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por Paulo Hayashi Jr.

 

Chico Xavier e a ciência espírita


Na última noite de Jesus na Terra, antes do início das dores, o Mestre nazareno teve uma conversa difícil com seus amados discípulos. Para tanto, preparou inicialmente o clima da conversa através da conhecida passagem do lava-pés. Apesar do assombro de Pedro, Jesus esclareceu: “Se eu não os lavar, você não terá parte comigo" (João 13:8). Logo adiante se encontra outra passagem famosa na qual Jesus promete enviar um outro consolador: “Mas, quando vier o Consolador, que eu da parte do Pai vos hei de enviar, aquele Espírito de verdade, que procede do Pai, ele testificará de mim” (João 15:26). O Consolador veio através dos trabalhos de Allan Kardec em codificar tanto através das cinco obras básicas, quanto da Revista Espírita, as fundações basilares do Espiritismo. A consolação vem como uma fonte viva de conhecimento e esperança para que a humanidade possa tanto se aliviar quanto se levantar da lama para os céus. O conhecimento presente na codificação espírita representa um abrir dos olhos e da alma para os segredos dos céus, bem como as maravilhas do universo. Esses não mais vistos por meio de misticismos e crendices ingênuas, mas através do poder da fé raciocinada. Através da fé raciocinada o ser humano ganha condições tanto de entender parte de seu passado, quanto de ter um livre-arbítrio mais amplo para escolher o seu futuro. Entretanto, não se poderá jamais alegar o desconhecimento das regras e da verdade. A passagem das horas representa a certeza de estar indo no caminho certo ou não, conforme os próprios parâmetros deixados pelos espíritos. Dentre eles, um lema que se tornou quase sinônimo de “avanço”: “fora da caridade não há salvação”.

Entretanto, apesar da importância e da necessidade de cada um fazer a sua parte, é mister destacar o papel da mediunidade para o avanço da ciência dos homens na Terra. Sem ela, seria como privar o mainstream da ciência e a tecnologia humana de ferramental ainda mais apurado para a realização de pesquisas imateriais e ultrassensíveis do espírito. Sem a mediunidade seria como negar a Galileo Galilei o telescópio que, por falta de recursos, deixou Copérnico somente nas teorias e nas abstrações. É preciso que o Espiritismo perceba a sua responsabilidade em manter viva e a desenvolver a mediunidade como ferramental valioso para a ciência do futuro. Não se pode esperar que depois da entrega da codificação, o Mestre nazareno venha a entregar também tecnologia e recursos de comunicação entre mundos sem o devido esforço e convencimento dos humanos de que a conversa da última ceia tenha sido compreendida e levada a sério.

Assim, pode-se dizer que Francisco Cândido Xavier veio a ser o exemplo perfeito de homem da ciência do futuro e que seus esforços vão além do mero esforço na parte religiosa ou da caridade no Espiritismo. Médium afiado e sem desvios, representou elemento por demais valioso para que se continuassem os intercâmbios entre os planos. Se por um lado Kardec questionou e organizou as informações dos espíritos, Chico, viveu e exemplificou a mediunidade como elemento impulsionador do conhecimento. Tanto um quanto o outro tiveram na mediunidade fonte ímpar de dados e informações para trazer novos ares para uma humanidade já cansada das guerras, do poder e das ilusões de riqueza, fama e beleza de vidas bonitas por fora, mas vazias de Jesus por dentro.

Assim, se o evangelho de Cristo pode ser resumido nas indicações de amar, perdoar, trabalhar, o evangelho do Espiritismo propõe: “Espíritas!, amai-vos, eis o primeiro ensinamento. Instruí-vos, eis o segundo” (Espírito de Verdade. Paris, O Evangelho Segundo o Espiritismo, Cap. VI, item 5).

Estudar consiste não apenas em ler as obras básicas e afins, mas também em buscar o avanço dos estudos por meio da mediunidade refinada para que se possa questionar mais, comparar mais, aprender mais. Entretanto, sem instrumentos de pesquisa mais sofisticados não há como avançar sobre terrenos movediços para a ciência materialista. Os estudos de André Luiz com as psicografias de Chico Xavier representam, por exemplo, tal tipo de avanço na academia. Entretanto, não se pode restringir tal tipo de pesquisa somente. É essencial que haja investigações entre vivos e mortos com o aparato das ciências materialistas e com as devidas comparações e testes que atendam às exigências características de uma boa pesquisa. Os meios materialistas vão comprovar os fenômenos na matéria, enquanto que a ciência espírita, por meio da mediunidade, os fenômenos imateriais. E haverá também espaços comuns para ambas. A completude da ciência, entre encarnados e desencarnados, representará um passo gigantesco para a humanidade, e conhecer os segredos do universo tornar-nos-á mais próximos de Deus, a inteligência suprema.


 

 

     
     

O Consolador
 Revista Semanal de Divulgação Espírita