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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 7 - N° 343 - 22 de Dezembro de 2013
KATIA FABIANA FERNANDES
kffernandes@hotmail.com
Londres, Inglaterra
 

 
Ana Cláudia Marques: 

“O Espiritismo é realmente para mim o Consolador prometido”

Natural de Goiás, a médium e dirigente espírita, radicada desde 2001 na Inglaterra, fala sobre sua vivência espírita e analisa diversas questões relacionadas com o movimento espírita inglês
  

Canterbury é uma pequena cidade situada na Inglaterra que abriga cerca de 44 mil habitantes, entre eles a família de nossa companheira de ideal Ana Cláudia Fiuza Marques (foto). Localizada na região de Kent, aproximadamente a uma hora e meia de Londres, essa acolhedora cidade é cheia  de encantos. Visitada por muitos turistas e habitada

por muitos estudantes, possui três universidades. Muitas de suas construções e ruínas foram tombadas pela UNESCO como patrimônio histórico da humanidade, entre eles sua famosa catedral, considerada cartão de visita. 


Dona de uma sensibilidade cativante, Ana Cláudia – que é natural de Quirinópolis (GO) – nos fala nesta entrevista como foi sua caminhada espírita até aqui e ressalta a importância da troca de experiências entre pessoas de diferentes culturas. “Temos muito a oferecer, mas também muito a aprender”, diz ela. 

Havendo nascido no Brasil, quando e por que você se mudou para a Inglaterra? 

Mudamo-nos para Inglaterra em 2001, juntamente com meu esposo e meus dois filhos bem pequenos, em busca de trabalho, para que assim pudéssemos proporcionar um futuro melhor para eles. Vivemos em Londres por quase 8 anos e retornamos para o Brasil, onde ficamos por dois anos. Devido a alguns acontecimentos de ordem pessoal, decidimos voltar à Inglaterra, escolhendo Canterbury pelo fato de ser um lugar mais tranquilo, onde as crianças se sentiriam mais livres, sem falar no custo de vida e moradia, que aqui são bem mais em conta. 

Qual é sua formação escolar? 

Segundo grau completo. 

Qual é, no momento, sua atividade no meio espírita? 

Atualmente, eu e meu grande amigo Alvaro Zanlorenze assumimos a coordenação da The Guiding Light Spiritist Society in Canterbury-Kent. Também trabalho como médium de incorporação no mesmo grupo. 

Quando você teve seu primeiro contacto com o Espiritismo? 

Há mais ou menos 15 anos, quando ainda residia no Brasil, por meio do meu irmão, que me deu de presente O Livro dos Espíritos

Ocorreu algum fato ou alguma circunstância especial que haja propiciado esse contacto? 

Sim, alguns acontecimentos, como pressentimentos que eu tinha e não sabia de onde vinham, sonhos que eram muito reais, várias vezes sentia-me fora do corpo físico enquanto dormia, mas ao mesmo tempo podia ver o meu corpo dormindo... Enfim, no fundo eu sempre soube que tinha algo mais, sempre fui muito sensitiva, desde criança. Foram vários fatores que me levaram a indagar o que estava acontecendo comigo. Então, graças ao meu irmão, pude entrar em contacto com esse mundo maravilhoso da Doutrina Espírita que me trouxe de volta ao caminho que eu precisava trilhar para me encontrar novamente com a minha verdadeira essência. 

Qual foi a reação de sua família? 

Meu irmão já era frequentador de um centro espírita e estudante assíduo do Espiritismo. Nosso pai sempre foi de boa, pois é um Espírito muito evoluído e sempre dizia que tínhamos que seguir nossos corações e o que fosse melhor para nós; por isso, aceitou de boa. Já nossa mãe, que era e ainda é muito católica, teve muita resistência em aceitar a nova mudança, principalmente a minha, pois eu sempre participei com ela na Igreja Católica. E àquela altura enfrentei também a resistência do meu esposo, pois ele não aceitava que eu participasse. Foram, enfim, vários empecilhos e acontecimentos que me barravam, mas eu fui persistente e hoje estamos eu e meu esposo trabalhando como médiuns – eu como médium de incorporação e ele doutrinador, graças ao nosso bom Pai e aos benfeitores espirituais. 

Dos três aspectos do Espiritismo, ciência, filosofia e religião, qual o que mais a atrai? 

Filosofia. 

Quais são as atividades do grupo espírita em que você atua? 

Participo do Atendimento Fraterno, dos estudos d´O Livro dos Espíritos em inglês e português, do estudo para preparação de médiuns, do trabalho mediúnico e dos passes. 

As reuniões do seu grupo são frequentadas somente por brasileiros?

As reuniões são mistas: temos a participação assídua de três ingleses, de uma portuguesa e, em sua maioria, de brasileiros. 

Em sua opinião, os não brasileiros estão abertos aos princípios espíritas? 

Entendo que essa abertura depende muito da base familiar que eles tiveram e também da maneira como o assunto é colocado. Em alguns casos as pessoas vêm procurar ajuda, pois estão enfrentando situações ou acontecimentos que não conseguem explicar, e na maioria das vezes até acreditam haver algo mais além da matéria, mas muitos ainda não admitem a ideia da reencarnação. Aqui no nosso grupo, por exemplo, temos uma irmã que veio em busca de respostas para algumas manifestações mediúnicas que ela está vivenciando, mas ela se recusa a acreditar na reencarnação, pois, segundo ela, o fato de ter sido criada em um lar cristão a impede de aceitar a ideia de que somos uma só alma que habita vários corpos. Contudo, ao mesmo tempo, ela tem dado abertura para tentar entender melhor o assunto e diz sentir-se muito bem participando do estudo d´O Livro dos Espíritos. No caso da igreja onde fazemos nossas reuniões, que é uma igreja espiritualista, mas com princípios diferentes, eles trabalham com curas, mensagens mediúnicas, mas não admitem o trabalho de desobsessão, pois não aceitam que exista o fenômeno da obsessão. Isso é bem complexo para eles ainda, mas com muita paciência e amor vamos adentrando o mundo deles, tentando inserir a ideia com bastante cautela. O fato de a presidente da igreja ter-nos cedido um espaço dentro da mesma igreja para que façamos nosso trabalho mediúnico já é um grande começo. Nada é por acaso, tudo tem um propósito. Devagar e sempre... 

Comenta-se muito que na Europa em geral, ou fora do Brasil, a parte religiosa do Espiritismo fica mais escondida pelo fato de as pessoas serem mais céticas. Qual é a sua visão sobre o assunto? 

Na minha opinião eu penso que sim, eles realmente são bem céticos e bem lógicos também, então cabe a nós trabalhadores nessa seara do Cristo ter muita cautela, bom senso e respeito ao tentar introduzir nossas ideias a eles, sempre lembrando que, embora estejamos todos conectados, cada um está em um nível próprio de evolução e aprendizado e que cada um tem sua hora, e essa chegará a todos. Tudo tem seu tempo, tudo está dentro dos planos do Criador. Penso que nós, como espíritas trabalhando aqui neste País, temos um grande propósito a cumprir, mas também acredito que tudo seja uma troca, pois no final das contas somos todos Espíritos encarnados com propósitos diferentes. Então cabe a nós sermos humildes e aceitar as diferenças. "Somos todos iguais em nossas diferenças" e isso que é o bonito de toda essa interação com eles e com essa cultura tão diferente da nossa. Temos muito a oferecer, mas também muito a aprender. 

Sabe-se que a era da Regeneração já começou. Para você, quão longe estamos de alcançar essa fase? 

Acho que tudo depende muito de como analisamos tudo o que está acontecendo no atual momento, pois de certa forma estamos sendo impulsionados para acompanhar essa Lei da mudança que está ocorrendo, não só exteriormente, mas de forma muito mais intensa interiormente. Cada um de nós está enfrentando uma batalha interior, e nessa batalha estamos tendo a chance de refazer tudo aquilo que deixamos de fazer no passado; estamos todos em uma busca constante para entender-nos a nós mesmos. O mundo vive um momento de divisão entre as pessoas, mas ao mesmo tempo existe algo que as une, que é justamente essa busca para entender o que somos, o que viemos fazer aqui, para onde vamos. 

Qual deveria ser a conduta ideal dos dirigentes e trabalhadores espíritas para auxiliar com mais ênfase esta fase transitória? 

Mais uma vez seria trabalhar a si mesmo em primeiro lugar, pois o dirigente de um grupo não foi colocado nele só para coordenar, mas principalmente para aprender, pois o propósito de um dirigente espírita é acolher, amar, respeitar, ser paciente para com a hora do outro. E para que tudo isso seja possível, a principal ferramenta é sempre a humildade e a capacidade de entender a dor alheia, tentando se colocar no lugar do outro. E o mais importante de tudo é que um líder de verdade procure sempre trabalhar em equipe com aqueles com quem divide o mesmo ideal. O verdadeiro trabalhador espírita não deve nunca julgar, nem mesmo ter preconceitos, pois estamos aqui para tocar almas, almas que anseiam por amor, carinho e compaixão. E na atual circunstância, aqueles que nos procuram não vêm em busca de respostas externas e sim pelo que acontece no interior, pois a dor interior é imensa e, para entendê-la, é necessário que não fiquemos só na teoria; é preciso partir para a vivência, e para vivenciar é preciso presenciar. Outro ponto fundamental é a união entre dirigentes e trabalhadores. Como seremos capazes de acolher aqueles que vêm até nós, se não tivermos harmonia entre nós mesmos? Para mim é fundamental que essa reforma íntima comece dentro do grupo, sendo instrumentos uns dos outros, sempre com o objetivo de aprender, pois o aprendizado começa no grupo e daí ele começa a se expandir para aqueles que vêm em busca de consolo. Só seremos capazes de amar, compreender e aceitar o próximo quando começarmos a nos amar, nos compreender e nos aceitar. Para mim cada grupo espírita que é formado nada mais é do que o reencontro de almas amigas e afins e também de almas com alguns resgates a serem feitos, em que cada uma dessas almas pediu, antes de reencarnar, que no momento exato esse encontro acontecesse, para que assim pudesse ter a grande oportunidade de cumprir com a missão programada e também aprender a trabalhar sentimentos outrora mal resolvidos.

Aqueles que vêm ao nosso encontro não vêm por acaso; tudo tem um propósito. Com esses reencontros fortalece-se o amor, a força, a felicidade, a confiança e a vontade de viver. Geralmente somos atraídos para nos unirmos com aqueles com quem, na maioria das vezes, temos dívidas passadas, ou com aqueles com quem já tivemos alguma união energética. Essa energia é a força que nos une nesse imenso universo que vai além da nossa percepção física. Quando essa força do amor fala mais alto dentro de nós, fica mais fácil romper com os desafios da vida. O amor é algo inesgotável, é energia intensa que, quando irradiada, é expandida e elevada além do horizonte, onde se transforma em luz que entra em sintonia com outras luzes... 

O que o Espiritismo representa para você? Qual é a importância que ele tem na sua vida? 

O Espiritismo é para mim realmente o Consolador prometido, que veio para nos ensinar que o verdadeiro sentido da vida está em se conhecer a si mesmo. Na minha vida o impacto foi grande, pois, como disse antes, foi através do conhecimento dessa doutrina que encontrei as respostas para aquilo que me acontecia, mas o mais importante de tudo foi esse mergulho para dentro de mim mesma, essa intensidade com que essa energia maravilhosa nos toca e nos leva para essa viagem, em que o caminho muitas vezes é árduo, onde nos deparamos com conflitos que nós mesmos criamos, onde os desafios são imensos, onde o vencer a si mesmo se torna um dos trabalhos mais difíceis. Mas o mais bonito de tudo é entender que a cada desafio vencido uma nova oportunidade surge para que assim possamos continuar firmes e fortes, sempre com a certeza de que somos Espíritos imortais e eternos, e que nossa evolução é fatal e que não nos é possível adiá-la. Esse reencontro conosco é dolorido, mas, em contrapartida, o retorno que toda essa experiência nos traz não tem preço. O que é invisível aos olhos está latente na essência, que é o ponto de partida para algo além da matéria, onde o que importa é o que está dentro e não o que está fora. O externo é o reflexo do interno... Metade daquilo que somos é exigência do exterior, a outra metade fica escondida, e só a acessamos quando a força do espírito fala mais alto...



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita