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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 319 - 7 de Julho de 2013

ANSELMO FERREIRA VASCONCELOS
afv@uol.com.br
São Paulo, SP (Brasil)

 
 

O problema da inflação: uma abordagem espírita


É com extremo pesar que constatamos o retorno da inflação no Brasil – se é que algum dia tal fenômeno econômico tenha sido, de fato, superado. Dizemos isso porque é notório que, desde a implantação do real como moeda oficial nos idos dos anos 1990, a economia brasileira vem passando por solavancos mais ou menos graves que afetam a estabilidade dos preços. Além disso, cumpre lembrar também o emprego de uma sórdida manipulação no peso e na metragem de inúmeras categorias de produtos – ou seja, a pura e simples redução deles – por parte da indústria, quebrando, em decorrência, com os padrões até então existentes, obviamente sem a correspondente diminuição dos preços. Por conta disso, acabou-se criando o hábito singular de se calcular – pelo menos assim tem feito o consumidor mais atento – o valor do grama ou metro, dependendo do caso, de cada item para que a comparação entre as ofertas disponíveis seja correta e a compra otimizada.

É claro que os entendidos da matéria apresentam quase sempre válidos argumentos ou explicações para justificar a resistência desse dragão devorador da renda das pessoas, tais como a variação do câmbio que aumenta os insumos e matérias-primas, os impostos elevados, recomposição das margens, problemas climáticos, quebra de safra, demanda aquecida, deficiência na infraestrutura e logística, aumento de custos (especialmente mão-de-obra), baixa produtividade, falta de concorrência, entre outros. Outro dia assistimos a entrevista de um importante economista explicando que o aumento dos serviços, por exemplo, era mais difícil de controlar porque as pessoas não iriam tomar um avião para jantar ou cortar o cabelo em Buenos Aires.

Seja como for, as distorções produzidas nessa dimensão têm sido tão bizarras que se chegou ao despautério de ser bem mais barato viajar de férias para a Europa do que ao nordeste do nosso país. Mais ainda, a revista Veja SP trazia há algum tempo atrás uma reportagem na qual se fazia uma comparação mundial do preço da pizza de marguerita. Lamentavelmente, o Brasil se destacava na “triste liderança” do preço praticado do referido comestível. Ao que se nota, o mesmo desequilíbrio tem acontecido com outras categorias de produtos e serviços – até mesmo os preços dos livros da Doutrina Espírita estão ficando caros –, o que torna, no final, a vida da maioria das pessoas muito mais dura.

Outro aspecto altamente preocupante, que os economistas salientam – vez ou outra –, e que um dia terá de ser enfrentado, é o da generalizada indexação dos preços que, por sinal, alimenta a espiral inflacionária. De fato, desde a implantação do plano real, as instituições atrelaram o reajuste dos seus contratos ao Índice Geral de Preços do Mercado (IGPM) – que é, digamos, o índice mais sensível às variações, e exibindo, não raro, maior percentual do que os outros – a fim de salvaguardar os seus interesses financeiros. Vale ressaltar que o IGPM tem na sua composição, aliás, um peso de 60% derivado da medição da variação de itens (produtos) do atacado (o chamado índice de preços ao produtor amplo).

Grosso modo, as alterações de preços captadas nesse segmento impactam toda a economia, inclusive influenciando reajustes de contratos e valores de serviços – pasmem – que nada têm a ver com a realidade monitorada (isto é, o atacado). Assim sendo, temos a prevalência de um quadro altamente obscuro no qual “quem pode mais chora menos”. Por essas e outras razões, o Brasil tornou-se um país extremamente caro para se viver, não obstante tratar-se de uma nação atrasada, repleta de carências e de problemas básicos.

Posto isto, a essa altura o leitor poderá estar se perguntado com razão o que tem a ver inflação com Espiritismo?  A resposta é simples: o cenário acima descrito em nada contribui para a existência de uma nação sólida, de espírito fraternal e de comportamento justo e equilibrado dos seus agentes econômicos (nós). Não é por outra razão, a propósito, que a percepção coletiva de dificuldades materiais volta a dominar os noticiários e as conversas dos cidadãos. De modo geral, o valor dos preços dos bens e serviços caminha perigosamente para a irracionalidade e cupidez econômica. Por conseguinte, como nação, nós continuamos perdendo enormes oportunidades de estabilidade econômica porque “muitos querem se dar bem” ou simplesmente “levar vantagem”, não importando como. 

No cerne de toda essa problemática existem aspectos éticos e morais que devem ser cuidadosamente analisados, e o Espiritismo – como condutor de mentes que anseiam alcançar níveis mais elevados de atitudes, comportamentos e valores – nos oferece conselhos essenciais, bem como saudável material para reflexão. Assim sendo, o Espírito Emmanuel, na obra Caminho, Verdade e Vida (psicografia de Francisco Cândido Xavier), observa com acerto que “As criaturas terrestres, de modo geral, ainda não aprenderam a ganhar [...]. É indispensável alcançar valores de aperfeiçoamento para a vida eterna”. O sábio mentor nos esclarece que aqui nos encontramos para “[...] ganhar na luta enobrecedora”. Afinal de contas, já nos orientava o inolvidável Jesus: “Pois que aproveitaria ao homem ganhar todo o mundo e perder a sua alma?” (Marcos, 8: 36).

Infelizmente, a criatura humana procura meios e mais meios de acumular riquezas e patrimônios que, às vezes, são obtidos de forma ilícita ou comprometedora à sua evolução espiritual. Simplesmente se esquece – ou não quer pensar – de que não levará um centavo do que tem para o além-túmulo, mas, mesmo assim, gasta boa parte da vida na busca de haveres monetários granjeados através da exploração, impiedade e falta de compaixão. Não é nada incomum nos assustarmos na atualidade com o preço cobrado por simples produtos ou serviços. Sem querer ser saudosista, o fato é que há uma sensação de que se perdeu a noção do razoável no valor cobrado pelas coisas em geral. Reina o sentimento, por assim dizer, de que o que importa é “faturar bem”, sendo isso justo ou não. E no bojo de tal comportamento sobressaem a malícia e a ganância insofreável. 

Voltando ao pensamento iluminado de Emmanuel: “O homem está sempre decidido a conquistar o mundo, mas nunca disposto a conquistar-se para uma esfera mais elevada. Nesse falso conceito, subverte a ordem, nas oportunidades de cada dia. Se Deus lhe concede bastante saúde física, costuma usá-la na aquisição da doença destruidora; se consegue amealhar possibilidades financeiras, tenta açambarcar os interesses alheios”. Em decorrência dessa visão conturbada, não é incomum que a criatura se perca, menoscabe oportunidades de elevação adrede preparadas pela espiritualidade em seu favor.

A questão fundamental – embora muitos tenham dificuldade de entender – é que o dinheiro não é um fim em si mesmo, apenas um meio, um caminho para conquistas mais proeminentes da alma humana. Como outrora afirmou com propriedade o apóstolo Paulo; “Porque o amor do dinheiro é a raiz de toda espécie de males; e, nessa cobiça, alguns se desviaram da fé e se traspassaram a si mesmos com muitas dores” (1ª Epístola a Timóteo, 6: 10). Explicando o significado do dinheiro em nossas vidas, Emmanuel esclarece que não se trata de um “flagelo para a humanidade”. Todavia, devido à forma inadequada como não poucos o empregam, a sua finalidade acaba sendo desvirtuada.

Como embaixador dos céus, Emmanuel deixa claro que “O dinheiro não significa um mal. [...]. O homem não pode ser condenado pelas suas expressões financeiras, mas, sim, pelo mau uso de semelhantes recursos materiais, porquanto é pela obsessão da posse que o orgulho e a ociosidade, dois fantasmas do infortúnio humano, se instalam nas almas, compelindo-as a desvios da luz eterna”.

Ademais, adverte também ele, “O dinheiro que te vem às mãos, pelos caminhos retos, que só a tua consciência pode analisar a claridade divina, é um amigo que te busca a orientação sadia e o conselho humanitário. Responderás a Deus pelas diretrizes que lhe deres e ai de ti se materializares essa força benéfica no sombrio edifício da iniquidade!”.

Desse modo, portanto, muitos podem estar passando na atualidade pelo desafio de enfrentar os perigos inerentes à posse do dinheiro. Os argumentos apresentados nesse modesto texto, bem como os avisos coligidos do mais alto que lhe servem de base, devem ser interpretados apenas como um alerta contra arrependimentos perfeitamente evitáveis.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita