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Ano 4 - N° 201 - 20 de Março de 2011

MARCOS PAULO DE OLIVEIRA SANTOS
mpoliv@bol.com.br

Taguatinga, Distrito Federal (Brasil)


 
Ensaio sobre a Morte

 (Parte 1)


“Quereis conhecer o segredo da morte. Mas como podereis descobri-lo se não o procurardes no coração da vida?

A coruja, cujos olhos, feitos para a noite, são velados ao dia, não pode descortinar o mistério da luz.

Se quereis realmente contemplar o espírito da morte, abri amplamente as portas de vosso coração ao corpo da vida.

Pois a vida e a morte são uma e a mesma coisa, como o rio e o mar são uma e a mesma coisa.

Na profundeza de vossas esperanças e aspirações dorme vosso silencioso conhecimento do além; e como sementes sonhando sob a neve, assim vosso coração sonha com a primavera.

Confiai nos sonhos, pois neles se ocultam as portas da eternidade.

Vosso temor da morte é semelhante ao temor do camponês quando comparece diante do rei, e este lhe estende a mão em sinal de consideração.

Não se regozija o camponês, apesar do seu temor, de receber as insígnias do rei?

Contudo, não está ele mais atento ao seu temor do que à distinção recebida?

Pois, que é morrer senão expor-se, desnudo, aos ventos e dissolver-se no sol?

E que é cessar de respirar senão libertar o hálito de suas marés agitadas, a fim de que se levante e se expanda e procure a Deus livremente?

É somente quando beberdes do rio do silêncio que podereis realmente cantar.

É somente quando atingirdes o cume da montanha que começareis a subir.

É quando a terra reivindicar vossos membros que podereis verdadeiramente dançar.” -  Gibran Khalil Gibran.


Chega um determinado momento da existência do ser humano que lhe parece não haver mais pressão psicológica do coração e do pensamento. Os sonhos são deixados de lado. As novas esperanças são empanadas pela idade madura. A vida parece estacionar... Os filhos já estão mais ou menos encaminhados, já não se têm desafios naturais da vida familiar, as horas, semanas, meses e anos passam uniformes e indiferentes. Esse quadro de apatia é comum em muitos de nós, que ainda não aprendemos a cultivar o tempo precioso no labor do bem individual e coletivo. E nas valiosas conquistas do Espírito.   

Lendo a obra Obreiros da Vida Eterna, de André Luiz, ditada ao saudoso Chico Xavier, encontramos: “Nossos amigos da esfera carnal são ainda muito ignorantes para o trato com a morte. (...) É por isso que, por enquanto, os mortos que entregam despojos aos solitários necrotérios da indigência são muito mais felizes” . (Obra citada, pág. 224.)

Tal assertiva provocou-nos grande impacto e fez com que refletíssemos.

Estamos suficientemente educados para a morte?

A magna questão nos inquietava dia após dia. Concluímos que não, a despeito dos valorosos ensinamentos espíritas.

Por isso resolvemos contribuir, modestamente, com o pensamento espírita cristão através deste singelo ensaio.

Chegará o dia, inexorável, em que deixaremos o ninho planetário. Refletir sobre essa transição natural é de suma importância.   

O que é a morte? 

Deste modo, fizemos um recorte de algumas obras do Espiritismo e breves comentários acerca da temática que não se esgotam! Ao contrário, fomentam o debate fraterno nos estudos sistematizados da doutrina espírita. É necessário que o amigo leitor compreenda que não se encontram elencadas diretrizes jactanciosas com a presunção de ensinar um fenômeno que será ímpar para cada um de nós. É importante saber o que está descrito ricamente na literatura espírita para que no momento da crise da morte não nos desesperemos. Mas todas as nuances do momento dependerão do nosso modus vivendi enquanto ainda encarnados... A morte não é nenhuma mensageira de transformações. Cada um morre conforme vive.

Durante um largo período da história terrestre, a morte era considerada a cessação do funcionamento cardíaco e respiratório.

De fato, o cérebro sofre danos irreversíveis se privado de oxigênio por mais de quatro minutos. Deste modo, na antiguidade, o critério utilizado era somente analisar essa função (a respiração) para constatar a morte de uma pessoa.

Com o advento científico-tecnológico, particularmente os aparelhos de ventilação mecânica, foi possível reverter um quadro de parada respiratória. De tal modo, que as pessoas que antes eram consideradas mortas, graças aos aparelhos e medicamentos, voltavam à vida orgânica.

A partir da década de 1960 tornou-se mais importante ainda estabelecer o momento da morte, visto ser exequível já naquele momento o transplante de órgãos.  

A partir disso, as autoridades médicas do mundo estabeleceram que a morte orgânica ocorre quando há “perda completa e irreversível do tronco cerebral”. Ou seja, quando o órgão cerebral não mais apresenta atividades (que são detectadas por aparelhos específicos) tem-se a morte, ainda que os outros órgãos possam estar em pleno funcionamento.  

Temor da morte 

O preclaro Codificador da Doutrina Espírita, Allan Kardec, na obra O Céu e o Inferno teve ensejo de refletir e escrever sobre o temor da morte. Ele inicia sua explicação asseverando-nos que é intuitiva a certeza da imortalidade da alma em todos os seres humanos, independente do contexto cultural em que se vive. Do silvícola ao ser humano considerado mais civilizado, a crença da vida após a desagregação molecular é uma certeza inconteste.

A despeito dessa sentinela interior a cantar a imortalidade em nossas mentes e corações, ainda perdura o sentimento de temor ao fenômeno da morte. Por que isso ocorre?

Vejamos o que nos diz o egrégio Codificador na obra referida:

1. Efeito da sabedoria divina.

Há em toda criatura, notadamente no ser humano, um instinto de conservação. Esse instinto é um efeito da sabedoria divina, porque tem por objetivo evitar que nos retiremos prematuramente da existência material. O fragor das lutas cotidianas, a sobrevivência, os “caprichos” da vida, o trabalho, a família e a esperança no porvir, entre outros fatores, dão sentido psicológico à existência terrestre e fazem com que não a abandonemos.

2. Noção insuficiente da Vida Futura.

Refletir e tentar compreender o porvir são de fundamental importância para aqueles que se dedicam aos estudos espiritistas. Muitas vezes, realizamos uma leitura superficial dos fenômenos de desencarnação na literatura sem nos atentarmos para as entrelinhas. Um sem-número de vezes não conseguimos adestrar a nossa mente à verdade inconteste do Espírito imortal, porque damos mais valor às coisas que nos afetam as impressões sensoriais do que aos fatos espirituais que acompanham o ser humano desde que o primeiro homem habitou a Terra. Dar mais valor ao espírito é a meta do ser humano hodierno. Não se pode mais olvidar essa questão.

3. Educação.

Historicamente o ser humano tem recebido uma educação não muito confortadora a respeito do porvir. Foi-lhe apresentado um paraíso ocioso e entediante, calcado em uma beatitude contemplativa; um inferno eterno e repleto de torturas terríveis; um Deus punitivo, vingativo..., entre outros fatos. Allan Kardec assevera ainda: “Os séculos sucedem-se aos séculos e não há para tais desgraçados sequer o lenitivo de uma esperança e, o que mais atroz é, em nada lhes aproveita o arrependimento. De outro lado, as almas combalidas e aflitas do purgatório aguardam a intercessão dos vivos que orarão ou farão orar por elas, sem nada fazerem de esforço próprio para progredirem”. (Obra citada, pág. 23.)

As práticas exteriores, o batismo para ser salvo, a “compra” de induções que servem de intermédio para gozos eternos etc. correspondem ao que nos foi passado historicamente. Trata-se de uma educação obtusa que nos castra a razão.  E o menor raciocínio leva-nos a crer que não passam de questiúnculas da moralidade inferior do ser humano. Não se coadunam com a prática da caridade pelo indivíduo, com sua transformação moral, com sua contribuição para a edificação de um mundo melhor...

4. Apego aos bens materiais.

O apego aos bens materiais é um reflexo da histórica educação equivocada que temos recebido. Vivemos em um mundo “coisificado”. É mais atrativo ter coisas do que sermos pessoas melhores. Buscamos incessantemente a fortuna, os prazeres sensoriais, a graxa da comida pesada, o álcool etc. Damos valor a coisas tão insignificantes que, sob a nossa ótica errônea, é difícil delimitar a fronteira entre o supérfluo e o necessário.

Gostaríamos de abrir um parêntese para reproduzir a poesia de Fernando Correia Pina que reflete essa situação que vivemos no mundo.

Vejamos: 

Saldo Negativo 

Dói muito mais arrancar um cabelo de um europeu que amputar uma perna, a frio, de um africano. Passa mais fome um francês com três refeições por dia que um sudanês com um rato por semana.

É muito mais doente um alemão com gripe que um indiano com lepra. Sofre muito mais uma americana com caspa que uma iraquiana sem leite para os filhos.

É mais perverso cancelar o cartão de crédito de um belga que roubar o pão da boca de um tailandês. É muito mais grave jogar um papel ao chão na Suíça que queimar uma floresta inteira no Brasil.

É muito mais intolerável o xador de uma muçulmana que o drama de mil desempregados em Espanha. É mais obscena a falta de papel higiênico num lar sueco que a de água potável em dez aldeias do Sudão.

É mais inconcebível a escassez de gasolina na Holanda que a de insulina nas Honduras. É mais revoltante um português sem celular que um moçambicano sem livros para estudar.

É mais triste uma laranjeira seca num kibutz hebreu que a demolição de um lar na Palestina.

Traumatiza mais a falta de uma Barbie de uma menina inglesa que a visão do assassínio dos pais de um menino ugandês e isto não são versos; isto são débitos numa conta sem provisão do Ocidente. 

O canto do poeta português reflete o mundo caótico em que vivemos e a inversão dos valores que cultuamos. O apego aos bens materiais é de tal natureza que somos incapazes (com raras e honrosas exceções) de nos sensibilizar com os nossos irmãos desafortunados. Desde que a situação negativa não nos atinja, tudo está muito bem. Só conhecemos o drama do outro, quando o vivenciamos. E a coisificação da vida terrestre é um óbice a uma melhor compreensão da vida futura.  

Treino para a morte 

O fenômeno da morte é encarado mais negativamente do que com esperança. As cerimônias que a envolvem são repletas de cenas tristes e que de certo modo causam pavor. A ideia de perda rodeia-nos a todo o momento; porém, faz-se mister que essa lúgubre ideia desapareça. A perda não existe. Mas apenas uma breve saudade que acabará tão logo chegue o momento do reencontro ensejado pela morte.

O capítulo “Treino para a morte” presente na obra Cartas e Crônicas, psicografada por Francisco Cândido Xavier, de autoria do Espírito Irmão X, é uma síntese da nossa conduta antes da grande viagem.

Primeiramente, o ínclito comentarista do Além se vê incapacitado para a tarefa de trazer algumas informações importantes para o nosso comportamento antes da desencarnação. Porém, devido aos seus inúmeros textos de beleza incomum, somos inclinados a seguir as suas seguras orientações que apresentamos mais abaixo.

O que almeja Irmão X no texto mencionado é sugerir mudanças ainda cristalizadas em nós e que, de certa maneira, são obstáculos difíceis quando nos encontramos na erraticidade.

Diz-nos ele: “Comece a renovação de seus costumes pelo prato de cada dia. Diminua gradativamente a volúpia de comer a carne dos animais. O cemitério na barriga é um tormento, depois da grande transição. O lombo de porco ou o bife de vitela, temperados com sal e pimenta, não nos situam muito longe dos nossos antepassados, os tamoios e os caiapós, que se devoravam uns aos outros. Os excitantes largamente ingeridos constituem outra perigosa obsessão”. (Obra citada, pág. 22.)

A temática sobre a ingestão ou não de carne já é velha conhecida daqueles que se dedicam aos estudos espiritualistas (1). Todas as nossas idiossincrasias são levadas conosco para o mundo espiritual. Refletir sobre a nossa alimentação e tentar modificá-la, tornando-a melhor, é uma tarefa que não podemos mais postergar.

Afirma com muita propriedade o Espírito Irmão X que nós devemos modificar a nossa alimentação paulatinamente. Quando fazemos apontamentos sobre essa questão da alimentação carnívora em nossos estudos e/ou artigos publicados, recebemos as críticas dos confrades espíritas de que o importante é a transformação moral. É óbvio que os valores morais têm prioridade! Nem discutimos tal questão, mas não podemos ignorar os ensinamentos e recomendações sobejamente divulgados pelos Espíritos benfeitores que fazem tais afirmativas para a nossa própria evolução e melhoria. (Continua na próxima edição.)

 

(1) Caso o leitor tenha interesse, tivemos ensejo de publicar um breve artigo sobre a temática na Revista Internacional de Espiritismo de outubro de 2005, bem como nas edições 174 e 175 desta mesma revista, disponível em
http://www.oconsolador.com.br/ano4/174/especial.html.

 

 

 


 

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