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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 317 - 23 de Junho de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 42)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Nos casos de possessão, como os Espíritos que a produzem provam sua identidade?  

Eles provam sua identidade reproduzindo, através da palavra ou da escrita, fatos pertencentes às suas recordações, não às do autômato. Podem também dar provas de outras percepções supranormais. As manifestações desses Espíritos podem diferir consideravelmente das da personalidade normal do autômato. O Espírito pode também reproduzir fatos e nomes desconhecidos para o autômato, embora não possa tratar, por exemplo, de fórmulas matemáticas ou de frases chinesas, se o autômato desconhece matemática e chinês. (A Personalidade Humana. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

B. É possível, à vista dos fatos observados, considerar-se provada a teoria da possessão?

Segundo Myers, sim. Diz ele que a teoria da possessão não está em desacordo com qualquer dos fatos provados. Não se conhece absolutamente nada que prove a sua impossibilidade. Mas isso não é tudo. A teoria da possessão proporciona, na realidade, um poderoso método de coordenação e de explicação de alguns grupos de fenômenos anteriores, se concordamos em explicá-los de um modo que, a princípio, pareceu empregar afirmações exageradas e que recorria com demasia ao maravilhoso. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

C. É verdade que o sono é, de todos os estados normais, o que mais se aproxima da possessão?  

É o que Myers afirma, visto que os fatos observados demonstraram que frequentemente, durante o sono comum aparente, a alma abandona o corpo e traz uma recordação mais ou menos confusa do que viu durante sua excursão clarividente. Isso pode também ocorrer, mas com a rapidez de um raio, durante a vigília. Mas o sono comum parece favorecer esse fenômeno de forma particular, especialmente os estados de sono espontâneo ou provocado muito profundo. Ademais, no estado comatoso, que precede a morte ou nessa “suspensão da vitalidade” que às vezes tomamos por morte, a capacidade em questão parece suscetível de alcançar seu mais elevado grau. (Obra citada. Capítulo IX – Possessão, arrebatamento, êxtase.)

Texto para leitura 

1017. O cérebro que se encontra parcial e temporalmente desprovido de direção, facilita que, às vezes, um espírito desencarnado se apodere dele e assuma, num grau que varia segundo os casos, a sua orientação. Em casos como o da Sra. Piper, dois ou mais espíritos podem dirigir, simultaneamente, diferentes porções do mesmo organismo.

1018. Os espíritos dirigentes provam sua identidade reproduzindo, através da palavra ou da escrita, fatos pertencentes às suas recordações, não às do autômato. Podem também dar provas de outras percepções supranormais. As manifestações desses espíritos podem diferir consideravelmente das da personalidade normal do autômato. Mas até um certo ponto se trata aqui de um processo de seleção, antes que de adição; o espírito escolhe as partes do mecanismo cerebral de que deseja servir-se, mas não pode pedir a este mecanismo nada além daquilo de que seja capaz de proporcionar-lhe, em virtude de sua organização funcional.

1019. O espírito pode, é certo, reproduzir fatos e nomes desconhecidos para o autômato; mas esses fatos e nomes devem ser tais que o autômato seja capaz de repeti-los, facilmente, como se deles tivesse conhecimento: não pode tratar, por exemplo, de fórmulas matemáticas ou de frases chinesas, se o autômato desconhece matemática e chinês.

1020. Ao fim de certo tempo, o espírito do autômato readquire seu lugar e sua atividade. Ao despertar, o autômato pode ou não lembrar o que lhe foi revelado no mundo espiritual, durante o êxtase. Em certos casos (Swedenborg) existe a lembrança do mundo espiritual, sem que tenha havido apossamento do organismo por um espírito exterior. Em outros casos (Cahagnet) o autômato expressa durante o êxtase o que experimenta, mas não o recorda uma vez desperto. Em outros casos ainda (Sra. Piper) o que se manifesta com maior assiduidade não é o espírito do autômato, e quando isso acontece, estas manifestações têm duração efêmera, pois, geralmente, o que fala e escreve é um espírito dirigente, sem que o autômato guarde a menor lembrança do que lhe ocorreu durante o êxtase.

1021. Tal doutrina parece nos levar diretamente às crenças da idade da pedra. Leva-nos às práticas primitivas dos xamãs e feiticeiros, a uma doutrina de relações espirituais que foi ecumênica em outras épocas, mas que em nossos dias refugiou-se nos desertos da África e nos pântanos da Sibéria, nas planícies nevadas dos peles-vermelhas e dos esquimós. Se, como às vezes acontece, quiséssemos julgar o valor das ideias de acordo com suas origens, não há conceito cujas origens tenham sido mais humildes e que pareça mais indigno do homem civilizado.

1022. Felizmente, nossas discussões anteriores nos proporcionaram um critério mais agudo. Ao invés de perguntar-nos em que época nasceu esta ou aquela doutrina, com a opinião preconcebida de que a doutrina é melhor quanto mais recente seja sua origem, podemos perguntar-nos, agora, até que ponto está concorde ou em desacordo com essa enorme massa de provas recentes que se relacionam, mais ou menos, com todas as crenças que os homens ocidentais professaram a respeito do mundo invisível.

1023. Submetida a essa prova, a teoria da possessão dá um resultado notável. Não está em desacordo com qualquer dos fatos provados. Não conhecemos absolutamente nada que prove a sua impossibilidade. Mas isso não é tudo. A teoria da possessão nos proporciona, na realidade, um poderoso método de coordenação e de explicação de alguns grupos de fenômenos anteriores, se concordamos em explicá-los de um modo que, a princípio, pareceu-nos empregar afirmações exageradas e que recorria com demasia ao maravilhoso.

1024. Mas, no que diz respeito a esta última dificuldade, sabemos também há algum tempo que não existem fenômenos psíquicos cuja explicação seja realmente simples e que a melhor maneira de chegar a uma explicação desse gênero consiste em extrair do conjunto um grupo que só admita uma explicação inequívoca para servir-nos dela como ponto de partida na apreciação dos problemas mais complexos.

1025. Acredito também que o grupo de fenômenos Moses-Piper só pode ser explicado de um modo mais ou menos verdadeiro pela teoria da possessão. E parece-me importante considerar por que caminhos os fenômenos anteriores nos conduziram à possessão e de que forma os fatos da possessão, por sua vez, são suscetíveis de transformar nossos critérios concernentes aos fenômenos anteriores.

1026. Ao analisar nossas observações de possessão descobrimos nelas dois elementos primordiais: a operação central, isto é, a direção exercida por um espírito sobre o organismo de um sujeito sensível e a condição indispensável que consiste no abandono parcial e temporal do organismo pelo próprio espírito do sujeito.

1027. Examinemos, primeiramente, até que ponto os dados já adquiridos tornam concebível essa separação entre o espírito e o organismo humano. E, a seguir, a desagregação da personalidade e as substituições de certas fases suas por outras de que tomamos conhecimento no capítulo II, possuem enorme importância, também, do ponto de vista da possessão.

1028. Vimos personalidades secundárias que se iniciam por manifestações sensoriais ou motrizes, ligeiras e isoladas, adquirir aos poucos um predomínio completo assegurando-se a direção total de todas as manifestações supraliminares. A simples investigação e a descrição desses fenômenos foi considerada, até aqui, como possuidora de um certo sabor de audácia. A ideia de buscar o mecanismo possível que preside a essas transições apenas nascera.

1029. É evidente, porém, que deve existir um complexo conjunto de leis que condicionam esses usos alternados dos centros cerebrais e que não constituem provavelmente mais do que o desenvolvimento dessas leis físicas desconhecidas que presidem à memória comum. Um caso de ecmnesia comum pode apresentar problemas tão insolúveis como os da possessão espiritual. Pode existir na ecmnesia (1) períodos de vida totalmente desaparecidos da memória e outros que só desapareceram temporariamente.

1030. No gênio podemos observar, em certos centros cerebrais importantes, uma substituição temporária de uma direção por outra. Devemos considerar aqui o eu subliminar como um centro particularmente diverso do eu supraliminar e o fato de monopolizar esses centros cerebrais destinados a um trabalho supraliminar já é uma espécie de possessão. O gênio mais completo seria dessa forma a expressão da autopossessão mais completa, da ocupação e direção do organismo inteiro por elementos mais profundos do eu que atuam em virtude de um completo conhecimento e por caminhos mais seguros.

1031. O sono, que é de todos os estados normais o que mais se aproxima à possessão, fez com que surgisse, há muito tempo, a questão cuja solução implica o reconhecimento da possibilidade de êxtase: que acontece à alma durante o sono?

1032. Os fatos citados demonstraram que frequentemente, durante o sono comum aparente, a alma abandona o corpo e traz uma recordação mais ou menos confusa do que viu durante sua excursão clarividente. Isso pode também ocorrer, mas com a rapidez de um raio, durante a vigília. Mas o sono comum parece favorecer esse fenômeno de forma particular, especialmente os estados de sono espontâneo ou provocado muito profundo.

1033. No estado comatoso, que precede a morte ou nessa “suspensão da vitalidade” que às vezes tomamos por morte, a capacidade em questão parece suscetível de alcançar seu mais elevado grau.

1034. Falo dos estados de sono “espontâneo ou provocado” muito profundo, e sobre isto o leitor lembrar-se-á, naturalmente, muito sobre o que se falou do sonambulismo comum e do sono hipnótico. Este último cria, com efeito, situações que, externamente, resultam difíceis de distinguir do que chamaria de verdadeira possessão. Uma quase-personalidade, arbitrariamente criada, pode ocupar o organismo, respondendo de certa forma característica à palavra ou aos sinais, até o ponto de fazer crer, às vezes, que nos encontramos em presença de uma personalidade nova. Por outro lado, o espírito do sujeito pretende ter estado ausente, como se imagina ausente no sono comum, mas com maior persistência e lucidez.

1035. Os sujeitos afirmam frequentemente ter visto novamente no sonho cenas terrestres e ter comprovado as mudanças produzidas, efetivamente, desde que o sujeito visitou pela última vez a mesma cena, durante a vigília. Mas às vezes une-se a isso um elemento aparentemente simbólico, a cena terrestre encerrando um elemento de ação humana apresentado em forma sintética, como se algum espírito se propusesse a tirar da história complexa um sentido especial. Com frequência, esse elemento torna-se completamente dominante; o sujeito vê figuras fantasmagóricas ou pode ver uma representação simbólica prolongada de uma entrada no mundo espiritual.

1036. Essas incursões psíquicas proporcionam, em último lugar, as mais fortes presunções a favor da existência de uma nova capacidade humana, a do êxtase, da visão à distância não confinada a esta terra nem a este mundo material, mas que introduz o vidente num mundo espiritual e em meios superiores aos conhecidos neste planeta. Mas a discussão relativa ao transporte será mais adequada quando citarmos os fatos e os dados a favor da possessão.

1037. Ao voltar à análise da ideia de possessão, encontramos seu caráter específico que é a ocupação por um elemento espiritual do organismo adormecido e parcialmente abandonado. Aqui nossos estudos anteriores nos serão de grande utilidade. Ao invés de abordar imediatamente a questão de saber o que são os espíritos, o que podem ou não, a questão da possibilidade antecedente de reentrarem na matéria, etc., ser-nos-á mais conveniente começar por desenvolver a ideia da telepatia até suas últimas consequências, para representar-nos a telepatia no seu envolver mais intenso e centralizado que nos seja possível e encontraremos que essas duas variedades de telepatia que assim se nos apresentam conduzem uma delas à obsessão e a outra ao êxtase.

1038. Qual é, no momento presente, nosso exato conceito de telepatia? A noção central, aquela de comunicação independente dos órgãos dos sentidos, encontra nesta palavra uma expressão deveras adequada. Todavia nada diz além de que a nossa real compreensão dos processos telepáticos seja mera definição verbal.

1039. Nosso conceito de telepatia, por nada dizer da telestesia, tinha necessidade de ser ampliado em cada nova etapa de nossa investigação. Esta última nos revelou inicialmente certas transmissões de pensamentos e de imagens que se podem explicar através da transmissão de vibrações etéreas de um cérebro para outro.

1040. Mas se é impossível dizer, num ponto qualquer de nossa argumentação, que tais fenômenos estão determinados pelas vibrações do éter, e se não sabemos até qual distância do mundo material chega a atividade possível dessas vibrações, não é menos correto que nossos fenômenos telepáticos adquiriram em seguida uma forma que a explicação por analogia, com auxílio de vibrações do éter, deixava em grande parte inexplicável.

1041. É que a simples transmissão de ideias e imagens isoladas termina, mediante uma progressão contínua, em impressões e impulsos muito mais persistentes e complexos. Finalmente, encontramo-nos na presença de uma influência que já não é o simples efeito de vibrações etéreas, senão que sugere a ideia de uma presença inteligente e de uma analogia arrancada às comunicações humanas entre pessoas próximas fisicamente.

1042. As visões e audições desse gênero, interiores ou exteriorizadas, inspiram, com frequência, a ideia de um contato espiritual mais íntimo que o permitido pelas comunicações terrestres. Não se pode atribuir a causa disto às ondulações do éter, sem explicar pelo mesmo mecanismo as emoções que experimentamos uns diante dos outros ou inclusive o poder de controle que possuímos sobre nosso próprio organismo.

1043. Isso não é tudo. Existe, como tentei demonstrar, uma progressão de avanço que vai das intercomunicações telepáticas de pessoas vivas às comunicações entre pessoas vivas e espíritos desencarnados. E esta nova tese, de importância vital sob todos os aspectos, resolvendo praticamente um dos problemas de que me ocupo, abre também uma possibilidade de determinação de outro problema que ainda não fora atingido.

1044. Inicialmente, podemos ter agora a certeza de que as comunicações telepáticas não são necessariamente propagadas pelas vibrações procedentes de um cérebro material comum, porque os espíritos desencarnados não possuem cérebro capaz de gerar vibrações desse gênero; isto no tocante ao modo de atividade do agente.

1045. No que concerne ao do sujeito temos, para maior clareza, que deixar de lado todos os casos em que a impressão telepática tomou uma forma exteriorizada e levar somente em conta as impressões intelectuais e os automatismos motores. Esses automatismos e essas impressões podem passar por todos os graus de centralidade aparente.

1046. Quando um homem desperto e em plena posse de si sente um impulso para que a sua mão escreva palavras sobre o papel, sem ter consciência de um esforço motor pessoal, o impulso não lhe parece de origem central, embora uma porção de seu cérebro possa contribuir para esse esforço. Outrossim, uma invasão menos pronunciada é frequentemente suscetível de revestir um caráter central mais marcante, como por exemplo no pressentimento de um mal que se exprime através de um abatimento íntimo.

1047. O automatismo motor pode finalmente atingir um ponto em que se converte em possessão, isto é, em que a consciência pessoal do homem desapareceu completamente, e cada parte de seu corpo é utilizada pelo espírito ou os espíritos invasores. (Continua no próximo número.) 
 

(1) Ecmnesia ou ecmnésia: distúrbio de memória no qual o indivíduo esquece de quanto se passou a partir de determinada época, mas se recorda de fatos anteriores a essa época.



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita