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Crônicas e Artigos

Ano 7 - N° 310 - 5 de Maio de 2013

JANE MARTINS VILELA
jane.m.v.imortal@gmail.com
Cambé, PR (Brasil)   

 
 


Doce partida
 

Uma cuidadora de idosos contou-nos emocionada, entre lágrimas, das saudades que ela sentia de uma senhora que ela cuidara por algum tempo, até sua desencarnação, há alguns meses, com a idade de 112 anos.

112 anos? Perguntamos surpresa. 112, confirmou ela.

E como ela estava? Tinha muitas dificuldades? Estava acamada? Tinha o Mal de Alzheimer?

Não, de jeito nenhum! Caminhava bem, fazia sua caminhada diária, meia hora por dia. Tinha a memória melhor do que a dos filhos e netos, não esquecia o nome de ninguém, tinha uma conversa boa. Era bom conversar com ela. Ela era bem informada. Lia o jornal todos os dias, lia muito.

Lembramos que os estudos da atualidade na área da neurologia sugerem que os idosos devem ler muito e fazer exercícios, pois isto forma neurônios novos e pode impedir ou retardar o “mal de Alzheimer”. Fazer o bem também, o amor mantém a lucidez mais tempo; quem trabalha no bem e vivencia o amor, mantém a memória. A ciência hoje nos mostra o que as obras psicografadas por Chico Xavier, escritas por André Luiz, nos revelaram há muito tempo. Quem equilibra a inteligência com o amor tem equilíbrio mental. A velhinha era assim. Amava e era muito amada, merecia.

Como foi a morte dela? – perguntamos. É comum as pessoas idosas verem amigos e parentes que morreram antes virem-nas visitar. Ela comentava algo?

Ah! Ela via muito, citava os nomes, mencionava esse ou aquele que ali estava. Começou a nos preparar para a sua partida um tempo antes, dizia que eles estavam avisando que em breve ela estaria com eles. No último mês chamou a família para se despedir. Todos foram chegando e ela despediu-se de um por um, lembrando-se de todos. A última foi uma bisneta, que ela ficou esperando, pois vinha do Canadá, onde mora. Chegou com o marido, grávida, exclusivamente para despedir-se. Ela abençoou a bisneta, pôs a mão em sua barriga, fez uma prece pela criança, estava muito bem.

A cuidadora saiu para buscar um copo d´água, que a velhinha solicitou. Ela ficou só por poucos instantes, a conta da cuidadora ir e voltar da cozinha com a água. Ao voltar, deparou-se com o corpo sem vida da senhora. Em sua face estava estampado um lindo sorriso. Foi uma morte muito bonita, disse ela, entre lágrimas. “Sinto saudades. Ela era uma pessoa excelente. Sinto falta de conversar com ela. Ela era muito culta, aprendi muito com ela”, disse-me a amiga.

112 anos não é fácil atingir, ainda mais assim, como ela se revelava. Conhecemos uma senhora que já tem essa idade, mas o corpo não obedece. Frágil, não tem forças para levantar-se do leito, memória do idoso, do passado, com detalhes, presente pouco lembrado. Essa senhora que nos foi citada foi surpreendente. Espírito completista, deu lições de sabedoria até o fim. Os velhos estão dando verdadeiras lições de luz aos mais jovens e estão sendo finalmente reconhecidos por seu valor. Estão sendo amados, respeitados, ouvidos. Sua experiência e suas histórias fascinantes de um tempo que passou são envolventes quando se pode ouvi-los. Estão começando a receber o respeito devido, mesmo porque, com a melhora da qualidade de vida, cada vez estão mais numerosos, mantendo-se como auxiliares na renda de suas famílias, e, uma grande parte, trabalhando continuadamente, em grande exemplo, enquanto têm forças. Neste país que cultua tanto o corpo e a beleza, a beleza do idoso brilha, pois é uma beleza de fato, um coração amoroso que se revela numa face cheia de rugas, mas que se mostra nobre, num brilho de amor no olhar.

No livro “Boa Nova”, de Humberto de Campos, psicografado por Chico Xavier, Simão, o Zelote, que se achava idoso, sem forças, dialoga com Jesus, comentando que os moços eram fortes e ele se sentia humilhado, porque não se achava capaz como eles, fisicamente.

– Mas escuta Simão - disse Jesus - achas que os moços de amanhã poderão fazer alguma coisa sem os trabalhos dos que agora estão envelhecendo?! Poderia a árvore viver sem a raiz, a alma sem Deus? Lembra-te da tua parte do esforço e não te preocupes com a obra que pertence ao Todo-Poderoso, Sobretudo, não olvides que a nossa tarefa, para a dignidade perfeita de nossas almas, deve ser intransferível...

... Não te magoe a palestra dos jovens da Terra...

... Quando te cerque o burburinho da mocidade, ama os jovens que revelam trabalho e reflexão; entretanto, não deixes de sorrir, igualmente, para os levianos e inconstantes: são crianças que pedem cuidado, abelhas que ainda não sabem fazer o mel. Perdoa-lhes o entusiasmo sem rumo, como se deve esquecer os impulsos de um menino na inconsciência dos seus primeiros dias de vida. Esclarece-os Simão, e não penses que outro homem pudesse efetuar, no conjunto da obra divina, o esforço que te compete. Vai e tem bom ânimo! Um velho sem esperança em Deus é um irmão triste da noite; mas eu venho trazer ao mundo as claridades de um dia perene.

Jesus terminou e, como sempre, grande foi sua lição!

Cada Espírito encarnado é um ser precioso em sua colaboração com a vida, engrandecendo-a com sua jornada laboriosa.

Espíritos maravilhosos têm passado por nós, dando-nos grandes ensinamentos na velhice, mantendo bom ânimo e coragem, aos moldes de Simão ante os conselhos de Jesus.

Um halo de doçura e delicadeza envolve os idosos, que exteriorizam, à medida que os anos passam, a fragilidade de seus corpos e a fortaleza de seus espíritos. Paremos para ouvi-los. Prestemos atenção neles, escutemos as suas histórias. Revelam um tempo que não mais existe e, que encantados, podemos imaginar.

A idosa de 112 anos tinha muitas histórias. Foi amada e muito amou e, pelo tanto que amou, mereceu ser amada. Desencarnou muito fácil. Era espírita? Não! Isso não importa. Os atos, sim, importam. Tomara que, ao chegar nossa vez, possamos desencarnar tão fácil assim. Preparemo-nos, desde jovens, com uma semeadura de amor, cotidianamente. Só nossos mentores sabem, como Espíritos mais elevados, nosso amanhã. Nós não sabemos, mas podemos ficar em paz, com o coração pacificado, com a nossa atitude de amor. E, quando chegar nossa hora, que possamos nos despedir docemente desta nossa querida morada chamada Terra, e partir para o mundo espiritual em paz e – quem sabe? –com um doce sorriso na face.
  

 


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