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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 318 - 30 de Junho de 2013

EUGÊNIA PICKINA 
eugeniapickina@gmail.com
Campinas, SP (Brasil)

 
 

"Mal-me-quer" e o
sofrer de amor


Conheço uma pessoa profundamente abalada (e paralisada) por uma delusão amorosa; ferida por uma "obsessão de amor".

A obsessão é uma ideia que invade a consciência com força bastante para subjugar a vontade.

É claro que todos nós, de quando em quando, temos pensamentos obsessivos e todos "provamos" as compulsões que se seguem a eles.

Às vezes, por exemplo, desenvolvemos rituais pessoais ou adotamos comportamentos – como piscar, comprimir os dedos e assim por diante –, para buscar alívio à ansiedade decorrente desses dramas obsessivo-compulsivos que suplantam nosso arbítrio.

E geralmente esses ritos e comportamentos permanecem irrupções leves e nós simplesmente os toleramos. Contudo, algumas vezes eles assumem o comando e interferem abrupta e seriamente em nossa vida; isso, por sua vez, reclamará a busca de uma terapêutica adequada.

Mas há casos (raros, é claro) nos quais a obsessão – e a obsessão de amor –, por mais dolorosa que possa ser, é apta a nutrir a força criativa.

O poeta Yeats, ganhador do Nobel, sofreu durante cinquenta anos uma obsessão de amor. Em 1889, ele conheceu a revolucionária Maud Gonne e assim teve início "a grande desgraça de sua vida", conforme ele mesmo afirmou.

Cinquenta anos mais tarde, em seu leito de morte, Yeats escrevia ainda sobre Maud Gonne.

Yeats a seguiu por toda parte, lhe propôs casamento repetidamente, e foi repudiado. Disse que desistiria de escrever para se dedicar apenas às necessidades dela. Gonne, porém, o rejeitou de forma rude e continuou em direção a The Troubles, que informa a história trágica da Irlanda.

A magnífica obsessão por Gonne persistiu durante décadas. E Yeats, em alguns momentos de clareza, até mesmo se sentia desesperado, tolo e patético: "Espalhei meus sonhos sobre seus pés;/ Caminhe suavemente, porque você caminha sobre meus sonhos".

Quando Gonne se casou com um soldado, John MacBride, Yeats se sentiu perdido, desolado.

Posteriormente, quando MacBride foi executado pelos ingleses, Yeats correu para perto da sua amada e fez novamente sua proposta, mas Gonne o recusou mais uma vez. Yeats, então, louco e obcecado, propôs casamento à jovem filha de Gonne, que sabiamente o rejeitou.

Yeats acabou se casando com uma mulher inglesa. Teve um casamento feliz (contam) e com dois filhos, mas seus pensamentos (obsessivos) pertenceram à Gonne e o seguiram até o seu leito de morte.

Mas a obsessão de amor vivida por Yeats alimentou sua poesia.

Na frase de Auden (a respeito da Irlanda), Maud Gonne o "feriu" em direção à poesia. Pois Yeats, e por escolha, dizia estar totalmente disposto a abrir mão de seu talento para ter acesso ao coração dela: "Eu poderia ter jogado fora as pobres palavras/ E ficado contente em viver".

Ao contrário das obsessões de amor, que paralisam os obcecados por essa ferida inglória, Yeats, pelo menos, foi capaz de sublimar seu sofrimento na arte, porém, é certo que permaneceu encurralado na sua projeção (e fixação) sobre uma mulher que era, como os vestígios históricos sugerem, e pela forma como o tratou, inadequada para ele (e talvez simplesmente por não sentir amor).

No entanto, está bastante claro o quanto uma obsessão (de amor) pode persistir e fazer de nossa vida algo intolerável.

Embora o adulto seja capaz de suportar uma quantidade insuportável de desafeto, é a quantidade insuportável de afeto identificada projetivamente no outro (o que recusa o vínculo ou o contato amoroso) que mantém em funcionamento a obsessão...

A tarefa, então, é delicada, mas implica, como um primeiro passo, buscar ajuda (especializada).

E, de forma continuada, recordar a própria vulnerabilidade, enfrentar os pensamentos intoleráveis para que eles finalmente percam seu tirânico poder, pois isso trará à tona a verdade mais profunda e os recursos que ajudarão a pessoa em sofrimento, ferida por um amor impossível, a viver a vida que, na obsessão, nega-se a viver.

O amor, claramente, liberta. E a (auto)cura sempre é possível, a fim de que o amor nos una ao fluxo e à corrente da energia da vida;  e não uma "obsessão de amor" que paralisa e reduz  a vida à amargura de um "engano de amor" e, portanto, a uma vida não vivida.


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita