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por Rogério Coelho

 

Estopins do amor
 

O cultivo da compaixão preserva o sentimento de amor.


“(...) Ninguém será surpreendido pela pujança do amor total, antes de havê-lo iniciado em pequenas experiências e vivências do cotidiano.” - 
Joanna de Ângelis[1]


Segundo a nobre mentora Joanna de Ângelis1“(...) para amar é necessário começar.  Às vezes, por meio de uma insignificante manifestação de ternura, um gesto de desculpa, uma ação de misericórdia, ou uma formulação de beneficência”.

Pequenos e delicados gestos podem se transformar em vigorosos e abendiçoados estopins de um Amor oceânico...

  É preciso ressaltar que a compaixão e a indulgência, sem sombra de dúvida, são importantes elementos dessa equação. A relação com criaturas portadoras desses dois ingredientes nobres é sempre segura, tranquila, além de feliz e prazenteira.

Não podemos olvidar que de pequenos olhos d`água é que se formam os grandes caudais fluviais, que por sua vez formam os imensos oceanos...  Portanto, o mar, com toda a sua magnitude e beleza é formado por pequenas gotas d`água.   Do mesmo modo, pequenos gestos-estopins podem resultar em superlativo Oceano-Amor. 

O Amor possui características autovitalizantes, o que significa, em linguagem Franciscana, que quanto mais Amor oferecermos, mais Amor teremos de volta, pelo natural caráter de reciprocidade da Lei de Causa e Efeito. E o corolário mais confortador e expressivo disso, além de outros, é o da certeza de que, assim vivenciando, estaremos automaticamente conectados aos inesgotáveis e imarcescíveis mananciais divinos.

Deixando-nos permear pela compaixão e pela indulgência, nossas paisagens emocionais serão inundadas pelo Amor, o que facilitará, de um modo extraordinário, o nosso trânsito pelas estradas da evolução.

As anestesiantes geleiras da indiferença cedem fácil ao calor dos sentimentos de Amor, gerados e sustentados pela compaixão e indulgência...

Por não desconhecer esses mecanismos das Leis Divinas, é que Joanna de Ângelis afirma, com unção1:   “(...) o Amor possui dimensão infinita.  Quanto mais se distende, mais espaço adquire para crescer.

Quando o ser está preenchido pelo Amor, nada de mau o atinge, perturbação alguma o desequilibra, porque não há espaço vazio para a desdita nem para o aborrecimento. À semelhança do espaço em geral, nada se lhe adere, mesmo quando atirado propositalmente, porque está repleto, não havendo lugar para novos acúmulos.  Se lhe atiramos perfume ou matéria em decomposição, blasfêmia ou enaltecimento, tudo passa, sem o atingir, tombando no solo ou perdendo-se no ar... Assim é um coração rico de Amor e referto de compaixão.  Plenificado, não oferece campo para outras expressões de desconforto e de ressentimento, de ansiedade e de medo.

(...) Um indivíduo que cultiva a compaixão e preserva o sentimento de Amor, transforma-se em foco de luz que dilui as sombras, em patamar de paz que acalma os conflitos, em segurança fraternal que sustenta o companheirismo, em harmonia irradiante que se prolonga sem cessar...

Esse processo de Amor e de compaixão robustece as forças do navegador no oceano da matéria, porque o mantém vinculado à Estrela Polar Divina, que o norteia, apontando sempre o rumo correto por onde seguir, e mesmo quando surgem impedimentos e ruge a tormenta, a nau da confiança não abandona o roteiro, vencendo as procelas e recuperando a tranquilidade da navegação”.

A lição da semente da mostarda e outras mais oferecidas por Jesus, são de molde a chamar-nos a atenção para as pequeninas e às vezes insignificantes situações à nossa volta, os singelos estopins do Amor que podem alavancar incomensuráveis Oceanos de Paz, de Fraternidade, de Felicidade, de integração, enfim, com as sublimes diretrizes do Meigo Pegureiro, na plena realização da Lei Maior que é e sempre será: “amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.  

Tal a senda da redenção, pois, segundo postula a Doutrina Espírita, “fora da caridade não há salvação”.


 


[1] - Mensagem psicografada por Divaldo Franco no dia 26.09.02 no C.E. Caminho da Redenção, em Salvador, Bahia.


 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita