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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 313 - 26 de Maio de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 

 

A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 38)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Com relação ao conteúdo das mensagens automáticas, Myers admite a hipótese de serem elas inspiradas por inteligências desencarnadas?

Sim. Segundo ele, a mensagem automática pode ser inspirada por uma inteligência desencarnada, de tipo desconhecido, de qualquer forma diversa da do agente invocado, como é possível que ela advenha, de modo mais ou menos direto, do Espírito que é invocado. (A Personalidade Humana, capítulo VIII – O automatismo motor.)

B. Há alguma relação entre o estado mórbido e a mediunidade?

Não existe. A propósito, Myers cita Flournoy, que examinou a médium Hélène Smith. Seu organismo era totalmente sadio. “Sou tão pouco anormal – afirmou Hélène – que nunca fui tão clarividente, tão lúcida, tão capaz de um juízo rápido, sobre um determinado assunto qualquer, como após ter desempenhado o papel de médium.” Ninguém, diz Myers, parece discutir essa apreciação, que os fatos revelados à medida dos progressos realizados pela Srta. Smith confirmaram, com efeito, plenamente.  (Obra citada. Capítulo VIII – O automatismo motor.)

C. Qual era nos Estados Unidos e Inglaterra a opinião predominante entre os sábios a respeito da mediunidade?

Segundo Flournoy, nos países onde os estudos desse gênero foram realizados, como os Estados Unidos e a Inglaterra, a opinião predominante entre os sábios que mais se aprofundaram na matéria não era contrária à mediunidade; além disso, longe de considerar esta última como um caso especial de histeria, nela veem uma capacidade superior, vantajosa, sadia, da qual a histeria é uma forma de degeneração, paródia-patológica, uma caricatura mórbida. (Obra citada. Capítulo VIII – O automatismo motor.)

Texto para leitura

923. No que diz respeito ao conteúdo das mensagens automáticas, este varia de acordo com as fontes aparentes dos últimos. De acordo com isso, pode-se distinguir as seguintes variações:

a) A mensagem pode ter sua origem no espírito do próprio sujeito e inferir seu conteúdo, quer dos recursos da memória comum, quer dos da memória subliminar mais ampla; a dramatização da mensagem, isto é, o que se atribua a um espírito diverso do espírito do sujeito, se parece, nestes casos, à dramatização dos sonhos e da sugestão hipnótica.

b) O conteúdo da mensagem pode ter sua origem no espírito de outra pessoa ainda viva, cuja pessoa pode ser consciente ou não da sugestão que transmite.

c) A mensagem pode ser inspirada por uma inteligência desencarnada, de tipo desconhecido, de qualquer forma diversa da do agente invocado. Podem-se classificar sob esta epígrafe as mensagens atribuídas, por um lado, aos “maus espíritos” e, por outro, aos “guias” e “guardiães” de uma bondade e de uma sabedoria sobre-humanas.

d) Por último, é possível que a mensagem advenha, de modo mais ou menos direto, do espírito do agente (um amigo falecido) que ele pareça invocar.

924. Meu principal esforço tende, naturalmente, a mostrar que existem mensagens pertencentes a outras categorias e não apenas à categoria “a”, na qual a maioria dos psicólogos gostariam de encaixá-las todas. A meu ver, ainda que reservando um certo número de mensagens aos outros grupos, estou deveras convencido de que a maioria deles representam os efeitos do trabalho subliminar do espírito do sujeito, unicamente.

925. Isto não quer dizer que essas mensagens não sejam para nós algo novo ou interessante. Ao contrário, formam uma passagem instrutiva, indispensável da antiga introspecção psicológica aos métodos mais audazes sobre os quais me proponho insistir. A ação subliminar do espírito, que revelam, difere da atividade supraliminar de um modo que é impossível prevenir ou explicar. Dir-se-ia existirem tendências subliminares que se estendem em certas direções obscuras e que são, no respeitante aos rasgos individuais da pessoa que, às vezes, conseguimos entrever, o que as correntes profundas do oceano são no que respeita às ondas e aos ventos que se agitam sobre a superfície.

926. Mencionarei somente outro ponto de capital importância, com relação ao poder do eu subliminar. É particularmente óbvio que as mensagens cujo conteúdo é formado pelos fatos que o autômato conhece ou pretende conhecer só podem ter sua origem no espírito do sujeito. Mas a proposição contrária não é da mesma forma verdadeira, isto é, que as mensagens cujo conteúdo é formado por fatos que o autômato desconhece não têm, necessariamente, que se originar de um espírito diverso do seu.

927. Se o eu subliminar é capaz de adquirir conhecimentos supranormais, pode atingir esse resultado por outros meios, que não os da impressão telepática, que tenham a sua origem num espírito alheio ao seu. Pode assimilar sua alimentação supranormal por um processo mais direto, digeri-la crua. Se é possível que o sujeito receba os conhecimentos desse gênero graças à influência exercida sobre ele por outros espíritos, encarnados ou não, é também possível que os adquira como consequência de uma percepção clarividente ou de uma absorção ativa de fatos situados além de seu alcance supraliminar.

928. Sucede, com frequência, aos que durante anos continuam investigações pouco familiares ao público, que os pontos de vista que de início não provocaram mais do que ataques e objeções acabam por ser, aos poucos, reconhecidos, enquanto que o investigador interessado em ideias novas apenas se apercebe da mudança produzida na opinião com respeito às antigas.

929. Os leitores dos primeiros números dos “Relatórios da Sociedade de Investigações Psíquicas” poderão, igualmente, comprovar os progressos da opinião. Em seu livro Des Indes a la planete Mars; études sur un cas de somnambulisme avec glossolalie (Paris e Genebra, 1900), Flournoy mostra-nos, de forma notável, as mudanças ocorridas na psicologia durante os últimos vinte anos. Esse livro, ainda que sendo um modelo de imparcialidade, de uma a outra ponta, encerra, na sua maior parte, uma crítica corrosiva dos fenômenos quase-supranormais de que se ocupa. Mas não deixa de demonstrar a quantidade de conceitos tomados desse domínio, que o psicólogo competente considera hoje como estabelecidos e provados, enquanto que há vinte anos a ciência oficial quase não suportaria a menor alusão ao tema.

930. Devo, antes de tudo, mencionar um ponto importante que, de forma decisiva, corrobora uma constatação que fiz há muito tempo e que, então, pareceria fantástica a diversos leitores. Afirmando a continuidade potencial da consciência subliminar (contrariamente aos que pretendem existir somente afloramentos acidentais do pensamento subliminar, semelhantes aos sonhos desligados e incoerentes) declarei que muito rapidamente se levaria a noção do eu subliminar até suas últimas consequências, se não se quisesse admitir a possibilidade de uma direção e de uma posse exteriores contínuas.

931. Ora, toda a discussão sobre o tema Flournoy gira sobre esse ponto. Achamo-nos, indiscutivelmente, na presença de séries contínuas e complexas de sentimentos que se movimentam por sob o umbral da consciência de “Hélène Smith”; essa conscientização subliminar se deve, em qualquer grau, à atividade de outros espíritos, além do espírito da Srta. Smith? Esta é a principal questão; mas se enovela com outra, secundária, a de saber se as encarnações anteriores da Srta. Smith, se outras fases de sua história espiritual que agora afetam relações complexas com o passado, representam algo nessa multidão de personalidades que parecem lutar, umas com as outras, para expressar-se através do organismo sadio.

932. A Srta. Smith, deve-se dizer já, não foi nunca uma médium a soldo. No instante em que Flournoy escrevia seu livro, ocupava um posto elevado numa grande casa de comércio de Genebra e dava sessões a seus amigos simplesmente porque o exercício de suas capacidades mediúnicas lhe agradava e se interessava muito na sua aplicação.

933. Seu organismo era, segundo ela e os demais, totalmente sadio. A Srta. Smith, diz Flournoy, declara categoricamente que é sã de corpo e espírito, perfeitamente equilibrada e repele com indignação a ideia de que o papel do médium, tal como ela o desempenha, seja passível de supor uma anomalia perniciosa ou o menor perigo.

934. “Sou tão pouco anormal – escreve Hélène –, que nunca fui tão clarividente, tão lúcida, tão capaz de um juízo rápido, sobre um determinado assunto qualquer, como após ter desempenhado o papel de médium.” Ninguém parece discutir esta apreciação, que os fatos revelados à medida dos progressos realizados pela Srta. Smith confirmam, com efeito, plenamente.

935. “É, com efeito, indiscutível – continua Flournoy – que a Srta. Smith tem uma cabeça extremamente bem organizada e do ponto de vista dos negócios, por exemplo, dirige admiravelmente bem o importante e complicado departamento à cuja testa se encontra, no armazém onde está empregada; de forma que lhe atribuir um estado mórbido, pela simples razão de que é médium, equivale ao menos ao enunciado de uma petição de princípio inadmissível, já que a natureza do que constitui e caracteriza o médium é ainda mais obscura e passível de discussão.”

936. Ainda Flournoy escreveu: “É evidente que existe, entre os sábios, espíritos estreitos e limitados, fortes cada qual na sua especialidade, mas prontos a lançar seu anátema sobre tudo o que não esteja de acordo com suas ideias preconcebidas e a tratar de mórbido, de patológico e de louco tudo o que se diferencie do tipo normal da natureza humana, tal como concebida segundo o modelo de sua própria personalidade. Mas, em primeiro lugar, o critério essencial com o qual nos devemos ater para apreciar o valor de um ser humano nos é proporcionado, não pelo seu estado de boa ou má saúde, nem por seu grau de semelhança com outros indivíduos, senão pelo modo pelo qual realiza sua tarefa especial, por como desempenha as funções que lhe competem e pelo que dele se pode esperar. Não acredito que as capacidades psíquicas da Srta. Smith a tenham jamais impedido de cumprir seus deveres, antes, ajudaram-na nisso, pois sua atividade normal e consciente encontrou, frequentemente, uma inesperada ajuda em suas inspirações subliminares e em suas manifestações automáticas”.

937. “Em segundo lugar, está longe de ser demonstrado que o estado do médium seja um fenômeno patológico; é indubitavelmente um fenômeno anormal, no sentido de que é raro, excepcional, mas a raridade não significa morbidez. Os poucos anos durante os quais se estudaram esses fenômenos cientificamente não são suficientes para nos permitir que nos pronunciemos sobre sua natureza. Convém notar que nos países onde os estudos desse gênero foram levados além, Estados Unidos e Inglaterra, a opinião predominante entre os sábios que mais se aprofundaram na matéria não é contrária à mediunidade e que longe de considerar esta última como um caso especial de histeria, nele veem uma capacidade superior, vantajosa, sadia, da qual a histeria é uma forma de degeneração, paródia-patológica, uma caricatura mórbida”, concluiu Flournoy.

938. Os fenômenos que apresenta essa sensitiva (à qual Flournoy dá o pseudônimo de Hélène Smith) parecem, à primeira vista, variados e múltiplos, mas essa variedade se vê em seguida ser mais aparente que real e é fácil comprovar que se podem explicar através da autossugestão.

939. Comprovamos, primeiramente, o aparecimento de toda classe de elementos subliminares na vida supraliminar. Como diz Flournoy: “fenômenos de hipermnesia, adivinhações, descobertas misteriosas de objetos perdidos, inspirações felizes, pressentimentos exatos, intuições justas, resumindo, automatismos teleológicos de todo o gênero: ela possui num alto grau a cunhagem do gênio que constitui uma compensação mais do que suficiente dos inconvenientes que resultam das distrações e ausências momentâneas que acompanham suas visões e que na maioria dos casos passam desapercebidas”.

940. No desenvolver das sessões, em que as transformações mais profundas não apresentam qualquer inconveniente, sofria uma espécie de auto-hipnotização que produzia estados letárgicos e sonambúlicos variados. E quando se acha só e ao abrigo de qualquer interrupção, tem visões espontâneas, durante as quais aproxima-se ao estado de êxtase. Experimenta, durante as sessões, alucinações positivas e negativas e anestesias sistemáticas, de forma que, por exemplo, deixa de ver qualquer pessoa presente, especialmente a destinatária das mensagens que se elaboram durante o curso da sessão. “Dir-se-ia que uma incoerência como a que caracteriza os sonhos preside o trabalho preliminar da desagregação, graças à qual as percepções normais se acham arbitrariamente divididas ou absorvidas pela personalidade subconsciente, em busca de materiais para compor as alucinações que prepara.”

941. A seguir, ao se iniciar a sessão, o único ator é o guia de Hélène, Leopold (pseudônimo de Cagliostro), que fala e escreve através dela e que provavelmente não é, na realidade, mais do que a forma desenvolvida de sua personalidade secundária. Efetivamente, Hélène tem, às vezes, a impressão de converter-se momentaneamente em Leopold (pág. 117).

942. Flournoy compara esta sensação com a experiência de Hill Tout (Proceedings of the S. P. R., XI, pág. 399), que sente converter-se no seu próprio pai, manifestando-se através dele. “Leopold – diz Flournoy – manifesta, certamente, um aspecto muito honrado e amável do caráter da Srta. Smith, que, tomando-o por “guia”, seguiu inspirações que se encontram, indiscutivelmente, entre as mais elevadas de sua natureza.”

943. O alto teor moral dessas comunicações automáticas, sobre as quais tanto insiste Flournoy, é um fenômeno digno de consideração. Não quero, com isso, dizer que pareça especialmente estranho no caso da Srta. Smith. Esta parece uma pessoa de espírito realmente equilibrado. Não nos assombra encontrar seu eu subliminar tão isento de crítica como seu eu supraliminar. Mas, na realidade, a observação que Flournoy faz é de aplicação muito mais ampla.

944. O alto valor moral, quase universal, das manifestações automáticas primitivas, consideradas quer como comunicações espirituais, quer como procedentes do mesmo sujeito, não foi ainda, que eu saiba, devidamente esclarecido ou explicado de modo satisfatório.

945. Mencionarei aqui dois pontos que me interessaram sobremaneira e que considero interessante destacar: em primeiro lugar, li numerosos sermões e outros ataques contra o “espiritismo”, nome pelo qual se designam, geralmente, todas as manifestações automáticas, e não estou lembrado de um só exemplo em que se tenha citado em apoio desses ataques alguma passagem de teor imoral, baixa, cruel ou impura (e este é o segundo ponto sobre o qual quero chamar a atenção); os ataques foram sempre desse gênero que, aos olhos do filósofo, é, antes, elogioso para os escritos atacados, porque parece que nenhuma das diferentes igrejas conflitantes conseguiu apresentar em favor de seus dogmas as provas demonstradas pelas mensagens automáticas. Os diferentes controversistas, quando sinceros, admitiram o engrandecimento moral, mas partindo de pontos de vista opostos, estão concordes em deplorar a ignorância teológica. (Continua no próximo número.) 

 


 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita