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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 321 - 21 de Julho de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 46)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Referindo-se às mensagens de Phinuit por intermédio da Sra. Piper, Myers considera-as provenientes de um Espírito desencarnado?

Sim. Myers diz que se esses exemplos de comunicação, procedentes de espíritos extraterrenos, devem ser, um dia, aceitos pela ciência, as mensagens de Phinuit poderão, apesar de todos os defeitos e todas as suas inconsequências, ser acrescentadas a esse número. E mais: ainda que seja evidente que as dificuldades concernentes à identidade de Phinuit não desapareceram, parece possível considerá-la como uma inteligência exterior à da Sra. Piper, como um Espírito desencarnado. (A Personalidade Humana. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

B. Que papel Phinuit cumpria, geralmente, com respeito às mensagens recebidas pela Sra. Piper?

Ele cumpria, geralmente, o papel de intermediário, reproduzindo as comunicações feitas por seus parentes e amigos falecidos às pessoas presentes às sessões. A respeito disso, Sir Oliver Lodge deu o seguinte depoimento: “Um dos melhores ajudantes foi meu vizinho mais próximo, Isaac C. Thompson, ao qual, e antes de ser apresentado, Phinuit enviou uma mensagem que dizia ser proveniente de seu pai. Três gerações de membros, vivos e mortos, de sua família e da de sua mulher, foram mencionadas com a maior exatidão, durante o curso de duas ou três sessões, caracterizando-se a cada membro com invejável precisão; o principal informante era seu falecido irmão, um jovem médico de Edimburgo, morto há vinte anos. O caráter familiar e comovedor dessas comunicações era extremamente notável e é impossível perceber-se isso nos informes impressos das sessões”. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

C. Do ponto de vista da identidade pessoal, em que período a série de sessões realizadas com a Sra. Piper foi a mais importante?

Foi o segundo período, de 1892 a 1896, em que o principal intermediário foi G. P., iniciais de Georges Pelham, que fora um jovem pertencente à nobreza londrina, muito capaz e dedicado a trabalhos literários. Myers nunca o viu, mas teve amigos que eram dele também e conseguiu relacionar-se intimamente com alguns deles sobre a natureza das comunicações que recebiam. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

Texto para leitura

1115. As “possessões” da Sra. Piper podem ser divididas em três períodos:

a) a primeira estendendo-se de 1884 a 1891 e durante a qual a principal personalidade diretora, que se conhece sob o nome de “Dr. Phinuit”, serve-se, quase que exclusivamente, dos órgãos vocais, manifestando-se num estado de êxtase;

b) durante o segundo período, que se estende de 1892 a 1896, as comunicações se realizam, principalmente, por meio de escrita automática e sob uma direção que tem o nome de “Georges Pelham” ou “G. P.”, ainda que o Dr. Phinuit tivesse, nesse período, se manifestado com o auxílio da voz;

c) durante o terceiro período, que se inicia em 1897, a supervisão era exercida por Imperator, Doctor, Rector e outros, já mencionados, por ocasião das experiências de Moses, na maioria dos casos, através da escrita e, às vezes, através da palavra.

1116. Não vou discutir aqui a hipótese de fraude que já discutimos e refutamos, juntamente com o Dr. Hodgson, o Prof. William James, o Prof. Newbold, da Universidade de Pensilvânia, o Dr. Walter Leaf e Sir Oliver Lodge,  e não analisarei a fundo o caráter da personalidade de Phinuit. Segundo minha própria experiência, durante a estada da Sra. Piper na Inglaterra, em 1889-90, diferentes êxtases e diferentes partes do mesmo êxtase apresentam uma qualidade desigual.

1117. Entrevistas houve durante o curso das quais Phinuit não fazia qualquer pergunta, nem formulava proposições que não fossem verdadeiras. Havia outras durante as quais não manifestava o menor conhecimento real e se limitava a perguntas e respostas formuladas ao acaso. O êxtase nem sempre podia ser provocado pela vontade. Um estado de expectativa tranquila favorecia, frequentemente, a aparição, mas às vezes fracassava qualquer tentativa de provocá-la. O êxtase, uma vez provocado, durava aproximadamente uma hora e com frequência existia uma diferença notável entre os primeiros minutos e o restante de sua duração.

1118. Nessas ocasiões, o que podia ter algum valor era dito durante os primeiros minutos, e o resto da conversação consistia em generalidades vagas ou simples repetições do que já se dissera. Phinuit pretendia sempre ser um espírito em comunicação com outros espíritos e possuía o costume de dizer que recordava suas mensagens somente durante alguns minutos, após “ter entrado no campo mediúnico” e que a seguir suas recordações se confundiam e não era capaz de partir sem esgotar sua provisão de fatos.

1119. Parecia que se produziria uma inútil descarga de energia, que durava até o momento em que o impulso primitivo terminava em incoerência. Minha conclusão geral nessa época era que as manifestações de Phinuit deviam ser consideradas como um elemento dessa extensa série de mensagens automáticas de todo gênero que agora se começa a colecionar e analisar.

1120. Considerei como demonstrado que esses fenômenos testemunhavam uma enorme extensão, telepática ou clarividente, das faculdades normais do espírito humano e me pareceu possível que os conhecimentos de Phinuit derivassem de uma faculdade telepática ou clarividente, que a Sra. Piper possuía em estado latente e que se manifestava de uma forma pela qual não nos acostumaram nossas experiências anteriores.

1121. Por outro lado, as mensagens automáticas que estudamos compreendiam fenômenos deveras variados, dos quais uns pareciam, à primeira vista, devidos à intervenção, talvez indireta, da personalidade sobrevivente da pessoa falecida, e afirmo que se esses exemplos de comunicação, procedentes de espíritos extraterrenos, devem ser, um dia, aceitos pela ciência, as mensagens de Phinuit poderão, apesar de todos os defeitos e todas as suas inconsequências, ser acrescentadas a esse número.

1122. Não necessito dizer que esta última hipótese é a que acabei por adotar e, ainda que seja evidente que as dificuldades concernentes à identidade de Phinuit não desapareceram, parece possível considerá-la como uma inteligência exterior à da Sra. Piper, como um espírito desencarnado.

1123. Não se pode esquecer, porém, que fracassou completamente nas suas tentativas de estabelecer sua identidade pessoal e que, igualmente, não conseguiu provar sua pretensão de ser um médico francês. Infelizmente, não possuímos qualquer narração contemporânea relativa aos primeiros êxtases da Sra. Piper, nem qualquer informação concernente às primeiras manifestações da personalidade de Phinuit.

1124. Parece claro, no entanto, que o nome de Phinuit era o resultado de uma sugestão levada a cabo durante seus primeiros êxtases (ver Proceedings of the S. P. R., VIII, pág. 46-58) e mais de um poderá pensar que a suposição mais provável é que a direção exercida por Phinuit nada mais era do que a de uma personalidade secundária da Sra. Piper. Mas, segundo as afirmações (das quais não existe qualquer prova) feitas por Imperator, Phinuit seria um espírito inferior “ligado à terra”, que foi confundido e perdido desde suas primeiras tentativas de comunicação e perdeu, por assim dizer, “a consciência de sua identidade pessoal”.

1125. Os casos citados no capítulo II indicam, contudo, que não é rara tal eventualidade nesta vida e que não é impossível sobrevirem perturbações profundas da memória a um espírito desencarnado inexperiente, como consequência de suas primeiras tentativas de se comunicar conosco através do mundo material.

1126. Seja como for, a personalidade Phinuit não se manifestou, direta ou indiretamente, desde o mês de janeiro de 1897, época na qual Imperator começou a presidir as supravisões da Sra. Piper.

1127. Phinuit preenchia, geralmente, o papel de intermediário, reproduzindo as comunicações feitas por seus parentes e amigos falecidos às pessoas presentes às sessões, e numa série de sessões favoráveis, a impressão geral foi a descrita por Sir Oliver Lodge, no caso seguinte (Proceedings of the S. P. R., VI, pág. 454): “Um dos melhores ajudantes foi meu vizinho mais próximo, Isaac C. Thompson, ao qual, e antes de ser apresentado, Phinuit enviou uma mensagem que dizia ser proveniente de seu pai. Três gerações de membros, vivos e mortos, de sua família e da de sua mulher, foram mencionadas com a maior exatidão, durante o curso de duas ou três sessões, caracterizando-se a cada membro com invejável precisão; o principal informante era seu falecido irmão, um jovem médico de Edimburgo, morto há vinte anos. O caráter familiar e comovedor dessas comunicações era extremamente notável e é impossível perceber-se isso nos informes impressos das sessões”.

1128. Os casos desse gênero não são frequentes e ainda que pareça ter havido, durante o primeiro período da história da Sra. Piper, provas abundantes da existência de uma capacidade supranormal que exigia ao menos a hipótese da transmissão de pensamento de pessoas vivas, próximas ou distantes, e tornava provável a hipótese de uma capacidade telestésica ou, inclusive, de premonição, não é menos certo que a questão principal que nos interessa é saber se o organismo da Sra. Piper era guiado, direta ou indiretamente, por espíritos desencarnados, suscetíveis de proporcionar provas satisfatórias de sua identidade. Esta questão permanece em aberto.

1129. Do ponto de vista da identidade pessoal, a série de sessões que deu a Sra. Piper durante o segundo período, de 1892 a 1896, é muito mais importante. O informante, ou principal intermediário, durante este período, foi G. P., cujo nome, se bem que conhecido de diversas pessoas, foi transformado em “Georges Pelham”. G. P. era um jovem muito capaz, dedicado a trabalhos literários. Cidadão americano, mas pertencente à nobreza londrina. Nunca o vi, mas tive a felicidade de ter amigos que eram dele também e consegui relacionar-me intimamente com alguns deles sobre a natureza das comunicações que recebiam.

1130. Dessa forma, colocaram-me a par das manifestações mais significativas de G. P. que foram julgadas de natureza demasiadamente íntima para a publicação e assisti a sessões em que G. P. se manifestou. Para a discussão completa das provas tendentes a mostrar a identidade de G. P., nada mais faço do que indicar a meus leitores os relatos originais publicados no Proceedings of the S. P. R., XIII, págs. 284-582 e XIV, págs. 6-49.

1131. Poderíamos citar outros exemplos extraídos da história da Sra. Piper, todos tendendo a mostrar que seu organismo corporal era possuído e guiado por espíritos desencarnados que tratavam de provar sua identidade, reproduzindo as recordações de sua vida terrenal.

1132. Devemos tratar agora de formar uma ideia definida do processo de observação real dos fatos, ainda que não se necessite dizer que a ideia mais adequada que formaremos no momento receberá, necessariamente, de nossa própria existência material, inúmeras restrições e limitações e só poderá ser expressa com o auxílio de analogias sumárias.

1133. Devo dizer, desde o início, que esta união de dois seres humanos tão diferenciados, que se expressa na possessão de um organismo, nada tem em si de fatídica ou alarmante. No caso da Sra. Piper o início e o fim de um êxtase que, segundo a expressão de James, ia no começo acompanhado de “perturbações respiratórias e de contrações musculares pronunciadas”, se realiza agora tão tranquilamente como o dormir e acordar, e sua vigília não se ressente em nada do êxtase, a não ser por uma fadiga passageira, quando o êxtase foi demasiadamente prolongado ou, noutras ocasiões, por um estado vago e difuso de bem-estar, semelhante ao que se experimenta, às vezes, ao acordarmos de um sono agradável.

1134. A influência sobre a saúde, longe de ser prejudicial, deve ter sido, melhor dizendo, saudável. Apesar disso, depois das graves alterações que experimentou, como consequência de um acidente de trenó e das consecutivas operações, a Sra. Piper é, atualmente, “uma mulher cuja saúde está em perfeito estado”. Do ponto de vista do caráter, representa o tipo da mulher americana, tranquila e que se ocupa muito da casa e dos filhos (casou-se em 1881 e tem duas filhas de 17 e 18 anos). Segundo o Dr. Hodgson, a direção que sofreu por parte de inteligências superiores à sua aumentou sua estabilidade e serenidade.

1135. Enquanto consideramos somente o lado material e carnal de suas estranhas relações, parece-nos assistir a um processo de evolução que ante nós se desenvolve, com facilidade inesperada, de forma que nosso dever é procurar, cuidadosamente, e exercitar outros indivíduos favorecidos que apresentem a mesma capacidade sempre latente talvez, mas que, em nossos dias, emerge, gradualmente, na raça humana.

1136. Ao abordar as coisas que se encontram além da experiência humana, nossa finalidade principal deve ser a de estabelecer sua continuidade com o que já conhecemos. Por exemplo, nos é impossível adquirir, independentemente do que já sabemos, um conceito satisfatório do mundo invisível. Entretanto, esse conceito jamais foi devidamente considerado, do ponto de vista de nossas ideias modernas de continuidade, de conservação da energia, de evolução.

1137. As noções principais relativas à sobrevivência foram formadas, primeiramente, pelos homens primitivos, depois pelos filósofos aprioristas. Aos olhos do homem de ciência, a questão não apresentava uma atualidade suficiente para que a julgassem digna de ser abordada com o auxílio dos métodos científicos. Contentavam-se, como o restante da humanidade, com qualquer teoria tradicional, de preferência sentimental, pela descrição que se considerasse mais satisfatória e elevada. Mas sabem que esse princípio subjetivo de escolha conduzira na história à aceitação de diversos dogmas que nossas noções de homem civilizado nos levam a considerar como blasfemas e cruéis no mais alto grau.

1138. A única diferença entre as concepções dos filósofos modernos e as do homem primitivo consiste em que enquanto o último admitia escassas diferenças entre o mundo material e o espiritual, o primeiro considera essa diferença demasiado grande e isso constitui, entre ambos, um abismo invencível que os opõe um ao outro de maneira quase absoluta.

1139. Toda a questão gira ao redor da persistência da identidade pessoal além da morte. Como devemos conceber esta identidade? Quais coisas deve conservar de sua memória e de seu caráter para ser por nós reconhecido? Nossa memória (ou a dele) deve persistir inteiriça ou eterna? Sua memória deve ter uma extensão que confine com a onisciência e seu caráter revestir-se de uma qualidade divina? E, quaisquer que sejam as alturas que alcance, devemos exigir que se nos revele? As limitações que se depreendem de nosso mundo material não são, para ele, um obstáculo? (Continua no próximo número.)




 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita