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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 344 - 5 de Janeiro de 2014

JOSÉ LOURENÇO DE SOUSA NETO

lourencobh@gmail.com

Belo Horizonte, MG (Brasil)

 
 


O pintor
 

Certo pintor foi contratado para pintar o barco de um homem rico, que morava na mesma cidade que ele. Durante seu trabalho, percebeu um furo no casco, que poderia provocar o afundamento da embarcação e pôr em risco seus ocupantes. Reparou o problema e concluiu seu trabalho, deixando o barco como novo.
 

Dias depois, o dono do barco o procurou para pagar pelo serviço feito. Ao receber o cheque, o pintor notou que o valor era muito superior ao combinado. Estende-o de volta, informa o emitente sobre o erro e o valor correto. E o homem rico se explica:


― O cheque é seu e você merece o valor que registrei aí. Depois que recebi o barco de volta, pintado, e deixei que meus filhos saíssem nele, é que me lembrei do furo no casco, que queria ter-lhe pedido que reparasse antes da pintura. Corri, desesperado, até à beira do lago, imaginando que o barco teria afundado e meus filhos morrido. Encontrando-os de volta à terra firme, tomei conhecimento de que você havia feito o conserto sem que eu lhe pedisse. Além do serviço perfeito, você não me cobrou por ele. Aliás, sequer o mencionou. Você tem ideia do que fez? Foi além do demandado e salvou a vida dos meus filhos. Receba o cheque – você merece cada centavo.


O pintor ouviu com atenção e retrucou:


― Por favor, pegue seu cheque de volta e me faça outro, no valor que havíamos combinado pela pintura. Não me tire a oportunidade e o prazer de ter sido útil sem ganho financeiro. A alegria que sinto, sabendo que fui útil, ainda mais acrescido com a possibilidade de ter salvado as vidas de seus filhos, é pagamento mais do que suficiente pelo que fiz. Além disso, creio que a vida deles vale muito mais do que isso. Mesmo que eu aceitasse seu dinheiro, não creio que você consideraria que foi o suficiente.


Essa parábola, cuja origem desconhecemos, nos leva a refletir nas nossas motivações. De tudo o que fazemos num dia de trabalho, o que é motivado pela remuneração pretendida, e o que é pelo espírito de servir além do pagamento? Quanto somos levados a agir em troca de algo, e quanto apenas pelo prazer de fazer um bem, mesmo que pequeno? Que fração de nós é mercantil, e que fração é benemérita? Já aprendemos a agir de forma totalmente desinteressada, pelo menos em algumas oportunidades, ou só nos movimentamos tendo em vista alguma compensação?


Trabalhar por um salário é justo e necessário, afinal de contas precisamos sobreviver. Mas trabalhar só pelo salário é muito empobrecedor. Qualquer um que só vise o ganho, financeiro ou não, sempre recebe mais do que vale.


O espírito de servir vai muito além do simples trabalhar. Implica uma doação de algo que flui da alma e só pode fazê-lo quem tem o que doar. Mercenários que somos na maior parte do tempo, sempre pensamos em termos de reciprocidade. Num mundo mesmerizado pelo consumismo exacerbado, pensamos o tempo todo em termos de troca – o que ganho, se lhe dou isso? Qual a paga pelo meu esforço extra? Quanto vale cada gesto que faço?


Nessa pauta, perdemos um dos prazeres mais puros e, talvez, o que mais dignifica o homem – o prazer de servir por servir, de fazer o bem pelo bem. Essa incapacidade é que nos leva a cobrar a gratidão do outro – “Não precisa me pagar; basta-me um ‘muito obrigado’!” Na própria expressão de agradecimento está o aprisionamento moral do beneficiado, que passa a estar obrigado a uma contrapartida. E recusamos novos préstimos, se o outro não é agradecido o suficiente.


Doadores não cogitam retorno.


Conta-se que alguém, observando o trabalho abnegado de Madre Teresa de Calcutá, disse-lhe: ― “Irmã, por dinheiro nenhum do mundo eu faria o que a senhora faz!”. E ela respondeu: ― “Nem eu, meu filho, nem eu.” Poucos entendem essa postura, e muitos a reprocham.


O ato de bondade desinteressado é alimento para nossas almas. Se anônimo, então, é néctar divino, ambrosia que só os moradores do Olimpo do espírito podem apreciar.


Apesar de tudo, esse tipo de realização não é difícil.


O indivíduo que dedique um pouco de atenção para descobrir em todo trabalho que execute a oportunidade de servir, encontrará inúmeras possibilidades. É um motorista? Dirija com cuidado extra, zelando algo mais pela segurança de seus passageiros e do trânsito em volta. É um atendente de balcão ou telefone? Seja cortês além do que lhe exige o treinamento recebido e a etiqueta da função. É um artesão? Faça seu produto como quem executa uma obra de arte, não como um mero objeto de consumo. É um gestor? Gerencie com espírito de líder, que se sabe responsável pela felicidade de seus liderados. É um médico? Veja seu paciente como uma vida demandando sua cooperação para prosseguir sua caminhada, em vez de apenas mais um nome na lista do convênio.


Tudo na vida é trabalho, e em todo trabalho há oportunidade de servir, embora nem sempre nos preocupemos com isso. E, se “o trabalho-ação transforma o ambiente, o trabalho-serviço transforma o homem” (Emmanuel).


Estamos servindo, para construir um mundo melhor, ou apenas trabalhando para manter o que aí está?

 

 

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita