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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 322 - 28 de Julho de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 47)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Os Espíritos possuem um conhecimento parcial do tempo?  

Segundo Myers, sim. Eles parecem possuir um conhecimento parcial do tempo, mesmo não estando limitados por ele. E são capazes de ver, no presente, coisas que, para nós, parecem estar situadas no passado e outras que situamos no futuro. Ademais, são conscientes, ao menos em parte, dos pensamentos e emoções de seus amigos terrestres, na medida em que esses pensamentos e emoções se relacionem com eles, e isso não só quando os amigos estão na presença do médium, mas também (como G. P. mostrou mais de uma vez) quando estão em sua casa, vivendo sua vida rotineira. (A Personalidade Humana. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

B. Utilizar um cérebro estranho ao que possuía constituiria uma das dificuldades da possessão?  

Sim. Vejamos a relação do Espírito com seu próprio corpo quando encarnado. Ele se serve de um cérebro, que é, em última análise, uma disposição de matéria adaptada de forma a ser influenciada e colocada em ação por um Espírito. Enquanto recebe os impulsos do Espírito ao qual está acostumado, a ação é demasiado débil para que nos permita captar o mecanismo. Na possessão ocupamo-nos de um Espírito estranho ao cérebro, não acostumado ao instrumento em que se instala vacilante. Eis aí uma das dificuldades com que se depara. Exemplificando: na afasia assistimos a certas perturbações cerebrais. Na possessão vemos o Espírito diretor em luta contra dificuldades análogas, escrevendo ou pronunciando uma palavra inexata para substituí-la pela palavra adequada. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.) 

C. Existe relação entre o mecanismo da possessão e o do êxtase?  

Para Myers, essa relação é óbvia. Os fenômenos da possessão se encontram intimamente ligados aos do êxtase. Isto se explica se pensarmos que, desde o momento em que um Espírito exterior é suscetível de entrar num organismo, para apoderar-se dele, o Espírito interior pode, por sua vez, ser capaz de abandonar o organismo a que está habitualmente unido, mudar seu centro de percepção e de ação, ainda que de uma forma menos irrevogável do que como consequência das mudanças produzidas pela morte. O êxtase converte-se, dessa forma, simplesmente num aspecto complementar e correlativo da possessão espiritual. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

Texto para leitura 

1140. Recordemos os pontos que parecem advir das considerações que acima formulamos sobre as comunicações desse gênero. O espírito relaciona-se com uma pessoa viva, ocupando um determinado lugar, num momento determinado e constituído de certos pensamentos e emoções. Pode o espírito, em certos casos, achar a pessoa em questão e segui-la à vontade. Possui, pois, em certa medida, um conhecimento do espaço, mesmo não estando limitado pelo espaço; seu poder de orientação no espaço é, até certo ponto, para nossa vista, o que o tato é para um cego.

1141. Da mesma forma, o espírito parece possuir um conhecimento parcial do tempo, mesmo não estando limitado por ele. É capaz de ver, no presente, coisas que, para nós, parecem estar situadas no passado e outras que situamos no futuro.

1142. O espírito é, além do mais, consciente, ao menos em parte, dos pensamentos e emoções de seus amigos terrestres, na medida em que esses pensamentos e emoções se relacionem com ele, e isto não só quando o amigo está na presença do médium, mas também (como G. P. mostrou mais de uma vez) quando o amigo está na sua casa, vivendo sua vida rotineira.

1143. Admitindo, pois, para as necessidades do caso, que este é o estado normal do espírito, com relação às coisas humanas, como pode e deve proceder para estabelecer comunicação com os vivos? Mas, se conserva não só a recordação dos amores terrenos, como, também, uma consciência real de todas as emoções amorosas de que é objeto após a morte, parece provável que terá, ao menos, a vontade, o desejo, de entrar em comunicação com os vivos.

1144. Buscando então uma saída, começará por discernir algo que corresponda (segundo a expressão de G. P.) a uma luz, a um resplendor que atravesse a obscuridade confusa do mundo material. Esta “luz” nada mais é do que o médium, isto é, um organismo humano constituído de tal forma que o espírito possa, durante um certo tempo, proporcionar-lhe informação e dirigi-lo sem, necessariamente, interromper a corrente de sua consciência comum, servindo-se quer de sua mão, quer (como no caso da Sra. Piper) de sua mão e de sua voz e ocupando todos os condutos pelos quais o médium se manifesta.

1145. As dificuldades inerentes a esse estado de controle ou de direção são descritas pelo Dr. Hodgson da maneira seguinte: “Se, com efeito, cada um de nós é um ‘espírito’ sobrevivente à morte do corpo carnal, existem certas suposições de que um espírito desencarnado se coloque em comunicação com os espíritos encarnados. Inclusive, nas melhores condições pode ocorrer que a aptidão para as comunicações seja tão rara como o dom que torna grande o artista, o matemático, o filósofo. Mas também pode ser que sob a influência das mudanças que a própria morte supõe o ‘espírito’ se encontre, a princípio, confuso e perdido, e que isto se mantenha durante um tempo mais ou menos longo; e igualmente após acostumar-se a seu novo meio, é possível que, ao estabelecer com outro organismo vivo a mesma relação que teve antes com seu próprio organismo, esteja ainda confuso, como ao acordar num meio estranho, após um extenso período de inconsciência. Se meu próprio corpo pudesse conservar-se no seu estado atual e eu o pudesse abandonar durante meses e anos, levando uma existência em outras condições, é possível que ao juntar-me novamente com meu corpo após uma ausência tão prolongada, mostrar-me-ia, no início, confuso e incoerente nas manifestações que realizasse através dele. E essa confusão e incoerência seriam ainda mais profundas se me unisse a outro corpo humano. Ficaria confuso pelas diferentes formas de afasia e de agrafia, pelas perturbações da inibição, acharia as novas condições enevoadas e cansativas e meu espírito funcionaria de maneira automática e como que dominado por um sonho. Mas as comunicações que recebia a Sra. Piper apresentavam exatamente esse gênero de confusão e de incoerência que podemos esperar, a priori, se fossem realmente o que pretendiam ser”.

1146. Comparei, no início deste capítulo, os fenômenos da possessão com os da desintegração da personalidade, com os sonhos e com o sonambulismo. Mas parece provável que a teoria das múltiplas personalidades, através da qual se afirma que nenhuma das correntes conhecidas da personalidade esgota toda sua consciência e que nenhuma das manifestações conhecidas expressa toda a potencialidade de seu ser, pode aplicar-se quer aos homens desencarnados, quer aos encarnados e isto nos permite supor que as manifestações dos primeiros se assemelharão às comunicações fugidias e instáveis que existem entre as diferentes camadas da personalidade no homem vivo.

1147. Essa mesma dificuldade e esse caráter fragmentário das comunicações são suscetíveis, em última análise, de nos proporcionar preciosas lições. Assistimos ao mistério central da vida humana que se desenvolve em novas condições, mais acessíveis que nunca à nossa observação. Vemos que um espírito se serve de um cérebro. Um cérebro humano é, em última análise, uma disposição de matéria adaptada de forma a ser influenciada e colocada em ação por um espírito, mas enquanto recebe os impulsos do espírito ao qual está acostumado, a ação é demasiado débil para que nos permita captar o mecanismo.

1148. Mas ocupamo-nos agora de um espírito estranho ao cérebro, não acostumado ao instrumento em que se instala vacilante. Temos, assim, que saber coisas infinitamente mais profundas e importantes que as que nos ensinam as interrupções mórbidas da ação do espírito comum normal. Exemplificando: na afasia assistimos a certas perturbações cerebrais. Mas na possessão vemos o espírito diretor em luta contra dificuldades análogas, escrevendo ou pronunciando uma palavra inexata para substituí-la pela palavra adequada, e inclusive encontrando, às vezes, o meio de nos explicar algo desse mecanismo verbal minucioso, cuja interrupção ou desarranjo deu origem ao erro.

1149. É possível que, com o progresso de nossas investigações, à medida que nós, de um lado, e os espíritos desencarnados do outro, estejamos cada vez mais iniciados nas condições indispensáveis ao domínio perfeito do cérebro e do sistema nervoso dos intermediários, é possível, afirmamos, que as comunicações se façam cada vez mais completas e coerentes e alcancem um nível cada vez mais elevado de consciência unitária.

1150. As dificuldades podem ser grandes e numerosas, mas pode ser de outro modo, quando se trate de reconciliar o espírito com a matéria, de abrir ao homem, no planeta em que se acha prisioneiro, uma porta do mundo espiritual?

1151. Vimos, durante este capítulo, que os fenômenos da possessão se encontram intimamente ligados aos do êxtase. Isto se explica se pensarmos que, desde o momento em que um espírito exterior é suscetível de entrar num organismo, para apoderar-se dele, o espírito interior pode, por sua vez, ser capaz de abandonar o organismo a que está habitualmente unido, mudar seu centro de percepção e de ação, ainda que de uma forma menos irrevogável do que como consequência das mudanças produzidas pela morte.

1152. O êxtase converte-se, dessa forma, simplesmente num aspecto complementar e correlativo da possessão espiritual. Uma mudança semelhante não deve ser forçosamente espacial, como ocorre na invasão do organismo abandonado por um espírito exterior. Pode-se ir mais longe e dizer que uma vez que o espírito encarnado é capaz de mudar desta forma seu centro de percepção, em resposta à invasão do organismo por um espírito desencarnado, não se sabe por que não poderia fazer o mesmo em outras ocasiões.

1153. Conhecemos a “clarividência migratória”, que consiste em que o espírito mude de centro de percepção em meio às cenas do mundo material. Por que não pode haver uma extensão da clarividência migratória no mundo espiritual? Uma transmissão espontânea do centro de percepção nessa região onde os espíritos desencarnados parecem, por seu lado, capazes de comunicar-se com crescente liberdade?

1154. O conceito de êxtase, no seu sentido mais literal e sublime, desprendeu-se, de modo quase insensível, de todo um conjunto de provas modernas; e decorrerá muito tempo até podermos separar de forma adequada, não digo o elemento objetivo da experiência, de seu elemento subjetivo, porque teremos deixado atrás a região em que estas palavras conservam ainda seu sentido, mas o elemento da experiência que pertence a espíritos estranhos ao do homem no êxtase, do elemento que pertence, propriamente, a este último.

1155. Não é paradoxo dizer que as provas que existem a favor do êxtase são mais sérias do que as que possuímos a favor de qualquer outra crença religiosa. De todas as experiências subjetivas da religião, o êxtase é a que foi confirmada, com maior força e convicção. Não constitui o monopólio de uma única religião e se, do ponto de vista psicológico, a prova principal da importância de um fenômeno subjetivo que faz parte da experiência religiosa consiste no fato de ser comum a todas as religiões, não existe nenhuma outra que responda a esta condição no mesmo grau que o êxtase.

1156. Desde o bruxo, dos selvagens, até São João, São Pedro e São Paulo, sem esquecer Buda e Maomé, possuímos dados que, mesmo apresentando diferenças consideráveis do prisma moral e intelectual, têm uma base psicológica comum.

1157. Em todas as épocas concebeu-se o espírito como suscetível de abandonar o corpo ou, se não o abandona, de estender consideravelmente seu campo de percepção, originando um estado semelhante ao êxtase. Todas as formas conhecidas de êxtase estão concordes neste ponto e todas elas repousam sobre um fato real.

1158. Estabelecemos, dessa forma, a continuidade e a realidade de fenômenos que foram até aqui considerados sem conexão alguma e de modo quase ininteligível. Guiados por nosso ponto de vista, podemos estabelecer uma conexão entre as formas inferiores e as superiores, sem qualquer prejuízo para as segundas. O feiticeiro, o bruxo, quando não é um impostor, penetra tão eficazmente no mundo espiritual como São Pedro ou São Paulo; mas não penetra na mesma faixa desse mundo; as visões confusas e obscuras o assustam ao invés de exaltá-lo. Todavia, só o fato de acreditarmos em suas visões confirma e corrobora nossa fé, relativa à visão do “sétimo céu” dos apóstolos. (Continua no próximo número.) 




 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita