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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 4 - N° 183 - 7 de Novembro de 2010

ANTONIO AUGUSTO NASCIMENTO
acnascimento@terra.com.br
Santo Ângelo, Rio Grande do Sul (Brasil)

 

Paulo Gilmar Fraga Salerno:

“O homem contemporâneo e, com mais razão, o do futuro tende a não aceitar o que não seja racional”

 

Militar reformado, o gaúcho Paulo Salerno (foto), de Porto Alegre-RS, é presidente do Conselho Regional Espírita da 1ª Região Federativa (CRE1-RS) da Federação Espírita do Rio Grande do Sul, onde mantém perseverante atuação no Movimento Espírita. Nesta entrevista compartilha seu pensamento sobre diversos tópicos e sobre sua participação no movimento espírita.

O Consolador: Quando e como conheceu a Doutrina Espírita?

Aos 36 anos de idade, durante enfermidade grave adquirida por minha esposa, que desencarnou em 1991.


O Consolador: Participa de qual Centro Espírita e em quais atividades está atuando?

Desempenho minhas atividades espíritas na Sociedade Espírita Luz, Paz e Caridade, situada na Rua Fernando Borba, 250, em Porto Alegre-RS. Além da presidência, que estou exercendo, também atuo no Atendimento Fraterno, facilitador de ESDE/EPM, expositor, passista e, naturalmente, na área mediúnica. 

O Consolador: Você é um dedicado e experiente dirigente. Fale-nos da organização do Movimento Espírita no Rio Grande do Sul. Como está ele estruturado?

O Movimento Espírita no RS vem-se dinamizando. Sendo mais bem compreendido e entendido pelos dirigentes e por aqueles que desenvolvem as suas atividades nos Centros Espíritas, tende a se fortalecer e crescer com harmonia.

A estrutura do Movimento Espírita tem por base os Centros Espíritas que se agregam em Uniões Espíritas (municipais, distritais e intermunicipais). Por sua vez, as Uniões Espíritas se aglutinam em Conselhos Regionais, que no Rio Grande do Sul são em número de 14. Por fim, como ápice e grande polo irradiador e receptor temos, nessa estrutura, a Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS). Tanto as Uniões Espíritas como os Conselhos Regionais são órgãos de dinamização e descentralizadores do Movimento Espírita. 

O Consolador: Há uma política no Espiritismo? No que ela se diferencia da política partidária?

Entendo que sim. Há uma política no Espiritismo que se expressa pela prática do princípio doutrinário que o caracteriza. É a política da aceitação de nossos semelhantes, da honradez, da sinceridade, da prática das virtudes encontradas no homem de bem, da compreensão e acatamento das potencialidades de cada um. É a política do respeito à opção do indivíduo, seja ela qual for, enfim, é a política da alteridade e do amor, características tão bem exemplificadas pelo Mestre Jesus.

Só por esta adjetivação acima já se estabelece a diferença com a política partidária, que é exercida para disputar cargos de governo, fazer proselitismo partidário, defender posições ideológicas a respeito dos fins do Estado. A diferença está, também, nos meios empregados para atingir os objetivos, muitas vezes inconfessáveis, para atender aos interesses mesquinhos e subservientes, salvo raríssimas exceções. 

O Consolador: Você faz parte da comissão de revisão do estatuto da Federação Espírita do Rio Grande do Sul. Qual a necessidade da atualização das normas de organização do movimento federativo? Há uma periodicidade ideal?

Estamos no Século XXI e naturalmente, como tudo no Universo é dinâmico e evolui, também o estatuto de nossa Federação deve passar por revisões e aperfeiçoamentos. Sendo a Federação uma caixa de ressonância, deve ela estruturar-se para melhor atender às necessidades e aos anseios do Movimento Espírita. Particularmente defendo a ideia de se estabelecer um Conselho de Administração, um Conselho Deliberativo e um Conselho Fiscal, todos com um órgão diretivo próprio e que atuem em harmonia, guardando cada um a sua independência na área que lhe é própria. Também propugno por um mandato de no mínimo três anos; assim os gestores terão melhor oportunidade de planejar, executar e adequar seus programas. Tomo por base, para defender este meu ponto de vista, o que Allan Kardec legou-nos em Obras Póstumas, mais precisamente na 2ª Parte, sob o título Constituição do Espiritismo, em que o Codificador apresenta sua exposição de motivos.

Com relação à periodicidade, no título acima exposto, Allan Kardec previu que as revisões deveriam ser de 25 em 25 anos. Para tanto teremos que ter um estatuto sintético, que seja dotado de precisão, objetividade e clareza. Até atingirmos esse patamar, é mister que tomemos resoluções para o ajustamento e aperfeiçoamento de nosso estatuto em prazos menores.

Ao se estabelecer, na letra estatutária, a formação de um Conselho Deliberativo com sua mesa diretiva, constituída por comissões permanentes, uma delas, forçosamente, deverá ter sob seus cuidados e responsabilidade as revisões, tanto as estatutárias quanto as regimentais.

O Consolador: Como integrante da Equipe do Livro, que acompanha Divaldo Franco em seus roteiros no Sul há alguns anos, que experiências ou lições tem a relatar destas atividades?

As lições são as mais belas possíveis, visto que a tarefa de divulgação da Doutrina Espírita se expressa, nesses roteiros, pelo trabalho desenvolvido por Divaldo Franco e pela oferta das obras por ele psicografadas. Mas não só isso, o contato com companheiros espíritas, nas mais diversas cidades, a troca de ideias e de experiências ajudam-nos a compor a grande família, estreitando laços de afeto e simpatia.

Há também um aprendizado que se nos apresenta ao observar o trabalho desenvolvido pelos anfitriões e suas equipes, dando-nos a dimensão grandiosa dessa tarefa de divulgação doutrinária, que, embora árdua, é altamente gratificante.

Observa-se, nessas ocasiões, o grande envolvimento que há entre os Centros Espíritas e seus colaboradores, desde o planejamento, a execução e a avaliação, os quais, em vista de um bem maior, unem-se com maior intensidade.

Colho, igualmente, lições de dedicação, de superação de limites e obstáculos, de esmero e de divulgação da Doutrina por todos os meios disponíveis e lícitos por parte daqueles que tomam a si a responsabilidade por esses eventos. 

O Consolador: Como avalia o estado atual da organização dos eventos espíritas?

Estamos progredindo bastante. Nota-se um planejamento mais amplo, uma execução descentralizada e coordenada. Cabe aqui uma observação. Os Centros Espíritas, as Uniões Espíritas e até mesmo os Conselhos Regionais que dispõem de recursos parcos em nada ficam devendo para os mais aquinhoados, não os desmerecendo, naturalmente. Há por parte de todos uma superação e preocupação em bem receber o público, dedicando-se a oferecer o melhor conforto possível, desde o local escolhido, os equipamentos necessários e, sobretudo, a atitude fraterna responsável pelo clima de harmonia e paz que se experimenta nessas ocasiões.

Ouso dizer que, nessa área de eventos, deveríamos formar e constituir equipes mais ou menos permanentes para que o somatório das experiências adquiridas fosse servindo de base e de inspiração para os futuros eventos, inclusive ampliando os meios de captação de recursos financeiros, seja na área espírita, seja fora dela. 

O Consolador: Percebemos que o momento atual da divulgação do Espiritismo é nobre. Quais os cuidados dos dirigentes para bem desempenharem seus encargos nesse mister? 

O homem contemporâneo e, com mais razão, o do futuro tendem a não aceitar o que não seja racional, compreensível.

Os dirigentes e demais colaboradores das instituições espíritas devem primar, se já não o fazem, por bem receber aqueles que nos procuram, cativando-os e passando-lhes a proposta doutrinária, alicerçada na razão e na coerência.

Além disso, pela qualificação e entendimento do público que está frequentando, ou nos visitando pela primeira vez, há nos dias atuais uma exigência cada vez maior de conhecimento doutrinário e administrativo, o que nos solicita uma capacitação mais primorosa, não só dos dirigentes, mas de todos os colaboradores de nossas instituições espíritas.

Incluo o expositor espírita nesta saga de divulgação doutrinária. O expositor é um expoente bastante visível ao público, por isso sua abordagem doutrinária deve estar alicerçada nos postulados cristãos à luz dos dias atuais, esclarecendo as inúmeras situações vivenciadas pelo homem moderno. Deve se utilizar das descobertas e comprovações científicas que estão corroborando os ensinos do Mestre Jesus, sem, porém, jamais esquecer que os corações aflitos necessitam de conforto espiritual e encorajamento para superações possíveis.

Saliento que o receber bem significa, também, instalações adequadas, dotadas de algum conforto, palestras bem planejadas e os assuntos expostos com clareza e simplicidade, um atendimento fraterno que acolha, conforte e esclareça, bem como a disponibilização de uma biblioteca básica, mas, sobretudo, que os nossos atos sejam acompanhados de amor, muito amor.  

O Consolador: O que pensa sobre o livro espírita?

O livro espírita possui uma importância extraordinária. Através do livro espírita, psicografado, ou não, a Doutrina Espírita tem alcançado um público cada vez maior.

No Brasil e em todas as nações em que o Espiritismo se encontra implementado, ou em fase de implementação, é no livro que se estabelece essa base de divulgação, pois que o próprio expositor se utiliza de uma ou mais obras espíritas para transmitir o conhecimento. A consolidação da Doutrina Espírita e o esclarecimento e consolo das almas aflitas se dão, justamente, porque encontramos nas obras espíritas o conhecimento necessário. Esse conhecimento disseminado através do livro espírita alcança centenas, milhares de indivíduos quase que simultaneamente. Poderíamos imaginar a divulgação da Doutrina Espírita antes da revolução tecnológica inventada por Gutenberg, o tipógrafo?

Em falando sobre revolução tecnológica, novos ares estão soprando nos parques gráficos tradicionais (obras impressas em papel). Esses ares poderão se transformar em furacões destruidores caso as editoras e as livrarias não se adaptem aos projetos eletrônicos.

Hoje encontramos, com valor bastante acessível e com tendência a diminuir, os chamados leitores de livros eletrônicos, os “eBook Reader”. É um dispositivo portátil dedicado especialmente à leitura. Em um desses leitores podemos carregar centenas de obras e lê-las naturalmente, sem o desconforto das telas dos monitores e dos notebooks.

Imaginemos a nossa biblioteca particular ou a da instituição espírita totalmente contida em um desses leitores de livros eletrônicos. Temos que estar atentos, também, aos “áudios book”, gravados quase que exclusivamente com a tecnologia conhecida como “MP3".  Nele podemos escutar a leitura realizada por um locutor. Fazendo um pouco de humor, neste caso diríamos: Vou escutar o meu livro preferido, ao invés de dizer: Vou lê-lo.

E agora, o que fazer? Estamos preparados para lidar com essa tecnologia?  

O Consolador: Como avalia os preços atuais dos livros espíritas quanto à acessibilidade pelo público?

Naturalmente que para mim e para milhares de outros leitores os livros espíritas poderiam ser mais baratos, no entanto, pelo índice de tecnologia agregada ao livro, o valor é justo. Está apropriado, até mesmo considerando o número de páginas, em torno de duzentas, daí para menos.

Como a Equipe do Livro Divaldo Franco trabalha com diversos públicos em diversas localidades, notamos que as comunidades que apresentam um maior progresso e, por conseguinte, maior poder aquisitivo, adquirem mais obras. Isso não significa uma regra geral, pois que o inverso também acontece, algumas vezes.

O livro espírita, atualmente, está exposto em quase todas as livrarias, para não dizer em 100% delas. Para a divulgação da Doutrina Espírita isso é excelente. Atinge um público que, embora não se declare espírita, tem sua atenção despertada pelos títulos e assuntos contidos nessas obras. Assim, a área editorial/livreira, identificando essa procura, aprestou-se em suprir suas prateleiras e gôndolas com o livro espírita. 

O Consolador: Como o amigo percebe o individualismo e a competição desenfreada na sociedade de consumo atual?

Naturalmente quando o nosso ponto de vista está focado somente na matéria, e nos orientamos pelas sensações de predominância física, fortalecemos o individualismo e a competição, dando vazão ao egoísmo e ao orgulho.

O homem e a mulher da atualidade, em realizando um esforço hercúleo para conquistar o ter, esquecem-se de trabalhar para ser. Ser mais amorável, altruísta, abnegado e fraterno conquistando os recursos espirituais, tais sejam, o desenvolvimento da inteligência, o acúmulo de conhecimentos e as aquisições morais.

O Consolador: Paulo, o que sua experiência como espírita tem-lhe permitido aprender da vida?

O aprendizado é grande e me reconheço muito aquém de onde poderia já ter chegado. Saber não significa, obrigatoriamente, praticar os postulados cristãos, porém nos dá a clareza de que somos responsáveis ante os nossos pensamentos e as nossas atitudes, principalmente no trato com os semelhantes e a natureza.

Avaliando-me, posso afirmar que hoje já estou um pouco mais comedido, mais ponderado e mais abnegado. As experiências vivenciadas sob a égide do Espiritismo tendem a nos libertar dos conceitos arcaicos e dos paradigmas de vida e de relacionamentos interpessoais, aliviando-nos a carga de imperfeições.

O Consolador: Suas palavras finais.

Agradeço, sensibilizado, o convite no nobre amigo Antonio Nascimento para esta entrevista ao “O Consolador – Revista Semanal de Divulgação Espírita” que vem prestando uma grande colaboração na divulgação do Espiritismo nos seus quatro anos de existência.

Desejo que a mensagem cristã permeie os corações de cada um, sensibilizando-os para a perpetuidade da vida, para o acatamento das Leis Divinas, e que, nesta fase em que nos encontramos, a de transição para um mundo regenerador, possamos estar capacitados a enfrentar os desafios cotidianos com a fronte erguida e a mente serena, sabedores que somos os construtores de nós mesmos. Construtores do ontem, do hoje e do futuro, que almejamos ser de plena integridade e felicidades, conquistadas pelo exercício do amor a si e ao próximo.




 


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