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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 331 - 29 de Setembro de 2013

clara proença braga
claraprobra@gmail.com

Brasília, DF (Brasil) 

 
 



O medo de amar


Início de semana, início da aula, e meu professor de Filosofia entra em sala e começa a falar de valores. É um assunto delicado de comentar e principalmente lecionar sobre o tema, mas, após algumas explanações conceituais, ele quis expor a mudança de valores sofrida na sociedade com o passar do tempo e o fez com um exemplo bem inquietante: relacionamentos.

Utilizando-se do quadro, ele colocou ali três gerações bem distintas e as características que, em média, representavam os pensamentos das pessoas sobre a relação a dois.

A primeira geração era dos 60 aos 85 anos e a descrição era conhecer, namorar, noivar, casar e morte. A segunda geração, dos 35 aos 55 anos, era descrita como conhecer, namorar, noivar(?), casar(?) e separar, com as interrogações simbolizando as incertezas na ocorrência desse fato, por se relacionarem com a vontade do casal. Enfim, chegou-se à geração que nos interessa: a nossa. A faixa etária era de 15 aos 30 anos e a ordem era ficar, namorar, noivar (?), casar (?) e separar.

A mudança de pensamentos e valores fica mais que evidente! As mulheres passaram a possuir um papel mais decisivo e independente nos relacionamentos, a família não mais decide os casais, apenas oferece suporte; a separação torna-se, não uma certeza, mas um ato viável e aceito pelos demais; a política do desapego cria raízes na mentalidade do jovem; o casamento torna-se opcional diante da facilidade de “juntar” as coisas…

Modificações das mais diversas e muitas para melhor, mas será que nesse desenvolvimento na forma de nos envolvermos estamos perdendo alguma coisa?

Permitam-me dizer que estamos. E, talvez, mais do que seja possível dimensionar no momento. 

A geração da qual participo é a terceira do quadro de giz, uma geração que antes de buscar seriedade em algum relacionamento quer testá-lo, e testá-lo, e testá-lo… Muitos testes, de vários tipos e de tempo indeterminado. Você fica uma vez, você fica esporadicamente, você fica sério e então, talvez, você namore… Quer dizer, entre em um relacionamento sério.

É nesse momento que o mundo deve dar uma estacionada e refletir: algum relacionamento não é sério? Obviamente, alguns valores atuais dizem que sim. E, mais que isso, envolvimento e apego são mazelas que apenas causam sofrimento e decepção, logo, a melhor forma de evitar isto é a política do desapego e ficar com várias pessoas, tendo em vista que a monogamia é sufocante e devastadora.

Sinceramente, que mentalidade mais limitada e, infelizmente, comum! Salvo as exceções, as pessoas de fato acreditam e defendem estas ideias e por trás de toda essa certeza que expressam, temos o medo. 

A verdade é que relacionamentos são um desafio diário, que só são vencidos quando há sentimento e força de vontade por ambos os lados e, mesmo assim, sempre há a possibilidade de um dos lados desistir desta luta no meio do caminho, por motivos dos mais diversos, e a decepção de se ver sozinho pode ser traumatizante.

A decepção amorosa é tão natural e humana como o ato de respirar, faz parte da formação de caráter e de superação. Todos são capazes de superar as dores de um coração partido, e sem band-aid e sem traumas, mas com a mentalidade de que, se nem a vida é eterna, sofrimento não há de ser e que somos capazes de amar mais de uma vez.

No fim, quando se ama, o que queremos é a companhia, é a risada, a conversa, as memórias e as histórias; queremos desfrutar da confiança sem a incerteza do próximo passo; queremos deixar a vida seguir seu curso sem que coloquemos empecilhos e defeitos; queremos acreditar que vai dar certo, diferente do ocorrido nas outras vezes. Quando é para valer, não tem meio sério e muito sério, porque tudo é importante, já que a pessoa é importante.

Todavia, para sentir tudo isso, querer tudo isso é preciso coragem e vontade, é preciso se desprender das amarras de uma sociedade que acha que sentimentos são esquecíveis e controláveis quando eles não são. Sentimentos são um dos pontos mais complexos e fundamentais da psique humana e jamais devem ser tratados de forma banal. É preciso acreditar em si e na sua capacidade de ser relevante para alguém e desprender-se da facilidade que a individualidade carrega e buscar os desafios de um mundo em que não se vive só.

O mundo é difícil e sempre foi. Cada geração tem seus traumas e seus medos, mas o medo de amar não é uma opção quando a magia da vida está em compartilhar, sentir, expressar, demonstrar, e desapego só se for do egoísmo, do orgulho, da inveja e do rancor. A luta, diferente do que nos vendem diariamente, não é por mentalidades indiferentes e corações desapegados, mas por mentalidades que se importam e corações que amam. 
 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita