Casa Espírita Amazonas
Hércules: há 28 anos a
serviço do próximo
A instituição atua desde
1985 em Jacarepaguá-RJ,
às
margens
do Canal do Anil
Às margens do Canal do
Anil, em Jacarepaguá,
segue desde 1985 a Casa
Espírita Amazonas
Hércules, atendendo
materialmente e
espiritualmente aquela
comunidade
“Como se vê, sofre os
meus, sofre os teus,
cuidemos deles são todos
filhos de Deus.”
Embalado por essa canção
e por tantas outras, nos
idos de 1990, as minhas
manhãs de domingo eram
presenteadas pelo
trabalho do Canal do
Anil, na então “Casa
Espírita Filhos de
Deus”, um casebre
simples à beira de um
rio já maltratado pela
ação do homem, que
surgia após quase dois
quilômetros de caminhada
em uma estrada de barro
ladeada por palafitas
simples.
Ali trabalhei integrado
à Mocidade Mariana do
Centro Espírita de
Jacarepaguá, a “Casa de
Agostinho”, na
evangelização de jovens
e crianças da
comunidade, alternando o
evangelho a aulas de
higiene, tudo com muita
música e fraternidade.
Inspirados pelo exemplo
de nossos dirigentes,
Moacyr e Isabel
Cristina (Isabig), essa
experiência tão marcante
me levou a escrever, dez
anos depois, o livro
“Alegria de Servir”,
publicado pela editora
da FEB, que apresenta em
uma breve historieta a
importância da
realização do trabalho
social pelo jovem.
Já contextualizados do
meu envolvimento com a
casa e com a causa,
vamos conhecer junto um
pouco o trabalho e a
história da Casa
Espírita Amazonas
Hércules. O nome da casa
se deve ao seu
idealizador, o
companheiro Amazonas
Hércules, um herói das
lutas espíritas no
hospital de hanseníase
do Curupaiti, situado
também em Jacarepaguá, à
frente de outra
instituição de nome
similar, o Centro
Espírita Filhos de Deus.
Como era o trabalho nos
primeiros anos
– Fundada em 13/5/1985
com o nome de “Casa
Espírita Filhos de Deus”
por um grupo de pessoas
abnegadas da região de
Jacarepaguá, no Rio de
Janeiro, o trabalho à
beira do Canal do Anil
consistia na palestra,
na evangelização e na
ação social no sábado à
tarde, culminando com a
famosa peregrinação, na
qual os tarefeiros,
destacando-se entre
outros os amigos Vitor,
Sérgio, Alípio e a Tia
Terezinha, visitavam as
casas com seu
inseparável violão,
oferecendo a palavra
amiga e a oração, dentro
daquela comunidade tão
carente.
Nos meados de 1990, os
dirigentes da Mocidade
Mariana (já citados) do
Centro Espírita de
Jacarepaguá perceberam a
necessidade de iniciar a
vivência da prática da
caridade entre os
jovens. Moacyr, um dos
dirigentes, trouxe a sua
experiência com jovens
no trabalho realizado em
Rezende-RJ com os alunos
da Academia Militar das
Agulhas Negras (AMAN) e
iniciou-se ali, de forma
ousada e inovadora, um
trabalho no domingo de
manhã; e, após o
trabalho, seguiam todos
para o estudo na
juventude, em uma
fraterna caminhada
ensolarada pelos quase
dois quilômetros da
Avenida Canal do Anil
até o ponto do ônibus.
Inicialmente, o objetivo
desse trabalho
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Canal do Anil em 2009 |
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Festa de Natal na CEAH |
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Estudos na CEAH |
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Mocidade da CEAH |
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Canal do Anil no domingo de manhã |
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realizado
pela
juventude
era
despertar
os laços
de
carinho
pelas
crianças,
trabalhar
o nosso
coração.
Não
havia
planejamento,
nós
fazíamos
simplesmente
a
recreação
com
música e
brincadeiras.
Com o
passar
do
tempo,
os laços
se
estreitaram
e surgiu
a
necessidade
de
iniciar
atividades
com
planejamento
e foco
na
Doutrina
Espírita.
