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Ano 3 - N° 141 - 17 de Janeiro de 2010

MARIA ENY ROSSETINI PAIVA
menylins@terra.com.br
De Lins, São Paulo (Brasil)

 

Espiritualizar-se com ecologia?

A visão ecológica, mostrando que tudo está integrado em sistemas e ecossistemas, é altamente espiritualizante, mas traduzir isso para os pequeninos continua
sendo um desafio que não
se pode postergar

 

René atendera a todos nos trabalhos da noite, na Casa Espírita. Agora, reunido com jovens, dispunha-se a ouvi-los como convidado e diretor doutrinário da entidade.

– Queremos – disse Ester – incentivar as crianças a conhecer Jesus, contando-lhes as parábolas, para espiritualizá-las com o Evangelho.

– Ótimo – observou René. – Parece-me, no entanto, que esse mesmo trabalho é feito por nossos irmãos católicos e evangélicos. Não teríamos alguma coisa diferente para oferecer-lhes?

– É claro! – atalhou Amílcar, com entusiasmo. – Tenho solicitado que estudemos com as crianças temas atuais à luz do Evangelho segundo a Doutrina Espírita. No entanto, parece que sempre estamos estudando o Espiritismo segundo as tradições evangélicas ou católicas. Por que não possibilitar o entendimento de temas como ecologia, segundo as leis da conservação e destruição à luz da ciência? Ou também estudar as possibilidades de cada criança ou jovem se engajar na preservação da vida das espécies no planeta e da paz na Terra?

– Ora! – disse Carmelita, a evangelizadora. – Se estudamos Jesus, estudamos tudo isso...

– Não entendo assim – redarguiu Amilcar. – Jesus pode ser entendido de forma medieval, segundo as tradições católicas e protestantes. Isso pode ocorrer, mesmo que falemos de reencarnação e comunicação de Espíritos, ou ainda que estejamos estudando a lei de ação e reação... 

Cessara a insistência de Ester em copiar velhos modelos de catecismos e escolas dominicais 

René ponderou, astuto:

– Em que poderia o estudo da ecologia auxiliar na espiritualização do ser humano?

Três rostos surpresos se voltaram para ele:

– Em nada – já concluiu Ester. – Em nada. Fora da visão de transformação trazida por Jesus, pelo amor, nenhum conhecimento é importante. Tudo se perde se o homem não se transforma... Estudando ecossistemas não vamos nos melhorar, nem auxiliar o outro a se melhorar.

– Então, Amílcar – provocou René –, estudar ecologia em nada melhora o homem?

O sorriso de René era experiente e sagaz.

– Ao contrário – esclareceu Amílcar. – A visão ecológica, mostrando que tudo está integrado em sistemas e ecossistemas, é altamente espiritualizante. Observe as questões de O Livro dos Espíritos em que se esclarece que o princípio inteligente se desenvolve na matéria e se une a ela para “intelectualizá-la”. Depois, a importância que Kardec dá ao encadeamento de tudo da Natureza. Só podemos entender bem isso, estudando ecologia. (1)

– Realmente – apoiou René –, acho interessante que todos vocês procurem estudar essa visão que hoje chamamos sistêmica da vida para discutirmos com mais conhecimento.

– Ótimo – Carmelita se entusiasmou. – O tal do “instruí-vos” cabe bem aqui. Como discutir o problema se nem sabemos que encadeamento é esse de que nos falam os Espíritos?

Abertos ao estudo, combinaram todos pesquisar e marcar outro encontro com René, uma quinzena depois.

Decorridos os dias estabelecidos, entre estudos, telefonemas e e-mails, os jovens e o dirigente voltaram mais preparados à temática.

O clima era totalmente diverso. Discutia-se agora a importância da visão do sistema que unificava tudo sobre a Terra e como fazer para que todos tivessem essa visão grandiosa da beleza da vida e das ligações entre os seres vivos.

Cessara a insistência de Ester em copiar velhos modelos de catecismos e escolas dominicais. Os jovens queriam encontrar formas de trabalhar projetos em que as crianças pudessem entender o encadeamento da vida. Parecia importante que, através da beleza da interdependência dos seres vivos, ensinassem o amor, a compaixão e o respeito por todo o planeta.  

Não podemos mais pensar em rochas, animais e plantas como seres independentes uns dos outros 

O interesse por preservar a vida, a beleza da aquisição da consciência através da evolução, a importância do relacionamento entre os seres vivos eram discutidos com reverência e paixão. Planejaram o estudo de diversos ecossistemas para mostrar a lei da conservação e da destruição em ação e em equilíbrio. Verificando a grandeza da vida e do Universo, programava-se fazer a criança e o jovem concluírem que a humildade é o resultado da compreensão da grandeza da vida e da Criação Divina.

– O homem – entusiasmava-se Carmelita – é apenas o elemento de vida consciente no planeta, nem mais nem menos importante do que um animal ou vegetal. Tudo é solidário no planeta. Apenas nós destoamos do conjunto, porque a consciência nos dá a liberdade, que nem sempre utilizamos de modo conveniente.

– Sem dúvida – concordou René –, isso tudo nos faz entender por que a miséria é vergonhosa para todos nós e por que os Espíritos nos afirmam em O Livro dos Espíritos que “em uma sociedade organizada segundo a Lei do Cristo, ninguém deve morrer de fome”. (2)

– Entendi agora – explicava Ester – a razão por que os governos vêm insistindo para que crianças com déficit mental, físico ou qualquer outro problema convivam na mesma sala de aula com crianças ditas normais. Recebê-las não é caridade, nem piedade. Elas têm direito natural de convivência com todos. Conviver e cooperar é lei da Natureza, sem a qual estamos lesando a vida. Nenhum de nós é melhor que o outro e todos somos necessários uns aos outros.

Amílcar sentia-se compreendido:

– Não podemos mais pensar em rochas, animais e plantas como seres independentes uns dos outros. “É assim que tudo serve, que tudo se encadeia na Natureza, desde o átomo primitivo até o arcanjo, que também começou por ser átomo.” (3)

– Kardec antecipa essa visão quando nos fala da importância dos arrecifes de corais no processo da vida e do desenvolver do princípio inteligente na matéria. (4)

Ester insistia em ver ecologia mesmo nas parábolas do Mestre Jesus:

– As parábolas de Jesus referem-se muito à agricultura, aos pássaros, aos animais. Com certeza, já era Ele um ativista ecológico...

– Impossível saber; por enquanto, pelo menos. – René sorria divertido. – Nada impede você, porém, de iluminar sua compreensão das parábolas de Jesus com explicações do relacionamento sistêmico entre minerais, vegetais e o homem.

– O que noto – insistiu Carmelita – é que essa visão me deixou menos pretensiosa e mais humilde diante da natureza e suas Leis.

– Como assim? – indaga Ester.

– Deixei de achar que o homem é o rei da criação, o ser mais importante do planeta. Percebi que a vida em si, conforme ensinam os Espíritos nas questões relativas aos três reinos de O Livro dos Espíritos, fabrica e molda o mundo material pela ação do princípio inteligente dos seres mais simples aos Espíritos angélicos. Assim, o princípio divino da inteligência, ao animar a matéria, molda e adapta o próprio mundo material e o mundo espiritual ao seu processo de evoluir. O próprio meio ambiente vai se moldando às formas criadas pelo princípio inteligente, em sua luta para atingir a consciência.

– Que coisa fenomenal! A vida cria a vida e muda o ambiente, nos dois planos! – espantou-se Ester. – A vida realimenta a vida aqui e no plano espiritual.

– Que coisa, não? Um mundo atua sobre o outro e ambos vão se modificando pela ação do princípio inteligente existente em tudo e da consciência existente nos Espíritos.  

Dizer que o mundo espiritual é o real não implica dizer que o mundo material não é real nem verdadeiro 

René esclareceu:

– Vejam a perfeição do processo divino da criação que os estudos atuais nos fazem vislumbrar. Tudo interfere em tudo. A interdependência dos seres vai modificando os próprios seres vivos, e tudo isso vai aperfeiçoando e alterando o ambiente, mantendo o equilíbrio entre minerais, vegetais e animais. Nos dois planos, espiritual e material, esse equilíbrio é indispensável à existência, ao desenvolvimento do princípio inteligente.  

– No entanto – propôs Carmelita –, o mundo espiritual é preexistente e sua matéria sobrevive a tudo, portanto é ele que determina.

– No entanto – brincou Amílcar –, apesar de serem independentes, sua correlação é incessante, segundo O Livro dos Espíritos, porque reagem um sobre o outro.

– Duvido – Ester se espantava – que o mundo material possa reagir sobre o espiritual. Este é o real, o verdadeiro...

– No entanto, é o que nos ensina a questão 86 de O Livro dos Espíritos – e Amílcar compulsava o livro, mostrando a questão.

– Ester – explicou René –, dizer que o mundo espiritual é o real, o verdadeiro, não implica dizer que o mundo material não é real nem verdadeiro. Não é essa a posição dos Espíritos. Há correntes espiritualistas, especialmente derivadas do orientalismo, que consideram a matéria “maya” ou ilusão, da qual devemos nos libertar.

– Para nós espíritas, o mundo material é imprescindível à evolução e os dois mundos interagem, agem um sobre o outro – Carmelita interferiu.

– Sem dúvida – voltou Amílcar –, os que conseguem pensar segundo nos ensinam os sistemas vivos percebem que o princípio inteligente se une à matéria por determinação divina, criando e recriando sua forma, aperfeiçoando os corpos vivos e o próprio meio ambiente. O mundo espiritual superior supervisiona, mantém o processo, como um professor amparando a criança em seu aprendizado.

– Entendem agora por que a Doutrina Espírita nos ensina que o princípio inteligente evolui, torna-se consciente e só então é Espírito humano? Percebem agora por que os Espíritos nos ensinam que as entidades angélicas tornam-se alma do Universo, para cocriar com Deus?

É mesmo! – concordou Carmelita. – Agora entendo por que existe esse ensino no livro O Céu e o Inferno.

– Percebem – continuou Amílcar – quanto ganhamos em compreensão da Doutrina Espírita ao compreender os princípios do movimento ecológico?

– Traduzir isso para os pequeninos... Eis o nosso desafio.

– Ora! – riu René. – Vocês não são princípios inteligentes conscientes e que atingiram a liberdade? Tentem novos caminhos, mas não se esqueçam de que crianças, como os adultos, só aprendem com vivências práticas. Chega de discursos em que o ouvinte fica passivo!

 

Notas

(1) O Livro dos Espíritos, questões 25, 26, 27, 28, 605 e 607.

(2) Idem, questão 930.

(3) Idem, questão 540.

(4) Idem, questões 604 a 607.


 


 

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