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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 339 - 24 de Novembro de 2013

LEONARDO MARMO MOREIRA
leonardomarmo@gmail.com 
 
São João Del Rei, MG (Brasil)

 
 
 

Jesus e Kardec na opinião de Emmanuel: compreendendo
o verdadeiro espírita

 
Após recomendar a Chico Xavier por três vezes a disciplina, como virtude fundamental para o trabalho mediúnico com Jesus, no mesmo diálogo, o benfeitor espiritual Emmanuel forneceu uma segunda diretriz muito importante para Francisco C. Xavier. Vejamos a segunda orientação de Emmanuel, o mentor espiritual do Chico Xavier, que aconteceu quando esse Guia Espiritual apareceu a Chico Xavier em 1931. Isso ocorreu quando o querido médium de Pedro Leopoldo-MG, no início de sua tarefa mediúnica, descansava aos fundos da fábrica de tecidos em que trabalhava, perto de um canal de água, que era um local muito bonito e calmo, no qual Chico aproveitava para orar e meditar:

"Lembro-me de que em um dos primeiros contatos comigo, ele me preveniu que pretendia trabalhar ao meu lado, por tempo longo, mas que eu deveria, acima de tudo, procurar os ensinamentos de Jesus e as lições de Allan Kardec e, disse mais, que, se um dia, ele, Emmanuel, algo me aconselhasse que não estivesse de acordo com as palavras de Jesus e de Kardec, que eu devia permanecer com Jesus e Kardec, procurando esquecê-lo”. – Chico Xavier.

Segundo Allan Kardec estabelece em “O Evangelho segundo o Espiritismo”, “reconhece-se o verdadeiro espírita, pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações”. Para um entendimento do que seria essa transformação moral e no que consistiriam os respectivos esforços e, principalmente, a quem Allan Kardec chamava de “Espíritas” (dentre os quais seriam selecionados os verdadeiros!), vale reler um dos capítulos da primeira parte de “O Livro dos Médiuns” em que o Codificador classifica vários tipos de Espíritas. É relevante, igualmente, notar que Kardec cunhou os termos “Espiritismo”, “Espírita” e “Espiritista” para identificar a Doutrina Espírita propriamente dita, bem como os seus adeptos militantes, a fim de não haver nenhum tipo de confusão com espiritualistas e/ou “seitistas” em geral.

Não basta, portanto, acreditar em reencarnação e mediunidade de uma forma muito pessoal, e às vezes personalista, para ser efetivamente um Espírita, mesmo que, indebitamente, o candidato rotule-se assim, e mesmo que eventualmente tenha alguma atividade no Centro Espírita e/ou Movimento Espírita. E também não é suficiente ler e aceitar um determinado livro da Codificação e a partir daí estudar, correlacionar e valorizar uma gama de obras que nada tem a ver com o Espiritismo, criando-se uma leitura “espírita/espiritualista” toda pessoal, que pode, paulatinamente, se distanciar substancialmente dos postulados espíritas. Tal postura caracterizaria uma espécie de “semiconversão” ao Espiritismo, na melhor das hipóteses.

O próprio Divaldo Pereira Franco vem afirmando em suas palestras que o “movimento espírita tem perdido em profundidade o que tem ganhado em quantidade de adeptos”, os quais não têm apresentado o mesmo nível de comprometimento que deveríamos esperar de espíritas militantes e que, a priori, eram mais comuns no passado, quando o preconceito contra a Doutrina Espírita era bem maior.

Dentro deste contexto, a orientação de Emmanuel consiste em uma diretriz de segurança para quem deseja trabalhar verdadeiramente como Espírita militante, pois eles mesmos, Emmanuel e Chico Xavier, estavam e estão submetidos à mesma diretriz, para que sejam considerados trabalhadores espíritas e não simplesmente trabalhadores espiritualistas ou livre-pensadores ou filósofos modernos. Realmente, há um grande número de movimentos reencarnacionistas, mediunistas, que eventualmente podem adotar um ou mais livros espíritas e que não são espíritas propriamente.

De fato, se não apresentarmos um certo fanatismo, teremos de admitir que “a transformação moral e os esforços que faz para domar suas más inclinações” podem e certamente são também características encontradas em indivíduos que não são Espíritas, ou seja, são atitudes de espiritualidade superior que podem ser peculiaridades de adeptos de outras denominações filosófico-religiosas. Um teólogo católico ou protestante inteligente, por exemplo, poderia dizer algo próximo da famosa frase, isto é: “Reconhece-se o verdadeiro católico e/ou protestante pela sua transformação moral e pelos esforços que faz para domar suas más inclinações”. Afinal, o lema do Espiritismo é “Fora da caridade não há salvação”, implicando que o crescimento espiritual não é uma exclusividade do Espiritismo e nem de nenhuma outra denominação específica. Entretanto, isso não significa que todas as pessoas boas ou que estão se esforçando para se tornarem boas são espíritas militantes. Portanto, Kardec não estava afirmando que somente isso (“a transformação moral e os esforços que faz para domar suas más inclinações”) identificaria os Espíritas, mas que, entre os Espíritas militantes, conscientes, estudiosos, verdadeiramente doutrinários e comprometidos com a Casa e o Movimento espíritas, os Verdadeiros, ou seja, os que vivenciam no dia-a-dia aquilo que acreditam e pregam, seriam identificados, entre todos os trabalhadores Espíritas, pela melhoria moral substancial que certamente apresentariam com o passar do tempo.

Na segunda mensagem do livro “Opinião Espírita” (Parceria de Emmanuel e André Luiz pelos médiuns Chico Xavier e Waldo Vieira), Emmanuel afirma que “Jesus é o Mestre e Kardec é o Seu Apóstolo; Jesus é a porta; Kardec é a chave”. Em outra mensagem emmanuelina, abaixo transcrita, intitulada “Reverenciando Kardec”, também são corroboradas as Diretrizes Kardequianas que Emmanuel e Chico seguiram na tarefa a que ambos se entregaram. Vale estudá-la, a fim de que caminhemos para ser “Espíritas Conscientes” e, a partir daí, “Verdadeiros Espíritas”:

REVERENCIANDO KARDEC

Antes de Kardec, embora não nos faltasse a crença em Jesus, vivíamos na Terra atribulados por flagelos da mente, quais os que expomos:

- o combate recíproco e incessante entre os discípulos do Evangelho;

- o cárcere das interpretações literais;

- o espírito de seita;

- a intransigência delituosa;

- a obsessão sem remédio;

- o anátema nas áreas da filosofia e da ciência;

- o cativeiro aos rituais;

- a dependência quase absoluta dos templos de pedra para as tarefas da edificação íntima;

- a preocupação de hegemonia religiosa;

- a tirania do medo, ante as sombrias perspectivas do além-túmulo;

- o pavor da morte, por suposto fim da vida.

        Depois de Kardec, porém, com a fé raciocinada nos ensinamentos de Jesus, o mundo encontra no Espiritismo Evangélico benefícios incalculáveis, como sejam:

- a libertação das consciências;

- a luz para o caminho espiritual;

- a dignificação do serviço ao próximo;

- o discernimento;

- o livre acesso ao estudo da lei de causa e efeito, com a reencarnação explicando as origens do sofrimento e as desigualdades sociais;

- o esclarecimento da mediunidade e a cura dos processos obsessivos;

- a certeza da vida após a morte;

- o intercâmbio com os entes queridos domiciliados no Além;

- a seara da esperança;

- o clima da verdadeira compreensão humana;

- o lar da fraternidade entre todas as criaturas;

- a escola do Conhecimento Superior, desvendando as trilhas da evolução e a multiplicidade das “moradas” nos domínios do Universo.

Jesus - o amor.

Kardec - o raciocínio.

Jesus - o Mestre.

Kardec - o Apóstolo.

Seguir o Cristo de Deus, com a luz que Allan Kardec acende em nossos corações, é a norma renovadora que nos fará alcançar a sublimação do próprio Espírito, em louvor da Vida Maior. (Do livro Doutrina de Luz. Lição n. 7, pág. 35, psicografia de Francisco Cândido Xavier.)


 

 


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