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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 310 - 5 de Maio de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 35)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Myers afirma que a natureza da aparição varia de um caso para outro. O que determina essa diversidade?    

A natureza da aparição varia de acordo com seu grau de clareza e sua individualidade. Os fantasmas, de aparições incoerentes e ininteligíveis, podem parecer inquietantes e de mau augúrio, mas à medida que aumentam sua claridade, sua inteligência e sua individualidade, tornam-se fonte de amor e alegria. (A Personalidade Humana, capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.) 

B. O estudo científico das aparições põe por terra as concepções tradicionalmente defendidas pelos satanistas?  

Sim. A antiga suposição de que existem Espíritos malignos dotados de poderes maléficos, que forma a base do estudo dos satanistas e da maioria dos terrores sobrenaturais, desaparece insensivelmente do espírito, à medida que estudamos os fatos que se nos apresentam, examinados nesta obra. (Obra citada. Capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.) 

C. Pode-se considerar a telepatia um passo adiante na vida da evolução?   

Segundo Myers, essa ideia é, sim, incontestável. O fato de poder ler os pensamentos gerados em outros Espíritos, sem o auxílio de sentidos especiais, indica, evidentemente, a possibilidade de uma extensão muito ampla de forças psíquicas. E todo conhecimento novo, relativo às condições nas quais a ação telepática é suscetível de se produzir, nos servirá como ponto de partida de inestimável valor para determinar o caráter evolutivo ou dissolutivo dos estados psíquicos pouco comuns. (Obra citada. Capítulo VIII  – O automatismo motor.)

Texto para leitura 

845. Afastando todos esses casos cuja principal característica consiste na produção de sons não articulados, achamo-nos diante de casos em que diversas pessoas viram espectros, e casos que, com frequência, se assemelhavam. Sobre esse tema foram formuladas diversas hipóteses; a meu ver, considero que quando o mesmo fantasma é visto por mais de uma pessoa ao mesmo tempo, trata-se de uma transposição da parte do espaço em que o fantasma foi percebido, sem que a matéria em si, que ocupa esse espaço, tenha sofrido qualquer transformação.

846. Quanto à questão do papel desempenhado por certas casas na produção de aparições, faz parte da questão mais ampla do conhecimento póstumo; não se trata aqui de propriedades especiais destas casas, mas de um ramo do grande problema das relações existentes entre os fenômenos supranormais e o tempo.

847. As manifestações que se produzem nas casas assombradas dependem de um antigo acontecimento. Essas manifestações são uma consequência ou mero resíduo? Qual é o gênero de dependência, nesse caso? Trata-se de operação atual ou apenas de percepção atual de acontecimentos já realizados? Podemos, nestes casos, estabelecer uma distinção real entre uma ação contínua e uma percepção contínua de uma ação passada?

848. Parece-me existir estreita analogia, ainda que não evidente à primeira vista, entre esses fenômenos, esses sons e visões persistentes, e certos fenômenos de cristaloscopia e de escrita automática que também dependem de acontecimentos realizados há tempos, dos quais são consequência ou resíduo.

849. Existem casos em que a relação entre a aparição e uma pessoa morta há muito tempo parece verdadeira, e outros em que se torna cada vez menos evidente, até que a gente se encontra apenas na presença de cenas fantasmagóricas, que é impossível atribuir à atividade real de um Espírito humano. Uma visão, por exemplo, como a de um animal fantasmagórico atravessando um vale, se foi vista, no mesmo lugar, por diversos espectadores, pode ser considerada como algo além de mera ilusão subjetiva. A significação real dessa imagem leva-nos às teorias sobre a permanência ou simultaneidade dos fenômenos que se desenvolvem no seio da alma universal, situada fora do tempo.

850. Esses conceitos pertencem aos mais elevados de nosso espírito. Se pudéssemos nos aproximar mais deles, seriam de natureza a influenciar profundamente a ideia que temos de nosso destino longínquo. Talvez um dia isso aconteça. Por enquanto devemos contentar-nos com um simples golpe de vista sobre o véu impenetrável que até agora permanece ante a nossa visão.

851. Não nos parece necessário, nem prudente, terminar este capítulo sem acrescentar algumas palavras sobre o lado moral e estético do problema. Quem se propõe a trabalhar de acordo com a sua opinião e fazê-la avançar pelo caminho da verdade deve dar-se conta do seu estado real. Mas o que este livro encerra de novo está destinado a agir sobre preconceitos de caráter tanto moral quanto intelectual.

852. Seria dar prova de pedantismo não querer mencionar as questões de ordem moral quando se tocam matérias que a maioria dos que pensam consideram antes do ponto de vista moral do que do ponto de vista científico. Quando fatos novos, de uma importância tão considerável, são chamados a penetrar profundamente na consciência de nossa raça, devem ser coerentes e aceitáveis tanto moral como intelectualmente.

853. Discutiremos a maioria das questões relacionadas a este tema no capítulo final. Mas há um ponto que se acha, desde já, acima de qualquer discussão, e sua importância é enorme, merecendo nossa atenção: de todos os fatos aqui citados tiramos uma conclusão que, aplicada às superstições e aos terrores humanos, constitui um poderoso remédio, mais poderoso do que o encontrado por Lucrécio.

854. Nesta imensa série de relatos, por mais complexos e raros que sejam seus detalhes, comprovamos que a natureza da aparição varia de acordo com seu grau de clareza e sua individualidade. Os fantasmas, de aparições incoerentes e ininteligíveis, podem parecer inquietantes e de mau augúrio, mas à medida que aumentam sua claridade, sua inteligência e sua individualidade, tornam-se fonte de amor e alegria. Nunca vi um só caso de combinação póstuma de inteligência e maldade.

855. Ao examinar a escrita automática, perguntar-nos-emos qual a origem das piadas vulgares e das mistificações absurdas que se encontram associadas aos fenômenos desse gênero. Teremos que estudar a questão para saber se se trata de uma espécie de sonho do próprio autômato, porquanto essas mistificações de piadas indicam a existência de inteligências desencarnadas ao nível do cão e do macaco.

856. Por outro lado, a antiga concepção de Espíritos malignos, de poderes maléficos que formam a base do estudo dos satanistas, e da maioria dos terrores sobrenaturais, desaparece insensivelmente do espírito, à medida que estudamos os fatos que se nos apresentam.

857. Nossos relatos nos foram transmitidos por homens e mulheres que representam as diversas variedades da opinião média, e todos esses relatos convergem para um só objetivo que é o de estabelecer uma diferença marcante entre o ponto de vista científico e o ponto de vista supersticioso, aplicados aos fenômenos espirituais.

858. O terror que constitui a base das teologias primitivas se manifesta entre os povos, sempre que se faz alusão à possibilidade de comunicação com almas descorporificadas. Mas a transformação do terror selvagem em curiosidade científica constitui a essência da civilização. Todos esses fatos tendem incontestavelmente a apressar essa transformação.

859. Nesse mundo do espírito, que se abre diante de nós, creio distinguir, mais do que uma intensificação, uma desintegração do egoísmo, da malquerença e do orgulho. E não é este o resultado natural da evolução moral do mundo? Se o homem egoísta é, segundo a expressão de Marco Antônio, “um cancro, uma úlcera do Universo”, esses impulsos egoístas não devem, num mundo melhor, sofrer uma queda definitiva, se bem que penosa, ao não encontrar qualquer apoio entre as forças permanentes que mantêm o curso das coisas?   

860. Cap. VIII - O automatismo motor. O leitor que me acompanhou até este ponto não pôde deixar de ter percebido que existe um extenso grupo de fenômenos, de enorme importância, dos quais ainda não me ocupei. O automatismo motor, ainda que menos familiar ao grande público do que os fantasmas classificados sob o nome de automatismo sensorial, compreende um conjunto de fenômenos, na realidade mais frequentes e importantes.

861. Deparamo-nos já com mais de um exemplo de automatismo motor, durante o curso desta obra, primeiramente, e sob uma forma muito desenvolvida, no capítulo II, ao tratarmos da personalidade múltipla. Citamos ali numerosos exemplos de efeitos motores produzidos pelo eu secundário sem a intervenção do eu primitivo, frequentemente incluído, não obstante a sua resistência. Toda ação motriz do eu secundário é uma ação automática, com relação ao eu primitivo. E podemos, por analogia, ampliar o uso desta palavra e qualificar de automáticos não só os atos pós-epiléticos, mas também as manias, sempre que esses atos se realizem à margem da iniciativa da personalidade primitiva que se presume normal.

862. Não nos ocuparemos, neste capítulo, desses fenômenos degenerativos. O automatismo, que constitui o tema, é um fenômeno evolutivo, do qual darei uma definição mais exata ao definir, ao mesmo tempo, as relações que tem com os fenômenos motores desagregantes que ocupam um lugar saliente na tradição popular.

863. Antes de prosseguir, creio, porém, dever formular, de maneira mais clara, uma tese que foi sugerida, mais de uma vez, enquanto nos ocupávamos dos grupos especiais de nossos fenômenos: pode-se esperar que os fenômenos vitais supranormais se manifestam pelos mesmos caminhos que os dos fenômenos vitais anormais ou mórbidos, quando os mesmos centros e as mesmas sinergias entram em ação.

864. Para ilustrar o sentido desta tese, usarei de uma observação, há muito formulada por Gurney e por mim, a respeito dos “fantasmas dos vivos” ou das alucinações verídicas produzidas (como sustentamos) não por um estado particular do cérebro do sujeito, mas pela ação telepática de um agente distante. Observamos que, quando uma alucinação ou uma imagem subjetiva deve ser provocada por essa energia distante, provavelmente será provocada com maior facilidade, do mesmo modo que as alucinações mórbidas derivadas de uma lesão cerebral. Demonstramos com numerosos argumentos que isso ocorria assim, efetivamente, tanto no que concerne ao modo da evolução do fantasma no cérebro do sujeito, como no modo pelo qual se apresenta aos seus sentidos.

865. Proponho-me a generalizar esse princípio mostrando que, se existe em nós um eu secundário que tende a se manifestar com o auxílio de meios fisiológicos, é provável que sua via de exteriorização mais curta, o caminho mais cômodo, do ponto de vista de sua manifestação em ação visível, se encontrara, frequentemente, ao longo de um trajeto que os processos mórbidos de desintegração apresentaram como o caminho de menor resistência, ou seja, podemos supor que a separação entre o eu primário e o secundário se fará ao longo de uma superfície que as dissociações mórbidas de nossas sinergias psíquicas mostraram tendência a seguir.

866. Se a epilepsia e a loucura, por exemplo, tendem a dissociar nossas capacidades de forma determinada, o automatismo deve ser capaz de dissociá-las, por sua vez, de um modo mais ou menos semelhante. Os selvagens encaram a epilepsia como inspiração. Têm razão quanto ao fato de que a epilepsia é uma destruição temporária da personalidade, em consequência de sua própria instabilidade, enquanto que a inspiração se considera como uma submissão temporária da personalidade, tomada por um poder externo.

867. No primeiro caso, valendo-me de uma metáfora, existe uma combustão espontânea; no segundo, trata-se da ação de um fogo celeste. Falando menos metaforicamente, a explosão e o esgotamento dos centros nervosos devem possuir algo em comum, qualquer que seja a natureza do estímulo que quebrou sua estabilidade.

868. Como, porém, distinguir o que é supranormal do que é anormal? O que nos faz dizer que nesses estados de aberração existe algo além da histeria, da epilepsia, da loucura?

869. Nos capítulos anteriores já respondemos, em parte, estas perguntas. O leitor deve estar familiarizado com o ponto de vista que considera todas as atividades psíquicas e fisiológicas como tendentes, necessariamente, ou à evolução ou à dissolução. Nossa pergunta “supranormal ou anormal?” recebe, então, a seguinte modificação: “evolutivo ou dissolutivo?”. Ademais, ao estudar sucessivamente todos os fenômenos psíquicos, nos perguntamos se cada um deles constitui o indício de mera degeneração de forças já conquistadas ou “a promessa e a possibilidade”, uma vez que não a posse real, de poderes desconhecidos ou não reconhecidos.

870. Dessa forma, por exemplo, a telepatia constitui, com certeza, um passo adiante na vida da evolução. O fato de poder ler os pensamentos gerados em outros Espíritos, sem o auxílio de sentidos especiais, indica, evidentemente, a possibilidade de uma extensão muito ampla de forças psíquicas. E todo conhecimento novo, relativo às condições nas quais a ação telepática é suscetível de se produzir, nos servirá como ponto de partida de inestimável valor para determinar o caráter evolutivo ou dissolutivo dos estados psíquicos pouco comuns.

871. Resulta de nossos conhecimentos, relacionados à telepatia, que o aspecto superficial de certas fases da evolução psíquica pode, da mesma forma que o aspecto superficial de certas fases da evolução fisiológica, tomar a forma quer de uma inibição, quer de uma perturbação, a primeira indicativa de uma dinamogenia latente e a segunda vedando a evolução.

872. O sujeito hipnotizado atravessa uma fase de letargia, antes de entrar na fase em que se encontra numa comunhão de sensações com o operador, e a mão do autômato passa por uma fase de movimentos desordenados que se assemelham aos movimentos da coreia (1) antes de adquirir a capacidade da escrita ágil e inteligente.

873. Da mesma forma, o surgir de um dente pode ser precedido por uma dor indefinida, cuja natureza faria crer na formação de um abcesso, se o dente não tivesse, mais tarde, surgido. Exemplos mais notáveis da perturbação que oculta a evolução poderiam ser tirados da história do organismo humano que progride em direção à maturidade ou preparando o aparecimento de um novo organismo destinado a sucedê-lo.  (Continua no próximo número.) 


(1)
Coreia: (Neur.) distúrbio encefálico caracterizado por movimentos musculares anormais e espontâneos, sem propósito, irregulares, rápidos e transitórios, sugerindo uma dança. 



 


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 Revista Semanal de Divulgação Espírita