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Entrevista Espanhol Inglês    
Ano 3 - N° 153 - 11 de Abril de 2010

FERNANDA BORGES
fernanda@oconsolador.com.br
Londrina, Paraná (Brasil)

 

Divaldo Franco:

“Todos temos perguntas e o Espiritismo possui respostas”

O conhecido orador espírita analisa diversos assuntos da atualidade e afirma que Chico Xavier é um exemplo digno
de ser seguido por qualquer pessoa

 

Divaldo Franco (foto) esteve em Londrina no dia 8 de março, quando falou a um público numeroso no salão de festas do Londrina Country Clube. O tema que ele abordou na conferência foi “Atualidade do pensamento espírita” e seu propósito foi demonstrar que os 153 anos que nos separam da publicação d´O Livro dos Espíritos não lograram alterar nenhum dos conceitos exarados na citada obra. A reportagem sobre a conferência pode ser vista pelo leitor na edição 149 desta revista, disponível na internet em http://www.oconsolador.com.br/ano3/
149/especial2.html.

Dias antes, o conhecido orador concedeu-nos a seguinte entrevista (1):


– Este ano comemoramos o centenário de nascimento de Chico Xavier e muitos trabalhos espíritas estão prestes a ser lançados, como novela, filmes e até história em quadrinhos, abordando o Espiritismo. Como o senhor avalia este momento para os espíritas? Acha que isso poderá trazer novos adeptos à doutrina? 

É evidente que a divulgação em massa da Doutrina Espírita conforme se encontra nas obras fundamentais, que constituem a Codificação, tem um significado extraordinário, em razão de poder propiciar, aos que a desconhecem, os seus fundamentos lógicos, apoiados na razão, que enfrenta a fé face a face em todas as épocas da humanidade, conforme afirmou Allan Kardec.

Chico Xavier não é apenas um símbolo do verdadeiro espírita, mas um exemplo digno de ser seguido por qualquer indivíduo que aspire ao bem e ao ideal de construção da humanidade feliz. Todas as homenagens que lhe estão sendo feitas representam o mínimo da nossa gratidão, pelo quanto ele realizou durante sua nobre existência.

Com o apoio da mídia em todas as suas áreas, muitas pessoas irão interessar-se pelo conhecimento do Espiritismo e certamente aderirão aos seus postulados. 

– Como o senhor avalia a problemática da criminalidade nos dias atuais, principalmente na questão em que se envolvem os jovens atraídos pelas drogas. Na sua visão, como espírita, acredita que esses problemas têm relação com a transformação da categoria do planeta Terra, como os espíritas dizem, de provas e expiações para um mundo de regeneração? 

De certo modo, sim. A questão tem raízes históricas, sociológicas, educacionais e de comportamento religioso. Durante muitos séculos a castração religiosa e a hipocrisia social limitaram o comportamento das crianças e jovens, assim como dos cidadãos em geral. Ameaças religiosas de punições eternas, necessidade de comportamentos falsos, mascarados de civilizados, exigências domésticas descabidas, severidade de julgamentos eram impostos como fundamentais para uma sociedade correta...

Por ocasião da década 1960/1970, com a revolução sociológica da juventude na América do Norte, que se negava seguir para a guerra no sudeste asiático, denominada de suja, como se nenhuma guerra fosse limpa, surgiu uma nova mentalidade revoltada, que se opôs não somente a essa luta infeliz, como também aos paradigmas de comportamento vigentes.

Na cultura hippie do gozo e do prazer, o matrimônio, a família, a sociedade passaram a ser instituições superadas, surgindo a vulgarização da conduta sexual, o abuso de toda natureza, a libertação da mulher, aliás, muito justa, o uso de estupefacientes e de drogas em geral. Ficou célebre o encontro de três dias de sexo, drogas e rock’n roll, na cidade de Woodstock, nos Estados Unidos.

A rejeição a tudo que significava ordem e dever caracterizou esse período, cujos efeitos maléficos ainda a sociedade experimenta. A decantada volta às origens, aspirada pelos jovens, deu lugar à adoção de doutrinas orientais, mais compatíveis com a meditação e a fuga psicológica dos deveres e às viagens em direção de lugar nenhum... Logo depois, vieram a desilusão, o sofrimento defluente dos excessos, o retorno para casa, como afirmou John Lennon, porque “O sonho acabou”.

Ficaram as feridas morais, as drogas, o erotismo, a alucinação do prazer e as grandes sequelas da depressão, da ansiedade, da solidão, da violência.

Por outro lado, a família tradicional cedeu lugar à moderna, em que tudo era permitido, facultando aos pais não mais se preocuparem com os filhos que, se sentindo órfãos, fugiram para as tribos, os acasalamentos e a promiscuidade sexual, o rebaixamento moral...

Outros fatores, de natureza psicológica, política (falta de exemplos de dignificação e probidade de muitos deles), o aumento da população, a proliferação das favelas, o desemprego e o vazio existencial conduziram ao desbordamento da agressividade e da vulgaridade que impõe viver intensamente este momento, e logo depois, que importa?...

O Espiritismo é o grande antídoto para essa tragédia do cotidiano, através da educação, mas não apenas a educação formal, que se aprende nos livros, mas aquela que tem a ver com a moral, conforme elucida Allan Kardec em O Livro dos Espíritos, no comentário à questão 685 (a).

Quando a criatura humana tiver a certeza da imortalidade da alma, conhecer a responsabilidade dos seus atos, dando-se conta que é construtora do seu destino, sempre responsável pelo seu comportamento, vivenciando a Lei de causa e efeito, modificar-se-á para melhor, assumindo conscientemente as consequências positivas e negativas dos seus atos, assim trabalhando em favor da paz e da justiça social.

A drogadição é uma enfermidade social, que necessita mais de esclarecimento e educação preventiva do que policiamento e perseguição. Enquanto houver dependente químico ou de outras drogas, haverá o traficante... O trabalho, portanto, terá que se iniciar na formação da personalidade da criança no lar, nos exemplos edificantes do meio social...

Da mesma forma, a violência, que, segundo a UNESCO, é uma doença do espírito, somente no espírito (na psique) deve ser tratada... 

– O terremoto do Haiti poderia estar ligado também a essa transformação do planeta? 

Sem qualquer dúvida, porquanto, a fim de que surja o mundo novo, o planeta vem sofrendo modificações, como aliás tem ocorrido em todas as épocas, sendo que as mais recentes tragédias decorrentes dos fenômenos sísmicos, como o tsunami do Oceano Índico, há poucos anos, os deslizamentos de terra, o aumento global da temperatura, também por desrespeito do ser humano à Natureza, erupções vulcânicas, terremotos, tornados etc. constituem métodos seguros para a depuração moral e espiritual das pessoas que se lhes tornam vítimas. 

– O Espiritismo surgiu na França e, no entanto, há mais brasileiros espíritas que europeus, de acordo com dados do próprio IBGE. Como o senhor avalia essa numerosa quantidade de espíritas no Brasil? Qual seria a causa disso? 

Do ponto de vista histórico, a França sofreu três guerras calamitosas, após o advento do Espiritismo: 1870 - a franco-prussiana, 1914/1918 – a Primeira Guerra Mundial – e 1939/1945 – a Segunda Guerra Mundial – o que prejudicou enormemente a divulgação do Espiritismo, assim como a preservação das religiões dogmáticas. As novas gerações, algo amarguradas, preferiram as filosofias existenciais de Jean Paul Sartre e Mme. de Beauvoir, assim como de outros pensadores, deixando à margem as propostas religiosas...

Sob o aspecto espiritual, acreditamos que um grande número de espíritas do século XIX eram Espíritos de origem francesa que se reencarnaram no Brasil, e que ao receberem uma doutrina como o Espiritismo, com a sua dialética alicerçada na lógica, facilmente aceitaram os seus conteúdos.

Renasce hoje o Espiritismo na França, e em toda a Europa, graças a muitos brasileiros espíritas lá residentes, aos que as visitam com frequência para divulgá-lo e aos nobres esforços do Conselho Espírita Internacional (CEI). 

– A questão ambiental tem chamado a atenção dos governantes do mundo todo, revelando que está  havendo mudanças drásticas em todo nosso planeta e que o ser humano será o primeiro a sofrer as consequências. O que o Espiritismo diz sobre esses problemas? 

O ser humano tem o dever de preservar a Natureza. É lamentável que o comportamento mental das criaturas ainda vinculadas ao egoísmo perturbe a grande mãe Terra, envenenando a sua atmosfera com os gases danosos, os rios, mares e lagos, as nascentes de águas, e destruindo as florestas, em decorrência da ganância agrícola, pastoril ou imobiliária, sem nenhuma consideração pela vida que estua em toda parte.

O Espiritismo trabalha com seriedade pelo ambientalismo, pelo respeito a tudo e a todos, especialmente à querida Gaia, que tem sido a nossa bendita escola de evolução.

Essas mudanças drásticas, sem dúvida, têm muito a ver com a desconsideração de quase todos nós pelas forças vivas do nosso amado planeta. 

– Ainda há por parte dos leigos muitas dúvidas e principalmente preconceitos em relação ao Espiritismo, ainda mais quando falta a informação. O que o senhor diria às pessoas que contestam a doutrina e, ademais, não fazem questão de a conhecer? 

Não há, entre nós, os espíritas, a preocupação de impor o conhecimento do Espiritismo, mas o saudável objetivo de o propor, de o apresentar àqueles que o desconhecem ou o conhecem en passant.

Temos o interesse de apresentar uma doutrina que é uma ciência que investiga, uma filosofia que esclarece e uma ética moral de natureza religiosa que conforta, encaminhando a criatura de volta a  Deus.

Todos temos perguntas, e o Espiritismo possui respostas. Nada obstante, se alguém o recusa e o contesta sem o conhecer, respeitamos a sua atitude, mas compreendemos que se trata de presunção, porque ninguém pode combater o que ignora. Deixamos que o tempo, o grande transformador, faça pela pessoa o que ela, no momento, evita fazer-se a si mesma, que é o esclarecimento. 

 

(1) Esta entrevista, com ligeiras modificações, foi publicada inicialmente no jornal Folha de Londrina em sua edição de 7 de março de 2010.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita