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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 324 - 11 de Agosto de 2013

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 
 


Silogismo  &  Maiêutica

Jesus revelou que o Reino dos Céus está dentro de nós,
e não vem com aparências exteriores

“As vicissitudes da vida derivam de uma causa e, pois que Deus é justo, justa há de ser essa causa.” Allan Kardec[1]

O silogismo e a maiêutica nos permitem traçar uma linha reta que se estende de Sócrates a Kardec, passando por Jesus.  Tais os dois excelentes recursos didáticos utilizados por todos eles, a fim de nos facilitarem as conclusões lógicas, deduzidas de forma insofismável das mais transcendentes questões, partindo de premissas familiares com destino ao que nos era desconhecido, através de inferências induzidas.

Em Filosofia chamamos “inferência” ao processo pelo qual chegamos a uma conclusão.

Tanto Sócrates como Jesus e Kardec induziam a inferência, que desaguava sempre no delta da lógica, embora com isso, bastas vezes, tivessem sérios problemas, visto que muitas criaturas preferiam continuar enroladas em seus aconchegantes lençóis de ignorância e hibernando no catre macio da acomodação.

Paul Valéry, poeta e ensaísta francês, afirma que “não é a cicuta, senão o silogismo que matou Sócrates”.

Silogismo, cujo significado é “ligação”, é um neologismo criado por Aristóteles para nomear o que podemos entender como “dedução lógica”. É a ligação de dois termos por meio de um terceiro.  Vamos exemplificar: Quando afirmamos que X = Y e Y = Z, não há como deduzir que X é diferente de Z.  Há um termo médio “Y”, que estabelece a ligação entre X e Z, de modo que a conclusão se torna necessária, ou seja, tem de ser esta e não outra.

Parafraseando Valéry, podemos afirmar que não foi a cruz, mas sim a sombra do inconsciente coletivo de então, representada pela hipocrisia farisaica em estreito corrilho com os interesses subalternos da casta sacerdotal de Seu tempo, que matou Jesus, vez que as informações da Vida Mais Alta que Ele esparzia, gerava imensos conflitos na terra sáfara daqueles corações empedernidos.  Evidentemente o apoucamento mental e a obtusidade moral de que eram portadores não lhes permitiam “metabolizar” as Suas aspirações de Beleza e Espiritualidade, das quais aqueles hedonistas estavam diametralmente distanciados.

Maiêutica, segundo o dicionário Aurélio, é o processo dialético e pedagógico socrático em que se multiplicam as perguntas a fim de obter, por indução dos casos particulares e concretos, um conceito geral do objeto em questão.

Santo Agostinho[2]“maieuticamente” – nos aconselha a formular de nós para conosco mesmos, questões nítidas e precisas sem temer multiplicá-las, a fim de encontrarmos a fórmula da felicidade, uma vez que nós nos esquecemos de que Jesus nos deu, há dois mil anos a receita da felicidade[3] que é “fazer aos outros tudo o que desejaríamos que os outros nos fizessem”.

Segundo Joanna de Ângelis[4], “(...) Os infortúnios ocultos encontram-se em todos os seres humanos, sem qualquer exceção. Dissimulados, escondidos, ignorados, eles são as presenças-apelos da vida para o crescimento interior, ao esforço para alcançar os patamares da paz e da alegria perfeita”.  

Portanto, o que não pode acontecer, é permitirmos que nossas limitações interiores nos impeçam de lograr tal desiderato e muito menos revoltarmo-nos contra quem ou que nos venha despertar para a realidade espiritual. Hoje, tal como ontem, o homem ainda não permite que o seu lado sombra ceda lugar à síntese do conhecimento libertador que o conscientiza de sua realidade espiritual e de seus deveres com relação a si mesmo, ao próximo e à vida.

Completa Joanna de Ângelis4: “(...) O homem moderno necessita ouvir Jesus com os olhos; sentir os exemplos que ressumam da Sua história e que estão ressuscitados nos Seus seguidores que procuram fazer conforme Ele realizava na direção do alvo essencial, que é a libertação das paixões constritoras que remanescem no egotismo da natureza animal, transformando-se em realidade espiritual”.

Na explicação da referida questão2, Allan Kardec aduz:

“(...) A forma interrogativa tem alguma coisa de mais preciso do que qualquer máxima, que muitas vezes deixamos de aplicar a nós mesmos. Aquela exige respostas categóricas, por um sim ou um não, que não abrem lugar para qualquer alternativa e que são outros tantos argumentos pessoais. E, pela soma que derem as respostas, poderemos computar a soma de bem ou de mal que existe em nós”.

Concluímos, então, que motivos muito expressivos e ponderados levaram Sócrates, Jesus e Kardec a adotar semelhante didática, na qual tanto a maiêutica como o silogismo desempenharam importante papel, vez que tais recursos pedagógicos nos permitem montar, com muita tranquilidade e segurança, a equação do raciocínio de tal forma que fica fácil a qualquer criatura concluir com lógica, partindo de premissas conhecidas.

Frente à desventurada mulher flagrada em adultério[5], e diante da multidão que exigia o cumprimento da draconiana legislação moisaica que previa pena de morte por apedrejamento em tais casos, Jesus mandou que arremessasse a primeira pedra aquele que estivesse isento de débitos conscienciais. Com isso, Ele acendeu o “estopim” do raciocínio na massa ignara, e o poviléu esvaziou a praça, ficando apenas Ele e a mulher...

Foi como se Ele tivesse dito assim: “Se os adúlteros precisam morrer apedrejados, por que estou vendo aqui tantos adúlteros vivos?” Os “justiceiros” entenderam a mensagem e cada um deles se recolheu à própria insignificância e indigência espiritual.

Quando um doutor da lei Lhe pergunta[6] o que devia fazer para merecer entrar no Reino de Deus, Jesus lança-lhe duas perguntas (maiêutica): “O que está escrito na Lei? Como lês?”. Como se tratasse de um doutor da lei, é evidente que ele já possuía as premissas, e ao concluir a Parábola do Bom Samaritano, lá vem outra pergunta de Jesus para o doutor: “Qual, pois, destes três te parece que foi o próximo daquele que caiu nas mãos dos salteadores?”.  Através da maiêutica, Jesus armou o silogismo na cabeça do doutor que respondeu com lógica: “O que usou de misericórdia para com ele”.

Não havia como concluir de outra maneira... Isto é o que podemos chamar de silogismo em estreita interação com a maiêutica. Disso a Codificação Espírita está repleta. Por isso mesmo é que ao tomarmos conhecimento dos princípios espiritistas exarados no Monolítico Pentateuco Kardequiano, não nos resta outra alternativa senão dizer: Assim Seja!... 

Jesus nos revelou que o Reino dos Céus está dentro de nós, e não vem com aparências exteriores. Então, já temos as premissas e o silogismo se completa quando, descobrindo este Reino, encontramos a felicidade. E se ainda não a encontramos foi por causa de nossa incapacidade de crer no axioma em epígrafe, pois se Deus é nosso Pai, e Ele é Justo, se sofremos é porque existe justiça e necessidade nisso, significando alforria próxima. E com essa perspectiva já podemos colorir com tintas mais suaves nossos futuros proscênios existenciais, quando, ultrapassando a porta estreita, lograrmos acesso às muitas e felizes Moradas da Casa do Pai, nas quais a felicidade sem mescla e a perfeição relativas são realidades imarcescíveis e, não, meras utopias.       

 

[1] - KARDEC, Allan. O Evangelho seg. o Espiritismo. 125. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, cap. V, item 3.

[2] - KARDEC, Allan. O Livro dos Espíritos. 88. ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2006, q. 909a, § 5º.

[3] - XAVIER, Francisco Cândido. Jesus no Lar. 28. ed. Rio [de janeiro]: FEB, 2001, cap. 19.

[4] - FRANCO, Divaldo. Jesus e o Evangelho à Luz da Psicologia Profunda. Salvador: LEAL, 2000, p. 115.

[5] - João, 8:7.

[6] - Lucas, 10:25 a 37.


 


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