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Devido ao fato de a Casa
ser um barracão de
madeira que não
comportava todas as
turminhas, as atividades
eram realizadas na
calçada, ao ar livre,
ou ainda nas casas das
crianças.
A Casa
Espírita Amazonas
Hércules hoje
– O trabalho foi
amadurecendo, os
trabalhadores também, e
em 2007 aconteceu a
união com as atividades
que eram também
realizadas aos sábados,
integrando e
fortalecendo aquela que
deixava de ser apenas um
posto avançado do Centro
Espírita Filhos de Deus
(Hospital do Curupaiti),
para se tornar realmente
uma casa espírita
autônoma, incrustada
naquela comunidade.
As carências de
estrutura representam um
capítulo à parte na
história da Casa. A
despeito das enchentes
frequentes, em 1998
iniciou-se a construção
de uma sede de
alvenaria, que veio a
ceder em 2000, como uma
prova da resistência e
fé dos trabalhadores.
Posteriormente em 2002,
no terreno ao lado do
que cedeu, iniciou-se a
construção da sede que
está em uso atualmente,
concluída em 2010. Com o
desencarne de Amazonas
Hércules, a casa recebe
seu nome em uma justa e
fraterna homenagem.
A Casa hoje funciona com
ações sociais de cestas
básicas e bazar, além da
evangelização
infantojuvenil (com
atendimento fraterno),
alfabetização de
adultos, reunião de
estudo doutrinário e de
mediunidade, culto no
lar e peregrinação,
tendo cerca de 150
frequentadores, entre
adultos e crianças.
Curiosamente, muitas
daquelas crianças da
década de 1990, e que
eram alunos, hoje
trabalham na casa e
trazem seus filhos. Da
mesma forma, alguns
daqueles jovens da
Mocidade Mariana se
tornaram adultos
atuantes no trabalho.
Mais do que uma casa
espírita em uma
comunidade materialmente
carente, a Casa Espírita
Amazonas Hércules
representa o enlace de
Espíritos no trabalho no
bem, no amadurecimento
na seara do Cristo. Uma
geração ali cresceu e a
comunidade entendeu que
ali era mais do que um
local de distribuição de
cestas, e sim um espaço
de emancipação na
questão espiritual e de
entendimento das
questões da vida por
outro prisma.
A Casa cresceu com a
própria comunidade
– Da mesma forma, de
maneira emblemática, o
trabalho no Canal do
Anil representa o
resgate do trabalho de
cunho social na seara
espírita, em baixa
cotação nos dias de hoje
e que nos permite, com
sua dimensão, mexer no
nosso coração diante da
dor material do próximo,
em um exercício de
caridade que nos
amadurece para a vida
mais além.
Apresentou esse trabalho
também, a despeito do
medo e das críticas, a
necessidade de o jovem
mergulhar de forma
autônoma e protagonista
na seara do bem,
forjando em seu caráter
aquele espírita
amadurecido que
promoverá outros
trabalhos na fase
adulta. Como diziam os
dirigentes da Mocidade
Mariana, se não
rompermos essas
dificuldades do trabalho
no bem como jovens, como
adulto o verniz e o
papel social tornarão
esse desafio muito mais
complexo.
Além disso, a casa que
cresceu com a comunidade
(que se potencializou em
função das ações da
competição do Pan no Rio
de Janeiro) representa
um espaço de estudo e de
trabalho no campo da
espiritualidade daquelas
pessoas, sendo um
exemplo de iluminação,
de respeito às
peculiaridades do local
e, ainda, de valorização
das atividades
educativas.
Reproduzindo as palavras
do próprio Amazonas,
saudoso companheiro,
sobre o trabalho no
Canal do Anil: “Reflitamos
sobre a grande
importância de cada
trabalhador que aqui
atua... O compromisso já
existe e é preciso que
vocês, ferramentas de
trabalho, estejam
atentos aos chamados.
Contamos com a
colaboração de cada um
de vocês. Cada um aqui é
um ponto de amor, de
esperança e de luz”. Essas
palavras nos remetem à
existência de grande
seara invisível às
nossas mentes, ocupadas
com coisas inúteis.
Entretanto, a soma
desses trabalhos, como
pontos de luz, é que
fazem do nosso céu
estrelado, a guiar-nos
pelas estradas da
encarnação.
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