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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 310 - 5 de Maio de 2013

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, MG (Brasil)

 
 
 

Os recursos humanos e as relações interpessoais no Cristianismo primitivo

(Referenciais oportunos para os dias de hoje, em especial
no movimento espírita)
(1)

"Eis que vos envio, dois a dois.” - Jesus

 
Incansavelmente os Espíritos Superiores nos têm alertado sobre o manancial inesgotável que é o Evangelho do Cristo, fonte de esclarecimento e consolo para quantos lhes buscam as lições imorredouras. A cada leitura, novas descobertas e a cada nova descoberta, novos conhecimentos se articulam, se refundem, se superam.  Em certa passagem surge o terapeuta Jesus; em dezenas de outras, o Mestre e Educador da Humanidade Se evidencia; nas narrativas surge o Repórter de Seu tempo.  Poesia, história, antropologia cultural, ética, ciência da observação, lógica são alguns dos temas que preenchem o texto/contexto dos Evangelhos.

Ante os antigos e constantes problemas de ausência e deserção de trabalhadores na seara espírita, eis abaixo algumas ideias que julgamos oportunas socializar com os trabalhadores das lides espiritistas sobre as contribuições do Cristianismo Primitivo dentro do tema Recursos Humanos e trabalho em grupo:

1.   Jesus atua em conjunto, apesar de Sua grandeza espiritual.

Espírito puro e governador espiritual da Terra, Jesus não prescinde da participação de outros Espíritos de condição espiritual inferior à d`Ele, para o desenvolvimento de Sua tarefa. Ele era e é o Messias esperado, mas Se faz articulador de um grupo, testemunhando com o próprio exemplo que tudo no Universo nos revela a ideia de cooperação. Em tarefa de redenção espiritual de elevado porte, faz-Se acompanhar de uma falange invisível e de um punhado de homens e mulheres carregando consigo conquistas e débitos espirituais. Atua em conjunto, investindo no potencial do grupo, ainda que reconhecesse suas fragilidades. Dá o apoio, mas deixa que cada um cumpra a cota de serviço necessária ao processo de crescimento individual e coletivo.

2.    Jesus constitui um grupo de trabalho com pessoas diferentes entre si.

É curioso observar o grupo constituído por Jesus, ainda que poucas informações tenhamos sobre a maioria dos Seus discípulos. Pelas Escrituras Sagradas sabemos que foram discípulos do Mestre, em sua maioria, homens simples do povo, embora do grupo participasse um coletor de impostos (Mateus). São jovens, adultos e quase idosos, com características bastante heterogêneas: impetuosidade (Pedro), desconfiança (Tomé); entusiasmo (Tiago, filho de Zebedeu); circunspeção (Tiago, filho de Alfeu); docilidade (João), imediatismo (Judas de Kerioth). Essa miscelânea torna o Colégio Apostólico uma curiosa representação da variada espécie humana, com suas poucas virtudes e muitas imperfeições. É que Jesus aposta na diversidade capaz de fortalecer a unidade em torno de um fim comum.

3.  A unidade do grupo se dá em torno do objetivo comum.

O Mestre, o líder por excelência, identifica claramente o objetivo comum como o elo capaz de unir personalidades tão diferentes, evitando que os interesses pessoais ou de "panelas" se tornassem a tônica do trabalho do grupo. Jesus demonstra que criaturas diferentes podem se completar auxiliando, com as próprias diferenças, a concretização do objetivo. Em inúmeras passagens nos demonstra a necessidade da superação das divergências, quer através do estímulo à reconciliação, quer pela ênfase constante quanto aos fins a que se propõe a obra do Cristianismo ou mesmo quando adverte os que buscam privilégios na coletividade.

4.   Jesus respeita a individualidade que não mais se harmoniza com o objetivo comum do grupo.

Se o objetivo comum é o elo capaz de manter unido um grupo de pessoas diferentes, nada mais natural que as criaturas deixem de se sentir estreitamente vinculadas ao grupo quando não mais se harmonizam com os objetivos centrais, quando "pendem" para outros objetivos.  "Aquele que quiser vir após mim, tome a sua cruz e siga-me", afirmou o Cristo, mas igualmente lembrou que há chamados e escolhidos, demonstrando o respeito às opções individuais.  Exemplo claro de Sua posição se encontra no célebre diálogo com o moço rico e o exemplo máximo é Sua maneira de receber Judas, quando do momento de Sua prisão, saudando-o fraternalmente: "A que vieste, amigo?". Nenhuma crítica mordaz, nenhuma cobrança. Só o respeito e a confiança no futuro.

5.    O Mestre divide tarefas e amplia gradativamente Seu grupo de trabalho.

O árduo trabalho do Cristianismo nascente se assenta na divisão de tarefas e no gradativo aumento, pela adesão aos objetivos, dos seguidores do Nazareno.  Envia Seus discípulos para o cumprimento de atividades várias: o provimento de necessidades básicas, a divulgação da palavra, a assistência aos necessitados, dentre outras. Escolhe Seu "colégio apostólico" para posteriormente enviá-lo em tarefas, dois a dois; em seguida chama 72 e culmina Sua ampliação do grupo mais direto de trabalho ao convidar os quinhentos da Galileia para a ação evangelizadora no mundo. Isso sem contar com os corações sensíveis que O seguiam e os convertidos que se tornaram cooperadores de Sua obra.

6.  O Senhor exige respeito pelas outras pessoas que se identificam com o objetivo do grupo, ainda que nele não esteja.

Causa-nos certo estranhamento a reação do grupo de discípulos do Senhor, que relata, com certo tom de vaidade, a atitude de admoestação que tomou em relação a um estranho que curava e pregava em nome de Jesus, sem pertencer diretamente ao grupo dos 12. Grande é a resposta do Mestre: "Aquele que não é contra nós é por nós".  É o bom senso crístico nos auxiliando a ter mais largueza de vistas, a superarmos nossas visões "partidárias", a buscarmos o verdadeiro sentido da fraternidade, a nos libertarmos das "panelas" ou posturas sectárias.

7.    O Messias vai buscar "reforços" em pessoas "fora" do grupo, mas identificadas com o mesmo objetivo.

Evitando o espírito de "privilégio" e o sentido de "castas", Jesus busca em outros companheiros que não do Seu colégio apostólico para compor Sua equipe de trabalho.  É assim com Lázaro e suas irmãs. O exemplo mais forte, porém, é o do apóstolo Paulo, "... o vaso escolhido pelo Senhor...", segundo o Atos dos Apóstolos. Esse posicionamento possibilita a ampliação dos quadros de colaboradores, evitando o exclusivismo de raça, seita ou posição pessoal. Aqueles a quem o Senhor busca e encontra (a postos), ainda hoje, se convertem, pelo seu esforço e abnegação, em "cartas vivas do Cristo", identificadas plenamente com Seus objetivos.

8.  Como líder, Jesus trabalha a autoestima do grupo, buscando manter sua motivação interna.

"Vós sois o luz do mundo", "Vós sois o sol da terra", "Chamo-vos amigos...".

São algumas das palavras de estímulo e emulação que Jesus utiliza, junto aos discípulos e às multidões. Esse encorajamento se tornará fundamental na hora do testemunho. É necessário, nos demonstra o Salvador, trabalhar a autoestima do grupo para que o desânimo, o conformismo ou a insegurança não comprometam a dinâmica da tarefa a ser desenvolvida. Os diálogos mais íntimos os desconhecemos, mas temos certeza de sua existência e eficácia, pelos desdobramentos posteriores à crucificação.

9.     Como líder, Jesus não Se coloca afastado ou superior ao grupo, mas nele Se engaja, concretizando a ideia de conjunto.

"O filho do homem não veio para ser servido, mas para servir."

Essas palavras foram concretizadas no dia-a-dia dos labores do Evangelho. Jesus não "ordena", simplesmente, mas participa, Se envolve com a multidão, faz Sua parte contribuindo para a harmonia da tarefa. Não Se isola do grupo, mas mantém-Se ligado, inclusive afetivamente, aos companheiros de lutas redentoras. "Estarei convosco." – é a promessa do Senhor.

10.      Jesus estabelece um critério para reconhecimento interno do grupo, no campo das relações interpessoais.

"Amai-vos uns aos outros como eu vos amei."

É o novo mandamento.  Novo devido ao modelo de amor que o Mestre exemplificou. Este é o critério de reconhecimento dos irmãos: o amor recíproco, o esforço para a vivência da legítima solidariedade.  O Messias ainda apresenta inúmeras sugestões no âmbito das relações entre os discípulos: tolerância, companheirismo, perdão, oração, diálogo são alguns exemplos que encontramos nas páginas do Evangelho.

11.  Jesus estabelece um critério para os que estão fora reconhecerem Seus discípulos.

"Nisto todos reconhecerão que sois os meus discípulos: se vos amardes uns aos outros."

É a lição da coerência. Se houver o amor entre nós, os que estão "fora" testemunharão o esforço de vivência evangélica dos seguidores do Mestre. Isso implica em responsabilidade nos nossos atos, palavras, pensamentos e sentimentos. Sem esse testemunho não poderemos ser reconhecidos como verdadeiros cristãos.

Como podemos observar, o Evangelho é inesgotável manancial de lições a serem meditadas, sentidas e vividas, por todos nós que pretendemos ser chamados de cristãos. O trabalho em equipe ou grupo, como queiram, é dos mais produtivos, mecanismo de evolução espiritual pelas exigências de autoeducação de que se reveste. Resulta do esforço coletivo o autoconhecimento, a construção das sólidas amizades baseadas em laços espirituais, o cultivo do trabalho e das virtudes a fim de que, como nos recomenda O Evangelho segundo o Espiritismo, "... o Senhor encontre concluída a obra", apesar das diferenças individuais. É a lição da "equipe", do "time", do "grupo verdadeiro", qualquer que seja a nomenclatura desejada. Não são as expressões da linguagem que contam: É a parte boa que cada um pode dar na construção do todo a serviço de todos.   
 

(1) O texto acima foi inspirado no livro de Sandra Maria Borba Reflexões Pedagógicas à luz do Evangelho. Curitiba: FEP, 2009, cap. 6.


 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita