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por Rogério Miguez

 

A melhora da morte


A expressão-título deste texto já se encontra incorporada na chamada sabedoria popular, se assim podemos nos expressar, usada corriqueiramente quando a situação se apresenta.

Não é um fenômeno comuníssimo, mas acomete vários pacientes gravemente enfermos, alguns em estado terminal, quando, subitamente, apresentam uma melhora temporária e surpreendente em seu estado de saúde antes de falecerem em seguida.

Tecnicamente conhecida por “Lucidez terminal” ou “Lucidez paradoxal”, chamou a atenção da área médica no século XIX. Observou-se, à época, a ocorrência em pacientes dementes, com doenças neurológicas ou psiquiátricas, esquizofrênicos, em casos neurológicos como tumor cerebral, abscesso etc. Há diversas hipóteses buscando explicar o fenômeno, mas nenhuma delas foi comprovada até agora, ou seja, não há consenso sobre a causa deste inusitado acontecimento.1,2

Como se conclui, os cientistas ainda não conseguiram equacionar esta questão, mesmo lançando mão de todos os avançados recursos tecnológicos disponíveis, para o setor médico, neste século XXI. Apesar de usar toda a experiência acumulada durante bem mais de um século, por incontáveis profissionais de diversas especialidades, o fato ainda se traduz por um mistério a despeito das várias possibilidades consideradas para explicá-lo.

Cremos que o elo faltante nestas tentativas, seja a desconsideração da alma como fundamental elemento presente no homem, na sua imortalidade e no poder dos fluidos magnéticos que todos nós podemos emitir e receber, conscientemente ou não.

O Espiritismo já informou sobre esta realidade, conforme segue, resumidamente, em caso muito interessante.

Em uma das obras da coleção A Vida no plano espiritual, relata o autor – André Luiz - que o paciente Dimas havido atingido o tempo final para a sua existência, contudo, sua esposa, ao seu lado, emitia forças pelo seu pensamento em desalinho que dificultavam o desenlace, pois tentava retê-lo por mais algum tempo. Diante da situação, Jerônimo e mais dois auxiliares acompanhantes de André Luiz neste aprendizado, por meio de passes longitudinais forneceram ao doente melhoras fictícias tranquilizando, assim, os parentes aflitos. Dimas abriu os olhos, trocou algumas palavras com a parentela, todos se tranquilizaram e interromperam, inconscientemente, a emissão de fluidos que o estavam mantenho ligado ao corpo físico. O médico foi chamado e solicitou a todos que deixassem o paciente em repouso absoluto. Tranquilizada pela melhora repentina do esposo, sua esposa se recolhe ao quarto abrindo as portas para que se fizesse o trabalho final encaminhando a desencarnação do doente. Finalmente, o moribundo pode desencarnar.3

Há também mais um exemplo desta providencial medida descrita em outra obra de André Luiz.

Agora, trata-se de Fernando que havia atingido os momentos finais da existência, contudo, a aflição dos familiares encarnados presentes, emitindo, pelos pensamentos, recursos magnéticos em benefício do moribundo, tinham o poder de dificultar a ajuda do plano espiritual visando finalizar o desencarne do paciente. Chegado àquele estágio de desagregação corporal, as providências mentais dos afeiçoados eram, agora, inúteis. Sendo assim, Aniceto, o orientador de André Luiz neste outro relato delibera pela modificação do quadro de coma. Operando com sabedoria e eficácia os fluidos imateriais, em breve, o médico encarnado informou que os prognósticos haviam melhorado, inexplicavelmente. A pulsação e a respiração estavam voltando ao normal. Alguns familiares se retiraram do aposento e os fluidos prejudiciais de aflição e desequilibrados que eram emitidos ao enfermo desapareceram sem deixar qualquer vestígio. Aniceto aproveitou a serenidade do ambiente e iniciou o processo de retirada de Fernando do corpo biológico. Após longos minutos Fernando estava livre dos implementos carnais, retornando à vida verdadeira.4

É oportuno lembrar que nem toda melhora no quadro clínico de um doente em estado terminal, implica, necessariamente, na iminência da morte. São muitas as situações possíveis e, em outros casos, a evolução positiva no estado de saúde do paciente se mantém e o doente se recupera, continuando, normalmente, a sua existência.

Importante também destacar a força do pensamento, seja para o bem, seja para o mal. E não se pretende aqui sugerir que não se deva pensar no doente, apenas lembrar que as forças mentais geradas por familiares e amigos devem ser construídas sem inquietação, ansiedade, aflição, medo; ao contrário, precisam ser elaboradas no sentido de dar ao moribundo paz e tranquilidade diante da hora final que chegou para ele e, chegará para todos.

Não sejamos egoístas ao ponto de desejar que o ser querido, em sofrimento, permaneça conosco pelos tempos afora, pois ele, antes de ser nosso prezado parente, é filho de Deus e se o Criador determinou que a hora fatal chegou para ele, digamos apenas: que se faça a vontade do Pai.

 

Referências:

LINK 1  -  O Globo

LINK 2  -  BBC

XAVIER, Francisco Cândido. Obreiros da vida eterna. Pelo Espírito André Luiz. ed. 9. Rio de Janeiro/RJ: FEB, 1975. Companheiro libertado. cap. XIII.

XAVIER, Francisco Cândido. Os Mensageiros. Pelo Espírito André Luiz. ed. 16. Rio de Janeiro/RJ: FEB, 1988. A desencarnação de Fernando. cap. 50.
 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita