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Ano 4 - N° 164 - 27 de Junho de 2010

WASHINGTON L. N. FERNANDES
washingtonfernandes@terra.com.br
São Paulo - SP (Brasil)

 

A PSICOGRAFIA DO MÉDIUM DIVALDO FRANCO (7)
 
Poderia ele ser indicado ao Prêmio Nobel de Literatura? 

(Parte 1)


Explicação necessária
Repetimos que não é certo esperar que livros mediúnicos repitam exatamente, 100%, o que um Espírito manifestou em vida como escritor. Já esclarecemos que todos os Espíritos estamos sujeitos à Lei de Evolução e naturalmente adquirimos novas ideias e nos adequamos ao tempo e espaço em que vivemos. Seria um contrassenso esperar que um Espírito permaneça exatamente igual, passadas décadas ou séculos, pois todos sofremos mudanças, por vezes até de um dia para outro. Mas nos casos de Espíritos literatos é esperável que se mantenham nuances características do Espírito, porque nestes casos elas são muito mais marcantes neles, correspondendo muito às próprias condições evolutivas do Espírito. 

Espírito de Rabindranath Tagore, Prêmio Nobel de Literatura O Espírito que começaremos a estudar é o de Rabindranath Tagore. Em vida ele estudou literatura inglesa na Universidade de Londres. Quando voltou à Índia colaborou em jornais e revistas, destacando‑se como um inspirado místico, fecundo poeta, além de ter escrito algo também em prosa. Ele ganhou o Prêmio Nobel de Literatura em 1913 e, por meio de Divaldo Franco, Tagore ditou três obras mediúnicas líricas, editadas pela Ed. Leal/BA, intituladas: Estesia, Filigranas de Luz e Pássaros Livres, além de outra em parceria com o Espírito Marco Prisco (Momentos de Renovação, também pela Ed. Leal/BA).  

Tagore pertenceu ao modernismo ou pós-modernismo poético, onde os poetas abandonam as métricas ou qualquer regra de composição, permitindo que a poesia se desenvolva com encantamento solto e natural. Uma das principais obras do escritor Tagore foi Gitanjâ Li, que quer dizer Oferenda Lírica. (1) Característica marcante dele foi seu absoluto lirismo, que era como sua alma pulsava e se expressava. Esta característica se manteve nas obras mediúnicas, todas poéticas. O prefácio do próprio Espírito Tagore ao livro Estesia foi psicografado pelo médium Chico Xavier (1910-2002) em 1958, exclusivamente para compor o livro ditado ao médium Divaldo Franco. Apesar de ser um

importante fator para confirmação da validade psicográfica do livro Estesia, Divaldo só publicou esse livro em 1986, pois era importante que o livro fosse aceito por seu próprio valor e não pelo prefácio psicografado pelo Chico. Feita a comparação, temos dados muito importantes:

1) Inicialmente, registramos que a obra Gitanjâ Li apresentou 590 vocábulos principais, dentre verbos, adjetivos, substantivos, advérbios e muitas metáforas;

2) Foram encontrados na obra mediúnica Estesia (que quer dizer sensibilidade), do Espírito Tagore, 320 vocábulos destes 590 principais de Gitanjâ Li, representando a significativa porcentagem de 54% das palavras marcantes coincidentes entre as duas obras!! O livro Estesia parece uma continuação de Gitanjâ Li, com a diferença de que o livro Estesia está mais desenvolvido, pois enquanto Gitanjâ Li teve somente 590 vocábulos marcantes, o livro Estesia teve 1.335 vocábulos mais destacados (o que praticamente corresponde ao dobro de Gitanjâ Li).  

Comparação numérica das coincidências da natureza dos vocábulos existentes nos livros Gitanjâ Li e Estesia – As coincidências perfazem inúmeras metáforas e 320 vocábulos, a saber:

28 Verbos,

234 Substantivos,

45 Adjetivos,

13 Advérbios.

Com relação às metáforas, que são figuras de estilo ou linguagem, elas consistem numa comparação entre dois elementos por meio de seus significados imagísticos. Didaticamente, pode-se considerá-la como uma comparação que não usa o conectivo "como", mas que apresenta de forma literal uma equivalência. Exemplo: tomou o copo todo, em vez de se falar tomou toda a bebida que estava no copo.

O mais significativo não é a estatística das palavras e versos (o número de verbos, de adjetivos, de advérbios, de metáforas etc.), mas sim o inconfundível lirismo do poeta, que se repetiu com a mesma melodia e inspiração.

Senão vejamos: 

GITANJÂ LI, verso 68, escrito por Tagore quando encarnado:

Tu és o céu e és o ninho também.

Ó tu, cheio de beleza é o teu amor que aqui, neste ninho, prende a alma com cores, sons e perfumes

Aqui a madrugada chega com a cesta de oiro na mão direita, trazendo a grinalda da beleza para silenciosamente coroar a terra.

E aqui, sobre os solitários campos que os rebanhos deixaram, a tarde chega por ínvios caminhos, trazendo do oceano ocidental do sossego gotas frescas de paz no seu cântaro doirado.

Mas aí onde o céu infinito se estende para que a alma levante nele o seu voo, aí reina o esplendor branco e sem manchas. Aí não há dia nem noite, não há forma e nem há cor, e nunca se ouve, nunca, uma única palavra. 

Para comparar com a obra mediúnica, tomemos o verso LII do Estesia, e constatemos principalmente o mesmo lirismo do poeta, além das várias coincidências de palavras:

Vencido pela funda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e com engas­tes de ouro no mar das nuvens viageiras, me convidou para o banquete do Dia.

Tudo respirava perfume leve e os braços do vento, carre­gando o pólen da vida, cantavam nos ramos do arvoredo deli­cada canção.

Saí a correr para fora, tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos.

A presença invisível do Bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade, enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto...

Embriagado pelas paixões, meu ser estava esfaimado pela paz.

Tentando conseguir todas as conquistas, não lograva liberar-me do punhal da melancolia cravado no coração das lembranças da tua ausência.

Quando a tarde se escondeu nos longes das montanhas altaneiras, extenuado e só, outra vez tombei em mim mesmo...

Por que, poderoso conquistador, não me dominaste com fortes recursos da tua soberana misericórdia, livrando-me de mim mesmo?

A noite devorou o dia, e, ao escancarar a boca negra, miríades de astros coruscantes compuseram o diadema da vitória total da luz...

Só então, solitário e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara aos teus ouvidos e me respondeste em vibrações fulgurantes de esperanças à distância.

Repouso e espero.

Penetra-me, Cancioneiro do silêncio, com as tuas melodias, a fim de que repleto de sons e paz, eu possa doar-me ao teu infinito poder, no socorro aos párias do mundo, quais eu próprio também o sou. 

Uma análise gramatical e literária dos textos de Tagore – Constata-se que Tagore está muitíssimo nítido e expresso na sua inspiração e lirismo na obra mediúnica. Encontram-se no verso LII de Estesia muitas metáforas e os vocábulos ouro, sons, perfume, solitário, tarde, infinito, dia, noite, que estão no verso 68 de Gitanjâ Li. Estão também sublinhadas no verso LII outras palavras que são encontradas noutros versos de Gitanjâ Li.

Mas analisemos gramatical e literariamente o verso 68 da obra Gitanjâ Li de Tagore quando encarnado, e também o verso III do livro Estesia do Espírito Tagore, psicografado pelo médium Divaldo:

Adota-se a seguinte legenda:

(SUBST) para substantivo

(VERB) para verbo

(ADJE) para adjetivo

(ADVÉR) para advérbio

(METÁF) para metáfora 

GITANJÂ LI, verso 68

Tu és o céu (SUBST) e és o ninho também.

Ó tu, cheio de beleza (SUBST) é o teu amor (SUBST) que aqui, neste ninho, prende a alma (SUBST) com cores (SUBST), sons (SUBST) e perfumes (SUBST).

Aqui a madrugada (SUBST) chega com a cesta de oiro (ADJE) na mão (SUBST) direita (ADJE), trazendo a grinalda (SUBST) (METÁF) da beleza para silenciosamente coroar a terra (SUBST).

E aqui, sobre os solitários (ADJE) campos (SUBST) que os rebanhos deixaram, a tarde (SUBST) chega por ínvios (ADJE) caminhos (SUBST), trazendo do oceano (SUBST) ocidental do sossego gotas (SUBST) frescas (ADJE) de paz (SUBST) no seu cântaro doirado.

Mas aí onde o céu (SUBST) infinito (ADJE) se estende para que a alma (SUBST) levante nele o seu voo (SUBST), aí reina (VERB) o esplendor (SUBST) branco (ADJE) e sem manchas. Aí não há dia (SUBST) nem noite (SUBST), não há forma e nem há cor (SUBST), e nunca se ouve (VERB), nunca, uma única palavra (SUBST)

Portanto, identificam-se pelos menos 33 vocábulos principais neste verso 68 de Gitanjâ Li e uma metáfora, que são:

1.                ALMA (SUBST)

2.                AMOR (SUBST)

3.                BELEZA (SUBST)

4.                BRANCO (ADJE)

5.                CAMINHOS (SUBST)

6.                CAMPOS (SUBST)

7.                CÂNTARO (QUE QUER DIZER VASO GRANDE) (SUBST)

8.                CÉU (SUBST)

9.                COR (SUBST)

10.            CORES (SUBST)

11.            DIA (SUBST)

12.            DIREITA (ADJE)

13.            ESPLENDOR (SUBST)

14.            FRESCAS (ADJE)

15.            GOTAS (SUBST)

16.            GRINALDA (SUBST)

17.            INFINITO (ADJE)

18.            ÍNVIOS (QUE QUER DIZER INTRANSITÁVEL) (ADJE)

19.            MADRUGADA (SUBST)

20.            MÃO (SUBST)

21.            NOITE (SUBST)

22.            OCEANO (SUBST)

23.            OIRO (ADJE)

24.            OUVE (VERB)

25.            PALAVRA (SUBST)

26.            PAZ (SUBST)

27.            PERFUMES (SUBST)

28.            REINA (VERB)

29.            SOLITÁRIOS (ADJE)

30.            SONS (SUBST)

31.            TARDE (SUBST)

32.            TERRA (SUBST)

33.            VOO (SUBST)

(METÁF) Aqui a madrugada chega com a cesta de oiro na mão direita, trazendo a grinalda da beleza para...

Parte deste vocabulário do Verso 68 de Gitanjâ Li é encontrada nos versos XLV, XLIX, L, LII, LIII etc. do livro Estesia.

Com relação à obra mediúnica, repetimos, a primeira coisa a destacar é o inconfundível lirismo de Tagore, mas, além disso, façamos uma análise gramatical e literária:

Vencido pela funda angústia da minha mágoa, despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e com engas­tes de ouro (SUBST) no mar das nuvens viageiras, me convidou para o banquete do dia (SUBST) (METÁF).

Tudo respirava perfume (SUBST) leve e os braços do vento (METÁF), carre­gando o pólen da vida, cantavam nos ramos do arvoredo deli­cada canção.

Saí a correr para fora tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos. (METÁF).

A presença invisível do Bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade (METÁF), enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto...

Embriagado pelas paixões (METÁF), meu ser estava esfaimado pela paz (METÁF).

Tentando conseguir todas as conquistas, não lograva liberar-me do punhal da melancolia cravado no coração das lembranças da tua ausência (METÁF).

Quando a tarde (SUBST) se escondeu nos longes das montanhas altaneiras (METÁF), extenuado e só, outra vez tombei em mim mesmo...

Por que, poderoso conquistador, não me dominaste com fortes recursos da tua soberana misericórdia, livrando-me de mim mesmo?

A noite (SUBST) devorou o dia (SUBST) (METÁF), e, ao escancarar a boca negra (METÁF), miríades de astros coruscantes compuseram o diadema da vitória total da luz...

Só então, solitário (ADJET) e meditativo, compreendi como a minha canção de dor chegara aos teus ouvidos e me respondeste em vibrações fulgurantes de esperanças à distância.

Repouso e espero.

Penetra-me, Cancioneiro do silêncio, com as tuas melodias, a fim de que repleto de sons (SUBST) e paz, eu possa doar-me ao teu infinito (ADJET) poder, no socorro aos párias do mundo, quais eu próprio também o sou. 

As metáforas encontradas no texto psicografado por Divaldo São pelo menos catorze as metáforas encontradas neste verso do livro Estesia:

- despertei quando o jovem rosto da manhã adornado de luz e com engas­tes de ouro (METÁF);

- no mar das nuvens viageiras (METÁF);

- me convidou para o banquete do dia (METÁF);

- Tudo respirava perfume leve (METÁF);

- os braços do vento (METÁF);

- Saí a correr para fora tentando fugir da furna escura dos meus padecimentos (METÁF);

- A presença invisível do Bem-amado fazia-me arder em febre de ansiedade (METÁF);

- enquanto os pés ligeiros das horas corriam à frente impondo-me fadiga e desconforto (METÁF);

- Embriagado pelas paixões (METÁF);

- meu ser estava esfaimado pela paz (METÁF);

- não lograva liberar-me do punhal da melancolia cravado no coração das lembranças da tua ausência (METÁF);

- Quando a tarde (SUBST) se escondeu nos longes das montanhas altaneiras (METÁF);

- A noite devorou o dia (METÁF);

- ao escancarar a boca negra (refere-se à noite) (METÁF). 

Este estudo é muito revelador e traz indiscutíveis evidências. Naturalmente metáforas não são figuras de linguagem que se usam com facilidade, e consideremos que o número delas é muito superior no livro mediúnico do que na obra do escritor.  
 

(1) O título da obra de Tagore aparece também, em algumas versões, grafado deste modo: GITANJALI.


(No próximo artigo concluiremos nossa análise das obras de Rabindranath Tagore.)


 


 


 

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