A construção (iluminação)
é dolorida
“Os
nossos próprios vícios, quando os pisamos, nos servem
para a construção de uma escada com que atingimos as
alturas.” —
Santo Agostinho
Deus permita que enxerguemos nossos vícios, dos mais
simples aos mais complexos, que afetam a rotina de nossa
existência. Muitas vezes, discutimos futilidades da vida
ou ensinamos caminhos aos outros sem antes vencermos os
nossos próprios tropeços.
A
beleza da vida reside no fato de que, no Universo de
Deus, não existem privilegiados. A verdadeira grandeza
se encontra nas pequenas coisas, nas sutilezas que
muitas vezes escapam ao olhar apressado, e também nas
lições que surgem nas horas de dor profunda. Não devemos
acreditar que o Poder Superior nos castiga; pelo
contrário, Ele nos educa, com amor e paciência, a cada
passo que damos.
No
corpo físico ou fora dele, pela desencarnação, a luta é
contínua pelo nosso aprimoramento. Como é difícil mudar
hábitos arraigados e pretensões egoístas e orgulhosas!
Falo por mim mesmo, nesse combate diário: durante o sono
profundo, ao nos desprendermos dos laços do corpo,
buscamos muitas vezes as companhias que nos agradam, mas
que nem sempre são aquelas que admiramos em vigília.
Almejamos ser melhores: mais humanos, mais irmãos dos
nossos irmãos, mais amigos dos nossos amigos, mais
compreensivos com aqueles que não nos entendem e mais
fraternos para com todos.
Cada emoção vivida com fé e esperança é um tijolo na
construção de um mundo melhor. Quando mantemos o coração
aberto ao amor — tanto por nós mesmos quanto pelos
outros — estamos criando, no presente, o futuro de que
tanto necessitamos.
Não
temo a morte, mas temo os meus atos, que serão
confrontados com as responsabilidades e oportunidades
que me foram confiadas. Em alguns aspectos, sinto-me
realizado; em outros, preocupado, pois não sei se
correspondi plenamente às bênçãos que recebi nesta
encarnação: a pobreza inicial, o trabalho
infantojuvenil, os estudos, o esforço profissional, a
família e a divulgação do Espiritismo.
Compreender Jesus é compreender a imortalidade do ser. É
saber que nascemos, vivemos e, ao final, retornamos à
nossa verdadeira Pátria espiritual. Essa certeza nos
convida a desapegar dos bens materiais e das amarras
emocionais, cultivando em nosso coração a bondade, a
gratidão e a serenidade diante da vida.
Portanto, busquemos encher a mente e o coração com
pensamentos e atitudes elevadas, pautados na
simplicidade e no perdão. É assim que encontraremos a
verdadeira paz: aquela que transcende as circunstâncias
e nos conecta ao Poder Superior.
Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora
EME.
|