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Ano 3 - N° 149 - 14 de Março de 2010

ANTONIO AUGUSTO NASCIMENTO
acnascimento@terra.com.br
Santo Ângelo, Rio Grande do Sul (Brasil)

 

Almerinda Terezinha Medeiros de Souza:

“Deve fazer parte da nossa vivência cristã a preocupação com o outro” 

A confreira gaúcha fala sobre a Gestão da Qualidade, um programa de administração de organizações que pode ser aplicado às pessoas, dentro de uma filosofia que tem muitos pontos em comum com a Doutrina Espírita

 

Almerinda Terezinha Medeiros de Souza ou Tereca (foto), como prefere ser chamada, gaúcha da Região das Missões e, por isso mesmo, uma aficionada do chimarrão, reside em Santa Maria (RS) há 29 anos e tem uma filha do coração. Aposentada pelo Banco do Brasil, é administradora de empresas, atualmente exercendo a função de consultora e educadora em Gestão Empresarial.  

Nesta entrevista, ela nos fala sobre sua jornada para semear conhecimentos que auxiliem nos processos de gestão, mas com ênfase na valorização das pessoas.  


O Consolador: Como se tornou espírita? 

Graças a Deus, procurei um Centro Espírita pela primeira vez movida pela curiosidade, pela busca de respostas às inúmeras dúvidas existenciais, não tendo que passar pelo crivo da dor. Hoje, pela bondade dos Espíritos amigos, sei que vim para a Doutrina Espírita para melhor me preparar e receber a minha filha, com a qual tinha vínculos anteriores bastante profundos e o consequente comprometimento em resgatar velhos débitos, bem como ajudar na sua educação para os valores e objetivos elevados da vida. Ela também é uma trabalhadora espírita e juntas estamos construindo uma nova etapa na nossa existência, consolidando os laços afetivos, morais e espirituais. 

O Consolador: Em quais atividades atua no Centro Espírita?  

Estou vinculada à Sociedade Espírita União dos Fiéis (SEUF) de Santa Maria, desde que conheci e assumi o Espiritismo como diretriz de vida, em 1987, onde desempenho, atualmente, as atividades de Diretora do Departamento Doutrinário (DEDO) e Coordenadora do ESDE. 

O Consolador: E no Movimento Espírita? 

Colaboro como secretária do Conselho Regional Espírita (CRE) da 4ª Região Federativa do Rio Grande do Sul. Também atuo como expositora e facilitadora de cursos, jornadas e/ou seminários da Federação Espírita do Rio Grande do Sul (FERGS). 

O Consolador: Você tem artigos publicados? Quais? 

Tenho 4 artigos publicados na revista A Reencarnação, editada pela Federação Espírita do Rio Grande do Sul, a saber: o 1º faz uma comparação dos princípios da Gestão da Qualidade com os postulados espíritas, ambos centrados na pessoa humana e na constante busca de aperfeiçoamento (edição nº. 416); o 2º aborda a capacitação administrativa para os dirigentes de casas espíritas (edição nº. 430); o 3º e o 4º tratam, respectivamente, da eficiência e eficácia na administração do centro espírita com vista aos resultados produzidos e da gestão de processos e solução de problemas (edição nº 435). 

O Consolador: Qual o retorno dos leitores e dirigentes espíritas que tiveram contato com seus artigos?  

Tenho recebido diversos feedbacks, sendo alguns bem significativos. Um deles veio de uma pessoa não espírita, que utilizou um dos nossos artigos em seu trabalho de monografia de conclusão de curso universitário. Outro, de um dirigente da nossa Federativa Estadual que utilizou o material para melhorar a gestão do seu trabalho. E, ainda, vários dirigentes de Casas Espíritas que também nos disseram estar aplicando nossas sugestões e alcançando resultados positivos no seu dia-a-dia. 

O Consolador: Você tem desenvolvido treinamentos administrativos em empresas e organizações visando à melhoria da qualidade nos processos? Qual o enfoque principal dessas atividades? 

Sim, em todo o Rio Grande do Sul, especialmente em micro e pequenas empresas de setores diversos da economia, bem como em organizações do chamado 3º Setor. O enfoque principal do trabalho é melhorar os processos e agregar valor aos resultados, através das ferramentas e técnicas da Gestão da Qualidade, sempre voltados para a valorização das pessoas, porque de nada adiantam as melhorias em outras dimensões, se não atentarmos para a dimensão humana. Afinal, a Qualidade deve estar nas mãos, nas mentes e nos corações das pessoas, porque, se atingir a excelência da produtividade nas empresas é um imperativo, muito maior é o da busca da qualidade no nosso esforço de progresso moral e espiritual, individual e coletivo. 

O Consolador: Que experiências ou lições tem a relatar dessas atividades? 

Com certeza, cada vez que nos propusemos a ensinar, a assessorar pessoas e organizações, os maiores beneficiados somos nós mesmos, pelos diferentes resultados e aprendizados obtidos. Ao utilizarmos uma ferramenta de gestão, como, por exemplo, o Planejamento Estratégico, cujo roteiro é basicamente o mesmo para qualquer empresa ou organização, as diretrizes, a análise do ambiente interno e externo e respectivas ações variam em extensão, quantidade e abrangência infinitas, o que torna os processos mais desafiadores, ricos em conhecimento e geradores de satisfação e motivação para o trabalho, mudamos, portanto, o conteúdo; a forma permanece a mesma. Algo que considero muito interessante acontece comigo. Quanto mais me aprofundo no conhecimento e no trabalho em Gestão da Qualidade, mais encontro paralelo com a Doutrina Espírita e os ensinos do Evangelho de Jesus, pois afinal Ele é o Administrador por excelência, cujo modelo deve ser perseguido por todos os que se propõem a trabalhar com educação e aperfeiçoamento de processos gerenciais. Isto só vem a confirmar o que já sabemos: a Doutrina Espírita está em tudo, comporta todas as ciências e nos apresenta não só uma visão integral do homem, como matéria e espírito, mas, também, do Universo. Tudo o que fizermos em uma das partes acaba afetando, de alguma maneira, o todo. 

O Consolador: Qual a importância da qualidade para o trabalhador espírita e para as Instituições Espíritas? 

Fundamental, porque os princípios administrativos como o da melhoria contínua, do trabalho cooperativo, motivado pela compreensão da racionalidade das tarefas, do uso adequado e necessário dos recursos, encontram correspondência no Espiritismo. A Gestão da Qualidade é um programa de administração de organizações que pode ser aplicado às pessoas, dentro de uma filosofia que tem muitos pontos em comum com a Doutrina Espírita, pois, como seres humanos, nos movemos em função das necessidades, progressivamente, dos instintos básicos às motivações superiores, colocadas pela vida social e pelo impulso de autodesenvolvimento. 

O Consolador: Sua atuação no Movimento Espírita destaca-se pelas frequentes atividades doutrinárias (palestras e seminários). Qual é sua principal motivação para desempenhá-las? 

Pelo prazer de ensinar e aprender; pelo desafio de levantar questionamentos, pesquisar e buscar respostas, que levam sempre a novos questionamentos; pela necessidade e vontade de repartir com o outro o pouco que já conseguimos compreender e, finalmente, porque entendemos que “muito se pedirá àquele que muito recebeu”, mas, também, “mais será dado àquele que já tem”, simbolizando o ensino do Mestre: “pelas obras é que se reconhece o cristão”. 

O Consolador: Como a amiga tem encarado as turbulências da economia mundial e como o espírita deve preparar-se para enfrentar essas tempestades?           

Como um processo natural da jornada humana na Terra. Ainda prevalece no coração do homem o orgulho, a vaidade, o egoísmo, a cupidez etc., de forma que, pela ganância de alguns, uma grande maioria acaba pagando um preço bastante elevado. Pela Doutrina Espírita, sabemos que a Terra tem recursos suficientes para dar sustento, dignidade e qualidade de vida a toda a população, mas a concentração de riquezas nas mãos de uma minoria impede o acesso de grande parte dessa população a essas riquezas. O espírita, como qualquer outra pessoa, também sofre as consequências das crises econômicas, políticas e sociais com reflexos, inclusive, em nossas Instituições. E como qualquer outro ser humano, diante da dificuldade, deve trabalhar com mais afinco, estudar, buscar estar informado sobre o panorama mundial e brasileiro e preparar-se para vencer o desafio, com equilíbrio e com a convicção de que sairá fortalecido e com mais segurança para novos embates. No meio empresarial costuma-se dizer que é nas épocas de crises que se conhecem os verdadeiros empreendedores, aqueles que têm atitudes para enfrentar as turbulências e inovar em produtos e serviços. Esse também deve ser o pensamento do espírita. 

O Consolador: Têm sido objeto de debate nos seus círculos de estudos temas como as desigualdades sociais? Quais as principais conclusões?           

Com certeza! Em primeiro lugar, porque deve fazer parte da nossa vivência cristã a preocupação com o outro, seja do ponto de vista material, afetivo, moral ou espiritual. Em segundo, porque pessoa ou organização alguma pode pretender ser uma ilha de qualidade num mar de misérias. Desenvolver a cultura da Responsabilidade Social é hoje quase um imperativo de gestão, visando à manutenção e competitividade das empresas. Na Gestão da Qualidade, a Responsabilidade Social é um dos Fundamentos da Excelência e se define como uma atuação ética e transparente da organização com todos os públicos com os quais ela se relaciona, estando voltada para o desenvolvimento sustentável da sociedade, a preservação dos recursos ambientais e culturais para gerações futuras; respeitando a diversidade e promovendo a redução das desigualdades sociais como parte integrante de sua estratégia. Entram aí ações em benefício do meio ambiente, da educação, da saúde, enfim, do resgate da qualidade de vida às pessoas. Nem é preciso ser um bom observador para verificar que as empresas socialmente responsáveis, que não pensam somente no lucro, mas acima de tudo no ser humano, são mais valorizadas e reconhecidas, com a preferência dos seus clientes. Essas ações estão se transformando numa poderosa vantagem competitiva. 

O Consolador: Fale-nos da sua visão do movimento espírita em sua cidade e no Estado do Rio Grande do Sul.            

Trata-se de um movimento em constante evolução e crescimento. Cada vez mais, as pessoas procuram os Centros Espíritas não só na busca de consolo para suas aflições, mas muito, também, pela necessidade de compreensão da vida, em busca de respostas para dúvidas milenares como: quem eu sou, de onde vim, o que estou fazendo aqui, para onde vou depois da morte? Isto só a Doutrina Espírita é capaz de responder de maneira lógica e racional, sem alegorias e fantasias.

Andando pelo Estado a serviço da Doutrina, percebemos que as Casas, sem perder a simplicidade original, também estão crescendo em termos de organização e estrutura funcional, de modo a se adequar para melhor atender a essa demanda. Há hoje, também, uma preocupação maior com gestão das Casas, onde os dirigentes estão procurando qualificar-se em ferramentas e técnicas gerenciais, em desenvolvimento de lideranças e em temas específicos de trabalhos doutrinários.

O Curso de Capacitação Administrativa para Dirigentes Espíritas (CCA), desenvolvido e aprovado pelo Conselho Federativo Nacional (CFN) em 2002, vem sendo trabalhado e aperfeiçoado, desde então, em todo o País. Em nosso Estado, a FERGS (Federação Espírita do Rio Grande do Sul) tem desenvolvido e ministrado diversos programas de capacitação, envolvendo todas as questões acima mencionadas, através de oficinas, cursos, seminários e workshops. 

O Consolador: Quais suas experiências na área da Administração? Como é ser administradora e espírita? 

É maravilhoso poder trabalhar com as mesmas ferramentas gerenciais no movimento espírita e no campo profissional, mudando apenas o conteúdo, pois o roteiro é o mesmo. A Administração como ciência é o resultado do conhecimento humano acumulado desde os primórdios da civilização e é uma das que mais tem evoluído nos últimos tempos, favorecendo o gerenciamento dos processos organizacionais, envolvendo as pessoas e contribuindo de forma definitiva com a Lei de Evolução. Não existe organização humana que prescinda de uma boa administração e compete ao administrador tomar as decisões mais eficazes, através das funções tradicionais: planejar, dirigir, controlar e executar. A Casa Espírita, sendo uma organização, não deve se distanciar das teorias, métodos e técnicas da moderna administração, para atingir com eficiência e eficácia os resultados almejados. Também deve se preocupar com a produtividade em suas atividades de cunho administrativo e doutrinário. O dirigente é, antes de tudo, o administrador de uma organização espírita. Possui, portanto, a responsabilidade de buscar o melhor resultado possível, dentro dos objetivos da Instituição. 

O Consolador: Suas palavras finais. 

Agradecemos a oportunidade de expormos nossas ideias a respeito de temas que tanto gostamos, e esperamos que, de alguma forma, os assuntos aqui abordados possam servir, inspirar e contribuir com os nossos companheiros, no seu trabalho em prol da divulgação, do esclarecimento e do consolo que a Doutrina Espírita propicia a todos aqueles que fazem dela o seu ideal, na busca do aperfeiçoamento e da felicidade.

 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita