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O Espiritismo responde
Ano 7 - N° 311 - 12 de Maio de 2013
ASTOLFO O. DE OLIVEIRA FILHO
aoofilho@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 
BLOG
ESPIRITISMO SÉCULO XXI
 


 
Em carta publicada na edição passada, uma leitora de Campo Grande-MS pergunta-nos qual é o entendimento da Doutrina Espírita sobre o motivo da morte de Jesus nas condições em que ela se deu, pregado em uma cruz. Por que Jesus se deixou morrer assim?

Pelo que lemos até hoje, não existe nas obras de Allan Kardec nenhum texto que nos permita responder objetivamente a tal indagação. Assim, o que ora escrevemos baseia-se em deduções fundamentadas nos variados textos que lemos acerca da missão que Jesus veio desempenhar no planeta Terra, um orbe que já se encontrava sob sua direção desde a sua criação. Pelo menos é isso que está dito no livro “A Caminho da Luz”, de Emmanuel, psicografado em 1939 pelo médium Francisco Cândido Xavier.

Com efeito, diz Emmanuel no capítulo inicial da mencionada obra:

“Rezam as tradições do mundo espiritual que na direção de todos os fenômenos, do nosso sistema, existe uma Comunidade de Espíritos Puros e Eleitos pelo Senhor Supremo do Universo, em cujas mãos se conservam as rédeas diretoras da vida de todas as coletividades planetárias. Essa Comunidade de seres angélicos e perfeitos, da qual é Jesus um dos membros divinos, ao que nos foi dado saber, apenas já se reuniu, nas proximidades da Terra, para a solução de problemas decisivos da organização e da direção do nosso planeta, por duas vezes no curso dos milênios conhecidos. A primeira, verificou-se quando o orbe terrestre se desprendia da nebulosa solar, a fim de que se lançassem, no Tempo e no Espaço, as balizas do nosso sistema cosmogônico e os pródromos da vida na matéria em ignição, do planeta, e a segunda, quando se decidiu a vinda do Senhor à face da Terra, trazendo à família humana a lição imortal do seu Evangelho de amor e redenção.” (Grifamos.)

O caráter missionário do advento do Cristo ressalta com toda a clareza no texto acima. É de admitir, portanto, que todas as condições dessa missão, tal como ocorre na chamada programação reencarnatória dos Espíritos de evolução mediana, hajam sido previamente fixadas, não só no tocante ao seu nascimento, mas igualmente com relação à época e à forma da morte do seu corpo físico.  

Os textos dos evangelistas são muito claros quando informam que Jesus sabia que Judas iria traí-lo, que ele pereceria em razão dessa traição e logo em seguida voltaria ao seio dos seus discípulos. Aliás, no Antigo Testamento, muito antes do advento do Cristo, profetas referiram-se a esses episódios, sendo de ressaltar ainda a visita que Jesus recebeu, na véspera de sua prisão, dos Espíritos de Elias e Moisés, como é narrado pelos evangelistas.

É senso comum, pois, no meio espírita, que a tragédia do Gólgota foi planejada com bastante antecedência, antes mesmo de Jesus surgir em terras da Judeia.

Ciente do que ocorrera com os grandes profetas do passado, quase todos vitimados pela intolerância de seus contemporâneos, não era difícil para Jesus prever que algo parecido ocorreria com ele em sua passagem pela Terra.

Um pormenor que não deve passar despercebido foi o que ocorreu dias antes da Páscoa, no episódio da chamada ressurreição de Lázaro, descrita por João Evangelista. Naquela oportunidade, Jesus demorou muito além do normal para acudir ao chamado da família de Lázaro. Ele sabia, obviamente, que Lázaro não estava morto. “Lázaro dorme”, disse aos seus companheiros. A demora foi claramente premeditada, porque, quando Jesus chegou a Betânia, uma multidão de pessoas e figuras importantes do clero se encontravam a postos e puderam assistir ao fenômeno do despertamento de seu amigo.

Eis o que João Evangelista relatou:

“Muitos, pois, dentre os judeus que tinham vindo a Maria, e que tinham visto o que Jesus fizera, creram nele. Mas alguns deles foram ter com os fariseus, e disseram-lhes o que Jesus tinha feito. Depois os principais dos sacerdotes e os fariseus formaram conselho, e diziam: Que faremos? porquanto este homem faz muitos sinais. Se o deixamos assim, todos crerão nele, e virão os romanos, e tirar-nos-ão o nosso lugar e a nação. E Caifás, um deles que era sumo sacerdote naquele ano, lhes disse: Vós nada sabeis, Nem considerais que nos convém que um homem morra pelo povo, e que não pereça toda a nação. Ora ele não disse isto de si mesmo, mas, sendo o sumo sacerdote naquele ano, profetizou que Jesus devia morrer pela nação. E não somente pela nação, mas também para reunir em um corpo os filhos de Deus que andavam dispersos. Desde aquele dia, pois, consultavam-se para o matarem.” (João, 11:45-53.)

O que ocorreu em Betânia determinou o destino de Jesus, o que nos leva a deduzir que o Mestre escolheu o cenário ideal – o período da Páscoa judaica – para que fosse preso, acusado, julgado, condenado e morto, para, apenas dois dias depois, ressurgir vivo, fato que para todas as pessoas, amigos e inimigos, constituiria uma prova incontestável da imortalidade e de sua alta estirpe.

Digamos que a ressurreição de Lázaro constituiu a penúltima cena de uma história que se encerraria no Gólgota, mas recomeçaria no domingo imediato, o mesmo domingo que os cristãos comemoram como a Páscoa da ressurreição, um fato inegavelmente tão importante que muitos estudiosos afirmam, com razão, que caso não houvesse a ressurreição não existiria Cristianismo.

Comprovava-se ali de modo incontestável, não somente em teoria, que a vida persiste além da morte, que as pessoas são, em verdade, imortais, que Jesus venceu a morte e que nós, obviamente, poderemos também vencê-la.


 


 
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