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Clássicos do Espiritismo
Ano 7 - N° 308 - 21 de Abril de 2013
ANGÉLICA REIS
a_reis_imortal@yahoo.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)
 


A Personalidade Humana

Fredrich Myers

(Parte 33)

Damos sequência ao estudo metódico e sequencial do livro A Personalidade Humana, de Fredrich W. H. Myers, cujo título no original inglês é Human Personality and Its Survival of Bodily Death. 

Questões preliminares 

A. Há casos de aparições em que o Espírito diz ter conhecimento do que ocorre com seus amigos encarnados?   

Sim, mas são em número muito pequeno. Os testemunhos desse gênero são naturalmente proporcionados na maioria dos casos pela escrita ou pela palavra automática. Contudo, o caso de Palladia, relatado por Mamtchiteh, publicado no Relatório da Comissão de Alucinações e anotado no Proceedings of the S. P. R., X, pág. 387-391, trata de um Espírito de aparições repetidas, que representa um papel de anjo da guarda que se interessa particularmente pelo futuro casamento de seu amigo. (A Personalidade Humana, capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.) 

B. Que circunstância especial torna digno de nota o caso de M. B., um viajante que viu uma de suas irmãs falecida nove anos atrás?  

Quando M. B. relatou o fato a seus familiares, as pessoas o escutaram com incredulidade e ceticismo. Contudo, ao descrever a visão, ele mencionou a existência, no lado direito do rosto da irmã, de um arranhão vermelho, como se tivesse sido feito há pouco tempo. O relato desse detalhe impressionou muito sua mãe, que desmaiou. Quando voltou a si, a mãe disse que ela própria fizera, inadvertidamente, aquele arranhão ao colocar a filha no ataúde, acrescentando que encobrira a mancha, cobrindo-a de pó-de-arroz, de forma que ninguém no mundo sabia disso. O fato de ter seu filho visto o arranhão era, pois, uma prova incontestável da veracidade da visão. (Obra citada. Capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.) 

C. Os moribundos que se desprendem do corpo e visitam os encarnados podem ver também os Espíritos desencarnados?   

Sim. Da mesma forma que a separação iminente do Espírito e do corpo permite que o Espírito projete seu fantasma entre os Espíritos encarnados que se encontrem a certa distância na Terra, a separação iminente permite à pessoa moribunda enxergar os Espíritos que habitam o outro mundo. Não é difícil ouvir os moribundos dizerem ou mostrarem que veem Espíritos amigos, próximos a eles. (Obra citada. Capítulo VII  – Os fantasmas dos mortos.)

Texto para leitura 

789. O que chamamos “um espírito” constitui provavelmente um dos fenômenos mais complexos da natureza. Constitui a função de dois fatores variáveis e desconhecidos: a sensibilidade de o Espírito encarnado e a capacidade de o Espírito desencarnado para manifestar-se. Nossa tentativa de estudar essa ação recíproca deve, pois, iniciar por um outro destes dois fatores, pelo sujeito ou pelo agente.

790. Devemos perguntar: a) como recebe a mensagem o Espírito encarnado? b) como a produz e a transmite o Espírito desencarnado?

791. Ao aprofundar a primeira dessas perguntas, possuímos maiores probabilidades de obter uma certa claridade. Sempre que consideremos os Espíritos encarnados, encontramo-nos, numa certa medida, num terreno conhecido; e podemos esperar encontrar em outras operações do Espírito analogias que nos permitam entender essas operações, talvez as mais complexas, que consistem em ter conhecimento das mensagens procedentes dos Espíritos desencarnados e de um mundo invisível.

792. Acredito que o meio mais seguro, se bem que mais distanciado, como diria Bacon, de compreender esses fenômenos súbitos e assombrosos, consiste no estudo de fenômenos mentais menos raros, que se podem observar mais comodamente, da mesma forma que o meio “mais seguro, embora mais afastado” de estudar os astros inacessíveis consistiu no estudo dos espectros incandescentes de substâncias terrestres que se acham sob nossos pés.

793. Espero que o estudo das diversas formas de consciência subliminar, das capacidades subliminares, da percepção subliminar, nos tenha permitido obter finalmente, no que concerne ao nosso ser e ao nosso modo de funcionamento, um conceito que provará que a percepção pelos Espíritos encarnados de mensagens originadas nos Espíritos desencarnados, longe de constituir uma anomalia isolada, é, talvez, o resultado do exercício de capacidades comuns e inatas.

794. Gostaria de iniciar o estudo de todos esses casos pelo lado humano e terrestre. Se pudéssemos não só compartilhar, mas também interpretar os sentimentos subjetivos dos sujeitos, se pudéssemos compará-los a outros sentimentos provocados pelas visões comuns, pela telepatia entre os vivos, obteríamos um conhecimento mais próximo do que sucede, do que o que nos pode proporcionar a observação externa dos detalhes de uma aparição.

795. Um estudo sistemático desse teor não é, porém, possível no momento, enquanto que é relativamente fácil colocar todo o conjunto de casos em várias séries, segundo as características e detalhes externos, iniciando pelos que exprimem o conhecimento mais profundo e um objetivo definido, para terminar pelos que possuem indícios de uma inteligência qualquer, cada vez mais raros e débeis, até consubstanciar-se em sons e visões, sem significado marcante.

796. Possuímos poucos casos de aparições que testemunham que o Espírito possui um conhecimento contínuo do que ocorre a seus amigos sobreviventes. Os testemunhos desse gênero são naturalmente proporcionados na maioria dos casos pela escrita ou palavra automáticas. Mas, no caso de Palladia, relatado por Mamtchiteh, publicado no Relatório da Comissão de Alucinações e anotado no Proceedings of the S. P. R., X, pág. 387-391, trata-se de um Espírito de aparições repetidas, que representa um papel de anjo da guarda que se interessa particularmente pelo futuro casamento do sobrevivente.

797. Mais frequentes são os casos em que uma única aparição, não repetida, indica um acontecimento contínuo dos assuntos terrestres. Esse conhecimento se manifesta principalmente em duas direções. Apoia-se, com frequência, em alguma circunstância relacionada com a morte da pessoa falecida, com a aparência de seu corpo após a desintegração, ou com o lugar de seu sepultamento temporal ou de sua inumação definitiva; e, por outro lado, baseia-se na morte iminente ou real de um amigo da pessoa falecida.

798. Considero, particularmente, que uma certa parte da consciência póstuma pode estar, durante algum tempo, tomada por cenas terrestres. E, por outro lado, quando um amigo que sobrevive aproxima-se, aos poucos, do mesmo estado de dissolução, esse fato pode ser percebido no mundo espiritual. Quando esse amigo está realmente morto, o conhecimento que seu antecessor pôde ter dessa transmutação é um conhecimento dos fatos do outro mundo, como deste.

799. Ao lado dessas informações adquiridas, talvez, no limite entre os dois estados, existem aparições que implicam uma percepção de acontecimentos terrestres mais definidos, como as crises morais (matrimônios, discussões graves, ameaças de crime) que acontecem aos amigos sobreviventes.

800. Em alguns desses casos, em que o Espírito parece ter conhecimento da morte iminente de um amigo, esse conhecimento antecipado em nada se assemelha à nossa previsão da morte. Ocupar-me-ei desses casos num outro capítulo onde será discutido o problema da precognição espiritual. Mas, em outros casos, o grau de precognição não parece superior ao dos espectadores comuns, e neste é onde resumirei em primeiro lugar a morte, que ainda não sendo prevista pela família, o foi por um médico que examinara o paciente.

801. M. B., viajante, pessoa decidida, teve uma manhã a visão de uma de suas irmãs, falecida há nove anos. Quando relatou o fato à família, escutaram-no com incredulidade e ceticismo. Mas, ao descrever a visão, mencionou a existência, no lado direito do rosto, de um arranhão vermelho, como se tivesse sido feito há pouco. Esse detalhe impressionou muito sua mãe, que desmaiou.

802. Quando voltou a si, a mãe contou que ela própria fizera aquele arranhão, inadvertidamente, ao colocar a filha no ataúde e que encobrira a mancha, cobrindo-a de pó-de-arroz, de forma que ninguém no mundo sabia disso. O fato de que seu filho visse o arranhão era, pois, uma prova incontestável da veracidade da visão e viu também nisto o prenúncio da própria morte, o que de fato aconteceu, poucas semanas depois. Só é possível interpretar este caso como sendo a percepção, pelo Espírito, da morte iminente da mãe.

803. Segue-se um pequeno grupo de casos cujo interesse principal consiste em servirem, por assim dizer, de nexo entre os casos relatados acima, em que os Espíritos têm o conhecimento antecipado da morte de um amigo, e os casos, de que nos ocuparemos, em que o Espírito parece saudar um amigo que partiu da terra.

804. Este grupo forma, ao mesmo tempo, uma extensão natural da clarividência dos mortos, ilustrada por alguns casos de “reciprocidade”, como por exemplo no caso da Sra. W., em que uma tia moribunda tem a visão de sua sobrinha, que no mesmo momento tem a visão de sua tia (vide Phantasms of the Living, II, pág. 253).

805. Da mesma forma que a separação iminente do Espírito e do corpo permite que o Espírito projete seu fantasma entre os Espíritos encarnados que se encontrem a certa distância na Terra, aqui também a separação iminente permite à pessoa moribunda enxergar os Espíritos que habitam o outro mundo. Não é difícil ouvir os moribundos dizerem ou mostrarem que veem Espíritos amigos, próximos a eles. Mas as visões desse gênero carecem de valor, desde que a pessoa moribunda saiba que o amigo, cujo Espírito vê, deixou a Terra ou está prestes a deixá-la.

806. Passamos insensivelmente deste ao grupo de casos em que os Espíritos desencarnados manifestam o conhecimento que possuem da morte de um de seus parentes ou amigos. Essas manifestações se produzem raramente neste mundo, possuindo diversas formas, desde as manifestações de simpatia à simples presença silenciosa.

807. Certa noite, entre 11 e 12 horas, enquanto se achava totalmente desperta, a Sra. Lucy Dadson ouviu chamarem por seu nome, três vezes, e viu a seguir o vulto de sua mãe, morta fazia 16 anos, que carregava duas crianças nos braços e as estendia na sua direção, dizendo: “Cuide deles, porque acabam de perder a mãe”. No dia seguinte, a senhora Dadson soube que sua cunhada morrera de parto, três semanas depois do nascimento de seu segundo filho. Note-se que as duas crianças que vira nos braços de sua mãe pareceram-lhe efetivamente da idade dos dois filhos de sua cunhada, cujo parto e nascimento do segundo filho ignorava. (Proceedings of the S. P. R., pág. 380-382.)

808. Neste ponto, deparamo-nos com um grupo considerável de casos em que o Espírito desencarnado manifesta um preciso conhecimento de alguns fatos relacionados com sua vida terrestre, com sua morte, ou de conhecimentos ulteriores relacionados com a morte. O conhecimento desses fatos ulteriores, como a propagação da notícia da sua morte, ou o lugar de sua inumação, é de um caráter mais completo do que a simples recordação dos fatos que conhecera durante a vida. Mas todos esses graus de conhecimento se completam e sua conexão é mais bem apreciada se iniciamos pelo grau mais elementar, pelo da simples memória terrestre.

809. No caso seguinte, a informação transmitida por uma visão verificou-se ser precisa, exata e muito importante para os sobreviventes. Encontrou-se um homem morto num lugar deveras distante de seu domicílio. Suas roupas, que estavam sujas de barro, foram substituídas por outras limpas e lançadas no fundo de um pátio. Quando a notícia de sua morte chegou à sua casa, uma de suas filhas desmaiou e, ao recobrar os sentidos, disse que acabara de ver seu pai vestindo umas roupas que não eram suas e das quais deu exata descrição, acrescentando que seu pai lhe revelara ao mesmo tempo ter costurado, depois de haver saído da casa, certa soma em dinheiro num dos bolsos, e que esta roupa fora jogada com as outras.

810. Ao verificarem o fato viu-se que a descrição que deu da roupa nova de seu pai era exata e encontraram o dinheiro costurado na roupa que apontou. O fantasma revelou, pois, dois fatos, um dos quais só era do conhecimento de alguns e o outro só dele. No caso, parece que a filha estava em estado de êxtase e não de sonho, o que seria ideal ter verificado.

811. Este caso é semelhante ao do barão Von Driesen, que, nove dias depois da morte do sogro, com quem discutira, viu a aparição deste, que viera lhe pedir perdão pelas ofensas que lhe causara. A mesma aparição foi vista, no mesmo momento, pelo cura do povoado em que moravam o barão e o sogro, e o objetivo dessa aparição era solicitar do padre que procurasse reconciliação entre o genro e o sogro. Vemos, nestes dois casos, os Espíritos ocupados após a morte com deveres e compromissos, grandes ou pequenos, que assumiram durante a vida.

812. Os laços desse gênero parecem favorecer ou facilitar a ação dos Espíritos sobre os vivos. Podemos criar condições de modo a permitir que as almas que desejem aparecer se manifestem? Parece-me que isso é, até certo ponto, possível. Quando iniciamos a compilação, Edmund Gurney surpreendeu-se com o número enorme de casos em que o sujeito nos informava que se produzira entre ele e a pessoa falecida um compromisso, em virtude do qual o que falecesse apareceria ao outro. “Considerando – acrescenta – o pequeno número de pessoas que assumem esse compromisso, é difícil deixar de concluir que o fato de ter assumido um compromisso desse gênero possui certa eficácia.”

813. Nos doze casos desta categoria, citados no Phantasms, possuímos três nos quais o fantasma aparecera num momento em que o agente ainda estava vivo; na maioria dos outros, a determinação exata do tempo não pôde ser feita e sobre alguns só se sabe que o fantasma apareceu muito após a morte do agente. Resulta, pois, que a existência de uma promessa ou de um compromisso pode atuar com eficácia, quer sobre o eu subliminar, antes da morte, quer sobre o espírito, o que é mais provável, após a morte.

814. Esta conclusão é confirmada por outros casos, dos quais só citaremos dois. O primeiro trata-se do cumprimento pela pessoa falecida de um compromisso imediato. É o caso de Edwin Russell, baixo do coro da igreja de São Lucas, em São Francisco, que caiu, numa sexta-feira, na rua, vítima de um ataque apoplético.

815. Três horas após a morte, o senhor Reeves, diretor do coro, que desconhecia o fato ocorrido sob sua janela e que se preparava para escolher um Te Deum para o domingo seguinte, viu o fantasma de Russell, que lhe apareceu com uma das mãos sobre a fronte e estendendo a outra com um maço de músicas. A aparição durou uns segundos, deixando Reeves assustado e comovido. Mais tarde, tomou conhecimento da morte de Russell. Este deveria comparecer, no dia seguinte, na casa do maestro do coro, conforme prometera-lhe dias antes. Homem formal, seu último pensamento deve ter sido de que não poderia comparecer ao encontro e provavelmente com o desejo de apresentar sua demissão como membro do coro é que se dirigira à casa de Reeves. (Proceedings of the S. P. R., VIII, pág. 214.)

816. Em outro caso, mais notável ainda, um indivíduo tuberculoso trocara com uma jovem, que acabara de conhecer numa estação invernal, a promessa de que quem morresse primeiro apareceria ao outro, “de uma maneira que não fosse desagradável ou assustadora”.

817. Mais de um ano depois ele apareceu, com efeito, não à moça em questão, mas à sua irmã, e no momento em que se dispunha a subir num carro; a moça, que também se encontrava no carro, não tinha visto nada. As investigações deram como resultado que a aparição se produziu dois dias antes da morte do sujeito, quando este se achava em agonia. (Proceedings of the S. P. R., X, pág. 284 – caso da condessa Kapnist.) Este caso nos leva à seguinte reflexão: quando é feita a promessa de aparecer após a morte, a aparição não tem que ser vista, necessariamente, pela pessoa a quem se prometeu, senão pela pessoa mais fácil de ser impressionada que a rodeia.  (Continua no próximo número.) 



 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita