WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual
Capa desta edição
Edições Anteriores
Adicionar
aos Favoritos
Defina como sua Página Inicial
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Rádio Espírita
On-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco

Especial Inglês Espanhol    

Ano 4 - N° 186 - 28 de Novembro de 2010

ROGÉRIO COELHO
rcoelho47@yahoo.com.br
Muriaé, Minas Gerais (Brasil)




Aformoseamento moral 

Parte 1

Nossa alma é nossa obra capital e fecunda, que sobrepuja em grandeza todas as manifestações parciais da arte,
da ciência e do gênio

"Concentra-te e faze como o escultor faz à obra que quer aformosear:
Tira o supérfluo, aclara o obscuro,difunde a luz por tudo
e não largues o cinzel."
- Michelângelo.

Afirma Léon Denis[1]: "É necessário sofrer para adquirir e conquistar. Os atos de sacrifício aumentam as radiações psíquicas. Há como que uma esteira luminosa que segue, no Espaço, os Espíritos dos heróis e dos mártires.

Aqueles que não sofreram mal podem compreender estas coisas, porque neles só a superfície do ser está arroteada, valorizada... Há falta de largueza em seus corações, de efusão em seus sentimentos; seu pensamento abrange apenas acanhados horizontes. São necessários os infortúnios e as angústias para dar à Alma seu aveludado, sua beleza moral, para despertar seus sentidos adormecidos. A vida dolorosa é o alambique onde se destilam os seres para os mundos melhores. A forma, como o coração, tudo se embeleza por ter sofrido. Há já, nesta vida, um não sei quê de grave e enternecido nos rostos que as lágrimas sulcaram muitas vezes. Tomam uma expressão de beleza austera, uma espécie de majestade que impressiona e seduz.

(...) Nossa alma é nossa obra, com efeito, obra capital e fecunda, que sobrepuja em grandeza todas as manifestações parciais da Arte, da Ciência e do gênio. Todavia, as dificuldades da execução são correlativas ao esplendor do objetivo e, diante da penosa tarefa de reforma interior, do combate incessante travado com as paixões, com a matéria, quantas vezes o artista não desanima? Quantas vezes não abandona o cinzel? É então que Deus lhe envia um auxílio: a dor!... Ela cava ousadamente nas profundezas da consciência a que o trabalhador hesitante e inábil não podia ou não sabia chegar; desobstrui-lhe os recessos, modela-lhe os contornos; elimina ou destrói o que era inútil ou ruim e, do mármore frio, informe, sem beleza, da estátua feia e grosseira, que nossas mãos mal tinham esboçado, faz surgir com o tempo a estátua viva, a obra-prima incomparável, as formas harmoniosas e suaves da Divina Psique.

A dor não fere somente os culpados. Em nosso mundo, o homem honrado sofre tanto quanto o mau, o que é explicável. Em primeiro lugar, a alma virtuosa é mais sensível por ser mais adiantado o seu grau de evolução; depois, estima muitas vezes e procura a dor, por lhe conhecer todo o seu valor.

Há dessas almas que só vêm a este mundo para dar o exemplo da grandeza no sofrimento; são, por sua vez, missionários e sua missão não é menos bela e comovedora que a dos grandes reveladores. Encontram-se em todos os tempos e ocupam todos os planos da vida; estão em pé nos cimos resplandecentes da História, e, para encontrá-las, é preciso ir procurá-las no meio da multidão onde se acham, escondidas e humildes. 

Muitas almas, por pudor, escondem chagas dolorosas 

Admiramos o Cristo, Sócrates, Antígono, Joana d´Arc; mas, quantas vítimas obscuras do dever ou do amor caem todos os dias e ficam sepultadas no silêncio do esquecimento!   Entretanto não são perdidos seus exemplos. Eles iluminam toda a vida dos poucos homens que os presenciaram.

Para que uma vida seja completa e fecunda, não é necessário que nela superabundem os grandes atos de sacrifício, nem que a remate uma morte que a sagre aos olhos de todos.   Tal existência, aparentemente apagada e triste, indistinta e despercebida, é, na realidade, um esforço contínuo, uma luta de todos os instantes contra a desgraça e o sofrimento.   Não somos juízes de tudo o que se passa no recôndito das almas; muitas, por pudor, escondem as chagas dolorosas, males cruéis, que as tornariam tão interessantes aos nossos olhos como os mais célebres mártires.

Fá-las também grandes e heróicas, a essas almas, o combate ininterrupto que pelejam contra o destino! Seus triunfos ficam ignorados, mas todos os tesouros de energia, de paixão generosa, de paciência ou amor, que elas acumulam nesse esforço de cada dia, constituir-lhes-ão um cabedal de força, de beleza moral, que pode, no Além, fazê-las iguais às mais nobres figuras da História.

Na oficina augusta, onde se forjam as almas, não são suficientes o gênio e a glória para fazê-las verdadeiramente famosas. Para dar-lhes o último traço sublime tem sido sempre necessária a dor. Se certas existências se tornaram, de obscuras que eram, tão santas e sagradas como dedicações célebres, é que nelas foi contínuo o sofrimento. Não foi somente uma vez em tal circunstância, ou na hora da morte, que a dor as elevou acima de si mesmas e as apresentou à admiração dos séculos; foi por toda a sua vida de ter sido uma imolação constante. E esta obra de longo aperfeiçoamento, este lento desfilar das horas dolorosas, esta afinação misteriosa dos seres que se preparam, assim, para as derradeiras ascensões, força a admiração dos próprios Espíritos. É esse espetáculo comovedor que lhes inspira a vontade de renascerem entre nós, a fim de sofrerem e morrerem outra vez por tudo o que é grande, por tudo o que amam e para, com esse novo sacrifício, tornarem mais vivo o próprio brilho”. 

A perfeição é, portanto, a nossa meta 

Ensina Allan Kardec[2]: "Reconhece-se o verdadeiro espírita pela sua transformação moral e pelos esforços que emprega para domar as suas inclinações más”.

Lemos em Lucas[3]: "Há mais alegria no Céu por um pecador que se arrepende do que por noventa e nove justos que permanecem puros”. Isto porque a evolução do Espírito, seu aprimoramento, seu aformoseamento moral, é, enfim, sinal de progresso. O Espírito, sinalizando sua boa vontade em acertar, provoca – imediatamente – inenarráveis alegrias naqueles que já venceram as etapas inferiores do processo evolutivo. A perfeição é, portanto, a nossa meta, tal como assinalou Jesus ao conclamar[4]: "Sede vós, pois, perfeitos, como é perfeito o vosso Pai que está nos Céus."

Alerta-nos e, ao mesmo tempo estimula-nos Joanna de Ângelis sobre os percalços que teremos à frente, conclamando-nos, não obstante, à perseverança[5]: "(...) A estrada evolutiva está abrolhada em acúleos lancinantes e peçonhentos, inçada de acerados aguilhões. (...) Mas, sejam quais forem os fatores afligentes ou depressivos que te cheguem, invitando-te ao cultivo do pessimismo ou da irritabilidade, não devem encontrar guarida nos teus painéis mentais.  

Dor e saudade aferem a força do valor moral de cada um de nós. Enfermidade e desencarnação constituem fenômeno natural no processo biológico em que te encontras situado. Problemas e dificuldades representam prova com que cresceremos na direção da vida.  

Desse modo, realiza a assepsia mental pela preservação do otimismo e da irrestrita confiança em Deus”. 

Estuda a Doutrina Espírita e também estuda-te

"(...) Exercita a vivência evangélica e pauta as ideias e aspirações na diretriz cristã.   Confia no tempo e não te atormentes pelos efeitos apressados. Sintoniza com o Bem, a fim de que os Espíritos nobres se afeiçoem ao teu esforço. Afervora-te à vida interior, cultivando a reflexão e a prece de modo que te possas abstrair, quando necessário, da turbulência e da perturbação, sem alarde, mantendo o equilíbrio psíquico.

Defrontarás dificuldades sem conto. Se, porém, venceres aqueles problemas que se encontram em ti mesmo, superarás os outros, que se afigurarão de menor gravidade e significado.

(...) Não desdenhes os inapreciáveis valores do serviço cristão, no teu processo de renovação espiritual. Não desconsideres a contribuição ao sofrimento, na programática do teu crescimento íntimo. Não subestimes os testemunhos da renúncia e da humildade, no esforço de libertação pessoal. Não desdenhes as ciladas morais na vilegiatura carnal, durante a aprendizagem espírita. Não desprezes o contributo do estudo e da meditação, face aos compromissos da tua própria evolução. Não te escuses ao trabalho, por mais insignificante ou mais expressivo, que te constitui desafio à comodidade, perante a escalada do teu progresso. Não te infirmes, na condição de aprendiz, colocado como estás no processo de educação espiritual.

Comprometido com a vida, estagias no Educandário Terrestre, sob disciplinas necessárias ao crescimento e à conquista da paz. Atado à retaguarda por vínculos infelizes, experimentas as constrições de que dependes, embora anelando por libertação.

Age, enquanto é hoje. Ajuda, além do teu limite. Cresce, pelo desprendimento de ti mesmo e auxilia os que te retêm no dédalo das aflições. Não marchas a sós, sem companhias com as quais sintonizas em razão do pretérito, tanto quanto dos objetivos que te fascinam a mente e o sentimento.

Eleva o padrão das tuas aspirações e trabalha o solo dos teus desejos, semeando a luz do amor, a fim de que o amor te responda com paz ante cada lance de sacrifício e luta; vigia as nascentes do sentimento e não te canses de aprender, ensinar e viver a lição do otimismo que ressuma da palavra do Senhor.

Um dia, bendirás todo esse esforço e, ao praticá-lo, desde agora, compreenderás que a verdadeira felicidade nasce como uma suave claridade estelar que atinge a plenitude e absorve toda a sombra e tristeza, num festival de bênçãos para o Espírito”.                                           

O Espírita sério não se limita a crer, porque compreende 

Segundo o Mestre Lionês[6], "a Humanidade está, ainda, em pleno trabalho de gestação do seu progresso moral. Aí residirá a causa das suas maiores comoções. Até que o homem se haja avantajado suficientemente em perfeição, pela inteligência e pela observância das Leis Divinas, as maiores perturbações ainda serão causadas por ele mesmo, mais do que pela Natureza, isto é, serão perturbações antes morais do que físicas”.

Continua Kardec[7]: "Para que cada qual trabalhe na sua purificação, reprima as más tendências e domine as paixões, preciso se faz que abdique das vantagens imediatas em prol do futuro, visto que, para identificar-se com a vida espiritual, encaminhando para ela todas as aspirações e preferindo-a à vida terrena, não basta crer, mas compreender.   Devemos considerar essa vida debaixo de um ponto de vista que satisfaça ao mesmo tempo à razão, à lógica, ao bom senso e ao conceito em que temos a grandeza, a bondade e a justiça de Deus. Considerado deste ponto de vista, o Espiritismo, pela fé inabalável que proporciona, é, de quantas doutrinas filosóficas que conhecemos, a que exerce mais poderosa influência.

O Espírita sério não se limita a crer, porque compreende, e compreende porque raciocina; a vida futura é uma realidade que se desenrola incessantemente sob seus olhos; uma realidade que ele toca e vê, por assim dizer, a cada passo e de modo que a dúvida não pode empolgá-lo, ou ter guarida em sua Alma.  A vida corporal, tão limitada, amesquinha-se diante da vida espiritual, que é, na realidade, a verdadeira vida. Que lhe importam os incidentes da jornada se ele compreende a causa e utilidade das vicissitudes humanas, quando suportadas com resignação? A Alma eleva-se-lhe nas relações com o Mundo Invisível; os laços fluídicos que o ligam à matéria enfraquecem-se, operando-se por antecipação de um desprendimento parcial que facilita a passagem para a outra vida. A perturbação consequente à transição pouco perdura, porque, uma vez franqueado o passo, para logo se reconhece, nada estranhando, antes compreendendo a sua nova situação.

Com certeza não é só o Espiritismo que nos assegura tão auspicioso resultado, nem ele tem a pretensão de ser o meio exclusivo, a garantia única de salvação para as Almas. Força é confessar, porém, que pelos conhecimentos que faculta, pelos sentimentos que inspira, como pelas disposições em que coloca o Espírito, fazendo-lhe compreender a necessidade de melhorar-se, facilita enormemente a salvação”. 

(Este artigo será concluído na próxima edição desta revista.)       


 

[1] - DENIS, Léon. O Problema do Ser, do Destino e da Dor.  Rio [de Janeiro]: FEB, 2008, 3ª. parte, cap. 26.

[2] - Kardec, A. in "O Evangelho segundo o Espiritismo" -  Cap. XVII, item 4

[3] - Lc., 15:7.

[4] - Mt.,, 5:48.

[5] - FRANCO, Divaldo. Alerta.  Salvador: LEAL, 1982, cap. 10, 42 e 45.

[6] - KARDEC, Allan. A Gênese. 43.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, cap. IX, item 14.

[7] - KARDEC,  Allan. O Céu e o Inferno. 51.ed. Rio [de Janeiro]: FEB, 2003, I, itens 14 e 15 da 2ª. parte.



 


 

Para expressar sua opinião a respeito desta matéria, preencha e envie o formulário abaixo.
Seu comentário poderá ser publicado na seção de cartas de uma de nossas futuras edições.
 

  Simulador de configuracoes FORMMAIL

Nome:
E-mail:
Cidade e Estado:
Comentarios:
 


 

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita