WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual Edições Anteriores Adicione aos Favoritos Defina como página inicial

Indique para um amigo


O Evangelho com
busca aleatória

Capa desta edição
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 328 - 8 de Setembro de 2013

GUARACI DE LIMA SILVEIRA
glimasil@hotmail.com
Juiz de Fora, MG (Brasil)

 
 


Eu te amo!


É algo muito sério e grave dizer: eu te amo! Isto porque se em nós a adrenalina não correr veloz na corrente sanguínea alterando estados de apatias, significa que falamos sem sentir. Falar sem sentir é apregoar falsas verdades, postando-se como murais sem sentimentos. Assim sendo, é bom pensar antes de pronunciar tal frase. O amor não é uma bolinha de papel que os adolescentes costumam jogar uns nos outros, no decorrer das aulas chatas e cansativas, segundo eles. Não é uma peneira com a qual tentamos tapar nossas verdades ocultas. Não pode ser uma criação fátua para se conseguir algo de alguém. Muitas vezes para ganhar um afeto diz-se: eu te amo! Isto, contudo, banaliza o ser e as relações. Nós, espíritas, devemos avaliar com muita seriedade este assunto. 

Tudo parte daquele princípio maior de que somos centelhas divinas, esparsas pelo mundo, cada qual cuidando da sua evolução. Isto, de maneira consciente ou não. Despertos ou ainda adormecidos. Assim, cada ser que encontramos caminha para Deus, independente da sua realeza em tal. Se o abordo com minhas injúrias, estarei prejudicando sua marcha. Se o importuno com minhas desgraças, estarei tentando desgraça-lo para fazer dele um parceiro das minhas desditas. Há muito que refletir quando encontramos um irmão ou uma irmã que cruza nossos caminhos. É necessário entender que não somos de hoje, somos de muito tempo. Trazemos em nossos subconscientes mensagens arquivadas e que remontam a eras antigas cuja síntese se faz no que somos agora. Todos somos propostas divinas a um avanço ímpar em direção ao Criador. Em nossas passagens anteriores por aqui e em nossos interstícios nos planos espirituais, aprendemos e fizemos e reaprendemos realizando mais e melhor, numa aluvião de acontecimentos que nos torna capazes de sermos neste presente pessoas cientificas e tecnológicas, de conformidade com nosso tempo atual, bem avançado. Um avanço sem precedentes na história. 

Assim o outro que passa ou que encontro. Com quem falo e troco ou não informações, é mais ou menos igual a mim, salvando apenas nossa singularidade com Deus. Somos todos mais ou menos iguais porque pertencemos à uma mesma humanidade. Há os que sobressaem. Há os que sabem aprender com eles. Há os que esperam um pouco mais e ainda outros que dormem em redes enquanto a terra gira de forma voluptuosa seguindo o sol em seus destinos. Mas, nossa egrégora de humanos traz em seu bojo uma história mais ou menos semelhante. Respiramos, alimentamos, sonhamos, realizamos, cumprimos quase sempre os mesmos propósitos em todos os continentes e nações do mundo. Somos então uma família de irmãos. Nalgum ponto dentro de nós está a essência do nosso Pai comum. E qual a Sua maior Lei? Sem dúvida o amor e dele promanando a justiça e a solidariedade. Somos assim irmãos que se buscam que trocam experiências aprendendo mutuamente com elas. 

Foi da Vontade Divina que nossos encontros promovessem em nós variados tipos de reações. Existem aqueles que se encontram para um café, uma rodada de negócios, uma ida ao campo de futebol ou a uma quadra esportiva bem como aos torneios acadêmicos, visando justos aparelhamentos. Há os que se encontram para um bate papo festivo, numa daquelas tardes após os compromissos formais. Existem os encontros solenes nos quais as pessoas se vestem se penteiam se perfumam. Encontros... Despedidas... Aprendizagens. E há o encontro que promove a benção do relacionamento íntimo, num daqueles momentos que, a sós, um se entrega ao outro de corpo e alma. Aí o bem. Aí o mal. Como me entrego, como me dou? O que recebo nessa entrega? Quais frutos colherei por ela? 

Este o instante capital da nossa reflexão porque muitos dizem ali a fatídica e exuberante frase: eu te amo! Ama mesmo? Sabe mesmo o que seja o amor? Há entre ambos uma história profunda que sustente o “Eu te amo!”? Analisemos palavra por palavra: 

Eu – Vem do meu interior. Qual eu estou referindo? O meu ser verdadeiro, profundo, self? Ou o meu ego inferior cheio de verdades próprias, interesses próprios, demonstrando o egoísta e o orgulhoso que ainda sou? Cheio de vaidades, ciúmes, personalismos e aglutinador, concha escura porque fechada? Ah este eu! Como necessita ser pesquisado! Eu que agora lhe falo pode não ser o eu de amanhã ou de depois de amanhã e se você acreditar nesse eu de agora pode até sofrer no futuro e eu não me importarei, porque eu decido quando e como. Este eu não se interessa pelo outro. Decide e faz. Eu! Como ainda é frágil na maioria dos amantes! O eu verdadeiro quase nada diz. Mostra-se e convence porque brilha e  liberta o ser amado. 

Te – Agora me refiro ao outro, ao que está próximo de mim. Pode ser um outro pronto para aquele instante, pequenos momentos, pouco tempo. Um outro que me seduz com suas peripécias sedutoras, com suas impertinências masculinas ou femininas, com suas belezas fugazes que envelhecem no transcurso dos dias. O outro que satisfaz o meu corpo, mas está longe de satisfazer meu espírito. O outro que me encanta por bem representar-me entre meus pares. Mas, o outro que deixarei se meus pares fúteis ou presunçosos acharem que ele ou ela não faz par perfeito comigo. O outro no qual não desejo fincar raízes, apenas saborear a pequena taça do vinho perigoso do sexo sem compromissos. O outro que levo para o motel e depois para sua casa. O outro com qual me deito e me levanto e vou e não volto ou tardo a voltar. O outro objeto sem apreço maior, apenas um deleite, um nome a mais no meu caderno de relacionamentos. 

Eu te... Self por Self? Ego inferior por Ego inferior? Self por Ego inferior? São os relacionamentos que se vê no mundo. Como entro neste jogo, nesta rede? A quem eu digo: Eu te Amo? É sempre válido lembrar que o outro é meu irmão, minha irmã e que nosso Pai comum nos observa porque estamos mergulhados Nele. Se estou mentindo na relação estou praticando a injúria da mentira dentro do Pai, dele ou dela. Grave isto não é? Qual pai gosta de ver seu filho ou filha serem enganados? E qual pai sentiria feliz vendo seus filhos se enganarem mutuamente? Mas, é assim que acontece. Se há mentira, estamos pregando a maldade na imanência de Deus. O mais grave de tudo é que a mentira gera energia que vai para dentro do outro, mas também de mim. Energia forte, contundente que exige direções. E para onde vai essa energia? Para o Deus em mim ou para o Ego inferior que ainda posso ser? Como Deus não aceita mentiras, então vai para o meu Ego inferior, potencializando-o para novas investidas neste campo inglório e falso. 

Amo – Significa um estado, uma ação, uma sentença. A espiritualidade nos diz que Deus é amor. Então quando dizemos que amamos estamos evocando Deus. Ao invocá-LO qual diálogo estabeleceremos com Ele? O diálogo da verdade ou o da mentirinha? Mentirinhas são atitudes próprias da infância. O infantil acha que não vai ser pego em suas traquinagens por isso mente. Não se sente forte para sustentar suas brincadeiras, por isso mente. O infantil ainda engatinha. A mentira sustenta o faz de conta. Deus não faz de conta. Ele faz! Daí que amar é algo superior, infinitamente mais do que ainda somos, mas que nos aguarda num ponto qualquer da nossa consciência latente. Se digo que amo, digo que gosto do amor e se gosto do amor não devo conspurcar-lhe os atributos divinos que traz em si. Daí que: eu te amo, significa muito mais que o balbuciar irrefletido de uma frase que traz em sua essência o eu, você e Deus! 

Há um estudo no campo dos relacionamentos que bem define tudo isto. Segundo a teoria existem quatro tipos básicos de relacionamentos: 

Mentira Amor – Aquele que utilizo quando quero proteger alguém que é do meu mais íntimo afeto. Por exemplo: meu filho é péssimo aluno e a professora o repreende. Ele chora e eu lhe digo: - Liga não. Ela quer perseguir você! – Mentira. Mentira pura, mas falo para protegê-lo das suas angústias, alimentando suas péssimas qualidades de aluno, postergando seus justos crescimentos. 

Mentira Ódio – Este relacionamento é terrível, maldoso mesmo e pode até destruir alguém. É quando invento uma mentira para prejudicar alguém porque desejo seu posto ou uma vingança. 

Verdade Ódio – Utilizo quando algum desafeto meu comete um erro e eu o exponho a todos, impiedosamente para constrangê-lo e identifica-lo com incompetente. 

Verdade Amor – Este sim o ideal relacionamento. Se alguém erra, converso fraternalmente, enaltecendo pontos positivos que encontro em seus atos. Isto, a sós, indicando seu erro e oferecendo-me para ajudá-lo. 

O amor em níveis superiores é o alimento das almas. É fonte onde os filhos de Deus buscam energias para prosseguirem em seus avanços. O amor nesses estágios consolida na alma a certeza da sua absoluta filiação ao Criador. Promana da energia cósmica universal. Expande-se em todos os lugares e vibra na frequência ideal da harmonia. Aqueles que atingem tal estágio jamais sentirão angústias, depressões, vazios existências como também jamais sentirão medos ou culpas. O self expandido procurar identificar-se com Deus para uma vivência harmônica e pacificada. É bom lembrar que viver em paz significa agir intensamente. E aquela ação intensa será cadenciada pela batuta da libertação espiritual que atingirá a todos tornando-os co-criadores com O Pai Supremo. 

Eu te amo, significa: eu te respeito te admiro te protejo. Permito-te espaços. Permito-te avanços. Nesta relação não há o ciúme destruidor porque não há a posse. Não existirá a relação extremamente passional porque ela só acontece quando a dependência de uma alma por outra torna-se cristalizada, simbiótica. Jesus nos aconselhou a “amar ao próximo como a nós mesmos”. Assim, na mesma intensidade que amo o outro devo amar-me em contrapartida. Amando-me também me respeito, me admiro e me protejo e me concedo espaços para expandir. A relação torna-se de alto teor espiritual e as almas se beneficiam. Nesse estágio não existem as traições. Pois aquele que trai ao outro, antes trai a si mesmo. O ato de trair alguém é apenas a exteriorização do traidor que sou de mim. O traidor trai o seu próprio self que acredita nele para expandir-se, tornando-o apto à evolução consciente. 

- Eu te amo na mesma proporção que eu me amo. Peço a você que faça o mesmo.  

Esta deve ser a frase, o acordo entre os casais, entre os pares sociais. É necessário que nos tornemos eficientes condutores dessa energia sublime que denominamos por amor. Seus feixes de fótons em alta frequência ao passarem por nós vitalizam nossos corpos físicos e nossas antecâmaras espirituais. Isto é bom, salutar e enobrecedor. E somente nesse instante eu posso dizer que amo outro ser, pois que divido com ele a premissa da verdade. 

“Amai-vos uns aos outros, como eu vos amei”, disse o Mestre Jesus. E sabemos que Ele nos permite experimentar, crescer, evoluir em Sua Divina Presença. Não nos cobra absoluta fidelidade, aguarda que cresçamos o suficiente para entendermos nossas necessidades de sermos fiéis em tudo. Multiplica nossos talentos todas as vezes que os apresentamos a Ele. Dá-nos de beber da água viva, todas as vezes que, sedentos, buscamos Sua fonte. Cura nossas chagas, abre-nos os olhos, endireita nossos passos e ressuscita-nos quando nos jogamos nas covas fundas, absorvidos pelas torpezas mundanas. Convida-nos a levantar e seguir adiante. Aplaca as tempestades que nos assaltam em nossas travessias difíceis. Segue conosco em nossos vales e canta à beira mar, canções que embalam e conduzem. Assim fazendo, ensina-nos como praticar o amor junto a nós, ao outro ou outros seres que estão postos ao nosso lado por Deus. 

Dizer: Eu te amo é mais profundo que se pensa. É abrir-se, é acolher, é confortar, consolidar o afeto proposto. As vinculações energéticas que um ser estabelece com outro num relacionamento íntimo são tão intensas e penetrantes que somente os atos responsáveis a seguir, pela consolidação do relacionamento, podem compensá-las gerando o bem que se deseja. Caso contrário acumulam-se, gerando enfermidades hoje ou amanhã. Quando mais intensos os momentos vividos, maiores as resultantes para o bem ou para o mal. Desta forma é bom caminhar com cuidado nesse intrincado campo da intimidade alheia. 

Fica, pois, para nós a eterna frase: Eu te amo! Bom de dizer, mas que deve ser dita com a verdade que dimana do mais fundo do seu emissor. Quando digo: Eu te amo, onde quero chegar? Em qual porto desejo ancorar? O que trago para ofertar, após minha confissão do amor? A indiferença, a irresponsabilidade ou a pureza dos meus sentimentos mais caros? Como a espiritualidade viverá comigo o momento daquela confissão que faço? Será que se emocionarão ou me indicarão os caminhos da dignidade que, naquele momento, não estou utilizando? Sou criança ou sou adulto? Estou brincando ou falando sério? Mas, acima de tudo, fica a placa de advertência:

Na dúvida, não diga: Eu te amo. Cuidado – com o amor não se brinca. 


 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita