a sinceridade
na avaliação da
forma como o
trabalho está
sendo conduzido,
o que facilita
aperfeiçoamentos
por parte da
equipe de
Educadores.
- os laços de
afetos que são
criados quando,
de fato, existe
amor entre ambas
as partes. É
comum, por
exemplo, receber
desenhos com
"declarações de
amor"
(verdadeiros
tesouros que
guardo com
carinho) ou que
os Educandos
levem a namorada
(o) para me
apresentar. Ou
seja, é uma
forma de dizer
que faço parte
da vida deles.
Enfim, não
faltam emoções e
lindas histórias
de amor.
Nestes anos de
trabalho, que
fato marcante
gostaria de
transmitir aos
leitores?
São tantos, que
fica difícil
selecionar
apenas um. Mas
relatarei um
mais recente,
quando um
educando de 5
anos, com
saudades do avô
recentemente
desencarnado,
chegou ao Centro
e disse que
queria ficar
comigo e fazer
um desenho para
o avô. Fiquei em
um espaço
reservado com
ele, por
perceber que
precisava disso,
e fiquei
extremamente
emocionada
quando ele me
entregou a folha
que mostrava o
corpo do avô
sepultado e o
Espírito livre,
flutuando sobre
o caixão. Em
momentos como
esse, reafirmo
minha convicção
na importância
do trabalho que
realizamos e de
como a Casa
Espírita é
importante na
vida dos
pequenos. E,
acima de tudo,
como a mensagem
espírita é um
poderoso
auxiliar na
caminhada
terrena – e
quanto antes a
conhecermos,
melhor.
Nas viagens para
palestras e
lançamentos da
obra com
autógrafos, o
que você tem
sentido das
instituições
quanto ao
trabalho com a
criança pelo
país? Quais suas
impressões?
Penso que se
começa realizar
algo nesse
sentido,
principalmente,
no que se
relaciona aos
cuidados com
meio ambiente –
o que é um bom
começo –, mas
ainda há muito a
ser feito.
Através de
estudo da Lei do
Progresso e da
Lei da
Sociedade, por
exemplo, os
Educandos podem
ser convidados a
opinar sobre
maneiras de eles
próprios agirem
de forma
positiva na
sociedade que os
cerca. E,
importante: que
sejam
estimulados a
praticar as
ações pensadas.
E elas podem ser
simples, como,
por exemplo,
promover o
contato entre as
gerações, onde
os mais velhos
da Casa Espírita
podem contar
suas histórias
aos mais novos e
estes, por sua
vez, podem
auxiliar os mais
idosos com
pequenos
cuidados (descer
escadas, buscar
água etc.).
Com o
desenvolvimento
atual da
sociedade,
inclusive das
crianças, claro,
os métodos
utilizados pelas
instituições nas
chamadas aulas
de Evangelização
Infantil estão
atendendo à
demanda e às
expectativas
dessa faixa
etária?
De maneira
geral, não.
Apesar do grande
empenho e amor,
grande parte das
instituições
ainda mantém
métodos arcaicos
que não prendem
a atenção das
crianças de hoje
em dia. Esse foi
um dos motivos
que me fez
buscar
alternativas e
me levou à
metodologia
apresentada no
livro Comece
pelo Comecinho.
A mudança
começou pela
própria
nomenclatura: de
Evangelização
(ensino restrito
ao evangelho ou
parte moral)
para Educação
Espírita que
envolve toda a
base doutrinária
(segundo Allan
Kardec) e
estabelece laços
mais
aprofundados, um
olhar especial
sobre cada um
dos Educandos
que, afinal, são
nossos parceiros
de aprendizado e
têm em nós,
Educadores,
modelos a serem
seguidos. Nesse
sentido, penso
que é necessária
uma atualização
de ferramentas,
discursos,
enfim, uma
adequação aos
Espíritos que
hoje, na
condição de
crianças,
recebemos nas
Casas
Espíritas.
E que dizer dos
desafios
enfrentados
pelos pais
atuais?
São muitos, de
fato. Mas penso
que a base
doutrinária é
uma grande
ferramenta para
auxiliar na
difícil tarefa
de educar nossas
crianças. Nesse
sentido, as
Casas Espíritas,
a meu ver, devem
usar seus
espaços para
palestras e
debates sobre
assuntos
relevantes para
os pais. Buscar
profissionais da
área de
educação, saúde,
psicologia,
enfim, pessoas
capacitadas a
tirar dúvidas,
promover debates
saudáveis,
enfim, oferecer
informações aos
pais. Os
Educadores
Espíritas, por
sua vez, devem
fazer um
trabalho
planejado e
deixar claro aos
pais (e demais
pessoas da Casa
Espírita) que
oferecem um
trabalho
responsável e de
qualidade que
pode servir de
apoio aos pais
no processo
educacional.
Dessa forma,
haverá uma maior
valorização da
atividade e um
trabalho de mão
dupla, com pais
e Educadores
unidos para
oferecer o que
for melhor às
crianças e
jovens.
Da instituição
espírita a que
se vincula, qual
experiência
gostaria de
transmitir aos
leitores?
Destaco a
criação da
Galeria Espírita
Vasículo Gomes
quando, em um
espaço pequeno,
reunimos peças,
quadros, móveis
e livros (entre
outros itens)
que contam a
história do
Espiritismo e do
próprio CE
Gabriel
Ferreira,
oferecendo ao
público um local
de convivência
(antes ou depois
das reuniões) e
perpetuando a
história. É algo
simples e que, a
meu ver, é de
essencial
importância para
a sociedade e
para o movimento
espírita.
Algo mais que
gostaria de
acrescentar?
Apenas agradecer
o carinho e a
possibilidade de
falar um pouco
do meu trabalho
que, na verdade,
é desenvolvido
em equipe.
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