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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 7 - N° 332 - 6 de Outubro de 2013
GUARACI DE LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)
 

 
Ronaldo Miranda: 

“O trabalho é cansativo, sim, mas extremamente gratificante” 

O presidente da Fundação Espírita João de Freitas, de Juiz de Fora-MG, fala sobre o desafio que é dirigir a importante instituição
 

Ronaldo Miranda (foto), de Juiz de Fora-MG, é o atual presidente da Fundação Espírita João de Freitas, fundada em 22 de fevereiro de 1934 com o objetivo de abrigar idosos. Composta por 40 casas de dois quartos, sala, cozinha e banheiro cada uma, que são as residências dos abrigados, a Fundação   atende idosos  a  partir  de  60  anos

oferecendo-lhes todo tipo de assistência, como é contado por nosso confrade na entrevista que se segue. 


Ronaldo, fale-nos um pouco sobre você.

Nasci aqui em Juiz de Fora, em abril de 1955. Tornei-me espírita aos 15 anos de idade. Trabalhei na Casa Espírita, uma instituição que fica no centro da cidade de Juiz de Fora, dirigindo reuniões, e depois iniciei um trabalho voluntário aqui na Fundação e isso já faz um bom tempo. 

Como chegou à presidência da Instituição?

Estávamos fazendo um trabalho sobre uma pessoa que deveria assumir a presidência daqui. Depois, por um contratempo, ela não pôde. E, na necessidade de encontrar alguém para o cargo, acabei assumindo. Tudo isto com muito carinho, pois gosto muito da Fundação. Desde garoto sou apaixonado pela Fundação. É um trabalho que faço de coração mesmo. Estamos na direção desde março de 2012 e nosso mandato se encerrará em março de 2014. 

Pretende continuar?

Acredito que não, pois existem muitas pessoas interessadas em fazer este trabalho. 

Como presidente, o que pode nos dizer hoje sobre a Instituição?

Costumo dizer que é minha segunda casa. Considero todos aqui como meus familiares, amigos de coração. O trabalho que aqui realizamos é como uma continuação do nosso lar mesmo. Aqui cheguei quando estava com 18 anos e foi através de um dos seus presidentes anteriores, senhor Romeu de Oliveira, que conheci a Casa. Ele trabalhou aqui durante 30 anos, sempre à frente da direção. 

É uma instituição espírita ou tem participação de outros segmentos religiosos?

É puramente espírita e não recebe ajuda de órgãos públicos como municipal, estadual ou federal, para a sua manutenção diária. Ela se mantém através de doações e aluguéis de alguns imóveis que estão em nome da instituição. Recebemos também contribuições de alguns residentes. Eles colaboram com 60% do salário mínimo, girando em torno de R$ 420,00 hoje. Isso, quando podem. Caso contrário, damos a eles todo o tipo de conforto sem a menor participação financeira dos residentes. 

Como é o processo da admissão dos residentes?

Necessitam estar acima de 60 anos, ter uma renda de, no máximo, dois salários mínimos e passar pela assistência social, que avalia cada caso com mais detalhes. São indicados ou podem procurar a Instituição por livre vontade. 

Quantos idosos estão hoje abrigados na instituição?

A Fundação tem capacidade para abrigar oitenta idosos, entre homens e mulheres. Temos aqui hoje setenta e oito. 

Como é o dia a dia dos idosos?

Existe aqui o centro de convivência com área de jogos, bate-papo, TV por assinatura, piano e mesas, onde podem fazer suas leituras. Existem ainda trabalhos de fisioterapia, artesanato, aulas de computador a cargo da voluntária Leandra, biblioteca e alguns outros trabalhos voluntários, como aulas de dança, momentos musicais e alguns mais que os voluntários trazem. Existe também o Grupo Espírita Manoel Philomeno de Miranda que não os força a se tornarem espíritas, mas oferece-lhes informações sobre o Espiritismo. O grupo promove muitas festas com os residentes, coisa que eles adoram muito. Há também as visitas dominicais de grupos de amigos que vêm conversar com os idosos e trazem-lhes um lanche farto. Isso acontece todos os domingos, às 17 horas, e os grupos agendam suas visitas. 

Percebe neles vontade de voltar para suas casas e suas famílias?

Normalmente não sentem vontade de voltar aos seus lares, uma vez que seus lares são agora a Fundação Espírita João de Freitas. Há hoje um caso atípico: uma de nossas residentes de nome Aparecida retornará ao seu lar porque o filho tem problemas de alcoolismo. Então ela vai cuidar desse filho de 45 anos. Contudo, a maioria vem para a Fundação e fica. 

Pelo que recebem da Instituição, o que de mais gratificante a diretoria cataloga vindo deles?

Quando chegamos à Instituição somos recebidos por todos eles com muito carinho. No meu caso, quando entro aqui, meu carro fica circundado por eles para conversar, falar e até reclamar alguma coisa, mas tudo com um carinho imenso, de família mesmo. 

Os residentes são pessoas que já viveram uma vida. Têm experiências, talentos, expansões. Como podem demonstrar isto aqui dentro?

A maioria está entre 75 e 80 anos. Então eles trazem suas histórias e as contam, permutando informações. Isso enriquece a convivência. E tanto os diretores quanto os voluntários sempre procuram um ou outro para saber das suas experiências. As histórias que contam sempre adicionam algo em nossas vivências. Temos aqui uma cantora e ela se apresenta em nossas festas que realizamos uma vez a cada mês. Temos artesãs do crochê, tricô e outros que dedilham violão etc. Então eles se envolvem nessas vivências e se deliciam com elas. A cargo da voluntária Márcia Menegatte existe a oficina de artesanato. São feitos vários artesanatos que são comercializados nos dias das reuniões públicas ou dos eventos de que a comunidade participa.  

Os residentes ajudam na cozinha, limpeza ou outras atividades?

Não. Todo o trabalho é feito por funcionários. Não é permitido ao residente participar dessas atividades.  

A Instituição promove eventos para ajudar na manutenção?

Sim, fazemos a festa junina, bailes e vendas dos produtos artesanais. Há casos não frequentes em que alguém nos procura e faz uma doação generosa que muito ajuda ao nosso caixa. O trabalho aqui realizado é muito conhecido em Juiz de Fora. Houve um caso em que necessitávamos fazer uma reforma urgente de uma parte do telhado e um Sindicato nos doou R$ 20.000,00. 

Como a instituição lida com as enfermidades que chegam para os residentes?

Existe o setor de cuidados especiais. Os residentes são como nossos parentes e não podemos deixá-los sem os atendimentos necessários. Assim, temos aqui um setor de cuidados especiais com pessoal capacitado formado por médicos e enfermeiros que os atendem com muito carinho. Quando nossos recursos não são suficientes, os encaminhamos para os hospitais da cidade. Lá são atendidos através do SUS e dos seus planos de saúde pessoais. A maioria é atendida pelo SUS. Ali têm os acolhimentos e as internações, se necessário, cientes de que ficamos sempre atentos com equipes que os visitam. 

Quando o residente chega ao óbito, a família participa ou a instituição toma todas as providências?

A instituição comunica à família e juntos fazemos o roteiro necessário como a obtenção da certidão e o sepultamento. Há casos em que a família não atende ao nosso chamado, então providenciamos tudo.  

Cartórios, prefeitura ou algum outro órgão ajudam nas despesas?

Não.  

Como é realizado o trabalho de manutenção, portaria, higiene nas casas, uma vez que os residentes não podem disso participar?

É feito através de funcionários. Nem sempre podemos contar com os voluntários para essas atividades fixas. Temos hoje trinta e seis funcionários em nossa folha mensal de pagamento. Temos em torno de cem voluntários que prestam ajuda aqui, mas em pequenos horários semanais. Há casos em que alguns residentes se tornam voluntários. Mas são casos raros e o fazem porque querem ajudar. Assim, a saúde permitindo, eles contribuem com suas parcelas e dentro daquela atividade onde melhor se adequam.  

Como é o horário de funcionamento da instituição e quais os horários em que os residentes podem sair e retornar?

O idoso precisa respeitar a norma de sair e retornar entre sete da manhã e sete da noite. Estamos agora implementando um registro de saída e chegada do idoso, bem como seu destino ao sair. Tivemos ano passado alguns sustos com pessoas que passaram mal na rua, outro que quase foi atropelado. Com isso, saberemos aonde a pessoa vai e, se ela demorar, sabemos onde encontrá-la. 

Os idosos sofrem alguma restrição quanto a sair durante o dia?

A única restrição é a família ou seu estado de saúde. Mas, não existindo esses impedimentos, o idoso sai e retorna tranquilamente sem problema algum. 

Há ainda os que trabalham fora?

Não. Todos estão aposentados ou recebem ajuda da família. 

A Fundação Espírita João de Freitas faz algum trabalho de divulgação do Espiritismo junto à sociedade?

Temos uma reunião pública aos domingos, às 10 horas da manhã, que atende ao público em geral, numa frequência aproximada de cem pessoas. No mesmo horário temos a Escola de Evangelização para crianças e a Escola para a Mocidade, atendendo cerca de cinquenta crianças e trinta jovens. Agora iniciaremos outra tarefa que serão os seminários periódicos já a partir do segundo semestre, além do já citado Grupo Manoel Philomeno de Miranda, funcionando às quartas-feiras, das 15 às 16 horas, no centro de convivência e nos moldes de uma reunião pública. É um debate, uma vez que a maioria é de idosos. A dirigente do trabalho, Margarida, traz histórias ao nível do entendimento dos participantes. 

Existem reuniões mediúnicas ou grupos de estudos espíritas?

No centro de convivência funcionam ainda dois grupos de estudos aos domingos, um das 9 às 10 horas e outro das 10 às 11 horas, mas não realizamos reuniões mediúnicas. 

Existe contato do idoso com as crianças da evangelização?

Sim. Uma vez por mês as crianças da evangelização fazem-lhes uma visita. Assim, ao invés da aula de evangelização, os evangelizadores percorrem toda a instituição apresentando para as crianças os idosos. 

Agradecemos a gentileza e pedimos que nos deixe suas palavras finais.

Quando falamos em Fundação, falamos com emoção. No meu caso, aqui estou por pura emoção, de coração mesmo. Hoje, para administrar uma casa como esta, deveria ser um Administrador de Empresas, formado, porque o trabalho é muito desgastante e requer providências que nem sempre só a emoção resolve. Mas aqui estamos e vamos trabalhar. Quanto ao futuro, não posso dizer. A atual diretoria ainda tem alguns meses pela frente. Pela empolgação falamos em continuar e em outras horas achamos melhor passar para outro. Aqui é tudo muito marcante e digo a todos que o trabalho é cansativo, sim, porém extremamente gratificante e o que recebemos de lucros com isto só a espiritualidade pode dizer. É muita alegria adentrar uma casa dessas e saber que cerca de oitenta pessoas convivem aqui dentro aguardando nossas atitudes, decisões em favor delas. Às vezes, coisas pequenas, pequenas doações nossas, mas de grande valor para eles. É tudo muito bom e digo para aqueles que ainda não tiveram coragem de assumir uma tarefa dessas que assumam. É tranquilo, bastando apenas saber dividir as tarefas, as etapas, que fica fácil dirigir uma Casa igual a esta. Como nos diz Kardec, devemos nos amar mais ainda, esta é a única maneira de realizar um bom trabalho. Vamos evoluir através do amor, todos nós.


Nota

Para saber mais sobre a Fundação Espírita João de Freitas, leia a reportagem publicada na edição 323 desta revista. Eis o link:
http://www.oconsolador.com.br/ano7/323/especial2.html



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita