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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 324 - 11 de Agosto de 2013

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 


Lento aprendizado


Recentemente compareci à missa de 7º dia do marido de uma querida confreira. Fazia bastante tempo que não pisava numa igreja. Era uma bela manhã de domingo e chamou-me à atenção a azáfama que antecedeu o culto e a predominância de pessoas da terceira idade ali presentes. Momentos antes do culto propriamente dito, um senhor de aparência muito distinta citou o nome do falecido e de outra pessoa para mim desconhecida, tecendo rápidos encômios à figura de ambas como fiéis colaboradores da paróquia. Em seguida, algumas pessoas ensaiaram o canto de algumas músicas religiosas – nesse “aquecimento”, foram dirigidas por uma pessoa mais jovem que também tocava o órgão – que permearam toda a missa.

Outro senhor provavelmente septuagenário percorreu – era o padre, conforme constatei posteriormente – os corredores do modesto local e espalhou a chamada “água benta” na plateia, chegando, inclusive, a molhar uma das lentes dos meus óculos. Terminada a tarefa, dirigiu-se para uma entrada localizada à esquerda do altar. Logo depois voltou devidamente paramentado, e iniciou a missa sob cânticos e apoio dos frequentadores que ora liam uma parte ou outra do roteiro da missa. Notei que os seus comentários focaram exclusivamente na vinda do Papa Francisco que, aliás, aterrissou em terras brasileiras no dia seguinte.

Francamente, não ouvi uma prece sequer dirigida aos falecidos, o que me surpreendeu bastante, já que eu estava ali para isso e também porque um deles – eu tinha absoluta certeza – estava necessitando de tal providência. Não posso deixar de comentar que uma senhora passou sem cerimônia, em certo momento, com a indefectível caixinha recolhendo contribuições financeiras.

Chamou-me a atenção também a atitude de um assíduo e prestativo frequentador do nosso modesto centro espírita igualmente presente. Explicando melhor, fiquei embasbacado num primeiro momento – tenho que admitir – ao vê-lo se apresentar diante do prelado católico juntamente com a maioria para o recebimento da hóstia. Na verdade, escrevo essas linhas não no sentido de criticar a ele ou a minha experiência ali sorvida naquele episódio. Entendo que cada religião tem lá a sua forma de enfocar a divindade e cabe a cada um fazer a sua escolha, consoante com aquilo que lhe vai à alma, no coração e na mente que comanda tudo, afinal.

Mas o que mais me intrigou foi o fato de que Espiritismo e Catolicismo são religiões muito diferentes e, por alguma razão para mim desconhecida, esse companheiro, apesar de ouvir as palestras em nossa casa religiosa já há alguns anos, aparentemente não percebeu ainda. Buscando alinhar explicações deparei – em minhas cogitações – com o inalienável direito à liberdade de escolha de cada um – o livre-arbítrio. Lembrei-me que há pessoas que não conseguem se fixar numa coisa só (religião, no caso em questão) e, por isso, elas estão sempre à procura de “algo novo” com sofreguidão. De certa maneira, atiram para todos os lados na ânsia de aplacar, talvez, o fogo que lhes arde no íntimo.

Por mais que apelemos a elas a manter a fidelidade, mesmo que temporária – para que averíguem por si mesmas a seriedade e profundidade dos princípios expostos pelo Espiritismo –, elas simplesmente não conseguem. A propósito, temos conhecimento de determinada pessoa que vai ao centro espírita, mas que também recebe um padre para benzer-lhe a casa. Por mais que lhe falemos que obsessão só se cura pela mudança de comportamento e atitudes – tal pessoa geralmente dorme nos dias de exposição evangélica –, não conseguimos êxito. Outros há também que não escondem o colarzinho pendurado nos seus pescoços com o santinho de devoção e, às vezes, nos falam de novenas, embora assistam regularmente às palestras da nossa casa.

Mas ainda cogitando outros motivos potenciais, recordei-me de que o Espiritismo é uma religião que apela à simplicidade, à ausência de atavios e singeleza nos encontros. E muitas pessoas se sentem desconfortáveis com isso. Ou seja, associam religião a um conjunto de ritos e cânticos variados, indumentárias extravagantes, preleções abstrusas etc. Em contrapartida, a nossa verdade é a dos Espíritos, pois são eles a base de todo o conhecimento erigido. Recordei-me que cada um de nós está num estágio evolutivo. Portanto, o desenvolvimento da sensibilidade, o raciocínio atilado e o progresso espiritual são conquistas pessoais e intransferíveis, assim como obtidas por meio de árduo esforço. O aperfeiçoamento dos valores esposados é lento e só é alcançado através de muita reflexão e autocrítica.

Acorreu-me à mente que o Espiritismo é uma doutrina absolutamente precisa ao expor a nossa precária condição moral, de almas comprometidas e devedoras, bem como firme em destacar o roteiro do sofrimento como medicamento reparador. Nesse sentido, não chega a ser surpreendente que o Espiritismo ocupe ainda uma posição tão modesta no cenário religioso brasileiro. Afinal de contas, palavras como disciplina mental, conduta ética e ilibada, renúncia aos gozos mundanos, afastamento dos vícios, intensa meditação e leituras, preces constantes e sacrifícios pessoais simplesmente assustam a maioria das pessoas. Além disso, o Espiritismo não faz promessas mirabolantes e nem apela à teologia da barganha, mas aponta com clareza que cada um é o próprio autor da sua cura ou doenças. É por isso tudo que a denominação de consolador prometido lhe assenta perfeitamente. Enfim, concluí que entender e aceitar de coração todo esse rico e desafiador conteúdo leva tempo e é normal.
 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita