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Estudando a série André Luiz
Ano 7 - N° 335 - 27 de Outubro de 2013
MARCELO BORELA DE OLIVEIRA
mbo_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


E a Vida Continua...

André Luiz

(Parte 20)

Continuamos nesta edição o estudo da obra E a Vida Continua, de André Luiz, psicografada pelo médium Francisco Cândido Xavier e publicada em 1968 pela Federação Espírita Brasileira.

Questões preliminares 

A. Evelina tinha também alguma relação com o drama decorrente do assassínio de Desidério dos Santos?

Sim. Desidério – morto durante uma caçada – era pai de Evelina, que acabou sendo criada pela mãe (Brígida) e por Amâncio, o mesmo homem que fora autor da morte de Desidério e depois se casara com a viúva. (E a Vida Continua, cap. 20, pp. 164 a 165.)  

B. Percebendo, mesmo de longe, o sofrimento de Ernesto Fantini, que fez o instrutor Ribas?

Ao se inteirar do que havia ocorrido, Ribas expediu ordens de caráter urgente para que os dois tutelados do Instituto de Proteção obtivessem imediata cobertura. Eles foram então levados a São Paulo e internados em departamento de repouso de uma das casas espíritas da cidade, onde Ernesto começou a receber os cuidados precisos, a fim de desvencilhar-se do trauma de que fora acometido. (Obra citada, cap. 21, pp. 166 a 168.) 

C. Qual foi a reação de Evelina quando Fantini lhe revelou toda a verdade?

Ela manteve o mesmo respeito e enternecido amor que lhe votava. O que a jovem estranhou era o drama complexo de que eram eles protagonistas sem saber. Surpreendia-se com os meandros da peça que o grupo representava. E, a par disso, acusava-se absorvida por extremada compaixão, perante os conflitos íntimos de todos os seus aliados de tragédia familiar, sentindo-se, aliás, dentre eles, a menos atingida pela dor. Evelina contemplou, então, o amigo querido e chorou. Ela não o acusava; pelo contrário, estimava-o sempre mais... (Obra citada, cap. 21, pp. 168 e 169.)

Texto para leitura 

77. Dedé relata o que lhe aconteceu após a morte - Desidério revelou que seu ódio, nos primeiros tempos, fora muito maior... "Avalanches de provação – disse ele – se abateram sobre mim; entretanto, você, o su­posto homem de bem, receberá agora, no tribunal de sua consciência, por minha vingança máxima, o peso inexorável de minhas acusações!..." E pros­seguiu: "Pense no martírio com que me reaproximei, desencarnado, da es­posa jovem e da filha ainda tenra, para ver Amâncio, o assassino, senho­rear-lhes a existência... Ah! Fantini, acredita você que, a princípio, eu quisesse tanto a sua mulher? Não!... Eu era um homem sem qualquer princí­pio religioso e, por este motivo, sem qualquer orientação definida. Pos­suía uma esposa e uma filha que adorava e punha meus olhos sobre Elisa, à maneira de um tolo entusiasmado por ver-se distinguido pelas atenções de tão devotada e distinta mulher... Contudo, ao invés de uma palavra franca de companheiro, capaz de impor-me o lugar justo, você, ralado de ciúme, tentou abater-me como alimária no campo... Com isto, você, Ernesto, me transfigurou numa fera sem a jaula dos ossos. Abominando o invasor de meu lar, pois Amâncio deu-se pressa em desposar Brígida, a moça que eu dei­xara viúva e inexperiente, eu sentia em meu antigo refúgio caseiro a pre­sença de um inferno que me expulsava... Batido à maneira de um cão escorraçado e sem dono, sem a companheira que me retirou da lembrança e sem a filha que devia beijar meu algoz por segundo pai, vagueei pelas estradas de ninguém, entre as maltas das trevas, até que me instalei definitiva­mente ao pé de Elisa, sua mulher, cuja silenciosa ternura me chamava, in­sistentemente... Aos poucos, do ponto de vista do espírito, ajustei-me a ela, como o pé no sapato, e passei a amá-la com ardor, porque era ela a única criatura da Terra que me guardava na memória e no coração..." (Feita ligeira pausa, Ernesto quis implorar piedade, mas não pôde, por­quanto o verbo esmorecera-lhe na garganta asfixiada de desespero, en­quanto lhe tremiam todas as fibras da alma.) Desidério, porém, continuou: "Tudo isso por quê? porque o remorso deformou a sua vida mental de ho­mem... Você, desde a empreitada ominosa em que perdi meu corpo, andou buscando incessantemente uma fuga impossível... Mergulhou o espírito em negócios e rendas, compromissos e corretagens, viajando e viajando, sem procurar saber se a esposa e a sua própria filha eram almas necessitadas de assistência e carinho! Tudo isso fez de minha afeição por Elisa mais que afeição terrestre!... Obsessor, oh! sim... Sou... Mas sou também ser­vidor incondicional de quem leva seu nome e aguentou sua frieza de cora­ção... Aprendi com sua mulher a paciência e o silêncio para esperar e es­perar... Você soube, algum dia, das enfermidades de sua filha na infân­cia? conheceu-lhe as duras tentações nos dias primeiros da juventude? sabe que rapazes insensíveis lhe abusaram da confiança? por acaso enxer­gou, alguma vez, as lágrimas ardentes que lhe queimaram o rosto, depois dos pontapés daqueles mesmos jovens desalmados que lhe prometiam lealdade e ternura?" (Cap. 20, pp. 162 e 163)

78. A terrível trama é desvendada - Ernesto ouviu o libelo acusató­rio e, transido de aflição, conseguiu falar: "Oh! Desidério!... Compre­endo agora... Perdoe-me!..." O antagonista, porém, cada vez mais excitado pelo martírio moral que patenteava em cada frase, retomou o ímpeto: "Padeci por sua filha e pela outra, a pequenina que a morte me constran­gera a largar... Ilaqueada na boa fé pelo patife que lhe absorvera a atenção, Brígida concordou em descartar-se de nossa filhinha, situando-a muito cedo em estabelecimentos de ensino, onde, se é verdade que recebeu educa­ção esmerada, curtiu a falta dos pais, qual se fosse enjeitada no berço... O que sofri, Fantini, o que sofri!... Entretanto, minhas agonias não pararam nesses cuidados... Minha infortunada filha, que cresceu triste e moralmente quase desamparada, à míngua da assistência paternal que você e Amâncio lhe furtaram, encontrou a morte, há precisamente dois anos... Impelida pelo padrasto, interessado em livrar-se da responsabili­dade de tê-la em custódia, casou-se muito cedo com um celerado que lhe destruiu todos os sonhos... Oh! como trabalhei para evitar-lhe a comunhão com esse homem covarde... Caminhava incessantemente entre os seus e os meus, esmagado de desespero, dedicando-me a conjurar a tragédia que, afi­nal, se consumou... Quando fui vê-la morta, junto de companheiros desen­carnados, tão sofredores e tão desvalidos quanto eu mesmo, ajoelhei, diante do corpo imóvel que ainda lhe conservava o derradeiro sorriso, e jurei que me vingaria dos três mascarados que a rodeavam, Amâncio, o ma­tador, Brígida, a ingrata, e o detestado genro, cuja presença me enoja!..." Desidério informou que a filha fora conduzida a estâncias de repouso e que somente lhe seria concedido vê-la quando estivessem sanadas as chagas da revolta que calcinava sua mente infeliz. Ernesto soluçava... De fato, tudo o que ouvira era demais para uma única noite. Desidério não havia, contudo, concluído seu relatório de desditas: faltava ainda a re­velação mais terrível. "Ao notar minha filha abatida e enferma pelos des­gostos no lar – acrescentou Desidério –, o marido lançou-se a novas aventuras e veio a conhecer Vera Celina, sua filha, de cuja afeição se apoderou... Então, dominou-a, escravizou-a..." E, articulando gesto ex­pressivo com o dedo indicador, apontou para dentro da casa, dizendo: "Este bandido está aí dentro... É Caio Serpa... Ah! Evelina! Minha filha!... Minha filha!..." Nesse ponto, quando Ernesto percebeu toda a trama, com a enunciação dos nomes de Evelina e Caio, sentiu como se o cé­rebro lhe estalasse de angústia e, embora suplicasse a bênção de Jesus e a proteção de Ribas, correu para matagal próximo, entre gritos, rojando-se no solo arenoso da ilha, à maneira de um cão espancado, ganindo de dor. (Cap. 20, pp. 164 e 165) 

79. Ernesto é assistido numa casa espírita - As advertências de Ri­bas e a presença de Evelina foram argumentos que constrangeram Fantini a revigorar-se no autocontrole. Finda a longa noite de lágrimas, Ernesto reconhecia-se outro. A exposição de Desidério, franca e livre, sacudindo-o para reconhecer a extensão das próprias fraquezas, abatera-lhe o or­gulho, mas clareava-lhe as entranhas do coração para buscar vida nova. Ainda atordoado, ele ergueu-se do chão e arrastou-se até o local em que Evelina o aguardava. A jovem entretinha-se em amistosa conversação com desencarnados doentes que visitavam o sítio, em busca das emanações nu­trientes do mar, quando avistou o amigo que se aproximava, cambaleante. "Oh! Ernesto, por que fatigado assim?" – exclamou inquieta, ao mesmo tempo que o auxiliava a sentar-se na areia. Chorando, com a cabeça entre as mãos, Ernesto falou-lhe: "Ah! Evelina, Evelina!... Concordo agora em que somos dos mortos que não tiveram as orações do vivos... Ai de mim!... Os corações que eu mais amava se fecharam para sempre com a pedra que de­certo me selou os restos físicos... Torno de minha casa, como um réprobo!... Oh! meu Deus!... meu Deus!..." Evelina passou a reconfortá-lo, rememorando sua própria decepção de horas antes, mas Ernesto contraditou: "Não, não!... Você foi vítima de ingratidão, ao passo que recebi a conde­nação que mereci... Você ganhou o insulto, a mim coube o castigo!..." Fantini desejava contar-lhe as revelações que tivera, mas escasseavam-lhe as forças. Em poucos momentos, porém, a perplexidade e a aflição de ambos se viram atenuadas com a vinda do carro voador, que se transportara da Via Anchieta à Praia do Mar Casado, no Guarujá, para conduzi-los a São Paulo. Ribas escutara as súplicas do pupilo torturado e expedira ordens de caráter urgente para que os dois tutelados do Instituto de Proteção obtivessem imediata cobertura. Alguns minutos de voo e, por instrução de Ribas, foram os dois internados em departamento de repouso de uma das ca­sas espíritas cristãs que honorificam a vida paulistana, onde Ernesto co­meçou a receber os cuidados precisos, a fim de desvencilhar-se do trauma de que fora acometido. (Cap. 21, pp. 166 a 168) 

80. A confissão de Fantini - Convenientemente amparado, através de recursos magnéticos, em círculo de oração, Ernesto acalmou-se para refazimento, sob a assistência da companheira e, então, rearmonizadas as energias, perguntou: "Evelina, seu pai tinha o nome de Desidério dos San­tos e seu padrasto é Amâncio Terra?" – "Sim. Meu nome inteiro é Evelina dos Santos Serpa." Ernesto não vacilou. Compreendendo que devia à jovem senhora uma confissão integral da própria vida, transferiu-se da ideia à ação, começando pelas memórias do casamento com Elisa, a amizade com De­sidério desde a infância, a aproximação com Amâncio, as visitas frequen­tes de Desidério ao seu lar, a atração que este exercia sobre Elisa, os ciúmes, o plano de afastamento do amigo, até a caçada funesta, a morte de Dedé e os remorsos de uma existência inteira. Por fim, descreveu, passo a passo, as ocorrências do retorno ao lar, desde o instante em que reviu a esposa obsidiada até a última informação de Desidério, que o deixara ani­quilado... Evelina ouviu a tudo, assombrada. Não que a narrativa a afas­tasse do amigo a quem consagrava respeitoso e enternecido amor. O que ela estranhava era o drama complexo de que eram eles protagonistas sem saber. Surpreendia-se com os meandros da peça que o grupo representava. E, a par disso, acusava-se absorvida por extremada compaixão, perante os conflitos íntimos de todos os seus aliados de tragédia familiar, sentindo-se, aliás, dentre eles, a menos atingida pela dor. Evelina contemplou, então, o amigo querido e chorou... Não o acusava; pelo contrário, estimava-o sempre mais... "Sou eu, sua irmã – disse ela –, quem lhe pede perdão por meu pai que tomou sua casa, indevidamente..." Fantini, comovido, re­tificou: "Não, ele nada furtou... Protegeu a mulher e a filha que despre­zei... E se falamos de escusas, sou eu quem roga tolerância para minha filha que se lhe apossou do marido..." "Não, não!... – replicou Evelina – estou compreendendo que Vera chegou ao meu caminho por benfeitora, ela propiciou a Caio a segurança que não lhe pude dar..." Aliviado e recon­fortado com a atitude da jovem amiga, Ernesto comentou: "Evelina, tenho hoje a ideia de que só pela vida, depois da morte, logramos desmanchar os enganos terríveis que acalentamos na vida terrestre". Ela concordou e mantiveram-se em doce tête-à-tête, quando, por fim, ele conseguiu conci­liar o sono, dando à jovem ensejo para retirar-se para ligeiro descanso. (Cap. 21, pp. 168 e 169) (Continua na próxima semana.)



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita