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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 324 - 11 de Agosto de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 49)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Verifica-se entre os Espíritos – que Myers chama de homens desencarnados – a mesma evolução que ocorre entre os encarnados?

Sim. Nossa suposição é que, enquanto os homens encarnados evoluíram do estado selvagem ao civilizado, os homens desencarnados fizeram o mesmo. Certamente eles se tornaram mais capazes e ansiosos de servir-se, nas suas comunicações com a Terra, das leis que presidem as relações entre o mundo material e o espiritual. (A Personalidade Humana. Capítulo X – Conclusão.)

B. Os fenômenos transcendentais são antigos como o homem?

Parece que sim. Sempre devem ter existido pontos de contato em que as coisas invisíveis se chocassem com as visíveis. Sempre houve “migrações clarividentes”, durante as quais o espírito do feiticeiro ou do bruxo distinguia coisas distantes da terra pelo poder incursivo do espírito. Sempre existiram aparições no momento da morte, efeitos conscientes ou inconscientes do choque que separa a alma do corpo e sempre houve assombrações quando o espírito já desencarnado voltava a ver, num sonho perceptível a outros, as cenas a que assistira antes. Com base nesses fenômenos desenvolveram-se a religião das adivinhações, antes, e depois a religião cristã. As oferendas em ouro de Creso ao oráculo de Delfos nos proporcionam, a favor da clarividência de Pítias, o único testemunho que podemos esperar de uma tradição que nos vem dos primórdios da história. (Obra citada. Capítulo X – Conclusão.)

C. A fé é suficiente para dirimir os grandes paradoxos da vida?

Não. Enquanto o pessimista pensa que os seres sensíveis são um erro no sistema das coisas, o egoísta age concorde com a máxima de que o universo carece de significação moral e que cada um por si “é a única lei indiscutível”. “O mundo, dizem alguns, é uma residência imperfeita e nosso dever é fazer o possível para melhorá-la. Mas o que é que nos impele a sentir um entusiasmo religioso por um universo no qual um único ser esteja condenado pela sua sensibilidade às dores inevitáveis?” A resposta a esses escrúpulos morais não pode ser ditada apenas pela fé. Se, com efeito, soubéssemos que nada existe além da vida terrestre, seria, de nossa parte, uma fraude moral atribuir o poder e a bondade à primeira causa, pessoal ou impessoal, de semelhante destino. Mas se acreditamos na existência de uma vida infinita, com infinitas possibilidades de aprimoramento humano e de justificação divina, então parece exato afirmar que o universo é ou perfeitamente bom, ou em via de sê-lo, pois pode transformar-se, em parte, graças ao ardor de nossa fé e de nossa esperança. (Obra citada. Esboço provisório de uma síntese religiosa.)

Texto para leitura

1187. O amor, que, segundo a definição de Sófocles, impulsiona “as bestas, os homens e os deuses” com idêntica força, não é o efeito de um impulso carnal ou de um capricho emocional. Pode-se, agora, melhor definir o amor, como fizemos com o gênio, em termos que lhe dão um novo sentido, mas relacionando com os fenômenos que descrevemos. O gênio é uma espécie de clarividência exaltada, mas não desenvolvida.

1188. A invasão subliminar que inspira o poeta ou o músico dá-lhes uma profunda percepção, porém vaga, desse mundo invisível, no qual o vidente ou o médium lança um olhar mais restrito, porém mais exato. Da mesma forma, o amor é uma espécie de telepatia exaltada, mas não especializada, a expressão mais simples e universal dessa soberania dos espíritos, que são o fundamento da lei da telepatia.

1189. Essa é a resposta ao medo de outros tempos. O medo tornou a sociabilidade do homem uma coisa exterior e a solidão uma coisa interior; fez-nos considerar os laços que nos unem a nossos semelhantes como resultado da luta pela existência, como gerados pelas necessidades do poder e coesão gregárias; e temia-se que o amor e a virtude desaparecessem como haviam nascido.

1190. Essa é a resposta aos que temem que pela separação dos centros da consciência estejamos condenados a ser sempre estranhos, quando não hostis, uns aos outros, que as uniões e as sociedades sempre sejam interesseiras e ilusórias e o amor um armistício momentâneo no curso de uma guerra infinita e inevitável.

1191. Esse medo desaparece desde que admitamos estarmos unidos pela alma aos nossos semelhantes, que o corpo separa, mesmo quando pareça unir, de sorte que “jamais o homem vive ou morre só”, senão que, num sentido mais amplo que o da metáfora, “todos somos membros uns dos outros”. Como os átomos, como os sóis, como as vias-lácteas, nossos espíritos são sistemas de forças que vibram continuamente sob a dependência mútua de suas forças atrativas.

1192. Tudo isso está apenas esboçado; são os primeiros contornos de um esquema de pensamento que demorará séculos para se desenvolver. Mas podemos supor que, quando o conceito do vínculo existente entre as almas tenha se enraizado, os homens desejarão voltar ao antigo egoísmo, ao antigo estado de beligerância? Não verão que esse conhecimento que alarga o mundo é, por sua vez, antigo e novo, que die Geisterwelt ist nicht verschlossen? Que as revelações desse gênero sempre existiram, mas que agora adquirem para nós um sentido mais amplo, graças à ciência mais exata dos que as enviam e dos que as recebem?

1193. Temos aqui, seguramente, um conceito mais amplo e exato do que todos os conhecidos, desta “educação religiosa do mundo”, sobre a qual os teólogos gostavam de insistir. Não temos necessidade nem de “intervenção sobrenatural”, nem de “plano de redenção”. Apenas temos que admitir que o mesmo processo expresso em nossos dias sempre se manifestou neste e no outro mundo.

1194. Suponhamos que, enquanto os homens encarnados evoluíram do estado selvagem ao civilizado, os homens desencarnados fizeram o mesmo. Suponhamos que se tornaram mais capazes e ansiosos de servir-se, nas suas comunicações com a Terra, das leis que presidem as relações entre o mundo material e o espiritual.

1195. De acordo com esta hipótese, os fenômenos automáticos que se produzissem não seriam intencionalmente modificados pelo poder espiritual. Sempre devem ter existido pontos de contato em que as coisas invisíveis se chocassem com as visíveis. Sempre houve “migrações clarividentes”, durante as quais o espírito do feiticeiro ou do bruxo distinguia coisas distantes da terra pelo poder incursivo do espírito. Sempre existiram aparições no momento da morte, efeitos conscientes ou inconscientes do choque que separa a alma do corpo e sempre houve assombrações quando o espírito já desencarnado voltava a ver, num sonho perceptível a outros, as cenas a que assistira antes.

1196. Com base nesses fenômenos desenvolveram-se (para não falar na Europa civilizada) a religião das adivinhações, antes, e depois a religião cristã. As oferendas em ouro de Creso ao oráculo de Delfos nos proporcionam, a favor da clarividência de Pítias, o único testemunho que podemos esperar de uma tradição que nos vem dos primórdios da história.

1197. Não compreenderemos melhor o caráter único e a realidade da revelação cristã, considerando-a como o grau culminante de uma evolução mais do que como uma exceção, como sendo chamada não para destruir a lei cósmica, senão para completar a sua efetivação?

1198. Pela primeira vez na história humana chegou do mundo invisível uma mensagem almejada por todos os corações, uma mensagem que satisfazia às necessidades fundamentais não só desta época, mas das que a seguem. Intelectualmente essa mensagem não podia satisfazer todas as épocas vindouras, em função da evolução do conhecimento e do poder que devia realizar-se quer do lado dos espíritos encarnados, quer dos desencarnados.

1199. Ninguém, no momento da revelação, suspeitava dessa uniformidade, dessa continuidade do Universo que uma longa experiência quase transformou num axioma. Ninguém poderia prever o dia em que a busca de um milagre se transformasse na busca de uma lei superior.

1200. Essa nova orientação científica não constitui, a meu ver, privilégio exclusivo dos habitantes terrestres. O mundo espiritual, como creio ter demonstrado, apresenta manifestações dessa mesma índole. Mas essas manifestações se produzem e devem produzir-se de acordo com o esquema da evolução normal. Devem repousar na educação, na separação do que entre os mortais constitui parte do invisível e participa do mundo imortal.

1201. O processo deve ser rápido e contínuo de ambos os lados. Achamo-nos na presença não de alguns acontecimentos isolados no passado (suscetíveis de ser interpretados de uma ou de outra forma, mas nunca renováveis), mas de um estado de coisas real e que se confunde com o mundo, que reconhecemos com uma clareza crescente de ano para ano, e que se volta numa direção cada vez mais previsível. Esse novo aspecto das coisas tem necessidade de uma nova generalização, de uma nova disposição; mostra-nos a possibilidade de uma síntese provisória da fé religiosa que constituirá a verdadeira conclusão desta obra.

1202. Esboço provisório de uma síntese religiosa – Tenho motivos para esperar que não estejamos longe de uma síntese religiosa que, apesar de seu caráter provisório e rudimentar, acabará estando mais relacionada com as necessidades racionais do homem do que qualquer das que a precederam. Esta síntese não pode ser obtida nem graças ao mero domínio de uma das religiões existentes, nem pelo processo de sincretismo ou de ecletismo.

1203. A condição prévia, necessária à sua existência, consiste na real aquisição, quer com o auxílio das descobertas, quer em consequência de revelações, de novos conhecimentos, utilizados de modo que todas as principais formas de pensamento religioso possam, através de uma expansão e um desenvolvimento harmonioso, formar simples elementos constitutivos de um todo mais compreensível. E acredito que, até o presente, adquirimos conhecimentos suficientes para me permitirem submeter aos leitores as consequências religiosas que, a meu ver, deles decorrem.

1204. Por isso o nosso conceito de religião deve ser ao mesmo tempo profundo e claro, conforme a definição que demos e que é a de uma resposta normal e sadia do espírito humano a tudo que conhecemos da lei cósmica, isto é, a todos os fenômenos conhecidos do universo, considerados como um todo inteligível.

1205. Contudo, a resposta subjetiva da maioria dos homens a tudo o que os rodeia cai, com frequência, sob o nível do verdadeiro pensamento religioso: espraia-se em desejos, aprisiona-se nos ressentimentos ou se deforma pelos medos supersticiosos. Não é, pois, desses homens que falo, senão daqueles a quem o grande espetáculo inspirou uma vaga tendência à fonte de todas as coisas, em direção às quais o conhecimento gerou a meditação e os desejos elevados.

1206. Queria ver a ciência, depurada pela filosofia, transformar-se em seguida pela religião numa chama abrasadora; porque, na minha opinião, nunca seríamos demasiadamente religiosos. Desejo que o universo que nos circunda e nos atravessa, sua energia, sua vida, seu amor, ilumine em nós, na medida em que nos submetamos a ele, o que atribuímos à alma universal ao dizer: “Deus é amor”, “Deus é a luz”.

1207. A energia inesgotável da benevolência onisciente que reside na alma universal deve transformar-se em nós numa adoração e numa colaboração entusiástica, numa obediência ardente ao que nossos melhores esforços nos permitem distinguir como o princípio regulador, em nós e fora de nós.

1208. Se, porém, tivermos da religião um ideal tão alto, elevando-a por sobre a cega obediência e o medo interesseiro, até o ponto de tornar a submissão a ela inteiramente voluntária, e de limitar suas exigências a respostas essencialmente espirituais, temos o direito de nos perguntar se é justo e razoável ser religioso, considerar com uma devoção tão completa um universo aparentemente incompleto e irresponsável em um princípio regulador que tantos ignoram ou colocam em dúvida.

1209. O pessimista é da opinião de que os seres sensíveis são um erro no sistema das coisas. O egoísta age concorde com a máxima de que o universo carece de significação moral e que cada um por si “é a única lei indiscutível”.

1210. Atrevo-me a pensar que da resposta ao pessimista e ao egoísta se depreende o ideal de nossos novos conhecimentos. Persiste, é certo, uma dificuldade mais sutil, que as almas generosas sentem instintivamente. “O mundo, dizem essas pessoas, é uma residência imperfeita e nosso dever é fazer o possível para melhorá-la. Mas o que é que nos impele a sentir (e a fração mínima de nossa felicidade pessoal justifica um sentimento semelhante) um entusiasmo religioso por um universo no qual um único ser esteja condenado pela sua sensibilidade às dores inevitáveis?

1211. A resposta a esses escrúpulos morais não pode, em grande parte, ser ditada pela fé. Se, com efeito, soubéssemos que nada existe além da vida terrestre, ou (o que é pior) que esta vida só supôs infindáveis sofrimentos a uma só alma, seria, de nossa parte, uma fraude moral atribuir o poder e a bondade à primeira causa, pessoal ou impessoal, de semelhante destino.

1212. Mas se acreditássemos na existência de uma vida infinita, com infinitas possibilidades de aprimoramento humano e de justificação divina, então parece exato afirmar que o universo é (de um modo que nos escapa) ou perfeitamente bom, ou em via de sê-lo, pois pode transformar-se, em parte, graças ao ardor de nossa fé e de nossa esperança.

1213. Nada mais faço do que mencionar estas dificuldades do início; e não insistirei sobre elas. Falo aos homens decididos, em virtude de seu instinto ou de sua razão, a serem religiosos, a aproximarem-se com uma veneração devota a um Poder e a um Amor infinitos. Nosso desejo é, simplesmente, encontrar o meio menos indigno de pensar em coisas que, necessariamente, estão além de nosso pensamento finito. (Continua no próximo número.) 




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita