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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 321 - 21 de Julho de 2013

FABRÍCIO PELIZER GREGÓRIO
fabriciopelizergregorio@gmail.com
Assaí, PR (Brasil)

 
 

Utilitarismo transcendente


No último 11 de maio, véspera do “dia das mães”, tive, juntamente com meus pais, a oportunidade de visitar uma das maiores e mais bem estruturadas entidades beneficentes espíritas do Brasil, a afamada “Casas André Luiz” na cidade de Guarulhos, no estado de São Paulo.

A entidade foi fundada em 28 de janeiro de 1949, com o objetivo central de atender gratuitamente a pessoas com deficiência intelectual, em todos os graus de comprometimento, com ou sem comprometimento físico associado. Sendo que, atualmente, conta com cerca de 1600 pacientes, dos quais 600 são residentes, necessitando de cuidados permanentes por toda a presente encarnação: http://casasandreluiz.org.br/historico.php?id=101000.

Durante a visitação, pudemos vislumbrar a grandiosidade da obra e o comprometimento dos colaboradores voluntários e remunerados, bem como a qualidade de vida que os atendidos usufruem. Dentre as muitas informações e dados que nos foram prestimosamente passados, uma nos surpreendeu: o alto custo operacional, na faixa de milhões de reais.

Números vultosos sempre despertam nas mentes ainda presas à materialidade da vida o pensamento utilitarista de que: “Vale a pena gastar uma soma como essa, com pessoas que, aparentemente, nada produzem, ou trazem de retorno à sociedade?”; ou: “Não seria mais útil à sociedade despender altas somas junto a pessoas “normais”, detentoras de plena capacidade de desenvolvimento?”.

Tal forma de pensamento fundamenta-se num raciocínio amplamente difundido em nossa sociedade, tendo suas principais pilastras nas doutrinas materialista e utilitarista. A doutrina materialista, como bem sabemos, apregoa que tudo é formado de matéria, e que a consciência – ou mente – seria o produto de suas incalculáveis interações. A doutrina utilitarista, por sua vez, apregoa que o mais elevado objetivo moral da vida é maximizar a felicidade, assegurando a hegemonia do prazer sobre a dor; para os filósofos dessa doutrina, a coisa certa a se fazer é aquela que maximize a “utilidade”, definindo utilidade como qualquer coisa que produza prazer ou felicidade e que evite a dor ou sofrimento, tanto no plano individual como no coletivo.

No entanto, para nós espíritas, mesmo que este pensamento ronde nossas mentes, devemos combatê-lo com aquilo que há de melhor em nossa Doutrina Consoladora, que não são, senão, as mesmas razão e lógica que levam os materialistas-utilitaristas a pensarem de sua forma.

Razão e lógica são ferramentas com as quais a mente, em nosso atual plano evolutivo, dispõe para compreender e interagir com a realidade. Como meios, elas são essencialmente amorais, não dispondo em si das qualidades de “bem” e “mal”. Portanto, para que cheguemos a resultados diferentes, devemos partir de premissas diferentes. E é aqui que o Espiritismo se destaca das outras doutrinas religiosas, pois suas premissas são baseadas em constatações fáticas decorrentes da aplicação do método científico de pesquisa.

Nós espíritas temos como premissa fundamental que a alma ou espírito não é produto da matéria, mas, sim, um elemento de outra natureza, o qual, junto com a matéria e Deus, formam o todo universal. Nesse sentido, o corpo figura como mera expressão transitória material do espírito, que é essencialmente imortal. Dessa maneira, ao nos depararmos com indivíduos portadores de deficiências intelectuais e físicas graves, somos levados invariavelmente a ver suas condições como momentâneas, passageiras, nas quais o espírito imortal se vê jungido por determinado tempo, e não como algo permanente e único, como nos faz crer o pensamento materialista. A partir disso, podemos analisar o utilitarismo de uma perspectiva mais branda e coerente com os princípios cristãos da caridade e fraternidade.

Imaginemos então, que tivéssemos de escolher entre investir somas consideráveis de recursos financeiros em indivíduos ditos “normais” ou em pessoas com graves deficiências intelectuais e físicas. Quais nós escolheríamos? De que forma concluiríamos por esses ou aqueles? Quais seriam nossos fundamentos? Afinal, é justamente disso que estamos falando!

O utilitarismo lastreado no materialismo, o qual no Ocidente institucionaliza-se espontaneamente, primeiramente em Esparta e Roma, e, mais recentemente, tem sua mais nefasta manifestação no darwinismo social da Alemanha nazista. Apregoa que indivíduos como esses, carecedores da possibilidade de desenvolvimento pleno de suas capacidades humanas, devem ser apartados, isolados ou simplesmente eliminados como uma forma de profilaxia e cura social, objetivando uma pretensa evolução coletiva. Impera nessa forma de pensamento, a lei do mais forte e da existência única e material do mais apto. Destarte, aqueles que não detêm tais “qualidades” não merecem ser escolhidos. 

Contrapondo-se a esta visão, o Dr. Sérgio Felipe de Oliveira, médico psiquiatra coordenador da cátedra de Medicina e Espiritualidade na Universidade de São Paulo - USP, em sua aula de maio (11.05.13) ministrada no curso de Medicina Integrativa da UNIESPÍRITO – Escola de Medicina e Espiritualidade –, brilhantemente nos expôs o conceito de Índice de Mobilização Social, o qual, por sua vez, diz que indivíduos com necessidades especiais, assim como bebês, detêm alta capacidade de mobilização social, ou seja, em virtude de limitações das mais variadas naturezas, estes indivíduos mobilizam em torno de si variável número de pessoas, as quais, através de ações lastreadas nos sentimentos de Amor, Caridade, Solidariedade, Fraternidade, Dever etc., os auxiliam nas realizações mais simples, até as mais complexas do cotidiano. 

Noutras palavras, podemos inferir que quanto maior a limitação de um indivíduo, maiores são suas necessidades. Assim, se este, de alguma forma, não é capaz de desenvolver-se a ponto de atender sua própria necessidade, esta deve ser atendida por outro. Sob esse ponto de vista, surgem duas principais ações, as que visam ao desenvolvimento das habilidades do indivíduo portador de necessidades especiais e, caso isso não seja possível, a sua suplementação por um terceiro.

Dessa forma, tais indivíduos, tornam-se, por natureza, Aglutinadores de Bondade; Escolas Vivas de Solidariedade, Caridade e Amor. Nesse aspecto, suas funções e retornos sociais transcendem os limites estritamente materiais, atingindo o âmago moral das coletividades das quais fazem parte.

Seus papéis são de fundamental importância para a construção de sociedades mais condizentes com os princípios e ensinos de Jesus, daquilo que o Espiritismo, em sua escala de evolução planetária, costuma chamar de “Mundos ou Planetas de Regeneração”. Portanto, mesmo que façamos uso da visão utilitarista, esta adquirirá feições transcendentes, por justamente fundamentar-se em premissas de natureza espiritual.

Sendo mais pragmático, a aplicação de recursos visando à manutenção de indivíduos com alto índice de mobilização social representa, sob essa nova abordagem, um verdadeiro investimento na transformação moral de toda a coletividade.

É claro que o desenvolvimento material da humanidade é e sempre será necessário, porém, tão importante quanto é o seu desenvolvimento moral. É de conhecimento comum e ordinário que a necessidade figura como o maior estímulo à alma humana em seu caminho ascensional. Por mais que desenvolvamos o intelecto, quando este se desprende do lastro da moralidade, os resultados se mostram catastróficos. A mente humana desprovida do norte luminoso do bem ruma desvairada, destruindo tudo aquilo que vai de encontro à concretização de seu desejo. O desenvolvimento moral do indivíduo é a célula mater do desenvolvimento social, somos como pequenas partículas deste gigantesco corpo; nosso aprimoramento é imediatamente somado à evolução deste Todo, ao qual pertencemos.   

Assim, façamos nossa jornada interior em busca de nossas necessidades evolutivas e nos coloquemos a caminhar em sua direção. Como novos Paulos, o inesquecível Mestre Nazareno nos aparecerá e curará nossas cegueiras, fazendo-nos enxergar a Verdadeira claridade que só a Caridade pode trazer aos corações chagados dos viajantes da Vida. 

Possamos nós também nos fazer ser aquele que leva as bênçãos do alto a todos os que dela necessitam, sejam estes vistos como “normais” ou não.

Muita Paz!



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita