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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 314 - 2 de Junho de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 39)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Um tema inspira a maior parte das comunicações recebidas pela médium Srta. Smith. Que tema é esse?  

É a doutrina da reencarnação, que foi compartilhada por vultos como Platão e Virgílio, embora Myers não estivesse convencido quanto à sua veracidade. (A Personalidade Humana, capítulo VIII – O automatismo motor.) 

B. É verdade que a Srta. Smith declarou ter sido, em existência anterior, uma princesa indiana? 

Sim. E essa encarnação oferece, segundo Myers, um problema linguístico de um gênero algo diverso, visto que ela escreveu alguns caracteres sânscritos e pronunciou certas palavras sânscritas, misturadas, é certo, a um jargão quase-sânscrito e que não ultrapassava o que a boa memória pudesse reter olhando, durante algumas horas, uma gramática sânscrita. Hélène Smith, cuja boa-fé é atestada em todas as partes, afirmou, porém, não ter nunca consultado uma gramática dessa língua. (Obra citada. Capítulo VIII – O automatismo motor.) 

C. A mediunidade da Srta. Smith apresentava fenômenos interessantes. Mencione um deles que seja realmente expressivo. 

A Srta. Smith viu certa vez, numa sessão, um lugarejo situado sobre uma colina coberta de vinhas e um ancião vestido burguesmente que descia a colina ao lado de um caminho de pedras; quando lhe perguntaram os nomes do lugarejo e do ancião, escreveu, para o primeiro, “Chessenaz” e para o segundo “Chaumontet-Syndic”. Dias depois viu o mesmo senhor acompanhado de outro que disse ser o cura do lugarejo, cujo nome escreveu: “Burniersalut”. Das informações tomadas a seguir, constatou-se de fato que Chessenaz era um lugarejo desconhecido situado na Alta Savoia, a 26 quilômetros de Genebra, que um homem de nome Jean-Chaumontet fora síndico desse lugarejo em 1838 e 1839 e um homem de nome André Burnier fora ali cura de 1824 a 1841. Os dois nomes figuram num livro de registro de nascimentos. Além disso, as assinaturas da Srta. Smith assemelhavam-se bastante às desses dois personagens. (Obra citada. Capítulo VIII – O automatismo motor.)

Texto para leitura 

946. A doutrina da reencarnação, ou das vidas sucessivas, inspira a maior parte das comunicações recebidas pela Srta. Smith. O simples fato de que Platão e Virgílio compartilhassem dessa doutrina demonstra que não revela nada que contrarie a melhor razão e aos mais elevados instintos do homem.

947. É certo que não é fácil estabelecer uma teoria que atribua a criação direta dos espíritos a fases tão diversas de adiantamento como aquelas em que esses espíritos entram na vida terrestre sob a forma de homens mortais; deve existir uma certa continuidade, uma certa forma de passado espiritual. No momento, não possuímos qualquer prova a favor da reencarnação e nosso dever é mostrar que sua confirmação num determinado caso, o da Srta. Smith, por exemplo, constitui um argumento a favor da autossugestão mais do que a inspiração exterior.

948. Todas as vezes que os homens civilizados receberam o que consideravam como uma revelação dedicaram-se, naturalmente, a completá-la e a sistematizá-la, na medida do possível. Com isto, almejavam três fins:

a) compreender o maior número possível de mistérios do universo;

b) justificar, no que fosse possível, a conduta do Céu, com respeito aos homens;

c) apropriar-se, no possível, do benefício e dos favores que os crentes deveriam poder retirar da revelação.

949. Por todas essas razões, a doutrina da reencarnação teve muito apoio em mais de um país e época. Mas em caso algum parecia alcançar a sua finalidade como na revelação (por assim dizer) através da escrita automática. Para citar um exemplo histórico, um vigoroso pregador da nova fé, conhecido pelo nome de Allan Kardec, retomou a doutrina da reencarnação, substituindo-a (segundo o que é passível de crédito) pela sugestão extrema exercida sobre o espírito de diferentes escritores automáticos e a expõe em obras dogmáticas que exerceram enorme influência, principalmente nas nações latinas, graças à sua clareza, sua simetria e seu intrínseco bom-senso. Mas os dados compilados eram totalmente insuficientes e O Livro dos Espíritos deve ser considerado como um ensaio prematuro para formular uma nova religião, para sistematizar uma ciência nascente.

950. Acredito, juntamente com Flournoy, que o estudo dessa obra deve ter influenciado, diretamente ou não, o espírito da Srta. Smith, nela provocando a crença nas encarnações anteriores ao seu destino e às suas atuais sensações.

951. De modo geral, cada encarnação, tendo sido a última bem empregada, constitui um certo progresso na existência geral do ser. Se uma vida terrestre foi desperdiçada, a vida terrestre seguinte pode vir a ser a possibilidade de uma expiação ou do exercício mais amplo de uma virtude especial que não foi adquirida, senão de uma forma imperfeita. Dessa forma, a vida atual da Srta. Smith, numa posição bem humilde, pode ser considerada como uma expiação pelo excesso de orgulho de que dera mostra na sua última encarnação, quando foi Maria Antonieta.

952. Mas esta menção concernente a Maria Antonieta nos coloca no caminho do risco que faz correr essa teoria, favorecendo as pretensões dos sujeitos de descender de uma linhagem ilustre de antepassados espirituais. Pitágoras pretendia que seu eu passado encarnara num herói secundário, Euforbo. Em nossos dias, Anna Kingland e Edward Maitland pretendiam ter sido nada menos que a Virgem Maria e São João Batista. E Victor Hugo, deveras inclinado a essas automultiplicações, se apoderou da maioria dos personagens importantes da antiguidade que pode relacionar entre si, cronologicamente.

953. Em cada caso, a personificação apresenta notáveis rasgos; mas também em cada caso, basta uma análise mais ou menos atenta para afastar a ideia de que nos encontramos na presença de uma personalidade que realmente viveu numa época anterior, habitou outro planeta, fazer-nos ver através desses fatos os efeitos da “criptomnésia” (palavra pela qual Flournoy define a memória subliminar) e desta capacidade inventiva subliminar que já nos é deveras conhecida.

954. Flournoy não foi o primeiro a se ocupar da Srta. Smith. Antes dele, Lefébure, de Genebra, publicou sobre o mesmo tema nos Annales des Sciences Psychiques, março-abril de 1897 e maio-junho de 1897, artigos nos quais se esforçava por provar o caráter supranormal da capacidade da Srta. Smith, a qual acreditava-se realmente tomada por espíritos e admitia a realidade de suas encarnações anteriores, como de sua linguagem extraterrena ou marciana.

955. Após a leitura de seus artigos, deixei-os de lado por se mostrarem pouco concludentes, especialmente por causa das considerações sobre a linguagem, à qual Lefébure parecia especialmente inclinado, considerações que me soaram falsas até o ponto de despertar dúvida sobre todos os argumentos formulados, por um autor que era capaz de acreditar que os habitantes de outros planetas falavam uma língua semelhante ao idioma francês e era formada por palavras como quisa por quel, quisé por quelle, vétèche por voir, vèche por vu, verdadeiras expressões do fantástico infantil.

956. Como prova da consistência e realidade da linguagem extraterrestre, Lefébure cita o seguinte fato: “Uma das primeiras que tivemos, métiche, que significa monsieur, é, mais tarde, encontrada com o sentido de homme”. Isto é, através de uma ingênua imitação do idioma francês, Hélène, após transformar monsieur em métiche, mudou les messieurs em cée métiché. E o autor reconheceu que essa língua surgiu independentemente de todas as influências que formaram a gramática terrestre em geral e o idioma francês em particular!

957. Depois que Flournoy refutou esse absurdo, vi que os jornais falavam dessa língua marciana como de um assombroso fenômeno! Pareciam acreditar que se a evolução de outro planeta resultou no aparecimento da vida consciente, esta vida consciente devia ser de modo a nos proporcionar, sem dificuldades, que nela entremos trazendo na mão um livro de Ollendorff de conversação: “eni cee metiché oné quedé – aqui os homens são bons”, etc.

958. Para quem estudou o automatismo, isto sugere a ideia irresistível de um trabalho subliminar realizado pelo próprio sujeito. É um caso de “glossolália”, e nós desconhecemos qualquer caso mais recente, desde o caso semimístico dos Milagres de Cevennes, onde um linguajar desse gênero nada mais é do que um jargão ininteligível.

959. Tive em minhas mãos diversos escritos hieróglifos, realizados automaticamente, acreditando que representavam a escrita japonesa ou a de um antigo dialeto do norte da China; mas os técnicos não avisados, aos quais submeti esses escritos, mostraram-me, rapidamente, que se tratava de vagas recordações de parágrafos que enfeitavam as bandejas de chá vindas do oriente.

960. Parece-me totalmente impossível que um cérebro possa receber, telepaticamente, qualquer fragmento de uma língua que não aprendeu. Pode-se dizer, de maneira geral, que tudo o que é elaborado, completo, audaz, parece obra subliminar; enquanto que tudo o que provém do exterior é fragmentado, confuso e tímido.

961. A particularidade mais interessante do idioma marciano é sua formação exclusivamente francesa; o que provaria ter sido elaborado por um espírito familiarizado com o idioma francês. Mas a Srta. Smith está longe de ser poliglota; recebera, quando criança, algumas aulas de alemão, o que nos induziria à curiosa suposição de que o idioma marciano foi inventado por algum elemento de sua personalidade, anterior às lições de alemão.

962. Disse Flournoy (p. 45): “O fato da natureza primitiva das diversas elucubrações hipnoidais da Srta. Smith e as diferentes etapas da vida às quais pertencem parecem-me constituir os pontos psicológicos mais interessantes de sua mediunidade, no que tende a mostrar que essas personalidades secundárias são provavelmente, quanto à sua origem e, ao menos em parte, fenômenos de reversão, relacionados à personalidade comum, sobrevivências ou retornos momentâneos a fases inferiores superadas após um tempo, mais ou menos longo, e que, normalmente, deveriam ter sido absorvidas pelo desenvolvimento do indivíduo, ao invés de se manifestar exteriormente através de estranhas proliferações. Da mesma forma que a teratologia esclarece a embriologia, que, por sua vez, explica a teratologia, e ambas, reunidas por sua vez esclarecem a anatomia, igualmente, se pode esperar que o estudo do mediunismo nos proporcionará uma clara e fecunda noção no que concerne à psicogênese normal, que, por sua vez, nos permitirá compreender melhor as aparências desses fenômenos singulares; de forma que, finalmente, a psicologia terá um conceito melhor e mais exato da personalidade humana”.

963. A capacidade a que nos referimos, a de evocar estados emocionais há muito desaparecidos, parece-me eminentemente característica do gênio poético e artístico. O artista deve aspirar a viver no passado com maior intensidade do que no presente, a novamente sentir o que em outras ocasiões sentiu e, inclusive, a voltar a ver o que já vira. As recordações visuais e auditivas ativadas na sua totalidade se convertem em alucinações visuais e auditivas; e este ponto de absoluta alucinação poucos artistas desejam ou podem atingir. Mas a memória emocional e afetiva pode, em algumas naturezas privilegiadas, readquirir toda a sua antiga clareza, em benefício da arte; e inclusive, quando o próprio homem já é capaz de sentir as emoções que voltam (semelhantes nisto a certas imagens-lembranças óticas), podem superar as emoções originais.

964. Uma das encarnações anteriores de Srta. Smith foi a de uma princesa indiana, e essa encarnação oferece um problema linguístico de um gênero algo diverso. Escreveu alguns caracteres sânscritos, pronunciou certas palavras sânscritas, misturadas, é certo, a um jargão quase-sânscrito e que não ultrapassava o que a boa memória pudesse reter olhando, durante algumas horas, uma gramática sânscrita. Porém, Hélène, cuja boa-fé é atestada em todas as partes, afirma não ter nunca consultado uma gramática dessa língua.

965. Por outro lado, as minuciosas investigações realizadas por Flournoy sobre os incidentes da história ou pseudo-história hindu, nos quais está baseado o relato dessa encarnação, fazem parte de uma passagem de um livro raro e esgotado de Marlès sobre a Índia, livro que a Srta. Smith afirma jamais ter visto, coisa que nos parece bastante provável. Esse conhecimento se manifesta de modo a indicar uma grande familiaridade com as coisas do oriente, e os sons e os gestos quase indianos são empregados com grande verossimilhança.

966. Nos fatos citados, esse problema se encontra reduzido à sua forma mais simples; e vou formular aqui, o mais breve possível, uma teoria que Flournoy não usou. Estou de acordo com ele em considerar fantástica toda a novela hindu. Mas não tiro a conclusão de que a Srta. Smith viu, sem ter consciência disso, a História de Marlès e uma gramática sânscrita e considero como provável que os fatos que o livro de Marlès e a gramática comportam tenham chegado a seu conhecimento por clarividência, através de seu eu subliminar.

967. Passo dessas novelas reencarnacionistas para certos fenômenos menores, mas igualmente interessantes, que Flournoy chama automatismos teleológicos. “Certo dia – diz Flournoy (pág. 55) – em que a Srta. Smith se propunha a descer um objeto grande e pesado de uma estante alta, não o pôde fazer, pois ficou com o braço no ar durante alguns segundos, como que petrificada e incapaz de se movimentar. Considerou aquele fato como uma advertência e desistiu de seu intento. Numa sessão ulterior, Leopold confirmou que fora ele quem a impedira de alcançar o objeto, porque era demasiado pesado para ela e ter-lhe-ia causado algum acidente. Numa outra oportunidade, um vendedor que procurava, em vão, uma amostra, perguntou a Hélène se sabia onde teria ido parar. Mecanicamente, e sem refletir, ela disse que a enviaram a M. J. (diante da casa). No mesmo instante, viu traçado sobre o assoalho o número 18 e acrescentou inconscientemente: “há dezoito dias”. Aquilo era totalmente improvável, mas resultou exato. Leopold não se recordava desse fato e não parece ter sido o autor desse automatismo criptomnésico.”

968. A Srta. Smith viu também a aparição de Leopold, que lhe vedava um caminho que se propunha seguir e isto em circunstâncias tais que se houvesse tomado aquele caminho é provável que viesse a se arrepender.

969. A questão seguinte é saber se uma capacidade supranormal qualquer se manifesta nos fenômenos que nos apresenta o caso da Srta. Smith. Parece existir nele um certo grau de telepatia, como na sessão em que viu um lugarejo situado sobre uma colina coberta de vinhas e um ancião vestido burguesmente que descia a colina ao lado de um caminho de pedras; quando lhe perguntaram os nomes do lugarejo e do ancião, escreveu, para o primeiro, “Chessenaz” e para o segundo “Chaumontet-Syndic”; dias depois viu o mesmo senhor acompanhado de outro que disse ser o cura do lugarejo, cujo nome escreveu: “Burniersalut”. Das informações tomadas a seguir, constatou-se que Chessenaz é um lugarejo desconhecido situado na Alta Savoia, a 26 quilômetros de Genebra, que um homem de nome Jean-Chaumontet foi síndico desse lugarejo em 1838 e 1839 e um homem de nome André Burnier foi cura de 1824 a 1841. Os dois nomes figuram num livro de registro de nascimentos e as assinaturas da Srta. Smith assemelham-se bastante às desses dois personagens. (Continua no próximo número.) 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita