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por Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo

 

A construção (iluminação) é dolorida


“Os nossos próprios vícios, quando os pisamos, nos servem para a construção de uma escada com que atingimos as alturas.” 
— Santo Agostinho


Deus permita que enxerguemos nossos vícios, dos mais simples aos mais complexos, que afetam a rotina de nossa existência. Muitas vezes, discutimos futilidades da vida ou ensinamos caminhos aos outros sem antes vencermos os nossos próprios tropeços.

A beleza da vida reside no fato de que, no Universo de Deus, não existem privilegiados. A verdadeira grandeza se encontra nas pequenas coisas, nas sutilezas que muitas vezes escapam ao olhar apressado, e também nas lições que surgem nas horas de dor profunda. Não devemos acreditar que o Poder Superior nos castiga; pelo contrário, Ele nos educa, com amor e paciência, a cada passo que damos.

No corpo físico ou fora dele, pela desencarnação, a luta é contínua pelo nosso aprimoramento. Como é difícil mudar hábitos arraigados e pretensões egoístas e orgulhosas! Falo por mim mesmo, nesse combate diário: durante o sono profundo, ao nos desprendermos dos laços do corpo, buscamos muitas vezes as companhias que nos agradam, mas que nem sempre são aquelas que admiramos em vigília.

Almejamos ser melhores: mais humanos, mais irmãos dos nossos irmãos, mais amigos dos nossos amigos, mais compreensivos com aqueles que não nos entendem e mais fraternos para com todos.

Cada emoção vivida com fé e esperança é um tijolo na construção de um mundo melhor. Quando mantemos o coração aberto ao amor — tanto por nós mesmos quanto pelos outros — estamos criando, no presente, o futuro de que tanto necessitamos.

Não temo a morte, mas temo os meus atos, que serão confrontados com as responsabilidades e oportunidades que me foram confiadas. Em alguns aspectos, sinto-me realizado; em outros, preocupado, pois não sei se correspondi plenamente às bênçãos que recebi nesta encarnação: a pobreza inicial, o trabalho infantojuvenil, os estudos, o esforço profissional, a família e a divulgação do Espiritismo.

Compreender Jesus é compreender a imortalidade do ser. É saber que nascemos, vivemos e, ao final, retornamos à nossa verdadeira Pátria espiritual. Essa certeza nos convida a desapegar dos bens materiais e das amarras emocionais, cultivando em nosso coração a bondade, a gratidão e a serenidade diante da vida.

Portanto, busquemos encher a mente e o coração com pensamentos e atitudes elevadas, pautados na simplicidade e no perdão. É assim que encontraremos a verdadeira paz: aquela que transcende as circunstâncias e nos conecta ao Poder Superior.


Arnaldo Divo Rodrigues de Camargo é diretor da Editora EME. 

 
 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita