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Ano 2 - N° 56 - 18 de Maio de 2008

WELLINGTON BALBO
wellington_plasvipel@terra.com.br
Bauru, São Paulo (Brasil)

 

Carlos Eduardo Noronha Luz:

“A Transcomunicação Instrumental, em sua quase totalidade, não dispensa a presença do médium" 
 

Mineiro de Itajubá e radicado em Bauru (SP) desde 1971, ex-professor de Telefonia na Faculdade de Engenharia e Tecnologia da UNESP no Campus de Bauru e funcionário aposentado da CESP, nosso entrevistado desta semana é Carlos Eduardo Noronha Luz (foto), confrade que há anos vem se dedicando às pesquisas na área da ciência espírita.

Consultor Técnico do Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP) e pesquisador de transcomunicação instrumental,  trabalhou  e  conviveu por

muitos anos com o confrade Hernani Guimarães Andrade. Carlos Luz gentilmente compartilha sua convivência com o saudoso professor Hernani e também suas pesquisas ligadas à área da ciência espírita na entrevista a seguir publicada: 

O Consolador – Mineiro de Itajubá, quando você veio para Bauru?     

Morei antes em São Paulo e Jundiaí, e no ano de 1971 vim para Bauru, onde estou até os dias de hoje.

O Consolador – Como se tornou espírita?         

Como sabemos, existem duas maneiras para chegarmos ao Centro Espírita. Uma delas é, como dizemos, pelo amor, onde a busca do conhecimento espírita nos move em direção à luz da Doutrina. A outra é, também como sabemos, pelo desconforto da dor. Como a maioria das pessoas, a minha foi também a segunda opção. Encontrei na Casa à Beira do Caminho, que é o Centro Espírita Amor e Caridade (CEAC), em Bauru, o acolhimento que fortaleceu e fundamentou a minha crença de que somos Espíritos imortais em romagem na carne.  

O Consolador – Você teve amizade com o professor Hernani Guimarães Andrade, grande pesquisador da reencarnação. Conte-nos como foi essa convivência. Algum fato pitoresco envolveu vocês?

Conhecia o Dr. Hernani Guimarães Andrade antes de ele se mudar com o Instituto Brasileiro de Pesquisas Psicobiofísicas (IBPP) para Bauru, bem como a professora Suzuko que, segundo ele próprio, foi seu braço direito e esquerdo, em seu vasto trabalho em favor da Ciência Espírita. Acredito que podemos chamar de Mestre os seres que incorporam em sua atividade pedagógica, além da difusão do conhecimento teórico, a sua prática mostrada por suas atitudes ante os fatos corriqueiros da vida. Assim foi o professor HGA, como o chamávamos quando, empregando a linguagem escrita, nos referíamos a esse nosso querido mestre. Respondendo à sua pergunta sobre um fato pitoresco envolvendo HGA, digo-lhe que houve muitos. Na mais pura tradição oriental da relação Mestre-aprendiz, recebi de HGA uma importante lição. Digo isto porque não sou como os demais seres evoluídos da criação que dominam a arte da convivência harmônica com os objetos inanimados, como por exemplo abrir com graça, engenho e arte um prosaico caixote de madeira. Isto aconteceu no IBPP, que teve dois cômodos tomados por instalações que tinham na porta um cartaz sinalizando que era ali o Psilab, ou seja, um espaço voltado à experimentação com o campo biomagnético, que incluía cultura de bactérias "Salmonella Typhimurium". Nesse espaço chegou um dia uma enorme autoclave, que foi entregue pela transportadora, que a fez passar milagrosamente pela porta, cujo batente media 80 cm, mesma medida da embalagem. Empurra daqui e dali, as dobradiças se flexibilizaram em fenômeno que poderia ser chamado de paranormal e, assim, o parto ao contrário se fez.  Com a referida dita cuja autoclave embalada e já sob o teto do Psilab, eis que cheguei para ajudar o mestre HGA no seu trabalho de extrair o referido equipamento, que ele tinha comprado com recursos próprios, do seu sarcófago de madeira. Foi uma luta de David contra Golias, na qual o meu personagem deveria ser o de David lutando contra o guerreiro gigante de tábuas que era o caixote, para fazer sair de suas entranhas a cobiçada peça de laboratório. Mas o que acontecia era que, forçando daqui e dali, já estava pensando em ir buscar em minha casa uma respeitável mini-marrete de quinhentos gramas. Naquele intervalo de tempo de minha luta, HGA observou que eu estava mais para Golias do que para David e, pegando em suas mãos octogenárias uma pequena chave de fenda, fez da mesma a funda de David e, ante o meu espanto, com toda a graça, paciência, engenho e arte que me faltaram, fez aparecer com alguns movimentos de alavanca a importante e reluzente autoclave.

A Transcomunicação Instrumental é a
comunicação com os Espíritos por meio
de instrumentos eletrônicos, mas não
dispensa a presença de um médium

O Consolador – Como ficou o Instituto com o falecimento do professor Hernani? O trabalho continua?  

O instituto, agora no bairro de Santo Amaro, na cidade de São Paulo, continua suas atividades principalmente pelas mãos da professora Suzuko Hashizume. Ela foi para o querido Mestre Hernani, em suas próprias palavras, nesta sua última jornada terrena, o seu braço direito e esquerdo. A professora Suzuko atende aos pedidos vindos principalmente do exterior sobre as pesquisas feitas pelo professor Hernani, bem como cuida de dar prosseguimento aos projetos editoriais do Mestre. Este seu trabalho inclui a formatação em forma de livro dos textos dele, dos quais muitos foram publicados em forma de artigos.

O Consolador – Existe algum livro ou algum trabalho do professor Hernani inédito?

Em parceria com o instituto a Editora Didier, de Votuporanga (SP), tem reeditado também as obras originais há muito esgotadas em suas versões originais, tendo já saído a lume “A Teoria Corpuscular do Espírito”, que fundamenta, como o nome diz, a parte teórica do trabalho dele. O próximo lançamento do IBPP, ainda em parceria com a Didier, é a segunda obra editada que dá as diretivas para a comprovação ou refutação da teoria pela evidência dos fatos experimentais. Esse livro tem por título “Novos Rumos da Experimentação Espirítica” e deverá ter também anexos de atualização e, dentre eles, o detalhamento das experiências feitas com bactérias quando do IBPP em Bauru.

O Consolador – Você também é um pesquisador na área da Transcomunicação Instrumental. Como estão as pesquisas?

Tenho escrito artigos para revistas sobre o tema. A Transcomunicação Instrumental é a comunicação com os Espíritos com o emprego de instrumentos eletrônicos. Porém em sua quase totalidade não dispensa a presença de um médium, especialmente de efeitos físicos, para que ela aconteça.

O Consolador – O que a Transcomunicação Instrumental tem a oferecer ao Espiritismo?

A pergunta 934 d´O Livro dos Espíritos, feita por Kardec aos mentores espirituais sobre perdas dos entes queridos, nos responde esta questão:

934. A perda dos entes que nos são caros não constitui para nós legítima causa de dor, tanto mais legítima quanto é irreparável e independente da nossa vontade?

“Essa causa de dor atinge assim o rico, como o pobre: representa uma prova, ou expiação, e comum é a lei. Tendes, porém, uma consolação em poderdes comunicar-vos com os vossos amigos pelos meios que vos estão ao alcance, enquanto não dispondes de outros mais diretos e mais acessíveis aos vossos sentidos.”

Esta parte final da resposta pode ser entendida como uma previsão, feita pelos Espíritos que participaram da Codificação, antevendo a evolução da mediunidade para que ela seja feita por meios “mais diretos”, ou seja, a TCI. O destaque em itálico consta do texto original em francês. 

O Consolador – Você, que ministra cursos na área da Ciência Espírita, tem notado um maior interesse das pessoas nas questões que envolvem a parte científica do Espiritismo?  

Sim, porque é este o diferencial do Espiritismo em relação a outras “operadoras de intercâmbio com o transcendente” que denominamos religião. Enquanto que muitas destas referidas “outras religiões” se posicionam no campo da fé cega e até elogiam os profitentes que abdicam da racionalidade e abraçam dogmas incompatíveis até com os rudimentos da racionalidade, o Espiritismo glorifica as mais importantes aquisições da criatura terrena que é o pensamento racional e o progresso na moralidade ensinada pelo Mestre de Nazaré. 

O Cristianismo e a moral cristã foram
enfraquecidos no ambiente social, sobretudo
por conterem informações estranhas

O Consolador – Para os que querem se aprofundar mais na área da Ciência Espírita, que livros você indica? 

A literatura de André Luiz que contextualiza a Codificação para o nosso tempo, seguida da literatura de Hernani Guimarães Andrade, que se fundamenta na Codificação Kardequiana e no citado autor espiritual, aprofundando mais ainda os conceitos.  

O Consolador – Quais seus livros prediletos? E com quais autores espíritas você mais se identifica? 

Meus livros prediletos, além das obras da Codificação, são os que compõem a série André Luiz, os livros dos autores espirituais Emmanuel e Joanna de Ângelis, as obras de Hernani Guimarães Andrade, Richard Simonetti, Yvonne Pereira e Alkindar de Oliveira. 

O Consolador – Kardec, em Obras Póstumas, fala da importância da popularização do Espiritismo. Em sua opinião, como nós espíritas podemos auxiliar na divulgação doutrinária, levando o Espiritismo para além dos horizontes do Centro Espírita? 

A trajetória histórica do Cristianismo, até por ser uma instituição de cultura multimilenar, incorporou ruídos à informação proveniente dos “Gerentes Espirituais”, fixando paradigmas estranhos e muitas vezes contrários ao corpo doutrinário do Mestre de Nazaré. Por isto, as instituições seculares mais leves da massa inercial dos milênios muitas vezes se qualificam como espaço social mais permeável ao ideal de fraternidade que esta referida instituição. Muitas empresas, pela via da busca material do lucro, descobriram que um ambiente de fraternidade é também um ambiente lucrativo, considerando que as pessoas, vivendo um relacionamento social de apoio e cooperação, aprendem que a força do grupo para resolver problemas, pela sinergia, supera em muito o esforço individual. Daí se internalizar o entendimento de que somos Espíritos imortais e de que o corpo ou qualquer outro artefato material é um meio de se agregar valores a esta contraparte perene. Está feita assim a sementeira de uma nova economia centrada nos valores permanentes do Espírito, na qual o lucro naturalmente virá como conseqüência.  

O Consolador – Por vezes somos pegos de surpresa por notícias lamentáveis, como a morte bárbara da garota Isabella. Como o Espiritismo pode contribuir para que nossa sociedade viva dentro da cultura da paz e do respeito? 

Percebemos que o Cristianismo e, por conseguinte, a moral cristã foram enfraquecidos no ambiente social, principalmente por conterem informações estranhas e até contrárias ao seu próprio corpo doutrinário original. No Espiritismo aprendemos que antes das pessoas serem Espíritas elas devem se tornar espiritualistas. Ser espiritualista traz por conseqüência, como dissemos, o conhecimento de que a nossa contraparte espiritual, que é perene, tem por isto mais valor que a parte física, que é o corpo carnal. Desta maneira, o Espiritismo jogando luz sobre o Cristianismo resgata os seus valores originais, fundamentando ainda estes valores com argumentos racionais. Assim, parafraseando o Nazareno, podemos dizer que pelo conhecimento progressivo da verdade, que liberta, transformaremos o tecido social permeando-o com os valores do amor e, por conseguinte, da paz. 

O Consolador – Suas considerações finais. 

Agradeço esta oportunidade de responder a questões que, como foram feitas, permitem reflexões sobre o Espiritismo e o Cristianismo, lembrando que a humanidade, como os pescadores do Mar da Galiléia, lança a sua rede em busca do alimento. Pescam muitas vezes sardinhas nos valores da economia competitiva de mercado esquecendo que sob os seus pés está o peixe gigante do Cristianismo, que tendo por lei a cooperação entre os povos, pessoas e empresas, é só por si o alimento farto para o corpo e para o Espírito. Consegue se servir desse alimento pleno de vida quem direciona a sua vontade e clarifica o seu entendimento, escapando ao condicionamento evolutivo da competição.


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O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita