Artigos

por Rogério Miguez

 

O mundo precisa de Evangelho


Qualquer pessoa, acompanhando minimamente o caminhar da evolução desta parte da Humanidade Universal, percebe logo que algo não vai bem.

Se tomarmos o nosso país como exemplo, é assustador conviver com a quantidade de modos inventados para ludibriar o próximo. São estelionatos de toda ordem e a desonestidade parece estar incorporada ao cotidiano das pessoas.

Levo o veículo à oficina para revisão e quando vou retirá-lo logo é dito: qualquer coisa ou dúvida no serviço pode trazer de volta, resolvemos na hora. Ora, eu não desejo voltar à oficina, afinal já deixei o veículo tempo suficiente para ser reparado, assim por qual razão esta frase sempre é dita!? Usaram peças do mercado paralelo, apesar de ser uma oficina autorizada? Estou no consultório médico, com hora marcada, o tempo escoa e não sou atendido. Quando procuro saber por qual razão o meu horário não foi cumprido, é dito que alguém chegou de emergência e o doutor atendeu o imprevisto. Contudo, ninguém chegou inesperadamente, pode-se facilmente constatar, mas chegou o representante da poderosa indústria farmacêutica para vender as suas drogas, e foi atendido no meu horário. Tudo indica o vendedor tem prioridade sobre os próprios pacientes que pagam o salário da atendente, do médico, sustentam a clínica e compram as drogas; preciso adquirir certos alimentos - oleaginosas -, me dirijo ao estabelecimento adequado e, muitas vezes, encontram-se recipientes apresentando data de vencimento expirada. Interpelado, o atendente logo diz que vai trocar por lote novo, mas não troca na hora; na padaria, compram-se pães e alimentos correlatos, ao chegar em casa, percebe-se que não estão frescos, ou seja, foram produzidos e, para que o dono da padaria não tenha prejuízo, permanecem no mostruário até serem adquiridos; no supermercado, há as ameixas secas com ou sem caroços, compram-se as sem sementes, contudo, diz a experiência que não se deve comê-las sem cuidados, pois é comum que, embora o produto indique sem caroço, a probabilidade de morder uma ameixa com caroço não é pequena e, neste caso, quem sofre são os dentes...Poderíamos elencar incontáveis situações, mas precisaríamos de um livro inteiro para incluí-las todas, desde pequenos deslizes do cotidiano, até o uso de emendas parlamentares em proveito próprio, de familiares ou de amigos.

O nível moral e ético da população parece diminuir assustadoramente, claro há muitas exceções, mas, por enquanto, é o que se vê. Nessa hora indagamos esperançosos: Como modificar tais condutas? - Há um caminho válido, conhecer e, principalmente, praticar os exemplos de vida de Jesus.

Para conhecer os ensinos imortais do Governador do orbe, não há outra indicação a não ser ler os Evangelhos, tentando retirar desses escritos as normas da boa conduta, os princípios morais por Ele exemplificados, a forma nobre e honesta como viveu durante suas poucas décadas aqui na Terra.

Entretanto, nem sempre, conseguimos encontrar a chave para abrir a porta do entendimento, como exemplo, contido nas parábolas, e ficamos sem saber o que fazer, pois de nada adianta ler e não entender a real aplicação, aos nossos dias, dos ensinamentos contidos naqueles textos, muitos aparentemente enigmáticos, pois Jesus usou elementos do povo hebreu para organizar suas histórias e contos.

Então, como faço?

No século XIX, o francês Allan Kardec publicou cinco livros que compõem, basicamente, a Doutrina dos Espíritos. A terceira obra da série pode nos ajudar sobremaneira na compreensão dos ensinos do Mestre, chama-se: O Evangelho segundo o Espiritismo.

Nesse compêndio o autor buscou destacar ensinos fundamentais de Jesus e comentá-los à luz do conhecimento dos Espíritos luminares que nos auxiliam nessa tarefa de melhoria da população, bem como da Terra.

Mas não é só isso, o Espiritismo nos sugere uma forma bem didática e prática para estudar esta obra, praticando o Evangelho no Lar:

• Antes de tudo, escolher dia e horário em que a maioria dos familiares esteja presente na reunião, sem obrigar a ninguém. Caso a pessoa viva sozinha, deve realizar normalmente o Evangelho no Lar. Contudo, uma vez determinadas as condições do encontro, manter a disciplina em sua realização em um ambiente respeitoso e fraterno.

• Caso algum familiar se atrase, iniciar o Culto no horário previsto. A propósito, é normal o surgimento de imprevistos exatamente no dia e horário escolhidos: convite de amigos para ir ao cinema, o celular tocar para estabelecer conversas e troca de mensagens totalmente dispensáveis, a furadeira do vizinho pode começar a funcionar, ou seja, podem surgir contratempos visando impedir ou atrapalhar a reunião da família para orar em conjunto. Não permitam que situações inesperadas perturbem o compromisso.

• Pode-se usar a obra com leituras em sequência ou ao acaso. Após a leitura do texto contemplado, inicia-se uma breve explanação com a participação de todos - o ideal. Para as crianças pode-se empregar livros infantis apropriados.

• Sugere-se um tempo de 15, 30 ou mesmo 60 minutos de duração, mas curto, quando há crianças presentes. O grupo deve definir a melhor extensão de tempo para a realização da reunião.

• A colocação de recipiente com água visando fluidificação não é mandatória, mas pode ser providenciada.

• O Evangelho no Lar não deve ser usado jamais para manifestações mediúnicas, mesmo se houver médiuns presentes.

E então: vamos iniciar essa dadivosa prática, favorecendo nosso lar e o mundo com nossas orações e estudos?


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita