Estopins do amor
O cultivo da compaixão preserva o sentimento de amor.
Segundo a nobre
mentora Joanna de Ângelis1, “(...)
para amar é necessário começar. Às vezes, por meio de
uma insignificante manifestação de ternura, um gesto de
desculpa, uma ação de misericórdia, ou uma formulação de
beneficência”.
Pequenos e delicados gestos podem se transformar em
vigorosos e abendiçoados estopins de um Amor oceânico...
É preciso ressaltar que a compaixão e a indulgência,
sem sombra de dúvida, são importantes elementos dessa
equação. A relação com criaturas portadoras desses dois
ingredientes nobres é sempre segura, tranquila, além de
feliz e prazenteira.
Não podemos olvidar que de pequenos olhos d`água é que
se formam os grandes caudais fluviais, que por sua vez
formam os imensos oceanos... Portanto, o mar, com toda
a sua magnitude e beleza é formado por pequenas gotas
d`água. Do mesmo modo, pequenos gestos-estopins podem
resultar em superlativo Oceano-Amor.
O Amor possui características autovitalizantes, o que
significa, em linguagem Franciscana, que quanto mais
Amor oferecermos, mais Amor teremos de volta, pelo
natural caráter de reciprocidade da Lei de Causa e
Efeito. E o corolário mais confortador e expressivo
disso, além de outros, é o da certeza de que, assim
vivenciando, estaremos automaticamente conectados aos
inesgotáveis e imarcescíveis mananciais divinos.
Deixando-nos permear pela compaixão e pela indulgência,
nossas paisagens emocionais serão inundadas pelo Amor, o
que facilitará, de um modo extraordinário, o nosso
trânsito pelas estradas da evolução.
As anestesiantes geleiras da indiferença cedem fácil ao
calor dos sentimentos de Amor, gerados e sustentados
pela compaixão e indulgência...
Por não desconhecer esses mecanismos das Leis Divinas, é
que Joanna de Ângelis afirma, com unção1:
“(...) o Amor possui dimensão infinita. Quanto mais se
distende, mais espaço adquire para crescer.
Quando o ser está preenchido pelo Amor, nada de mau o
atinge, perturbação alguma o desequilibra, porque não há
espaço vazio para a desdita nem para o aborrecimento. À
semelhança do espaço em geral, nada se lhe adere, mesmo
quando atirado propositalmente, porque está repleto, não
havendo lugar para novos acúmulos. Se lhe atiramos
perfume ou matéria em decomposição, blasfêmia ou
enaltecimento, tudo passa, sem o atingir, tombando no
solo ou perdendo-se no ar... Assim é um coração rico de
Amor e referto de compaixão. Plenificado, não oferece
campo para outras expressões de desconforto e de
ressentimento, de ansiedade e de medo.
(...) Um indivíduo que cultiva a compaixão e preserva o
sentimento de Amor, transforma-se em foco de luz que
dilui as sombras, em patamar de paz que acalma os
conflitos, em segurança fraternal que sustenta o
companheirismo, em harmonia irradiante que se prolonga
sem cessar...
Esse processo de Amor e de compaixão robustece as forças
do navegador no oceano da matéria, porque o mantém
vinculado à Estrela Polar Divina, que o norteia,
apontando sempre o rumo correto por onde seguir, e mesmo
quando surgem impedimentos e ruge a tormenta, a nau da
confiança não abandona o roteiro, vencendo as procelas e
recuperando a tranquilidade da navegação”.
A lição da semente da mostarda e outras mais oferecidas
por Jesus, são de molde a chamar-nos a atenção para as
pequeninas e às vezes insignificantes situações à nossa
volta, os singelos estopins do Amor que podem alavancar
incomensuráveis Oceanos de Paz, de Fraternidade, de
Felicidade, de integração, enfim, com as sublimes
diretrizes do Meigo Pegureiro, na plena realização da
Lei Maior que é e sempre será: “amar a Deus sobre
todas as coisas e ao próximo como a si mesmo”.
Tal a senda da redenção,
pois, segundo postula a Doutrina Espírita, “fora
da caridade não há salvação”.
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