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Ano 2 - N° 66 - 27 de Julho de 2008

KATIA FABIANA FERNANDES
kffernandes@hotmail.com
Londres (Inglaterra)

 

Pedro César Lopes da Silva:


“Para evangelizar de fato, temos de nos evangelizar
em primeiro lugar”

Espírita desde 2003 e vinculado desde então à Associação Espírita Terceirense, o confrade fala sobre vários temas da atualidade
e acerca do movimento espírita em terras lusitanas
 

“O Espiritismo representa os meus novos olhos através dos quais passei a ver a realidade que nos rodeia de modo muito mais nítido e claro. Digamos que comecei a usar esta preciosa bússola para, sempre que minha vontade assim o queira, segui-la até alcançar bom porto de escala.” É assim que o confrade Pedro César Lopes da Silva (foto) define o Espiritismo em sua vida. Ele, que se encontrou com a Doutrina em uma fase de muitas dúvidas com relação a Deus, nos conta que hoje em dia é tudo muito diferente em sua vida. 

Morador da Ilha Terceira, a terceira  ilha a 

 

ser descoberta no Arquipélago de Açores, que faz parte de Portugal, Pedro Silva é trabalhador assíduo da Associação Espírita Terceirense, Grupo Divaldo Pereira Franco, e foi com muita prontidão e boa vontade que nos concedeu esta entrevista.


O Consolador: Pedro, onde você nasceu?

Em Angra do Heroísmo a 9 de Abril de 1968.

O Consolador: Quando e por que você se mudou para o atual domicílio?

Vivo atualmente numa freguesia chamada Biscoitos (que se chama assim não por causa dos doces mas sim porque na sua gênese está a rocha vulcânica porosa que lhe deu o nome: biscoito), que se situa na parte norte da ilha Terceira, à beira-mar e é muito sossegada, tendo como despertador o chilrear dos pássaros. Vivi mais de duas décadas na cidade de Angra do Heroísmo e, cansado do ambiente mais movimentado da zona urbana, optei pela paz da zona rural.

O Consolador: Qual a sua formação escolar?

Possuo o 12º ano de escolaridade e agora com 40 anos decidi tirar uma licenciatura em Ciências Sociais, que faço na modalidade “à distância”, pela Universidade Aberta de Portugal.

O Consolador: Que cargos ou funções você já exerceu no Movimento Espirita?

Exerço funções no atendimento fraterno, como passista, palestrante; pertenço ao grupo de trabalhadores das reuniões mediúnicas (privativas) e, também, dando aulas que integram o Curso Básico de Espiritismo a todos aqueles que se iniciam nos conhecimentos da doutrina. Além disso e juntamente com meu irmão Júlio, temos a responsabilidade do desenvolvimento e manutenção do site da Associação  – www.geocities.com/acandeiaqueilumina –, cuja presidente é nossa irmã e amiga Ana Sales. 

O Consolador: Quando você teve seu primeiro contato com o Espiritismo?

Tudo começou com um anúncio no jornal “Diário Insular”, que se publica na cidade de Angra do Heroísmo, sobre uma palestra do Divaldo aqui na ilha. Decorria o ano de 2003. O evento foi organizado pela Associação Espírita Terceirense. Fiquei curioso e decidi assistir e, até hoje, permaneço com cada vez mais alegria em pertencer a este pequeno grupo de trabalhadores, que são, sem dúvida, como todos por todo o planeta, a face visível desta enorme equipe que trabalha na Seara do Pai.

O Consolador: Houve algum fato ou circunstância especial que haja propiciado esse contato?

Sim. Numa fase de caminhada no “deserto” entre o catolicismo, do qual fiz parte (mais por uma questão de tradição familiar do que propriamente na crença de um Deus que me parecia um pouco vingativo e parcial) e algo que me desse respostas racionais e lógicas a muitas das minhas questões, surgiu então o que referi na questão anterior. Encontrando as respostas na abençoada Doutrina Espírita, tive, de imediato uma sensação maravilhosa de profunda liberdade, porque Deus surge, agora, verdadeiramente compreensível para mim e tudo, aos poucos, se abre em horizontes que passam a fazer real sentido lógico.   

O Consolador: Qual foi a reação de sua família diante de sua adesão ao Espiritismo?
 
De início não foi muito fácil, em especial por parte dos familiares mais íntimos. Fato compreensível, dado ainda o profundo preconceito e desconhecimento do Espiritismo. Mas, com o tempo, tudo se vai harmonizando, talvez por se irem apercebendo que não estou metido em irracionalidades pertencentes, ainda, ao universo da ignorância sobre as verdades universais.

O Consolador:  Dos três aspectos do Espiritismo – ciência, filosofia, religião –  qual o que mais o atrai?  

A tríplice vertente da Doutrina é toda ela de superior importância, sabendo que pela parte filosófica questionamos de onde viemos, o que somos e para onde vamos; pela científica explicamos racionalmente as questões existenciais, ficando com o conhecimento de que, pelo nosso livre-arbítrio, estamos todos sujeitos à lei de causa e efeito, o que nos leva à questão das conseqüências morais dos nossos próprios atos. No caso concreto da Associação Espírita Terceirense – Grupo Divaldo Pereira Franco e na formação aos trabalhadores desta casa, focamos mais a vertente científica porque, baseados sempre na codificação de Kardec, tentamos explicar, de forma racional e lógica, o porquê dos sofrimentos de todos os que a freqüentam e o modo como devemos prosseguir para o futuro, de modo a suavizarmos os “débitos” contraídos às leis divinas, amealhando “créditos” pela prática da caridade.

O Consolador: Que autores espíritas mais lhe agradam? 

Allan Kardec, Herculano Pires e André Luiz.

O Consolador: Que livros espíritas você considera indispensáveis ao confrade iniciante?

Sem dúvida, os livros da codificação espírita, começando pelo Livro dos Espíritos. Depois de se ler e reler a base da Doutrina, iniciar a leitura dos livros que compõem a coleção de André Luiz, cujo primeiro é “Nosso Lar”.

O Consolador: Como vê a discussão em torno do aborto? No seu modo de ver as coisas, os espíritas deveriam ser mais ousados na defesa da vida, como tem feito a igreja? Existe em Portugal algum movimento específico contra o aborto?

Em relação a esta questão, começarei pelo fim afirmando que existem vários movimentos pró-vida em Portugal, o que é de louvar porque não só cedem informação útil como também fornecem ajuda à grávida necessitada de todo o tipo de apoio. Agora ao caso concreto do aborto, e neste plano evolutivo em que se encontra o nosso planeta, não podemos nem devemos violar consciências nem interferir no livre-arbítrio de ninguém, mas podemos e devemos aprofundar nosso discurso focando, cada vez mais, os aspectos fulcrais do processo reencarnatório, focando a suma importância da bênção de poder ajudar um filho de Deus no nosso seio familiar e, a par deste assunto, focar também a importância do perispírito que acumula e grava toda a nossa ação que, a tempo certo, debitará nas nossas consciências o mal que praticamos e todo o bem que deixamos por fazer. Ou seja, devemos apelar às consciências ainda tão materializadas afirmando não só que o corpo não nos pertence e, enfim, esclarecer de forma racional e objetiva o porquê do não se dever nunca abortar.  

O Consolador: Você tem contato com o movimento espírita brasileiro? Como você o vê?

Para melhor responder a esta questão, necessitaria de ter um conhecimento mais aprofundado do movimento espírita brasileiro. O pouco que vou sabendo é à custa de leituras de artigos, quer em suporte de papel, quer em suporte digital, na internet. O que me preocupa, e isto a nível planetário, é o fato de algumas instituições ainda permanecerem num “igrejismo” comodista; o pactuarem ainda com a adoração ao chamado bezerro de ouro; o idolatrar este ou aquele médium, enfim, tudo raízes que trazemos do passado e que não permitem que o progresso, tão desejado, se faça de forma mais célere.

O Consolador: Como e quando nasceu o Movimento Espírita na ilha?

A 20 de Abril de 1998, Divaldo veio pela primeira vez à Terceira para proferir uma palestra, a convite de um grupo de amigos já despertos para esta nova realidade codificada por Kardec. De modo não oficial, acabamos de celebrar 10 anos de existência a 20 de Abril passado, mas, oficialmente, a Associação foi constituída a 8 de Outubro de 2003. Apesar de sermos tão novinhos, já temos um projeto de arquitetura, quase aprovado, para a construção daquela que será a nova Associação Espírita Terceirense, que ficará no mesmo local da existente.

O Consolador: Quais são os trabalhos que a casa espírita desenvolve?

A nossa pequena casa segue a seguinte agenda: À terça-feira, às 18:30 tem atendimento fraterno até às 19:30. Às 20:00 – Evangelho e Palestra. À quarta-feira, 16:30 abre sua porta para que às 16:45 inicie o Evangelho e Livro dos Espíritos. A partir das 17:15 e até às 17:45 atendimento fraterno. Quinta-feira, das 19:00 às 19:30 passe individual. Às 20:00 reunião mediúnica (privada), terminando às 21:15. E, ao sábado, curso básico de Espiritismo das 16:00 às 17:00 e das 17:00 às 18:00, curso sobre Fluidos e Perispírito.

O Consolador: Por que a casa espírita se chama Divaldo Pereira Franco? Existe alguma razão especial para isso?

Somos Associação Espírita Terceirense, Grupo Divaldo Pereira Franco, por ter sido ele o primeiro orador espírita que esteve cá na ilha, o que impulsionou todo o movimento, que, apesar de pequeno, se vai divulgando devagarinho pela população que, como sabemos, irá nascer no tempo certo para os conhecimentos da doutrina, assim que suas consciências começarem a despertar para esclarecimentos mais elevados.

O Consolador: Como é feita a divulgação da Doutrina onde você reside?  

A divulgação é, ainda, majoritariamente feita intramuros. Aos poucos, e através de distribuição de diversos panfletos, jornais espíritas, do nosso site na internet (www.geocities.com/acandeiaqueilumina), e de boca em boca, nos lares e nos locais de trabalho, a divulgação vai saindo da concha da casa espírita. Num meio predominantemente católico, mais pela via tradicional do que racional, torna-se um desafio mais complexo. O que se faz necessário é o semear a palavra e esperar que ela desperte consciências, faça gerar discussões e abane com o comodismo vigente. Da colheita se encarregará a natureza do processo evolutivo.

O Consolador: Em termos de Portugal como um todo, como se desenvolve o Movimento Espirita? Você acredita que a Doutrina vem sendo bem difundida no país?

O movimento espírita em Portugal vai caminhando, aos poucos, para a sua unificação, pois assim o exige o processo evolutivo. Mas ainda neste tempo, andamos um pouco separados. Achamos que, por vezes, ainda se descuida um pouco da base da codificação e do seu sério estudo para que se possa divulgar a doutrina na sua forma mais pura. Teremos todos de fazer um grande esforço para a união em volta do mesmo objetivo que é o de não tentarmos contornar, a nosso bel prazer, o que foi codificado por Kardec. No caso concreto da nossa associação espírita, há uma distância física que nos separa do continente português porque existe um duplo sentido de insularidade, ou seja, na ilha estamos rodeados do catolicismo vigente e, a nível de ilha Terceira, rodeados pelo imenso oceano Atlântico, fato este que não impede que nos comuniquemos uns com os outros. Em termos de divulgação e difusão, vamos fazendo o possível e o que está ao nosso alcance, havendo já uma TV espírita, que é, sem dúvida, um instrumento importantíssimo para que a doutrina se distribua por toda a parte fazendo que se incendeiem todas as consciências e as façam despertar para as verdades do Cristo.

O Consolador: Como você vê o nível da criminalidade e da violência que parece aumentar em todo o mundo  e como nós, espíritas, podemos cooperar para que essa situação seja revertida?

A criminalidade a aumentar é fruto de uma lógica do “remediar”, onde a educação no lar é desprezada, originando, deste modo, o jovem delinqüente que busca no exterior o que não encontra em si mesmo, ou seja, uma orientação, uma luz que o guie para caminhos menos tortuosos. É com a educação, desde a infância, que vamos, enfim, criar a lógica do “prevenir”, o que evitará males maiores, dada a abertura de consciência que o processo educativo fornece aos indivíduos reencarnados neste orbe de provas e expiações.

O Consolador:  A preparação do advento do mundo de regeneração em nosso planeta já deu, como sabemos, seus primeiros passos. Daqui a quantos anos você acredita que a Terra deixará de ser um mundo de expiação e de provas, passando plenamente à condição de mundo de regeneração, em que, segundo Santo Agostinho, a palavra amor estará escrita em todas as frontes e uma equidade perfeita regulará as relações sociais?

Em relação a esta questão, reduzo-me à minha insignificância intelectual passando a resposta para a Inteligência Suprema, Causa Primária de todas as coisas. A única certeza é que as dores de parto já estão a ser sentidas, tendo como sintomas os desencarnes em massa, os atentados terroristas e guerras que proliferam por algumas áreas do globo. Agora, o prazo que levará até à origem de uma nova vida, remeto, como disse, ao Criador.

O Consolador: Em face dos problemas que a sociedade terrena está enfrentando, qual deve ser a prioridade máxima dos que dirigem atualmente o movimento espírita no mundo?

Para evangelizar de fato, temos de nos evangelizar em primeiro lugar. Muita reforma íntima e estudo constante. Estando bem preparados e com conhecimentos mais aprofundados na doutrina, unirmo-nos para, não só debatermos idéias, como também aceitarmos as nossas diferenças, criando assim um clima de maior humildade e unidade entre todos, porque, como se costuma dizer, a união faz a força e unidos jamais seremos vencidos!

O Consolador: Há alguma pergunta que não fizemos e que você gostaria de ter respondido?

Sim. E a questão seria: Se eu respondo em nome pessoal ou em nome da Associação Espírita Terceirense? E a resposta seria: Em nome da Associação Espírita Terceirense porque, unidos pelo aspecto da sintonia, o pouco que já alcançamos foi sempre fruto do trabalho de equipe. Gostaria, por fim, que evitássemos, em toda a parte onde a doutrina prolifera, tomar qualquer tipo de protagonismo que não abona em nada a favor da divulgação, difusão e implementação da abençoada Doutrina Espírita.
 


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita