WEB

BUSCA NO SITE

Edição Atual
Capa desta edição
Edições Anteriores
Adicionar
aos Favoritos
Defina como sua Página Inicial
Biblioteca Virtual
 
Biografias
 
Filmes
Livros Espíritas em Português Libros Espíritas en Español  Spiritist Books in English    
Mensagens na voz
de Chico Xavier
Programação da
TV Espírita on-line
Jornal
O Imortal
Estudos
Espíritas
Vocabulário
Espírita
Efemérides
do Espiritismo
Esperanto
sem mestre
Divaldo Franco
Site oficial
Raul Teixeira
Site oficial
Conselho
Espírita
Internacional
Federação
Espírita
Brasileira
Federação
Espírita
do Paraná
Associação de
Magistrados
Espíritas
Associação
Médico-Espírita
do Brasil
Associação de
Psicólogos
Espíritas
Cruzada dos
Militares
Espíritas
Outros
Links de sites
Espíritas
Esclareça
suas dúvidas
Quem somos
Fale Conosco
 
Especial Inglês Espanhol    

Ano 2 - N° 99 – 22 de Março de 2009

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

 

O Espiritismo e o carnaval

O carnaval é uma festa de origem pagã que foi oficializada pela Igreja Católica e que, por motivos políticos, permanece nos
dias atuais com força em nosso país, gozando de simpatia
de grande parcela da população

 
Todos os anos, no mês de fevereiro ou março, o carnaval chega até nós, por isso, falemos um pouco sobre ele.

Historiadores não têm como precisar quando se iniciaram as festas carnavalescas; os estudiosos do assunto falam que seu início aproximado foi no IV milênio a.C., quando no Egito foram criados os cultos agrários. Nessa época, dançava-se com máscaras e adereços em torno de fogueiras.

Tempos depois surge o carnaval pagão, que se inicia no séc. VII a.C., na Grécia. No reinado de Pisistrato foi oficializado o culto a Dionísio, onde camponeses e lavradores participavam das procissões dionisíacas, levando a imagem do deus Dionísio em embarcações com rodas, os chamados carrum navalis. Nessa época a sociedade já está dividida, escravos para um lado, nobreza para outro, a pesada hierarquia mostra a faceta discriminatória do ser humano. Bebidas, orgias, sexo e permissividade ganham mais e mais espaço naquele primitivo carnaval.

E assim caminha a humanidade. Mais alguns séculos se passam e a Igreja Católica, cansada de ver suas intenções de proibir os cultos pagãos fracassarem, porquanto já estavam consagrados pelo costume dos povos, resolve, em 590 d.C., oficializar o carnaval. As células desse carnaval estão nas cidades de Veneza (foto) e Nice; nessa época o carnaval já começa  a ganhar um

desenho mais parecido com os dias atuais; carros alegóricos, pessoas mascaradas e fantasiadas começam a participar do já tradicional desfile.

A Igreja encontrara a libertinagem e a permissividade do carnaval pagão enraizadas na cultura dos povos. Mesmo oficializando o carnaval, muitos cristãos o combateram, inclusive com Inocêncio II(1130-1140), que se mostrou contra as ideias carnavalescas.

A Igreja e o Estado feudal tentaram combater o caráter libertino do carnaval e colocar alguma solenidade nos desfiles, todavia, frustrada foi a tentativa, porquanto o povo respondia de maneira irônica, pouco se importando com as proibições de caráter moral. 

Há um paradigma que teima em permanecer: a de
que o carnaval e as minúsculas fantasias são
algo necessário à nossa cultura
 

E chegamos aos dias atuais, onde o carnaval, principalmente em nosso país, ganhou status de grande indústria, sendo um dos maiores divulgadores de nossa cultura, promovendo assim o Brasil ao patamar de “O País do carnaval”.

É verdade, caro leitor, o carnaval é uma indústria que proporciona milhares de empregos diretos e indiretos, movimenta nossa economia, agita o turismo, remexe nas indústrias de bebidas...

É uma festa de origem pagã e que por motivos políticos foi trazida ao Cristianismo. E ainda, por motivos políticos, permanece nos dias atuais com força em nosso país, gozando de simpatia de grande parcela da população.

Dizem alguns que é uma necessidade do povo brasileiro, um povo sofrido, batalhador, que, portanto, merece se esbaldar, esquecer os problemas, festejar... e o carnaval é o presente tão esperado.

Por alguns dias o povo se esquece das dificuldades, dos entraves de relacionamento, dos arrochos financeiros. São momentos libertários para todos os cidadãos. Afinal, na avenida, pobres e ricos se encontram em perfeita sincronia. Negros, brancos, mulatos sentem que fazem parte da mesma família.

É a tão sonhada igualdade; igualdade tão almejada pelos negros discriminados de nosso país, igualdade que os pobres querem, igualdade com que as mulheres sonham... Porém, em minha opinião, o carnaval apenas vende ilusão!

Há um paradigma que teima em permanecer: a de que o carnaval, a avenida e as minúsculas fantasias são algo necessário à nossa cultura. Como se o Brasil, nessa incomensurável imensidão de valores, de pessoas, de habilidades, de regiões, de costumes, ficasse refém dos festejos carnavalescos para ser melhor, mais feliz, mais forte. 

É ilusão julgar que seremos mais ou menos felizes em consequência dos festejos carnavalescos 

Lamentavelmente, alguns brasileiros não compreendem a grandeza de nosso país e o limitam apenas a carnaval e futebol.

Precisamos quebrar essa ideia de que o Brasil é apenas o país do carnaval e do futebol. O Brasil pode ser o país da honestidade, da cultura, da educação, da saúde, da tecnologia; isso só depende de nós, de uma conscientização em massa de que é necessário romper com a mesmice.

O Brasil é o país onde há a maior e mais avançada rede de captação de leite humano.

O Brasil é exemplo no combate à AIDS.

Somos o único país do hemisfério sul a participar do projeto genoma.

Nosso processo eleitoral está todo informatizado, dando em tempo recorde o resultado das eleições em um país de dimensões continentais.

Nossos internautas representam 40% do mercado latino americano.

Somos o segundo maior mercado de jatos e helicópteros executivos.

Todos esses predicados e mais tantos outros não enumerados aqui são motivos de orgulho para nosso país, pois nos mostram efetivamente que somos muito mais do que apenas o país do carnaval e do futebol.

Também não quero aqui censurar quem se compraz com os festejos do rei momo, cada um sabe a melhor forma de aproveitar a vida, todavia, quero apenas apresentar um outro ponto da questão.

É ilusão julgar que seremos mais ou menos felizes em consequência dos festejos carnavalescos, é ilusão considerar que alguns dias de folia irão compensar o povo brasileiro por lhe faltar educação, saúde, lazer de qualidade e acesso à cultura.

O carnaval vende a ilusão de que aqueles dias não mais se acabarão, que são eternos, por isso mesmo começam antes da data oficial e estendem-se depois de seu término oficial...

Vende a ilusão de que aproveitar a vida é se intoxicar com exageros, passando noites insones em homéricas bebedeiras, onde, não raro, o sexo sem compromisso com o coração tem lugar cativo. 

Muitas pessoas obtêm inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões inferiores do Além 

Poucas são as obras espíritas que focalizam com profundidade o problema do carnaval e suas mazelas. Uma delas é o livro Nas Fronteiras da Loucura, escrito em 1982 por Manoel Philomeno de Miranda (Espírito), valendo-se da mediunidade de Divaldo P. Franco.

 

O trecho a seguir, extraído do cap. 6, pp. 51 a 53, da obra mencionada, mostra uma faceta do carnaval no Rio de Janeiro, uma festa tão badalada pelos meios de comunicação, especialmente a Rede Globo de Televisão.

Nos dias de carnaval – relata Philomeno - a cidade, re­gurgitante, era um pandemônio. Multidão de Espíritos, que se misturavam à mole

humana em excitação dos sentidos físicos, dominava a paisagem sombria das avenidas, ruas e praças, cuja iluminação, embora feérica, não conseguia vencer a psicosfera carregada de vibrações de baixo teor.


Grupos mascarados eram acolitados por frenéticas massas de Espí­ritos voluptuosos, que se entregavam a desmandos e orgias lamentáveis, inconcebíveis do ponto de vista terreno. Algumas Entidades atacavam os burlescos transeuntes tentando prejudicá-los com suas induções nefas­tas. Outras buscavam as vítimas em potencial para alijá-las do equilí­brio, dando início a processos nefandos de obsessões demoradas.

 

Muitas pessoas fantasiadas haviam obtido inspiração para as suas expressões grotescas em visitas a regiões inferiores do Além. Aliás, as incursões aos sítios de desespero e loucura são muito comuns aos homens que se vinculam aos ali residentes pelos fios invisíveis do pensamento, em razão das preferências que acolhem e dos prazeres que se facultam no mundo íntimo.

 

A sucessão de cenas, deprimentes umas, selvagens outras, era constrangedora, o que mereceu do Dr. Bezerra de Menezes o seguinte comentá­rio: "Grande, expressiva faixa da humanidade terrena transita entre os limites do instinto e os pródromos da razão, mais sequiosos de sen­sações do que ansiosos pelas emoções superiores. Natural que se permi­tam, nestes dias, os excessos que reprimem por todo o ano, sintoniza­dos com Entidades que lhes são afins. É de lamentar, porém, que mui­tos se apresentam, nos dias normais, como discípulos de Jesus, prefe­rindo, agora, Baco e os seus assessores de orgia ao Amigo Afetuoso..." 

A caridade tem tudo a ver com aproveitar bem a vida, com se livrar da influência de Espíritos menos felizes 

Nessa libertinagem confundida com liberdade, onde tudo pode, tudo é belo, tudo é alto astral, promovemos em nós mesmos desordens físicas e psíquicas, que ao longo dos anos vão minando nossa resistência física e comprometendo-nos espiritualmente, porquanto sintonizam-nos com Espíritos que guardam afinidade com esses ideais de desregramento. O resultado não é difícil de prever, esses Espíritos exercem em nós nefasta influência e acabam por maximizar cada vez mais nossas tendências menos felizes.

Se não lutamos por nos desvencilhar desses grilhões de desatinos, somos facilmente manipulados por esses Espíritos desencarnados, que, saliento ao caro leitor, estão a nos influenciar apenas porque lhes deixamos as portas abertas ao nos deleitarmos com o vício e o desregramento.

Nesse particular, para que não sejamos influenciados por Espíritos infelizes, se faz mister que observemos a sublime frase cunhada por Allan Kardec: “Fora da caridade não há salvação”.

O amigo leitor poderá perguntar: - Mas o que tem a ver a caridade com carnaval, com influência de Espíritos menos ajustados, com aproveitar bem a vida?

A caridade, caro leitor, tem tudo a ver com aproveitar bem a vida, com se livrar da influência de Espíritos menos felizes que nos estimulam a cair nos excessos de todos os matizes.

A caridade que fazemos a nós mesmos nos livra dos vícios, dos desregramentos, das noites sem proveito, onde surramos nosso corpo físico a pretexto de prazer. Onde nos equivocamos na melhor maneira de aproveitar a vida, porque aproveitar a vida é viver seus momentos com o melhor dos prazeres: o da consciência em paz, na certeza que fizemos o melhor por nós mesmos e pelo semelhante.

A caridade nos proporciona ver também as virtudes e habilidades de nosso povo, não nos reduzindo a considerar que somos apenas o país do carnaval e do futebol.

 


Voltar à página anterior


O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita